Nome do Projeto
Som, racialidade e território: perspectivas afrodiaspóricas
Ênfase
Pesquisa
Data inicial - Data final
01/06/2022 - 29/09/2023
Unidade de Origem
Coordenador Atual
Área CNPq
Linguística, Letras e Artes
Resumo
O presente projeto parte de perspectivas afrodiaspóricas para investigar os campos problemáticos da arte sonora, da música e dos estudos do som. Tem como centro as relações raciais e seus desdobramentos políticos, artísticos e sociais. Para tanto, partiremos do estudo do som enquanto um elemento constituinte das relações raciais, por meio do entendimento da escuta como um processo perceptivo diretamente conectado a noções socialmente compartilhadas: informações sobre fontes sonoras, reconhecimento de timbres específicos, sistemas linguísticos e musicais, dentre outras. Ao se conectar diretamente às estruturas sociais, o som pode atuar como substituto dos marcadores raciais, reforçando binarismos conceituais e criando hierarquizações epistemológicas.
Se, por um lado, o som pode atuar em sistemas ideológicos discriminatórios, por outro lado, este tem importância fundamental em espaços de reorganização política e cultural de grupos historicamente silenciados. Neste sentido, também nos dedicaremos a uma análise das relações entre a produção de conhecimentos musicais e a formação de tais territórios, especificamente aqueles formados na diáspora africana no Brasil, durante o século XX e até os dias atuais.
O vetor de ligação entre os diferentes eixos temáticos apresentados neste trabalho é a busca das populações negras em diáspora pela constituição de territórios de reorganização social, que tomam múltiplas formas (terreiros, quilombos, escolas de samba, coletivos artísticos etc.). Territórios que não são apenas espaços mensuráveis e delimitados geograficamente, mas lugares de relações ambientais e intersubjetivas, as quais constituem os grupos sociais e suas produções culturais. Veremos que o som e a música atuam como catalisadores nesses territórios, tencionando as relações raciais e estabelecendo formas de oposição ao racismo vigente.
O ponto de partida que adotamos aqui é a compreensão do som como parte dos processos de racialização. Para tanto, laçamos mão do conceito de linha de cor sônica, desenvolvido por Jennifer Lynn Stoever (2016). Ao adentrarmos outros os espaços de reorganização social, os terreiros e as escolas de samba, recorremos às gramáticas dos tambores de Luiz Antônio Simas (2019), a proposição política do quilombismo de Abdias do Nascimento (2002) e o conceito de paz quilombola de Beatriz Nascimento (2021). Em seguida, encontramos as ressonâncias dessa proposição nos coletivos de sistemas de som (sound system), na cultura hip-hop do funk carioca e por fim, em obras sonoras experimentais atuais.
Objetivo Geral
O objetivo geral do presente projeto consiste em gerar ferramentas conceituais e analíticas para analisar as relações entre som, racialidade e a formação de territórios de reorganização cultural da diáspora africana no Brasil. Objetiva-se igualmente criar trabalhos artísticos a partir de tal campo problemático, articulando assim, a reflexão teórica com a experimentação artística.
Os objetivos específicos são:
1. Analisar a formação de práticas de escuta e de um imaginário sonoro dominante, bem como, suas implicações na configuração territorial de cidades brasileiras no início do século XX;
2. Investigar como ocorrem as transformações das musicalidades afrodiaspóricas, como as da cultura hip-hop, em diferentes contextos brasileiros da atualidade;
3. Constituir um quadro teórico-conceitual a partir de epistemologias africanas e afro-brasileiras, visando o estudo de obras musicais e de arte sonora brasileiras contemporâneas.
4. Utilizar as diferentes metodologias de pesquisa em arte para a análise dos processos artísticos desenvolvidos pela equipe do projeto, especificamente no contexto de criações coletivas;
5. Analisar as inter-relações entre a prática artística e reflexão teórico-analítica nas produções artísticas coletivas, realizadas pelos membros da equipe do presente projeto.
