Nome do Projeto
Literatura incomum: por uma comunidade imaginada de leitores
Ênfase
Pesquisa
Data inicial - Data final
01/09/2022 - 20/12/2025
Unidade de Origem
Coordenador Atual
Área CNPq
Linguística, Letras e Artes
Resumo
Literatura incomum é um projeto unificado com ênfase em pesquisa que constitui uma comunidade de leitores (cf. hooks) entre os alunos dos cursos de letras (e quaisquer interessados) da UFPel. Considerando que toda comunidade é imaginada e caracterizada por diferenças internas (cf. Anderson, 2008), pensamos o texto literário como zona de fronteira (cf. Bhabha, 2010). Essa zona é o ponto não de separação, mas de convergência entre as diferenças sociais, raciais, etárias, de gênero, de neurodiversidade e de experiência de leitura que atravessam estudantes da nossa universidade. Assim, é pelo convívio comunitário entre diferentes leitores que almejamos uma prática de leitura literária complexa e plural.

Objetivo Geral

Fornecer subsídios (teóricos, críticos e afetivos) para a leitura e a análise de textos literários pelos discentes do Centro de Letras e Comunicação.

Justificativa

Em "Ensinando a transgredir: a educação como prática de liberdade", a crítica literária e educadora bell hooks (2013) apresenta o conceito da sala de aula enquanto “comunidade de aprendizado”. Vale ressaltar que hooks viveu a transição das escolas por segregação racial para as escolas inter-raciais em seu país, os EUA. Sendo assim, pensar comunitariamente a educação é pensar em como as diferentes subjetividades que acessam esse espaço podem utilizar dos estudos para aumentar a suas possibilidades futuras, ou seja, a comunidade de aprendizado é voltada para o “ser-mais” (HOOKS, 2013; FREIRE, 2019) do sujeito.
No entanto, ao pensarmos em uma comunidade de aprendizado, é fundamental indagarmos que comunidade é essa. O século XX nos trouxe experiências traumáticas nesse sentido, com regimes autoritários insuflando o sentimento de pertencimento a comunidades fechadas, excludentes e essencialistas. Por isso, ao abordar a ideia de comunidade de aprendizado a partir de hooks, recorremos ao historiador Benedict Anderson (2008), no seu clássico "Comunidades imaginadas: reflexões sobre a origem e a expansão do nacionalismo". No estudo, Anderson sustenta a tese de que toda comunidade é inevitavelmente heterogênea, e os laços de pertencimento são uma espécie de plebiscito imaginário vivido cotidianamente pelos seus membros. A forma de organização do Estado-Nação foi, assim, responsável pela imposição de uma hegemonia que, por vezes, buscou perseguir, silenciar ou eliminar as diferenças de seu interior.
Dessa forma, tomamos o cuidado de balizar nosso conceito de comunidade em Anderson para pensarmos uma comunidade mobilizada pelas suas diferenças, e não pela imposição de uma homogeneidade. A universidade do século XXI (SANTOS, 2010) deve ser marcada por uma "ecologia de saberes", ou seja, por uma pluralidade de sujeitos que, com suas diferentes vivências culturais, mobiliza diferentes formas de pensar e de comunicar. É somente por meio do convívio e da valorização dessa diversidade que a universidade pode avançar em sua busca pelo conhecimento aliada à busca pela dignidade das vidas humanas.
O texto literário, por sua vez, como experiência radical de alteridade (BAKHTIN, 2010), configura como um importante local para encontro das diferenças que nos constituem. No século XXI, quando grupos até então subalternizados buscam a literatura como forma de expressão de sua experiência no mundo, essa questão se intensifica. Ao pensar a literatura escrita por ex-colonizados, migrantes e pessoas não brancas, o teórico cultural Homi Bhabha (2010) afirma que ela se constitui nas zonas fronteiriças. Fronteira, para ele, não é o ponto de segregação, mas o ponto de convergência entre as diferenças culturais. É, por excelência, o local da tradução. Não o da tradução pretensamente equivalente, mas o da tradução sempre incompleta, feita no exercício do trânsito entre diferentes formas de experienciar o mundo.
Considerando-se que os estudantes da UFPel e, especificamente do CLC, são oriundos de diferentes partes do país e do mundo, identificam-se com diferentes raças, etnias, gêneros e orientações sexuais, possuem famílias de diferentes classes sociais, são de gerações diferentes e, ainda, marcados por diferenças em suas condições de neurodiversidade (como autismo, TDAH, bipolaridade, entre outros), a literatura torna-se ponto de convergência possível a todas essas fronteiras. Nesse sentido, enquanto membros singulares, incomuns, dessa comunidade imaginada e aberta, cada participante tem sua experiência de leitura importante e valorizada, pois é na suplementação (Cf. DERRIDA, 1995) que podemos pensar em um ato de interpretação polifônico, contraditório, movente e condizente com a nossa diversidade.

Metodologia

Pesquisa bibliográfica de textos teóricos, críticos e literários;
Leitura individual e coletiva de obras literárias;
Apoio a projetos dos estudantes: TCCs, estágios curriculares e outros;
Rodas de debate sobre as obras lidas e os trabalhos desenvolvidos.

Indicadores, Metas e Resultados

Espera-se que o projeto contribua na formação de leitores literários entre os discentes do CLC, reverberando em futuros professores, tradutores, jornalistas, editores, revisores, escritores que cultivem o hábito da leitura literária e promovam o texto literário enquanto espaço de convívio das diferenças.
Os indicadores para esses resultados esperados podem ser observados na adesão dos futuros profissionais, hoje estudantes do CLC, ao projeto, bem como na vinculação de seus trabalhos de TCC e de estágio curricular ao projeto de pesquisa.

Equipe do Projeto

NomeCH SemanalData inicialData final
ANA CAROLINA ALVES DOS SANTOS
ANA CAROLINA BONI PIRES
Aluá Ferreira Viana de Faria
GIANE WEIZER ARMESTO
GIULIA DE LIMA SKIERES PEREIRA
GUSTAVO HENRIQUE RÜCKERT7
JURACI KUNDE SPIERING
KAROLAYNE FEIJÓ CARDOSO
Larissa Fonseca Duarte
MARCELO SCHNEIDER RODRIGUES
MURILO PEGLOW BILHARVA
SHAIANE MATHIAS DOS PASSOS
SINTHIA SABINO COSTA

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