Nome do Projeto
Poética da voz: questões de tradução
Ênfase
Pesquisa
Data inicial - Data final
08/08/2022 - 08/08/2028
Unidade de Origem
Coordenador Atual
Área CNPq
Linguística, Letras e Artes
Resumo
A voz é responsável pela construção da significância do poema. A voz e o discurso, o discurso e a voz constituem juntos a significância, assim como o significante o e significado do signo. Dessa forma, analisar um poema significa observar os aspectos prosódicos e acentuais, os quais perpassam a voz, que é constituída pelo ritmo, pelas rimas, pelos ecos prosódicos. O poema forma, pois, um sistema de discurso que constitui seu próprio sintagma e seu próprio paradigma, através do estabelecimentos de relações que perpassam todos os níveis, o acentual, o prosódico, o sintático, o morfológico. Constrói-se assim uma teia de significâncias, a partir de uma leitura que não se restringe à linearidade, à sintagmatização, mas que busca relações múltiplas as quais podem ser reconstruídas e recriadas a cada leitura. A partir de tal reflexão, este projeto propõe-se a pensar questões que envolvem o processo tradutório, ao considerar os aspectos prosódicos e acentuais como intrínsecos à produção da significância.
Objetivo Geral
Compreender a construção da significância em poemas, a partir da poética do ritmo, a fim de colocar em questão o processo tradutório.
Justificativa
A presente pesquisa justifica-se na medida em que se propõe a contribuir com a reflexão acerca dos estudos da linguagem e dos estudos literários, buscando elucidar, explicitar, como se dá o processo de construção da significância no discurso e, por conseguinte, como acontece o processo tradutório dessa significância. Isto é, busca compreender como o poema se articula, como se organiza para dizer o que diz, para fazer o que faz, em línguas diferentes.
Para fazê-lo, adota uma perspectiva para o estudo do discurso em que o refletir sobre a linguagem não se restringe a uma análise formal, nem a uma análise de conteúdo do poema. É a relação de imbricação mútua entre forma e sentido o que aqui interessa. É como o discurso se articula, como se organiza para dizer o que diz, para fazer o que faz, em duas línguas diferentes, o que interessa. Ademais, a postura teórica aqui adotada não permite que a linguagem seja tomada como um instrumento, como uma simples veiculadora de informações já pré-existentes ou enquanto um espelho da realidade, da sociedade. A linguagem a partir desse ponto de vista é tomada enquanto fundadora, é nela e através dela que homem, sociedade, cultura se constituem.
Conceber os poemas, as obras, a partir de tal concepção significa debruçar-se sobre um sistema de discurso particular, sobre a construção da significância naquele sistema em particular. Dessa forma, ao buscar aquela significância particular de um determinado poema, de uma determinada obra, sem fechar o olhar a partir de categorias pré-construídas, ou de busca de informações contextuais, extralinguísticas, o estudioso da linguagem e da literatura pode se deixar interrogar pelo poema, o que pode levá-lo a perceber novas relações, novos sentidos, novas organizações que são produzidas por um determinado sistema de discurso.
Essa concepção de linguagem também nos leva a uma ressignificação do processo de leitura, já que tal processo não pode ser reduzido a condições datadas, limitadas, ou seja, não se pode, de um lado, fechar os sentidos do poema a partir de informações contextuais, extralinguísticas, e, de outro, limitar os sentidos a categorias pré-estabelecidas de análise. Além disso, é uma leitura de relações diversas, não apenas ligadas às relações sintagmáticas, mas também às paradigmáticas, que emergem do poema, o que nos leva a considerar também os aspectos prosódicos e acentuais da significância. Dessa forma, complexifica-se o trabalho do tradutor, pois traduzir a significância do poema, significa também traduzir seu ritmo, seus ecos prosódicos, suas rimas, sua voz.
