Nome do Projeto
Avaliações de formulações associadas à imunomodulação no tratamento da esporotricose felina
Ênfase
Pesquisa
Data inicial - Data final
15/06/2022 - 30/12/2023
Unidade de Origem
Coordenador Atual
Área CNPq
Ciências Agrárias
Resumo
Na rotina clínica de animais de companhia é alta a casuística de esporotricose. Esta é uma grave zoonose, principalmente no Brasil, e com a casuística crescente, acometendo felinos, humanos e cães, sendo que em felinos domésticos a doença é mais agressiva, com lesões disseminadas e comprometimento do estado geral dos animais, levando muitos deles ao óbito. Atualmente, a esporotricose humana está estreitamente ligada à transmissão através do felino acometido. Para o tratamento de felinos com esta enfermidade se tem observado a resposta ao itraconazol isolado ou associado ao iodeto de potássio e ainda alguns felinos não obtém boa resposta frente a esse protocolo de tratamento. Dessa forma, a proposta deste estudo será determinar a ação de formulação tópicas LCFT2002, já com solicitação de registro de patente no INPI e da Timomodulina no tratamento de esporotricose felina, naturalmente adquirida. Salienta-se que os produtos aqui propostos contendo ativos vegetais já foram amplamente estudados para o tratamento de feridas aberta, com estudos in vitro e in vivo (modelo murino e público-alvo) e também na esporotricose experimentalmente induzida em modelo murino. Estas formulações possibilitam maior formação e organização das fibras colágenas em menor tempo de tratamento no processo cicatricial, acelerando a fase de maturação da lesão e tornando a cicatriz mais resistente e elástica. Proporciona uma melhor circulação no local lesionado permitindo a limpeza do local e o desenvolvimento de intensa rede de fibrina resultando numa barreira protetora local, principalmente para lesões cutâneas extensas com risco de contaminação. O uso de imunomodulador deve-se em função do felino doméstico não possuir de forma clara a resposta imunológica adequada frente à esporotricose, sendo a única espécie que frequentemente apresenta uma evolução para um quadro mais grave da doença com apresentação de esporotricose sistêmica. E com isto sendo um risco para ocorrência da transmissão zoonótica para humanos, por suas características de vida livre e hábitos, também pela proximidade cada vez maior entre felinos domésticos e humanos, podendo transmitir a micose por inoculação direta ou pelo contato sem que seja identificado visualmente a quebra da barreira cutânea.

Objetivo Geral

Determinar a ação da formulação tópica LCFT2002 contendo ativos vegetais, associada ou não a Timomodulina como tratamentos complementares ao itraconazol na esporotricose em felinos.

Justificativa

Considerando o aumento da frequência de gatos com esporotricose no Brasil, o aumento de relatos de casos humanos decorrentes da transmissão zoonótica, a dificuldade na terapêutica da esporotricose em felinos, e ainda os indícios promissores do uso de imunomoduladores nesses casos. Levando-se em conta estudos anteriores que demonstraram que a formulação LCFT2002 apresentou uma excelente resposta na cicatrização de feridas abertas e também na esporotricose experimental em modelo murino, propomos o desenvolvimento desse projeto buscando otimizar a resposta dos felinos frente a um novo protocolo de tratamento, mantendo o uso de antifúngico, o itraconazol, associando a timomodulina e o tratamento tópico com LCFT2002. Dessa forma atuando na forma sistêmica e tópica procurando estimular o sistema imune do felino para responder positivamente e com uma resposta local mais eficaz, potencializando a ação do antifúngico sistêmico. assim reduzindo a evolução dos casos de esporotricose em felinos para quadros menos graves, reduzindo o tempo de tratamento e o risco de transmissão.

