Nome do Projeto
Histórias da arte e histórias da aids desde o Brasil: discursos sobre o corpo e a enfermidade na arte contemporânea
Ênfase
Pesquisa
Data inicial - Data final
01/07/2022 - 31/08/2025
Unidade de Origem
Coordenador Atual
Área CNPq
Linguística, Letras e Artes
Resumo
O presente projeto investiga a relação entre as artes visuais e a aids desde o Brasil a partir da análise de obras, artistas e exposições atravessadas pela epidemia. Procurando preencher lacunas na historiografia da arte no país e, simultaneamente, propondo revisões críticas aos estudos já existentes, procura-se discutir o contexto nacional em sua especificidade, marcada pela invisibilidade, e em relação ao panorama internacional, no qual o tema tem sido revisitado com frequência. Tendo como referência os estudos de Michel Foucault, Douglas Crimp e Marcelo Secron Bessa, interessa à esta investigação debater os discursos sobre a enfermidade contemplando sua condição abjeta quando do seu surgimento no final do século XX. Tal aspecto interfere na constituição de um debate aprofundado sobre a relação entre a doença e a arte, como atestado por Crimp, Christopher Reed e Avram Finkelstein, que entendem tal enlace a partir da sua relação com as dissidências sexuais, debatendo também suas implicações para o entendimento da arte contemporânea. Nesse sentido, serão levantadas e analisadas fontes históricas pertinentes para o entendimento da relação entre a arte e a aids, o que será acompanhado pela análise crítica de estudos já existentes. Por meio desse duplo movimento, a investigação procura discorrer sobre esse importante aspecto da arte e da cultura recente privilegiando suas condições de instauração na visualidade, o que parece ocorrer principalmente a partir da evocação do corpo.
Objetivo Geral
Objetivo Geral
Investigar a relação entre as artes visuais e a aids a partir de obras, artistas e exposições, tendo como ponto de partida o contexto brasileiro, contemplando suas relações com o circuito internacional, bem como as especificidades da abordagem do tema no país.
Objetivos Específicos
1. Desenvolver estudos aprofundados sobre obras, exposições e artistas brasileiros que de alguma forma se relacionam com a aids
2. Investigar o tema da aids nas artes visuais a partir do Brasil em uma perspectiva comparativa que permita a compreensão de diferentes iniciativas a partir de suas semelhanças e diferenças
3. Produzir estudos comparativos entre o contexto nacional e o internacional, com destaque para a América Latina, Europa e EUA
4. Investigar as participações de artistas brasileiros em exposições e projetos sobre a aids no exterior
5. Analisar as relações entre as artes visuais e os campos da literatura e do design no que diz respeito à abordagem da epidemia
6. Relacionar as produções artísticas sobre a aids do final do século XX com as atuais práticas em torno do HIV/aids
7. Debater, a partir dos campos da história, da teoria e da crítica de arte a pertinência dos estudos sobre a aids como chave de leitura para a compreensão da arte contemporânea
8. Discutir a visualidade da aids, bem como seus discursos, à luz dos debates que atravessam os corpos, gêneros e sexualidades
Investigar a relação entre as artes visuais e a aids a partir de obras, artistas e exposições, tendo como ponto de partida o contexto brasileiro, contemplando suas relações com o circuito internacional, bem como as especificidades da abordagem do tema no país.
Objetivos Específicos
1. Desenvolver estudos aprofundados sobre obras, exposições e artistas brasileiros que de alguma forma se relacionam com a aids
2. Investigar o tema da aids nas artes visuais a partir do Brasil em uma perspectiva comparativa que permita a compreensão de diferentes iniciativas a partir de suas semelhanças e diferenças
3. Produzir estudos comparativos entre o contexto nacional e o internacional, com destaque para a América Latina, Europa e EUA
4. Investigar as participações de artistas brasileiros em exposições e projetos sobre a aids no exterior
5. Analisar as relações entre as artes visuais e os campos da literatura e do design no que diz respeito à abordagem da epidemia
6. Relacionar as produções artísticas sobre a aids do final do século XX com as atuais práticas em torno do HIV/aids
7. Debater, a partir dos campos da história, da teoria e da crítica de arte a pertinência dos estudos sobre a aids como chave de leitura para a compreensão da arte contemporânea
8. Discutir a visualidade da aids, bem como seus discursos, à luz dos debates que atravessam os corpos, gêneros e sexualidades
Justificativa
O presente projeto é uma continuação direta da investigação desenvolvida na tese ‘Artes Visuais e aids no Brasil: histórias, discursos e invisibilidades’ (2020), estudo que apresenta a abordagem frágil do tema da aids na historiografia da arte brasileira. Além da existência de poucos estudos sobre o assunto, quando abordado, principalmente em estudos monográficos sobre alguns artistas, sua presença é vista como uma particularidade na produção visual de determinado sujeito, e não como um tema que atravessou a produção artística por meio de diferentes iniciativas no final do séc. XX.
