Nome do Projeto
Análises Econômico Ecológicas
Ênfase
Pesquisa
Data inicial - Data final
25/08/2022 - 31/08/2025
Unidade de Origem
Coordenador Atual
Área CNPq
Ciências Agrárias
Resumo
Agriculturas e os agricultores estão sobre forte pressão em vários aspectos e em muitos lugares do globo terrestre. Além de proverem alimentos, fibras e energia para a humanidade, garantirem o adequado sustento das suas famílias, faz-se cada vez mais necessário que atendam as demandas ambientais, contribuindo para preservação dos ecossistemas, preservação da biodiversidade e mitigando o avanço das mudanças climáticas. Neste contexto diferentes, muitas vezes antagônicas, tendências têm se apresentado, ora propulsoras de mudanças em direção à agriculturas mais sustentáveis, ora retrocedendo a estágios ainda mais exploratórios do modo de produção (MARSDEN e RUCINSCA, 2019). No Brasil, na agricultura de grande porte, há uma tendência do agravamento do quadro ambiental, por uma intensificação do modelo de agricultura dependente de insumos químicos e dos combustíveis fósseis, com claros sinais de incentivo governamental a este modelo, inclusive a práticas ilegais como desmatamento e queimadas. No que tange a agricultura familiar, de pequeno porte, há igualmente uma tendência de intensificação do modelo produtivo com avanços da produção de commodities, em especial soja e tabaco, em detrimento da produção de alimentos, mas com uma maior presença de alternativas. Estas alternativas se apresentam em razoável número, muito significativas e diversa, espalhadas por todo o continente latino americano, no Brasil, e no estado do Rio Grande do Sul. Estas, majoritariamente identificadas com a agroecologia, a produção orgânica, e com formas associativas e cooperativas de organização também identificadas com a economia solidária. Todavia, a despeito destes inúmeros casos de sucesso, não há uma massificação destas experiências. Encontram-se, muitas vezes, ilhadas entre processos produtivos que, inclusive, ameaçam sua própria sobrevivência. Como no caso do Brasil e Rio Grande do Sul, a "sojisização" da agricultura tem levado a contaminações por deriva que ameaçam a certificação orgânica destes produtores. Contraditoriamente, estas alternativas tem se apresentado como possibilidades muito mais resilientes diante de crises socioeconômicas, e ambientais e, possivelmente, em relação as prováveis mudanças ambientais extremas (ALTIERI, 2017). Diante do quadro posto, busca-se investigar quando e se estas alternativas ambientalmente menos agressivas podem configurar possibilidades de perdurar num ambiente tão adverso neste momento, e quais suas possibilidades em um horizonte de tempo mais longo, de contribuir para o atender os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da Organização das nações Unidas (ONU). Para buscar responder tais questões serão analisadas três regiões distintas do Pampa gaúcho onde encontram-se experiências potencialmente resilientes em relação ao exposto. As Experiências estão localizadas no território da Cidadania da Zona sul do Rio Grande do Sul em três ecossistemas distintos dentro do Bioma Pampa. A primeira, nos municípios de Rio Grande e Santa Vitória do Palmar, ambiente costeiro, em proximidade à reserva biológica, no sistema hidrológico do TAIM. A segunda junto a agricultores familiares na Serra dos TAPES, municípios de Canguçu, Morro Redondo, São Lourenço e Pelotas (inicialmente). E a terceira na região da campanha, municípios de Candiota e Hulha Negra, com o desenvolvimento de produção de sementes de hortaliças orgânicas. Neste projeto, em específico, buscamos analisar os fluxos ecológicos-econômicos de sistemas agroflorestais (SAF).

Objetivo Geral

Acompanhar e contribuir com grupos de agricultores familiares que vem desenvolvendo SAF em suas unidades de produção através da análise econômico- ecológica dos mesmos.