Metodologia

Serão estudados gatos domésticos (Felis catus) com esporotricose adquirida naturalmente, a qual deverá ser confirmada por cultura fúngica de amostras cutâneas. Para a inclusão desses animais no estudo, um termo de consentimento livre será assinado pelos seus responsáveis, declarando ciência e consentimento de todos os procedimentos que ocorrerão no decorrer da pesquisa. Serão excluídos do trabalho animais cujo diagnóstico seja de outras dermatopatias, que não a esporotricose. Serão estudados o total de 40 felinos divididos em quatro grupos provenientes dos atendimentos do Centro de Controle de Zoonoses da Prefeitura Municipal de Pelotas, também de rotina clínica do Hospital de Clínicas Veterinária (HCV) da UFPEL, e de clínicas veterinárias particulares do município de Pelotas (RS) e região. Serão incluídos no estudo felinos adultos, entre 1 e 8 anos de idade, podendo ser fêmeas ou machos, castrados ou não, independentemente de ser primoinfecção ou infecção recorrente. Primeiramente será preenchida uma planilha de identificação de cada animal, contendo dados como sexo, castração, animais contactantes, entre outras características epidemiológicas que possam ser relevantes para a pesquisa. Assim, obtendo um panorama geral das condições de vida e habitat que estes animais que adquiriram a infecção. Ainda, essa planilha conterá um espaço para a descrição da presença, da localização e do aspecto de lesões de pele. Os animais serão examinados clinicamente e classificados conforme a apresentação clínica das lesões e o estado geral, segundo Schubach et al. (2004) e Miranda (2013). Para inclusão no estudo serão considerados somente os animais que apresentarem estado geral bom a regular com ausência de sinais extracutâneos ou com sinais extracutâneos leves. Serão coletadas amostras das lesões para exame citopatológico e cultura fúngica, para confirmação do diagnóstico de esporotricose. Confirmando o diagnóstico de infecção por Sporothrix spp posteriormente será realizada identificação da espécie de Sporothrix por PCR específico. Após confirmação de esporotricose serão coletadas amostras de sangue e de pele prévia o início de tratamento. Serão obtidas amostras sanguíneas para o diagnóstico da Imunodeficiência Viral Felina (FIV) e da Leucemia Viral Felina (FeLV). Nas amostras de pele será selecionado uma borda de lesão cutânea ativa selecionada pelo critério de maior extensão no caso de lesões múltiplas para biópsia, a biópsia será obtida por punch 8 mm após assepsia local com álcool 70% e anestesia local com lidocaína 2%. Será encaminhada ao laboratório fixada por 48h em formalina tamponada neutra a 10% para exame histopatológico. As amostras serão processadas e coradas por Hematoxilina-eosina (HE) e pelas técnicas do Ácido Periódico de Shiff (PAS) e metenamina de prata de Groccot (Groccot), assim será possível realizar avaliação das células inflamatórias, evidenciar células fúngicas e quantificá-las. Após 30 (25-35) e 60 (55-65) dias do início do tratamento será realizada nova biópsia (respectivamente B2 e B3) da mesma área/lesão coletada no dia “0” para citologia e histologia. Os animais participantes do estudo serão divididos de acordo com a ordem de atendimento em quatro grupos, com 10 animais cada grupo, correspondente aos diferentes tratamentos. Todos os felinos receberão o tratamento oral com itraconazol, gatos com ≥3kg receberão a dose de 100mg/24h, gatos≥1kg e < 1kg receberão dose de 25mg/24h. Todos os animais tratados terão as feridas limpas diariamente com solução salina 0,9%, com a posterior aplicação dos tratamentos tópicos propostos a cada grupo, utilizando aplicador específico com espátula descartável para melhor administração dos produtos e reduzindo o contato direto com as lesões cutâneas, posteriormente será realizado curativo descartável com malha cirúrgica. Para todos os momentos de manipulação dos animais, será preconizado uso de equipamento de proteção individual, como luvas descartáveis, vestimentas de mangas longas, entre outros. Descrição dos tratamentos recebidos por cada grupo de animais: GIT- Solução fisiológica tópica, Timomodulina 4mg/kg e Itraconazol por via oral; GIF- LCFT2002 tópica, água destilada e Itraconazol por via oral; GITF- LCFT2002 tópica, Timomodulina 4mg/kg e Itraconazol por via oral; GI- Solução fisiológica tópica, Água destilada e Itraconazol por via oral. Serão utilizadas as seguintes doses de itraconazol: gatos com ≥3kg- 100mg/24h; gatos≥1kg 50mg/24h e < 1kg -25mg/24h. Os gatos serão avaliados no dia “0” (antes do tratamento) e depois semanalmente (1 vez por semana) durante o período de 60 dias. Os parâmetros avaliados serão as lesões cutâneas quanto à presença ou ausência de exsudato, crosta, úlcera, tecido necrótico e epitelização. Nestes momentos, ainda serão realizados registro fotográfico das lesões, com o registro fotográfico será obtido as medidas da área da ferida através de software de avaliação de imagens (ImageJ® e Gimp2®), segundo metodologia de Abdala (2009) e Fernandes et al (2015). Cada lesão terá as medidas de área obtidas ao longo do processo cicatricial relacionadas a área total da lesão no momento pré-tratamento com o auxílio do software Broffice.org Calc, assim obtendo retração cicatricial relativa de cada lesão. Os parâmetros serão analisados com o auxílio de três avaliadores, previamente treinados, cegados quanto aos grupos. No final dos 60 dias os animais serão avaliados e classificados clinicamente adaptado de Souza et al. (2018) como cura clínica (gatos com remissão completa das lesões cutâneos e sinais extracutâneos de esporotricose durante o período de acompanhamento), progressão do tratamento (gatos que apresentarem melhora das lesões cutâneas e sinais extracutâneos durante o período de acompanhamento) ou falha do tratamento (gatos que apresentarem estagnação ou agravamento das lesões cutâneas e sinais extracutâneos). Assim, os gatos que após 60 dias de acompanhamento ainda não tiverem cura clínica seguirão o tratamento embora não participem mais do projeto, em função do tempo de avaliação.

Indicadores, Metas e Resultados

Avaliar a resposta dos felinos frente aos diferentes tratamentos propostos e com isso a diminuição do tempo de tratamento e o controle de infecções mais graves, com disseminação sistêmica.
Espera-se que haja um bom resultado frente ao uso da formulação tópica e da timomodulina associado ao itraconazol.

Equipe do Projeto

NomeCH SemanalData inicialData final
CLÁUDIA BEATRIZ DE MELLO MENDES
DANIELA MADEIRA LEITE
ELIEZER MONTEIRO DA COSTA
ISABEL MARTINS MADRID
MARCIA DE OLIVEIRA NOBRE2
MARTHA BRAVO CRUZ PIÑEIRO
MELISSA ORZECHOWSKI XAVIER
NATHALIA OLIVEIRA RAMOS
SABRINA DE OLIVEIRA CAPELLA
SERGIO JORGE2

Fontes Financiadoras

Sigla / NomeValorAdministrador
CAPES / Coordenação de Aperfeiçoamento de Nível SuperiorR$ 3.600,00Coordenador

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