Para fazê-lo, adota uma perspectiva para o estudo do discurso em que o refletir sobre a linguagem não se restringe a uma análise formal, nem a uma análise de conteúdo do poema. É a relação de imbricação mútua entre forma e sentido o que aqui interessa. É como o discurso se articula, como se organiza para dizer o que diz, para fazer o que faz, em duas línguas diferentes, o que interessa. Ademais, a postura teórica aqui adotada não permite que a linguagem seja tomada como um instrumento, como uma simples veiculadora de informações já pré-existentes ou enquanto um espelho da realidade, da sociedade. A linguagem a partir desse ponto de vista é tomada enquanto fundadora, é nela e através dela que homem, sociedade, cultura se constituem.
Conceber os poemas, as obras, a partir de tal concepção significa debruçar-se sobre um sistema de discurso particular, sobre a construção da significância naquele sistema em particular. Dessa forma, ao buscar aquela significância particular de um determinado poema, de uma determinada obra, sem fechar o olhar a partir de categorias pré-construídas, ou de busca de informações contextuais, extralinguísticas, o estudioso da linguagem e da literatura pode se deixar interrogar pelo poema, o que pode levá-lo a perceber novas relações, novos sentidos, novas organizações que são produzidas por um determinado sistema de discurso.
Essa concepção de linguagem também nos leva a uma ressignificação do processo de leitura, já que tal processo não pode ser reduzido a condições datadas, limitadas, ou seja, não se pode, de um lado, fechar os sentidos do poema a partir de informações contextuais, extralinguísticas, e, de outro, limitar os sentidos a categorias pré-estabelecidas de análise. Além disso, é uma leitura de relações diversas, não apenas ligadas às relações sintagmáticas, mas também às paradigmáticas, que emergem do poema, o que nos leva a considerar também os aspectos prosódicos e acentuais da significância. Dessa forma, complexifica-se o trabalho do tradutor, pois traduzir a significância do poema, significa também traduzir seu ritmo, seus ecos prosódicos, suas rimas, sua voz.
Metodologia
Leituras e releituras da obra de Henri Meschonnic, a fim de aprofundar as discussões teóricas aqui esboçadas.
Análise de poemas do "Livro das Ignorãças", de Manoel de Barros, e sua tradução para o francês "La parole sans limite: une didactique de l'invention", produzida por Celso Libânio, buscando perceber como se constrói sua significância a partir de aspectos prosódicos e acentuais, através do cotejo de textos originais e suas traduções.
Análise de outros textos que surjam dos interesses de pesquisas de alunos colaboradores do projeto, a fim de verificar as questões que se enquadram no escopo da discussão teórica aqui proposta.
Produção de artigos para divulgação das reflexões e discussões que surgirão das atividades acima propostas.
Análise de poemas do "Livro das Ignorãças", de Manoel de Barros, e sua tradução para o francês "La parole sans limite: une didactique de l'invention", produzida por Celso Libânio, buscando perceber como se constrói sua significância a partir de aspectos prosódicos e acentuais, através do cotejo de textos originais e suas traduções.
Análise de outros textos que surjam dos interesses de pesquisas de alunos colaboradores do projeto, a fim de verificar as questões que se enquadram no escopo da discussão teórica aqui proposta.
Produção de artigos para divulgação das reflexões e discussões que surgirão das atividades acima propostas.
Indicadores, Metas e Resultados
Espera-se ter aprofundado essa reflexão, através da apresentação de análises, que possam ser cotejadas em línguas diferentes. Dessa forma, será possível discutir acerca do processo tradutório que considera a tradução da voz. Os resultados advindos dessa empreitada colaboram tanto com as discussões linguísticas, quanto literárias e tradutórias.
Equipe do Projeto
Nome | CH Semanal | Data inicial | Data final |
---|---|---|---|
ANGEL ALVES HILIAN | |||
ANTONELLA ROMINA SAVIA VIDALES | |||
DAIANE NEUMANN | 14 |