A tese propõe que a constituição do campo da história da arte a partir do preceito da autonomia artística, bem como a abjeção causada pela enfermidade e sua relação com as sexualidades dissidentes são alguns dos elementos responsáveis por sua invisibilidade, expressa pela inexistência de uma abordagem sistemática do tema no país.
Nesse sentido, a presente pesquisa busca aprofundar a análise sobre a presença da aids na arte brasileira, estabelecendo aproximações e produzindo estudos comparativos que demonstrem a pertinência do tema e sua presença incontornável nos discursos sobre a arte contemporânea. A escolha por demarcar o termo desde o Brasil é inspirada no pensamento de Gerardo Mosquera, que propõe o estudo da arte latino-americana a partir de uma posição que se distancia do essencialismo, demarcando uma especificidade geográfica como escolha epistemológica. Nesse sentido, serão privilegiados nessa investigação os trabalhos desenvolvidos desde o Brasil, contemplando também aspectos como a atuação de artistas brasileiros no exterior, as relações entre as produções desde o Brasil e o contexto internacional assim como a análise de teorias, autores, obras, artistas e iniciativas internacionais que sejam pertinentes para o projeto e seus objetivos.
Um exemplo seria o debate proposto por Avram Finkelstein, que a partir do conceito de aids 2.0 aborda um recente interesse pelas narrativas sobre a arte e a epidemia em termos mundiais, o que pode ser atestado pela realização de diversas pesquisas e exposições ao redor do mundo. Ainda que o autor privilegie o contexto estadunidense, sua teoria contribui para compreender também a conjuntura brasileira, seja pela expressiva participação de artistas brasileiros em projetos desenvolvidos em outros países quanto pela ausência de projetos semelhantes no Brasil.
É possível afirmar que a presente pesquisa se justifica pela necessidade de estudos mais aprofundados sobre a relação entre a aids e as artes visuais desde o Brasil, sendo tal iniciativa uma referência importante também para outras pesquisas relacionadas às enfermidades, bem como aos estudos sobre os corpos, os gêneros e as sexualidades, temas que se atritam com a pretensa autonomia do campo artístico. Em suma, além de propor o levantamento de dados sobre a relação da enfermidade com a arte, procura-se também, a partir desse estudo, propor estratégias para a abordagem de temas semelhantes que destoam das perspectivas hegemônicas dos campos da história e da historiografia da arte, percorrendo os meandros das dissidências.
São ainda referências importantes para essa pesquisa as discussões de Douglas Crimp, historiador da arte e ativista na resposta à aids, que debate as tensões entre esses dois âmbitos de atuação, oferecendo uma série de importantes reflexões, bem como os estudos de Marcelo Secron Bessa, pioneiro na abordagem cultural da aids no Brasil, com ênfase nas questões literárias e de Christopher Reed, historiador da arte que discute a aids como elemento incontornável da arte homoerótica nas últimas décadas do séc. XX. Os estudos de Wilton Garcia e Paulo Reis são importantes pelo seu pioneirismo na abordagem da aids nas artes visuais, assim como a contribuições de João Silvério Trevisan, que incorpora as artes visuais aos debates mais amplos do homoerotismo no país. Gayle Rubin e a proposição do sistema de gênero/gênero, bem como os estudos de Michel Foucault sobre o poder, o discurso e a sexualidade assim como a contribuição de Carolin Overhoff Ferreira para pensar a história da arte no Brasil constituem um horizonte teórico importante para a investigação por instaurarem diferentes perspectivas epistemológicas para a abordagem do objeto de estudo proposto.
A tese propõe que a constituição do campo da história da arte a partir do preceito da autonomia artística, bem como a abjeção causada pela enfermidade e sua relação com as sexualidades dissidentes são alguns dos elementos responsáveis por sua invisibilidade, expressa pela inexistência de uma abordagem sistemática do tema no país.