Justificativa

Segundo Gliessman (2001), um agroecossistema é um local de produção agrícola – uma propriedade agrícola, por exemplo – compreendido como ecossistema. O conceito de agroecossistema proporciona uma estrutura com a qual podemos analisar os sistemas de produção de alimentos como um todo, incluindo seus conjuntos complexos de insumos, produção e conexão entre as partes que os compõem.
Ao situar os agroecossistemas como unidades de gestão econômica-ecológica contextualizadas em territórios, o método de análise procura lançar luzes sobre relações sociais e de poder que condicionam os processos de trabalho na apropriação, transformação, circulação e distribuição das riquezas socialmente produzidas na agricultura familiar. Para tanto, ele dialoga com teorias críticas elaboradas exatamente para revelar dimensões da vida social e do trabalho ocultadas pela teoria econômica hegemônica. São elas: a Economia Ecológica, como o estudo dos processos cíclicos entre os bens ecológicos e os bens econômicos e como fundamento da análise da sustentabilidade desde a escala local até a escala global; a Economia Política, como o estudo das relações de poder implicadas nas esferas de produção, transformação e circulação de valores bem como a distribuição social da riqueza gerada pelo trabalho; a Economia Feminista que, a partir da crítica aos fundamentos da economia convencional, propõe novos conceitos e instrumentos analíticos para reconhecer e dar visibilidade ao trabalho das mulheres, bem como a sua participação na geração e na apropriação da riqueza social. Para tanto, expressa um ponto de vista crítico à divisão sexual do trabalho e ao patriarcalismo, elementos culturais e ideológicos que estruturam as relações econômicas dominantes nas esferas doméstica e pública (PETERSEN, et al. 2017).

Metodologia

Para realização do trabalho, será utilizado como ferramenta o método de análise econômico-ecológica de agroecossistemas, elaborado pela ASPTA em parceria com diversas entidades de pesquisa e extensão. O desenvolvimento do método se fundamenta na necessidade de dar visibilidade a relações econômicas, ecológicas e políticas que singularizam os modos de produção e de vida da agricultura familiar, povos e comunidades tradicionais, que têm sido historicamente ocultadas ou descaracterizadas pela teoria econômica convencional. Este método é utilizado com a proposta de reunir e analisar dados coletados por meio de entrevistas semiestruturadas que evidenciem a estrutura familiar, as organizações do território e a relação do agroecossistema com ele. As entrevistas podem ser registradas em gravações de áudio e anotações, norteadas por um diálogo aberto para melhor compreensão da dinâmica do agroecossistema e de suas trajetórias históricas. Há também o reconhecimento do local, o croqui do agroecossistema e a construção do mapa da propriedade compreendendo os subsistemas existentes e interações correspondentes. Realiza-se a linha do tempo do agroecossistema e das interferências vividas ao longo dos anos, para auxiliar a compreensão histórica do Núcleo Social de Gestão do Agroecossistema (NSGA), como fluxos e trocas realizam-se nos subsistemas, buscando a melhor forma de otimizar o manejo destes espaços. Na avaliação quantitativa dos atributos do agroecossistema, agregam-se elementos essenciais para que a análise econômica aconteça a posteriori, através das planilhas de análise geradas por software. Também são sistematizados os atributos qualitativos sistêmicos, tais como: autonomia, responsividade, integração social, equidade de gênero e protagonismo dos jovens.
Visto que essa metodologia já está sendo aplicada no território Serra dos Tapes, a mesma tem se mostrado inclusiva, permitindo a participação ativa dos sujeitos da pesquisa e evidencia alguns resultados já alcançados pelo NSGA nos SAF. Isso evidencia a riqueza e a capacidade de alcançar os resultados esperados pelo trabalho que se encontra em andamento através da Embrapa, UFPel e comunidade.

Indicadores, Metas e Resultados

Metas:
Analisar três agroecosistemas de unidades familiares que incluem SAF.
Iniciar o processo de análise e acompanhamento de outras três unidades familiares com SAF.
Produzir uma dissertação de Mestrado e dois outros produtos acadêmicos (artigos, informes).

Equipe do Projeto

NomeCH SemanalData inicialData final
CAROLINE ZALAMENA
Dallal Anwar Salim Jacoub Hijazin
ERNESTINO DE SOUZA GOMES GUARINO
FREDERICO DE CASTRO MAYER
Fátima Giovana Tessmer Santin
HENRIQUE ANDRADE FURTADO DE MENDONCA1
JOSE LUCAS JOANOL MORAES
LAZARO HENRIQUE DOS SANTOS PEREIRA
LUCIO ANDRE DE OLIVEIRA FERNANDES4
MARIELEN PRISCILA KAUFMANN
PATRÍCIA MARTINS DA SILVA3

Página gerada em 21/12/2024 14:04:02 (consulta levou 0.109777s)