Nome do Projeto
O ENSINO DO ESPORTE NA FORMAÇÃO UNIVERSITÁRIA: DESAFIOS PARA O CAMPO DA EDUCAÇÃO FÍSICA...
Ênfase
Pesquisa
Data inicial - Data final
01/08/2022 - 31/07/2023
Unidade de Origem
Coordenador Atual
Área CNPq
Ciências Humanas
Resumo
Os nexos entre EF e esporte são bastante recentes, bem como, não se constituíram “naturalmente”. Especificamente na realidade brasileira, esta relação é fruto da Ditadura Militar (1964-1985), edificada após o golpe civil-midiático-militar de 1964. Assim, a esportivização da EF, a partir das ingerências do sistema esportivo por meio de uma política de Estado com vistas a utilizar a EF escolar como espaço e tempo de massificação do esporte, bem como, de detecção de talentos, representa uma mudança de paradigma para este campo, com impactos significativos sentidos até nossos dias. Nessa “interlocução forçada”, devido ao “vazio existencial” no qual se encontrava no início da década de 1960, a EF foi, em grande medida, colonizada pelos códigos, sentidos e significados do esporte, especialmente por sua manifestação denominada “esporte-espetáculo”, “alto-rendimento” ou ainda, “esporte-performance”. Pouco mais de meio século depois, é possível considerar que a EF ainda mantém sua condição subalterna em relação ao “mundo do esporte”, mais atendendo suas demandas do que produzindo-as, com impactos decisivos para a formação universitária. Assim, parto da premissa de que a formação universitária impacta menos no trabalho desenvolvido no âmbito das modalidades esportivas, do que estas impactam na formação universitária. Tal condição coloca a EF, em muitos casos, em uma condição subalterna (inclusive, na formação universitária), o que acaba potencializando o ensino do esporte tendo como referência o modelo hegemônico presente nas diferentes tradições das modalidades esportivas. Partindo destes elementos, esta investigação tem por objetivo apresentar argumentos que possam contribuir com o ensino do esporte na educação superior, tomando a EF como campo do conhecimento protagonista no âmbito da formação universitária. A investigação pretende discorrer sobre a necessidade do esporte se colocar na formação universitária como parte integrante de um projeto de formação humana, devendo ser problematizado na educação superior, desnaturalizando sua inserção neste âmbito, alargando suas potencialidades como tema importante da cultura corporal de movimento que deve ser tratado criticamente pelo campo da EF. Esta investigação, subdividida em três etapas, todas interligadas entre si, se caracteriza como sendo de natureza descritiva, produzida a partir de uma abordagem qualitativa. As três etapas mencionadas estão brevemente descritas a seguir. Etapa 1: prevê a produção e apresentação sistematizada de uma concepção de universidade, de formação e de EF, que sustentem o esporte como tema de reflexão, análise e ensino na formação universitária (etapa desenvolvida entre setembro e dezembro de 2022). Etapa 2: etapa a ser realizada entre janeiro e abril de 2023, tem o intuito de identificar e analisar possibilidades e desafios para o ensino do esporte na formação universitária no campo da EF, a partir da literatura produzida sobre o tema. Etapa 3: será realizada entre maio e julho de 2023 e pretende analisar a necessidade do esporte se colocar na formação universitária como parte integrante de um projeto de formação humana, devendo ser problematizado na educação superior, alargando suas potencialidades como tema importante da cultura corporal de movimento que deve ser tratado criticamente pelo campo da EF.

Objetivo Geral

Esta investigação tem por objetivo geral, contribuir para com o ensino do esporte na educação superior, tomando a Educação Física como campo do conhecimento protagonista no âmbito da formação universitária.