Nesse sentido, a presente pesquisa busca aprofundar a análise sobre a presença da aids na arte brasileira, estabelecendo aproximações e produzindo estudos comparativos que demonstrem a pertinência do tema e sua presença incontornável nos discursos sobre a arte contemporânea. A escolha por demarcar o termo desde o Brasil é inspirada no pensamento de Gerardo Mosquera, que propõe o estudo da arte latino-americana a partir de uma posição que se distancia do essencialismo, demarcando uma especificidade geográfica como escolha epistemológica. Nesse sentido, serão privilegiados nessa investigação os trabalhos desenvolvidos desde o Brasil, contemplando também aspectos como a atuação de artistas brasileiros no exterior, as relações entre as produções desde o Brasil e o contexto internacional assim como a análise de teorias, autores, obras, artistas e iniciativas internacionais que sejam pertinentes para o projeto e seus objetivos.
Um exemplo seria o debate proposto por Avram Finkelstein, que a partir do conceito de aids 2.0 aborda um recente interesse pelas narrativas sobre a arte e a epidemia em termos mundiais, o que pode ser atestado pela realização de diversas pesquisas e exposições ao redor do mundo. Ainda que o autor privilegie o contexto estadunidense, sua teoria contribui para compreender também a conjuntura brasileira, seja pela expressiva participação de artistas brasileiros em projetos desenvolvidos em outros países quanto pela ausência de projetos semelhantes no Brasil.
É possível afirmar que a presente pesquisa se justifica pela necessidade de estudos mais aprofundados sobre a relação entre a aids e as artes visuais desde o Brasil, sendo tal iniciativa uma referência importante também para outras pesquisas relacionadas às enfermidades, bem como aos estudos sobre os corpos, os gêneros e as sexualidades, temas que se atritam com a pretensa autonomia do campo artístico. Em suma, além de propor o levantamento de dados sobre a relação da enfermidade com a arte, procura-se também, a partir desse estudo, propor estratégias para a abordagem de temas semelhantes que destoam das perspectivas hegemônicas dos campos da história e da historiografia da arte, percorrendo os meandros das dissidências.
São ainda referências importantes para essa pesquisa as discussões de Douglas Crimp, historiador da arte e ativista na resposta à aids, que debate as tensões entre esses dois âmbitos de atuação, oferecendo uma série de importantes reflexões, bem como os estudos de Marcelo Secron Bessa, pioneiro na abordagem cultural da aids no Brasil, com ênfase nas questões literárias e de Christopher Reed, historiador da arte que discute a aids como elemento incontornável da arte homoerótica nas últimas décadas do séc. XX. Os estudos de Wilton Garcia e Paulo Reis são importantes pelo seu pioneirismo na abordagem da aids nas artes visuais, assim como a contribuições de João Silvério Trevisan, que incorpora as artes visuais aos debates mais amplos do homoerotismo no país. Gayle Rubin e a proposição do sistema de gênero/gênero, bem como os estudos de Michel Foucault sobre o poder, o discurso e a sexualidade assim como a contribuição de Carolin Overhoff Ferreira para pensar a história da arte no Brasil constituem um horizonte teórico importante para a investigação por instaurarem diferentes perspectivas epistemológicas para a abordagem do objeto de estudo proposto.
Metodologia
Inscrevendo-se nos campos da história, teoria e crítica de arte, a presente pesquisa procura construir e apresentar histórias da arte e da aids através do levantamento de diferentes fontes históricas e, simultaneamente, propor revisões historiográficas ao analisar a produção teórica já existente sobre o tema. Esse duplo movimento procura preencher lacunas e propor outras abordagens diante dos discursos já constituídos, percebendo a importância de estudos pregressos, mas também suas limitações e possibilidades de revisão e ampliação. A partir da teoria de Michel Foucault, propõe-se uma discussão sobre o campo da arte e seus dispositivos e regimes de verdade, procurando outras posições a partir das quais é possível abordar a relação entre arte e enfermidade.
Para esse fim, serão desenvolvidas pesquisas de caráter documental e bibliográfico, contemplando buscas de fontes em acervos físicos e virtuais, bem como em bibliotecas e repositórios de produção científica. A partir do levantamento de tais informações serão desenvolvidas entrevistas com artistas, curadores e outros profissionais das artes assim como análises de obras de arte, sendo estas realizadas a partir do contato direto com sua materialidade ou por meio de reproduções. Para a redação dos textos serão combinadas as análises documentais, bem como as informações obtidas com os profissionais do campo da arte, a análise das obras, assim como o estudo de material bibliográfico, procurando debater os discursos da arte a partir dos atritos e aproximações entre as diferentes fontes.
