Nome do Projeto
PERÍMETRO CEFÁLICO E CAPITAL HUMANO: COORTE DE NASCIMENTOS DE 1993 DE PELOTAS
Ênfase
Pesquisa
Data inicial - Data final
24/10/2022 - 28/02/2025
Unidade de Origem
Coordenador Atual
Área CNPq
Ciências da Saúde
Resumo
O ganho de peso abaixo do esperado para idade e sexo ocorre em grande parte nos primeiros 1000 dias de vida, período compreendido entre a concepção e o segundo aniversário, e considerado sensível para o crescimento(1). O prejuízo no crescimento pode atingir também o desenvolvimento do cérebro, que alcança cerca de 55% de seu tamanho adulto aos 2 anos de idade e 90% aos 6 anos(2). O peso e o comprimento ao nascer refletem o crescimento do corpo fetal, enquanto o perímetro cefálico (PC) parece estar mais especificamente relacionado ao tamanho do cérebro e à aquisição de inteligência(3). Embora uma ampla variedade de métodos esteja disponível, o PC é apontado como a ferramenta mais simples, rápida e de menor custo para avaliar o crescimento do cérebro e identificar padrões de crescimento cerebral anormal em neonatos(4).
Estudo conduzido na Coorte de Nascimentos de Pelotas de 2004(5) encontrou o déficit de PC como um dos principais preditores de baixa performance cognitiva aos seis anos, definida como escore z de quociente de inteligência (QI) mais do que um desvio-padrão abaixo da média. Sabe-se ainda que mesmo pequenas diferenças no QI representam importantes implicações sociais, estando positivamente associado com sucesso acadêmico na infância, emprego e renda na vida adulta(6) e negativamente associado com desfechos de saúde, como morbidade e mortalidade(7). Esses parâmetros relacionam-se diretamente com o conceito de capital humano, definido como a educação, treinamento, habilidades e saúde que contribuem para a economia e outras formas de produtividade e integração social(8), fundamentais para o desenvolvimento do indivíduo e da sociedade a qual ele pertence.
Adicionalmente, estudos sugerem que o crescimento pós-natal é melhor preditor do QI do que o crescimento fetal, e seu efeito pode ser atenuado substancialmente por fatores socioeconômicos e efeitos pós-natais da escolaridade e QI parentais(9). Neste contexto, muitas crianças em países de baixa e média renda estão em risco de não atingir seu potencial de desenvolvimento, especialmente devido às adversidades iniciais, incluindo pobreza, problemas de saúde e nutrição(10). O início da infância, por outro lado, constitui um período crítico onde os benefícios das intervenções precoces são amplificados e os efeitos negativos dos fatores de risco podem ser mitigados(10). Globalmente, os ambientes domiciliares caracterizados por oportunidades responsivas de cuidado e aprendizagem têm sido associados positivamente ao desenvolvimento infantil(11), e a modificação desses ambientes tem sido eficaz para alterar o desenvolvimento de crianças com nanismo(12).
Objetivo Geral
Avaliar a associação entre PC e inteligência, escolaridade, renda e emprego na Coorte de Nascimentos de 1993 de Pelotas.
Justificativa
Apesar das limitações inerentes da sua mensuração, os efeitos da inteligência ao longo do ciclo vital são bastante consolidados na literatura, tendo se identificado que mesmo pequenas diferenças no QI representam importantes implicações sociais, com associação positiva com desempenho acadêmico na infância, sucesso no emprego e renda na vida adulta(6,126), e negativa com desfechos de saúde, como morbidade e mortalidade(126). Esses indicadores fazem parte do conceito de capital humano(8), área que tem atraído crescente interesse considerando a relevância que apresenta para o desenvolvimento do indivíduo e da sociedade a qual este pertence.
Nesse contexto, evidências sugerem que o PC, e particularmente sua variação durante o primeiro ano de vida, está positivamente associado à inteligência na infância(120,127) e na vida adulta (117). Essa associação parece derivar da correlação observada entre o PC e o tamanho do cérebro(160), apenas ligeiramente menor do que a correlação encontrada por estudos que avaliaram o volume cerebral por meio de ressonância magnética(160). Considerando os períodos sensíveis para o crescimento e desenvolvimento do cérebro na primeira infância, identificar as crianças sob maior risco de apresentarem menor capital humano por meio de um método simples, rápido e de baixo custo(4) é de grande relevância.
Apesar do grande número de artigos incluídos na revisão sistemática deste projeto, poucos estudos realizaram controle para fatores de confusão considerados fundamentais na associação de interesse(128), como nível socioeconômico e escolaridade materna. Além disso, foram raros os estudos que consideraram um modelo conceitual na análise, levando frequentemente a um modelo de ajuste inadequado incluindo mediadores, tais como cognição ou desempenho escolar mensurados entre a exposição e o desfecho(109,140), ou variáveis como amamentação e estímulo que, se coletadas em períodos após a medida do PC, podem “roubar” parte do efeito total sobre o desfecho(120,128).
Além disso, foram identificadas importantes lacunas na literatura, as quais o presente projeto busca preencher:
• Investigar a associação entre o PC e a inteligência em longo prazo, mensurada por escala validada, por meio de dados primários. Entre os estudos que preencheram os
critérios mínimos de qualidade determinados, somente dois avaliaram o desfecho na vida adulta, ambos realizados com a mesma amostra e conduzidos a partir de dados secundários, com risco de aumento do erro de medida(117,118);
• Investigar outros desfechos relacionados ao capital humano como escolaridade atingida, emprego – por meio da variável NEET (Not in education, employment or training) – e renda. Poucos estudos avaliaram escolaridade e emprego, todos com importantes limitações relacionadas a elevada proporção de dados faltantes(149), falta de ajuste para importantes confundidores(22,98,149), e ajuste para mediadores(22). Nenhum estudo avaliou renda como desfecho.