Os objetivos específicos são:
1. Analisar a formação de práticas de escuta e de um imaginário sonoro dominante, bem como, suas implicações na configuração territorial de cidades brasileiras no início do século XX;
2. Investigar como ocorrem as transformações das musicalidades afrodiaspóricas, como as da cultura hip-hop, em diferentes contextos brasileiros da atualidade;
3. Constituir um quadro teórico-conceitual a partir de epistemologias africanas e afro-brasileiras, visando o estudo de obras musicais e de arte sonora brasileiras contemporâneas.
4. Utilizar as diferentes metodologias de pesquisa em arte para a análise dos processos artísticos desenvolvidos pela equipe do projeto, especificamente no contexto de criações coletivas;
5. Analisar as inter-relações entre a prática artística e reflexão teórico-analítica nas produções artísticas coletivas, realizadas pelos membros da equipe do presente projeto.
Justificativa
O desenvolvimento do presente projeto justifica-se pela fundamental importância das musicalidades africanas e afrodiaspóricas nos mais diversos contextos das práticas musicais em território brasileiro, assim como, por promover o debate acerca do racismo epistêmico na produção de conhecimento na área de Música e de Artes, áreas estas, marcadas por um forte eurocentrismo em suas concepções. Segundo Renato Noguera (2014), o racismo epistêmico se refere a uma série de práticas intelectuais que almejam subalternizar conhecimentos produzidos fora de uma perspectiva ocidental. Assim, faz-se necessário o aprofundamento dos debates acerca das matrizes de conhecimento que balizam as concepções acadêmicas nas mais diversas áreas do conhecimento. Em nosso caso específico, partiremos de um quadro teórico que tanto contempla uma abordagem crítica etnocentrismo europeu na constituição de pressupostos universalizantes para a produção de conhecimento musical e artístico, quanto lançaremos mão de perspectivas e cosmoperpecções africanas e afrodiaspóricas para o entendimento da produção de conhecimento artística negra brasileira.
Nilma Lino Gomes, em seu livro intitulado O Movimento Negro Educador (2019), nos convida a refletir sobre estas questões a partir de duas categorias, as pedagogias da ausência e da emergência. As “pedagogias das ausências”, partem de uma lógica monocultural, determinando quais conhecimentos são rejeitados e tornados invisíveis. É importante frisar que as ausências, são sempre fabricadas, ou seja, são fruto de processos coletivos e históricos que estabelecem as relações de poder dentro da sociedade contemporânea. Por outro, lado as “pedagogias das emergências” almejam as construções de outros mundos possíveis, substituindo “o vazio do futuro segundo o tempo linear por um futuro de possibilidades plurais, concretas, simultaneamente utópicas e realistas, que vão se construindo no presente mediante atividades de cuidado” (GOMES, 2019, p. 37).
Seguindo os caminhos propostos por Gomes, cabe a nos docentes, duas tarefas interligadas: identificar os meios pelos quais se fabricam as ausências dentro dos espaços acadêmicos e simultaneamente, construir espaços aonde se torne possível a emergência da produção de conhecimento balizada por outras matrizes epistemológicas, em especial as afrodiaspóricas e oriundas dos povos originários brasileiros, como garantem as leis 10.639 e 11.645.
Nilma Lino Gomes, em seu livro intitulado O Movimento Negro Educador (2019), nos convida a refletir sobre estas questões a partir de duas categorias, as pedagogias da ausência e da emergência. As “pedagogias das ausências”, partem de uma lógica monocultural, determinando quais conhecimentos são rejeitados e tornados invisíveis. É importante frisar que as ausências, são sempre fabricadas, ou seja, são fruto de processos coletivos e históricos que estabelecem as relações de poder dentro da sociedade contemporânea. Por outro, lado as “pedagogias das emergências” almejam as construções de outros mundos possíveis, substituindo “o vazio do futuro segundo o tempo linear por um futuro de possibilidades plurais, concretas, simultaneamente utópicas e realistas, que vão se construindo no presente mediante atividades de cuidado” (GOMES, 2019, p. 37).
