Nome do Projeto
Avaliação da possível ação neuroprotetora do 2-fenil-3-(fenilselanil)benzofurano (SeBZF1) frente aos danos induzidos pela administração de dexametasona em camundongos
Ênfase
Pesquisa
Data inicial - Data final
13/06/2022 - 13/06/2026
Unidade de Origem
Coordenador Atual
Área CNPq
Ciências Biológicas
Resumo
Efeitos adversos são comuns durante a terapia com corticosteroides tais como perturbações do humor, cognição, sono e comportamento. Neste sentido, a administração aguda ou sub-crônica de dexametasona tem sido empregada como um modelo de distúrbio psiquiátrico em roedores (ansiedade e/ou depressão). O intuito deste projeto é apontar um novo candidato (2-fenil-3-(fenilselanil)benzofurano, SeBZF1) para o tratamento de distúrbios psiquiátricos relacionados ao uso de corticosteroides. Inicialmente será realizado um estudo piloto do tipo dose-resposta com o intuito de selecionar uma dose aguda de dexametasona capaz de alterar o comportamento de camundongos Swiss adultos de ambos os sexos. Para tal avaliação, serão realizados os testes do campo aberto, claro-escuro, suspensão pela cauda e borrifagem de sacarose. A seguir, será testado o efeito do tratamento com SeBZF1 (5 ou 50 mg/kg; v.o., administração única) em animais expostos agudamente à dexametasona (dose efetiva) usando os mesmos testes comportamentais descritos anteriormente. Em um segundo protocolo, os animais serão tratados com dexametasona por 21 dias (2 mg/kg) para indução de alterações comportamentais relacionadas a distúrbios psiquiátricos e consequente dano cognitivo. O efeito do SeBZF1 (1 ou 5 mg/kg, v.o.) será testado através de sua administração oral repetida durante 7 dias (dia 15-21). No dia 22 serão realizados os testes do campo aberto, claro-escuro, suspensão pela cauda e labirinto em Y. Após, será realizada a coleta de sangue para mensuração dos níveis de corticosterona bem como de estruturas cerebrais (córtex e hipocampo) para dosagem do conteúdo de fator neurotrófico derivado do cérebro (BDNF) e receptores glicorticoides (GR). O efeito sexo-dependente será avaliado. Espera-se que o SeBZF1 seja capaz de reverter os prejuízos comportamentais e bioquímicos induzidos pela exposição à dexametasona.

Objetivo Geral

Avaliar o efeito neuroprotetor do composto 2-fenil-3-(fenilselanil)benzofurano(SeBZF1) frente aos danos induzidos pela administração de dexametasona em camundongos Swiss machos e fêmeas.