Justificativa

Pensar o ensino do esporte na formação universitária representa problematizar uma relação assimétrica entre um fenômeno cultural globalizado (o esporte) e um campo do conhecimento ainda recente (a Educação Física), ambos cunhados ao longo da história da modernidade. Isso implica em reconhecer que as bases fundantes da modernidade (Séc. XV-XX) se colocam como estruturas que sustentam a arquitetura de ambos, tanto do esporte como da Educação Física (EF), com impactos decisivos para seu desenvolvimento no mundo contemporâneo (Séc. XXI-). Partindo dessa compreensão, cabe lembrar também, que os nexos entre EF e esporte são bastante recentes, bem como, não se constituíram “naturalmente”. Especificamente na realidade brasileira, esta relação é fruto da Ditadura Militar (1964-1985), edificada após o golpe civil-midiático-militar de 1964 . Assim, como bem documentado em vários trabalhos importantes da EF brasileira (BRACHT, 1999, GONZALEZ, 2006, 2014, entre outros), a esportivização da EF, a partir das ingerências do sistema esportivo por meio de uma política de Estado com vistas a utilizar a EF escolar como espaço e tempo de massificação do esporte, bem como, de detecção de talentos, representa uma mudança de paradigma para este campo, com impactos significativos sentidos até nossos dias. Nessa “interlocução forçada”, devido ao “vazio existencial” no qual se encontrava no início da década de 1960, a EF foi, em grande medida, colonizada pelos códigos, sentidos e significados do esporte, especialmente por sua manifestação denominada “esporte-espetáculo”, “alto-rendimento” ou ainda, “esporte-performance”. Pouco mais de meio século passado de suas aproximações iniciais com o esporte, no contexto da ditadura militar, é possível considerar que a EF ainda mantém sua condição subalterna em relação ao “mundo do esporte”, mais atendendo suas demandas do que produzindo-as, com impactos decisivos para a formação universitária. Mesmo em meio a esta relação assimétrica, é necessário considerar que a EF vem ampliando significativamente sua produção acerca do ensino do esporte, tanto no que se refere a aspectos específicos, metodologias de ensino e treino (GARGANTA, 1994; GRECO, 1998; GRECO, BENDA, 1998; SAAD, 2002; GALATTI, 2006, REVERDITO, SCAGLIA, 2007; entre outros), mas também, no que se refere a aspectos mais amplos, por meio de análises filosóficas, sociológicas e pedagógicas, entre outras (KUNZ, 1994; BRACHT, 2005; GONZÁLES, BRACHT, 2012; NISTA-PICOLLO, 2014; SADI, 2017, CARLAN, 2018; MARCHI JUNIOR, 2019; entre outros). Considerando este incremento na produção acadêmica no campo da EF, se faz necessário reconhecer que há um movimento de enfrentamento à condição subalterna da EF no que concerne a sua relação com o esporte, porém, ainda com longo caminho pela frente até se colocar como perspectiva considerada como referência pelo imaginário social (ampla esfera pública), bem como, por segmentos do próprio campo – as distintas Educações Físicas (REZER, 2014). Isso se coloca como questão importante, pois, como já tratado em muitas análises, não podemos esquecer que o esporte se manifesta como um fenômeno poderoso, que se coloca de maneira intensa no cotidiano do mundo, reverberando no imaginário social, muitas vezes, confundindo-se com a própria EF (tanto na formação escolar quanto na universitária) e determinando o trabalho desenvolvido nos escalões de formação, na escola, na formação universitária, mas também, os modos de produção da vida na ampla esfera social. Como formas de crítica frente a naturalização da esportivização da vida, análises com base em pensadores como Theodor Adorno (VAZ, 2002), Pierre Bourdieu (SOUZA, MARCHI JUNIOR, 2017), entre outros, sinalizam para um cenário em que a EF procura refletir acerca deste processo para além do próprio campo, como um tema que interessa a ampla esfera social. Da mesma forma, análises desta ordem possibilitam qualificar nossa capacidade de compreensão acerca das relações entre esporte, sociedade e EF, com referência em aportes teóricos externos ao campo. No caso dos dois textos mencionados, Vaz (2002) e Souza e Marchi Junior (2017), a Teoria Crítica e a Sociologia, respectivamente se colocam como referenciais que ampliam o alcance da EF, aproximando-a de campos que também vão manifestando (de forma direta ou tangencial) interesse pelo estudo com profundidade do esporte e suas consequências para a vida humana. Porém, mesmo reconhecendo movimentos importantes no âmbito acadêmico da EF brasileira na direção de potencializar análises mais sofisticadas, bem como, potencializar sua maior autonomia em relação ao esporte, o caminho ainda é longo e sinuoso. Desta forma, parto da premissa de que a formação universitária impacta menos no trabalho desenvolvido no âmbito das modalidades esportivas (em especial na formação esportiva), do que estas impactam na formação universitária e demais segmentos laborais da EF. Tal condição coloca a EF, em muitos casos, em uma condição subalterna (inclusive, na formação universitária), o que acaba potencializando o ensino do esporte tendo como referência o modelo hegemônico presente nas diferentes tradições das modalidades esportivas (bem como, suas demandas). Por outro lado, entendo que o esporte é um fenômeno importante que deve ser abordado criticamente na formação universitária. E esta se trata de uma das responsabilidades da formação, qualificar a leitura de mundo de alunos e professores sobre fenômenos complexos como o exporte. Assim, pesquisas desta ordem representam possibilidades de produção e aprofundamento acerca dos desafios, limites e possibilidades da formação universitária e sua interlocução com o mundo contemporâneo, qualificando a produção da EF sobre temas importantes em sua agenda, tal como, o ensino do esporte na formação universitária no campo da EF.