Seguindo os caminhos propostos por Gomes, cabe a nos docentes, duas tarefas interligadas: identificar os meios pelos quais se fabricam as ausências dentro dos espaços acadêmicos e simultaneamente, construir espaços aonde se torne possível a emergência da produção de conhecimento balizada por outras matrizes epistemológicas, em especial as afrodiaspóricas e oriundas dos povos originários brasileiros, como garantem as leis 10.639 e 11.645.
Metodologia
A metodologia proposta tem como base dois eixos interligados: o primeiro dedicado ao estudo teórico-analítico; e o segundo dedicado à criação coletiva de trabalhos artísticos pelos membros da equipe do projeto e sua posterior análise a partir de metodologias de pesquisa artística, buscando sobretudo apontar de que forma ressoam e se desdobram as questões observadas no eixo teórico. Desta forma, prática e teoria, criação e reflexão, fazer operacional e investigação conceitual constituem um circuito de retroalimentação, no qual tais tarefas alimentam-se mutuamente durante o transcorrer da pesquisa.
No que concerne o primeiro eixo, dedicado ao estabelecimento e ao estudo do quadro conceitual da pesquisa, adotaremos como estratégia de ação principal, o levantamento bibliográfico. Neste eixo, serão abordados os conceitos-chave e os autores de base da pesquisa, tais como: colonialismo e colonialidade, conceitos trabalhados por Nelson Maldonado-Torres; branquitude, por Lia Vainer Schucmann e Maria Aparecida Bento; escuta/auralidade, por Ana María Ochoa Gautier, Marie Thompson e Jeniffer Lyn Stoever; território, por Muniz Sodré; diáspora africana, por Paul Gilroy e Stuart Hall; oralidade e tempo espiralar, por Leda Maria Martins; bem como os estudos sobre as epistemologias e musicalidades africanas e afro-brasileiras, por autoras/res como Carlos Palombini, Edmilson de Almeida Pereira, Fernado Ortiz, Gerhard Kubik, José Ramos Tinhorão, Kazadi Wa Mukuna, Kofi Agawu, Kwabena Nketia, Linda Heywood, Luciana Prass, Maria Elizabeth Lucas, Mario Maia, Marcos Branda Lacerda, Martha Campos Abreu, Nei Lopes, Rafael Galante, Robert Slenes, Rosa Aparecida do Couto Silva, Salomão Jovino da Silva, dentre outros.
O segundo eixo dedicado a produção artística, tem como foco a criação de obras artísticas experimentais pelos membros da equipe do projeto. Para tanto, recorremos a processos musicais experimentais inter-relacionados aos estudos teóricos realizados no primeiro eixo, a estratégia de ação adotada será a realização de oficinas e ações de ensino e/ou extensionistas dedicadas a exploração de estratégias de criação sonora experimental, como a improvisação livre.
No que concerne o primeiro eixo, dedicado ao estabelecimento e ao estudo do quadro conceitual da pesquisa, adotaremos como estratégia de ação principal, o levantamento bibliográfico. Neste eixo, serão abordados os conceitos-chave e os autores de base da pesquisa, tais como: colonialismo e colonialidade, conceitos trabalhados por Nelson Maldonado-Torres; branquitude, por Lia Vainer Schucmann e Maria Aparecida Bento; escuta/auralidade, por Ana María Ochoa Gautier, Marie Thompson e Jeniffer Lyn Stoever; território, por Muniz Sodré; diáspora africana, por Paul Gilroy e Stuart Hall; oralidade e tempo espiralar, por Leda Maria Martins; bem como os estudos sobre as epistemologias e musicalidades africanas e afro-brasileiras, por autoras/res como Carlos Palombini, Edmilson de Almeida Pereira, Fernado Ortiz, Gerhard Kubik, José Ramos Tinhorão, Kazadi Wa Mukuna, Kofi Agawu, Kwabena Nketia, Linda Heywood, Luciana Prass, Maria Elizabeth Lucas, Mario Maia, Marcos Branda Lacerda, Martha Campos Abreu, Nei Lopes, Rafael Galante, Robert Slenes, Rosa Aparecida do Couto Silva, Salomão Jovino da Silva, dentre outros.