Justificativa

O uso crônico dos glicocorticóides tem sido utilizado para o tratamento de diversas doenças, devido a suas propriedades anti-inflamatórias, anti-alérgicas, imunossupressivas e anti-reumáticas. No entanto, altos níveis do glicocorticoide dexametasona podem aumentar o cortisol sanguíneo circulante, levando ao desenvolvimento de doenças relacionadas ao estresse, como depressão, ansiedade e síndrome metabólica, comprometendo as funções cerebrais reguladas pelo hormônio cortisol, como a neurogênese, sobrevivência neuronal e aquisição de memória (Mesripour, et. al.).
Visto que a terapia farmacológica é, atualmente, a forma mais utilizada para o tratamento de transtornos mentais comuns, existe uma constante busca por novos compostos com atividade farmacológica. Ainda é importante salientar que os modelos animais de doenças psiquiátricas fornecem uma abordagem crucial para examinar a circuitaria neural e vias celulares e moleculares em um ambiente controlado (Wang et. al., 2017) bem como permite uma triagem de novos compostos com potencial terapêutico.
O selênio apresenta importantes ações biológicas, destacando-se os efeitos antioxidantes e imunomoduladores. Neste sentido, as moléculas orgânicas de selênio são alvo de estudos (Nogueira and Rocha, 2011; Nogueira et al., 2004) uma vez que possuem maior biodisponibilidade que as formas inorgânicas. Diversos estudos envolvendo as ações do tipo antidepressiva e ansiolítica de compostos de selênio já foram realizados, tendo demonstrado seus efeitos em diferentes modelos experimentais (Bortolatto et al., 2012; Bruning et al., 2011; Gay et al., 2010a; Jesse et al., 2010; Posser et al., 2009; Rocha et al., 2012).
Este projeto dará continuidade os estudos que nosso grupo de pesquisa vem desenvolvendo acerca das ações farmacológicas do composto 2-fenil-3-(fenilselenil) benzofurano (SeBZF1) em camundongos. Este composto já demonstrou atividade antioxidante in vitro, efeito do tipo antidepressivo modulado pelos sistemas serotoninérgico (Gall et al., 2020) e dopaminérgico (da
Silva Teixeira Rech et al., 2021). Dados ainda não publicados pelo nosso grupo também trazem evidências de adicionais mecanismos de ação para este protótipo da classe de 3- organoselanil benzofuranos, como a participação de mecanismo glutamatérgico e envolvimento da via L-ARG-NO. O mesmo também tem sido testado em modelo de privação de sono.
Em vista dos resultados promissores obtidos com o uso do SeBZF1 até aqui, é de grande relevância a continuidade na avaliação da ação do tipo antidepressiva deste composto, investigando, além de seu efeito per se em testes preditivos para efeitos antidepressivos, o seu efeito em modelos de indução de depressão tal como aquele relacionado ao uso de dexametasona, um fármaco da classe dos glicocorticoides.

Metodologia

Serão utilizados camundongos Swiss adultos machos e fêmeas provenientes do Biotério Central da UFPEL.
Dentre os testes comportamentais a serem empregados neste modelo de depressão induzida estão: teste do campo aberto (TCA), teste do claro-escuro (TCE), teste de suspensão pela cauda (TSC), teste de borrifagem de sacarose e teste do labirinto em Y. O teste do campo aberto (TCA) refere-se a uma arena dividida em quadrantes, onde são contabilizados parâmetros de locomoção e exploração do ambiente. O teste do claro-escuro (TCE) constitui-se de uma caixa contendo dois compartimentos, um escuro e um iluminado, sendo que uma situação de conflito se dá entre a tendência natural dos animais a explorar e a tendência inicial de se esquivar do que não é familiar (neofobia). O teste de suspensão pela cauda (TSC) é validado como um procedimento experimental para avaliar a eficácia antidepressiva de tratamentos com drogas em camundongos e baseia-se na medida de comportamentos direcionados ao escape. O teste de borrifagem de sacarose baseia-se na medida do comportamento de auto-limpeza, o qual apresenta-se diminuído em animais deprimidos. Por fim, o labirinto em Y é um teste utilizado para avaliar a memória de curto prazo em roedores, permitindo que os animais explorem todos os três braços do labirinto e é motivada por uma curiosidade inata de roedores para explorar áreas anteriormente não visitadas.
O delineamento experimental deste projeto será dividido em um estudo agudo e um estudo sub-crônico.

1. AVALIAÇÃO DOS EFEITOS NEUROPROTETORES DO SeBZF1 FRENTE À EXPOSIÇÃO AGUDA DE CAMUNDONGOS À DEXAMETASONA
1A. Curva dose-resposta aguda de dexametasona em camundongos machos e fêmeas
Alguns estudos têm mostrado que a administração aguda ou sub-aguda de dexametasona causa distúrbios do tipo psiquiátricos em roedores, porém estes trabalhos têm apresentado uma serie de divergências a respeito de dose, espécie, e via de administração utilizada (Casarotto e Andreatini, 2007; Wróbel et al., 2014; Hare et al., 2014; Li et al., 2014; Wróbel et al., 2015; Mesripour et al., 2019; de Souza et al., 2019). Com o intuito de escolher o melhor modelo de indução neurocomportamental aguda por dexametasona e que seja reprodutível em nosso laboratório, o primeiro passo deste projeto será realizar uma curva de dose-resposta aguda com dexametasona (estudo piloto). Para isto, camundongos Swiss machos e fêmeas serão tratados por via s.c. com salina (grupo controle) ou dexametasona nas doses de 0,07 mg/kg, 0,25 mg/kg ou 0,5 mg/kg. Após 4h, os animais serão submetidos ao TCA, TCE, TSC e teste de borrifagem de sacarose.