Metodologia

Esta investigação se caracteriza como sendo de natureza descritiva, produzida a partir de uma abordagem qualitativa, desenvolvida através de três etapas, todas interligadas entre si. A Etapa 1 será desenvolvida entre os meses de setembro e dezembro de 2022 e pretende apresentar de forma sistemática uma concepção de universidade, de formação e de EF. Após a Etapa 1, será desenvolvida a Etapa 2, a ser realizada entre os meses de janeiro e abril de 2023, com o intuito de identificar e analisar possibilidades e desafios para o ensino do esporte na formação universitária no campo da EF a partir da literatura produzida sobre o tema. O percurso metodológico desta etapa será realizado na forma de uma pesquisa descritiva, tomando como referência estudos anteriores publicados sobre o tema desta investigação, procurando identificar limites, possibilidades e desafios a serem sistematizados, agrupados e analisados, na direção de contribuir para com o ensino do esporte na formação universitária no campo da EF. A etapa final (Etapa 3) será realizada entre os meses de maio e julho de 2023. Nesta etapa, a investigação irá analisar a necessidade do esporte se colocar na formação universitária como parte integrante de um projeto de formação humana, devendo ser problematizado na educação superior, desnaturalizando sua inserção “natural” neste âmbito, alargando suas potencialidades como tema importante da cultura corporal de movimento que deve ser tratado criticamente pelo campo da EF. Em síntese, o percurso investigativo se dará da seguinte forma:

Etapa 1: Pensar o esporte como tema de reflexão, análise e ensino na formação universitária parte de uma concepção de universidade, de formação e de EF, bases nas quais o ensino do esporte na educação superior se sustenta. Estes três grandes temas (universidade, formação e EF), pilares da investigação em tela, serão abordados na forma de um programa de estudos inicial, desenvolvida entre os meses de setembro e dezembro de 2022. O percurso metodológico desta etapa será realizado na forma de uma pesquisa descritiva, tomando como referência estudos anteriores publicados sobre concepções de universidade, formação e EF.

Etapa 2: esta etapa será realizada entre os meses de janeiro e abril de 2023, com o intuito de identificar e analisar desafios para o ensino do esporte na formação universitária no campo da EF. Seguindo a mesma lógica da etapa anterior, o percurso metodológico será realizado na forma de uma pesquisa descritiva, tomando como referência estudos anteriores publicados sobre o ensino do esporte na educação superior, procurando identificar na literatura, possibilidades e desafios a serem sistematizados, agrupados e analisados.

Etapa 3: nesta etapa final, realizada entre os meses de maio e julho de 2023, a investigação irá analisar sobre a necessidade do esporte se colocar na formação universitária como parte integrante de um projeto de formação humana, devendo ser problematizado na educação superior, desnaturalizando sua inserção “natural” neste âmbito, alargando suas potencialidades como tema importante da cultura corporal de movimento que deve ser tratado criticamente pelo campo da EF.

Por fim, será realizada a sistematização das três etapas da investigação em um relatório unificado, contendo todos os elementos produzidos, a fim de apresentar contribuições e desafios para o ensino do esporte na formação universitária no campo da EF. Após, será produzido um artigo para submissão em periódico qualificado do campo da EF, a fim de divulgar os resultados desta investigação.

Indicadores, Metas e Resultados

Etapa 1: será o período em que as bases da pesquisa se edificarão a partir de três grande temas, universidade, formação e EF.
Etapa 2: será o período em que o tema central da investigação será abordado, tomando como referência estudos anteriores publicados sobre o ensino do esporte na educação superior, procurando identificar na literatura, possibilidades e desafios a serem sistematizados, agrupados e analisados.
Etapa 3: esta será a parte mais propositiva da investigação, onde serão apresentados elementos que possam contribuir com o ensino do esporte na formação universitária no campo da EF. Desta forma, esta etapa se coloca com a expectativa de produzir resultados de acordo com a complexidade do tema, que venham a qualificar a discussão sobre o ensino do esporte na formação universitária no campo da EF.
Após produção do relatório final, a meta é submeter os resultados da investigação em periódico qualificado da EF.

Equipe do Projeto

NomeCH SemanalData inicialData final
RICARDO REZER10

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