O segundo eixo dedicado a produção artística, tem como foco a criação de obras artísticas experimentais pelos membros da equipe do projeto. Para tanto, recorremos a processos musicais experimentais inter-relacionados aos estudos teóricos realizados no primeiro eixo, a estratégia de ação adotada será a realização de oficinas e ações de ensino e/ou extensionistas dedicadas a exploração de estratégias de criação sonora experimental, como a improvisação livre.
Indicadores, Metas e Resultados
Espera-se como resultados da realização deste projeto:
- A publicação de artigos e outros materiais bibliográficos (entrevistas, resenhas de livros e bancos de dados sobre obras e artistas) em revistas acadêmicas especializadas na área de artes e áreas afins;
- A apresentação de trabalhos em simpósios, seminários e congressos nacionais e internacionais dedicados a pesquisa em artes e áreas afins;
- A criação pelos membros da equipe do projeto de produções artísticas experimentais, bem suas exibições públicas tanto em eventos acadêmicos, quanto de cunho artístico-cultural.
Espera-se com a realização do presente projeto e com o alcance dos resultados previstos a geração de impacto científico nacional e internacional na área de artes, levando em conta a lacuna bibliográfica ainda existe sobre os temas relacionados a diáspora africana no Brasil, bem como sobre as relações entre racialidade, escuta e territórios de reorganização social das populações negras brasileiras. Convém mencionar que o projeto também possui grande alinhamento com as políticas de ações afirmativas universitárias, especialmente com as leis 10.639/03 e Lei 11.645/08.
- A publicação de artigos e outros materiais bibliográficos (entrevistas, resenhas de livros e bancos de dados sobre obras e artistas) em revistas acadêmicas especializadas na área de artes e áreas afins;
- A apresentação de trabalhos em simpósios, seminários e congressos nacionais e internacionais dedicados a pesquisa em artes e áreas afins;
- A criação pelos membros da equipe do projeto de produções artísticas experimentais, bem suas exibições públicas tanto em eventos acadêmicos, quanto de cunho artístico-cultural.
Espera-se com a realização do presente projeto e com o alcance dos resultados previstos a geração de impacto científico nacional e internacional na área de artes, levando em conta a lacuna bibliográfica ainda existe sobre os temas relacionados a diáspora africana no Brasil, bem como sobre as relações entre racialidade, escuta e territórios de reorganização social das populações negras brasileiras. Convém mencionar que o projeto também possui grande alinhamento com as políticas de ações afirmativas universitárias, especialmente com as leis 10.639/03 e Lei 11.645/08.
Equipe do Projeto
Nome | CH Semanal | Data inicial | Data final |
---|---|---|---|
ABDUL SHAKIR FERREIRA ALVES GAJARDO VEGA | |||
ANA LUÍSA PANARELLI COSTA | |||
ANDY HELLEN MARQUES REAL | |||
BRUNO COSTA CHAVES | |||
Balbina Francisca Moraes de Sá | |||
CASSIO VILACORTA ALVES | |||
DANILO MAROSTEGA SALVADE | |||
DIEGO HENRIQUE BARBOZA | |||
ESTEVAO DE SOUZA SANTANA | |||
FELIPE MERKER CASTELLANI | 4 | ||
GABRIEL RODRIGUES SOARES | |||
GIULIA HELENA FREIRE PELISSARI | |||
HIGOR DOS INOCENTES BRASIL | |||
LEVINA DE AVILA COSTA | |||
LORENA BETÂNIA OLIVEIRA FONTES | |||
LUANA SOARES COELHO | |||
MARLISE PERES DO CARMO | |||
MILENA ELEUSINA FAGUNDES DE ASSUNÇÃO | |||
PAULO HENRIQUE SEVIDANES JUNIOR | |||
PHELIPE CESAR MORAES LIMA | |||
RAFAEL ALEXSANDER DIOGO DA SILVA | |||
RICARDO FERREIRA DA SILVA | |||
Renata Santos Sampaio | |||
SÁ DE MORAES PRETTO | |||
Thiago de Godoy Nepomuceno | |||
VALERIA DUTRA DIAS | |||
VICTOR JAMBEIRO FERREIRA |