1B. Avaliação do efeito neuroprotetor do SeBZF1 em camundongos machos e fêmeas expostos a dose única de dexametasona
Camundongos Swiss machos e fêmeas serão expostos a uma dose de dexametasona (s.c.) capaz de induzir comportamentos do tipo ansiogênico e depressivo, conforme dados obtidos pelo estudo piloto. Animais controle receberão apenas o veículo (salina). Após 3h30min da administração de dexametasona, o composto SeBZF1 (5 ou 50 mg/kg) ou seu veículo (óleo de canola) será administrado por v.o. Trinta minutos após a administração do SeBZF1, os animais serão submetidos ao TCA, TCE, TSC e teste de borrifagem de sacarose. Fluoxetina (20 mg/kg, v.o.) será utilizada como um controle positivo. As doses agudas do SeBZF1 (5 e 50 mg/kg) foram escolhidas com base em estudos prévios sobre o efeito per se em testes preditivos de efeito antidepressivo.

2. AVALIAÇÃO DOS EFEITOS NEUROPROTETORES DO SeBZF1 FRENTE À EXPOSIÇÃO SUB-CRÔNICA DE CAMUNDONGOS À DEXAMETASONA
Camundongos Swiss machos e fêmeas serão expostos diariamente à dexametasona (2 mg/kg, i.p.) ou seu veículo (salina) por 21 dias (Heck et al. 2019a; Heck et al., 2019b; Xie et al., 2019). O composto SeBZF1 (1 ou 5 mg/kg, v.o.) ou seu veículo (óleo de canola) será administrado diariamente por 7 dias trinta minutos antes da dexametasona (dias 15-21). Fluoxetina será utilizada como um controle positivo (5 mg/kg, v.o.) também por 7 dias. No dia 22, os animais serão submetidos ao TCA, TCE e TSC. As doses de SeBZF1 para este estudo também foram escolhidas com base em estudos prévios. É relatado que a administração repetida de dexametasona em roedores também causa prejuízos sobre a memória (Yao et al., 2011; Patel et al., 2014; Zhang et al., 2020; Hsu et al., 2020). Por isso, para este protocolo sub-crônico, substituiremos o teste de borrifagem de sacarose por um teste de memória: o labirinto em Y. Após os testes comportamentais, será realizada a coleta de sangue para a dosagem de corticosterona. Será coletado também o cérebro para posteriores análises ex vivo.

Indicadores, Metas e Resultados

Espera-se identificar uma molécula com potencialidade para o desenvolvimento de uma nova terapia voltada ao tratamento de transtornos psiquiátricos, tais como a depressão. A proteção parcial ou total das alterações neurocomportamentais induzidas pela exposição aguda e/ou sub-crônica à dexametasona é um resultado almejado por este projeto. Além disso, espera-se contribuir para a elucidação dos mecanismos de ação do composto SeBZF1 através do emprego de pesquisa pré-clínica. Por fim, espera-se contribuir na formação de recursos humanos no PPGBBio e envolver alunos de iniciação científica. Anseia-se pela geração de resumos e artigos científicos.

Equipe do Projeto

NomeCH SemanalData inicialData final
ANDRIÉLI SIEMIONKO LACERDA
CESAR AUGUSTO BRUNING2
CRISTIANI FOLHARINI BORTOLATTO2
DIANER NÖRNBERG STRELOW
JOSÉ COAN CAMPOS JÚNIOR1
JOSÉ SEBASTIÃO DOS SANTOS NETO
LARISSA SANDER MAGALHÃES
LETÍCIA DEVANTIER KRÜGER
MARIANA PARRON PAIM
PÂMELLA DA COSTA
TAIS DA SILVA TEIXEIRA RECH
TÁCIA KATIANE HALL

Página gerada em 21/12/2024 22:04:25 (consulta levou 0.234252s)