Para esse fim, serão desenvolvidas pesquisas de caráter documental e bibliográfico, contemplando buscas de fontes em acervos físicos e virtuais, bem como em bibliotecas e repositórios de produção científica. A partir do levantamento de tais informações serão desenvolvidas entrevistas com artistas, curadores e outros profissionais das artes assim como análises de obras de arte, sendo estas realizadas a partir do contato direto com sua materialidade ou por meio de reproduções. Para a redação dos textos serão combinadas as análises documentais, bem como as informações obtidas com os profissionais do campo da arte, a análise das obras, assim como o estudo de material bibliográfico, procurando debater os discursos da arte a partir dos atritos e aproximações entre as diferentes fontes.
Indicadores, Metas e Resultados
Essa pesquisa procura contribuir para os estudos sobre as relações entre a aids e a cultura a partir das artes visuais, preenchendo uma lacuna sobre o tema, e simultaneamente debatendo a história e a historiografia da arte ao propor uma abordagem que pode ser referência para temas análogos ao contemplar perspectivas dissidentes à hegemonia, contemplando sujeitos e temas dissidentes em consonância com reivindicações históricas de grupos subalternizados.
Intenciona-se a publicação de textos (artigos, capítulos de livros e outros) que publicizem os debates desenvolvidos durante a investigação. Procurar-se-á publicar a maioria dos trabalhos em meios de livre acesso, tais como revistas acadêmicas e anais de eventos disponibilizados gratuitamente online. Além disso, podem ser desenvolvidas palestras, cursos, materiais didáticos e outras estratégias de divulgação dos resultados da pesquisa visando contextos e públicos específicos.
Intenciona-se a publicação de textos (artigos, capítulos de livros e outros) que publicizem os debates desenvolvidos durante a investigação. Procurar-se-á publicar a maioria dos trabalhos em meios de livre acesso, tais como revistas acadêmicas e anais de eventos disponibilizados gratuitamente online. Além disso, podem ser desenvolvidas palestras, cursos, materiais didáticos e outras estratégias de divulgação dos resultados da pesquisa visando contextos e públicos específicos.
Equipe do Projeto
Nome | CH Semanal | Data inicial | Data final |
---|---|---|---|
ALESSANDRO BARCELOS FLORES | |||
ANA CARLA DE BRITO | 4 | ||
ANDRE DIAS RODRIGUES | |||
ANDRE LUIS PORTO MACEDO | |||
ANDREI CESAR CORREA GONZALES | |||
ANDRIELLY SILVA NUNES | |||
BRENDA DOS SANTOS | |||
Bruno Gularte Barreto | |||
CAMILA SOARES COUTO | |||
CECILIA ALVARENGA FRANCA | |||
DANIEL GALUPPO ABDUL KHALEK | |||
ESTHER MARIANA NASCIMENTO COSTA | |||
FRANCINE BECKER DA COSTA | |||
GABRIEL MOMESSO GRILLO | |||
GUILHERME CARVALHO DA ROSA | |||
HELENA SOARES OUTEIRO | |||
HENRIQUE FERNANDES VASCONCELLOS | |||
IAN ALVES SILVEIRA | |||
Janice Martins Sitya Appel | |||
JÚLIO HÄRTER REINEHR | |||
KALEB DE LIMA PEREIRA BELMONTE DE OLIVEIRA | |||
KALI BREDER E SOUZA | |||
KAROLAYNE GODINHO MEDEIROS | |||
Letícia Sotero de Abreu | |||
MARIANA YU MARTINS FARIAS | |||
MAYARA LUTZ MACHADO | |||
MAYLA NAIAN ALVES XAVIER | |||
Marcelo Roberto Gobatto | |||
Milton Ricardo dos Santos Oliveira Junior | |||
NATHELY SANTANA TEIXEIRA | |||
OSÉIAS NINO DA SILVA | |||
PEDRO ELIAS PARENTE DA SILVEIRA | |||
PEDRO ELIAS PARENTE DA SILVEIRA | 4 | ||
PEDRO IVO BRAMÉ | |||
Pablo Esposito Escobar Castro | |||
RICARDO HENRIQUE AYRES ALVES | 22 | ||
RYAN RIBEIRO DOS SANTOS | |||
THYR DA SILVEIRA WYSE | |||
VÍTOR MEIRELLES DE OLIVEIRA | |||
YASMIN ZAMPERLINI SIENRA | |||
ÁRLESON RENATO LUZ COSTA |