• Ampliar o ajuste para ampla gama de fatores de confusão relacionados à restrição do crescimento intrauterino e pouco estudados neste contexto, tais como hipertensão arterial, diabetes, anemia e infecção na gestação, além de incluir as variáveis tabagismo e uso de álcool na gestação de modo a considerar seu efeito-dose resposta, reduzindo a potencial confusão residual;
• Determinar se há interação entre o PC e nível socioeconômico e se a exposição a um ambiente rico em cuidado responsivo e oportunidades de aprendizado na infância é capaz de moderar a associação de interesse. A primeira foi investigada em um único estudo, que não encontrou modificação de efeito, mas que utilizou dados secundários e incluiu no modelo a variável classe social ao nascer em sua forma dicotômica, sujeito à perda de informação(98). A variável relacionada ao estímulo, por sua vez, foi estudada somente como fator de confusão, e não como modificador de efeito.
Caso a associação de interesse seja confirmada, demonstrar que um ambiente favorável ao aprendizado é capaz de modificar favoravelmente essa associação, tem grande relevância em termos de saúde pública. No cenário de um país de baixa e média renda, onde muitas crianças estão em risco de não atingir seu potencial de desenvolvimento devido às adversidades iniciais, incluindo pobreza, problemas de saúde e nutrição(1), o estudo desses fatores ganha ainda maior importância.
Nesse contexto, evidências sugerem que o PC, e particularmente sua variação durante o primeiro ano de vida, está positivamente associado à inteligência na infância(120,127) e na vida adulta (117). Essa associação parece derivar da correlação observada entre o PC e o tamanho do cérebro(160), apenas ligeiramente menor do que a correlação encontrada por estudos que avaliaram o volume cerebral por meio de ressonância magnética(160). Considerando os períodos sensíveis para o crescimento e desenvolvimento do cérebro na primeira infância, identificar as crianças sob maior risco de apresentarem menor capital humano por meio de um método simples, rápido e de baixo custo(4) é de grande relevância.
Apesar do grande número de artigos incluídos na revisão sistemática deste projeto, poucos estudos realizaram controle para fatores de confusão considerados fundamentais na associação de interesse(128), como nível socioeconômico e escolaridade materna. Além disso, foram raros os estudos que consideraram um modelo conceitual na análise, levando frequentemente a um modelo de ajuste inadequado incluindo mediadores, tais como cognição ou desempenho escolar mensurados entre a exposição e o desfecho(109,140), ou variáveis como amamentação e estímulo que, se coletadas em períodos após a medida do PC, podem “roubar” parte do efeito total sobre o desfecho(120,128).
Além disso, foram identificadas importantes lacunas na literatura, as quais o presente projeto busca preencher:
• Investigar a associação entre o PC e a inteligência em longo prazo, mensurada por escala validada, por meio de dados primários. Entre os estudos que preencheram os
critérios mínimos de qualidade determinados, somente dois avaliaram o desfecho na vida adulta, ambos realizados com a mesma amostra e conduzidos a partir de dados secundários, com risco de aumento do erro de medida(117,118);
• Investigar outros desfechos relacionados ao capital humano como escolaridade atingida, emprego – por meio da variável NEET (Not in education, employment or training) – e renda. Poucos estudos avaliaram escolaridade e emprego, todos com importantes limitações relacionadas a elevada proporção de dados faltantes(149), falta de ajuste para importantes confundidores(22,98,149), e ajuste para mediadores(22). Nenhum estudo avaliou renda como desfecho.
• Ampliar o ajuste para ampla gama de fatores de confusão relacionados à restrição do crescimento intrauterino e pouco estudados neste contexto, tais como hipertensão arterial, diabetes, anemia e infecção na gestação, além de incluir as variáveis tabagismo e uso de álcool na gestação de modo a considerar seu efeito-dose resposta, reduzindo a potencial confusão residual;
• Determinar se há interação entre o PC e nível socioeconômico e se a exposição a um ambiente rico em cuidado responsivo e oportunidades de aprendizado na infância é capaz de moderar a associação de interesse. A primeira foi investigada em um único estudo, que não encontrou modificação de efeito, mas que utilizou dados secundários e incluiu no modelo a variável classe social ao nascer em sua forma dicotômica, sujeito à perda de informação(98). A variável relacionada ao estímulo, por sua vez, foi estudada somente como fator de confusão, e não como modificador de efeito.
Caso a associação de interesse seja confirmada, demonstrar que um ambiente favorável ao aprendizado é capaz de modificar favoravelmente essa associação, tem grande relevância em termos de saúde pública. No cenário de um país de baixa e média renda, onde muitas crianças estão em risco de não atingir seu potencial de desenvolvimento devido às adversidades iniciais, incluindo pobreza, problemas de saúde e nutrição(1), o estudo desses fatores ganha ainda maior importância.
Metodologia
Este projeto utilizará dados da Coorte de Nascimentos de 1993 da cidade de Pelotas, RS, que constitui um estudo de caráter observacional, longitudinal e prospectivo. Serão considerados todos os acompanhamentos realizados até o momento, com foco nos acompanhamentos perinatal, aos 6 e 12 meses, aos 4, 18 e 22 anos. As visitas dos 6 meses, 12 meses e 4 anos foram realizadas com uma subamostra da coorte.
Indicadores, Metas e Resultados
Artigos Planejados
1) Association between head circumference and intelligence, educational attainment, employment, and income: A systematic review
2) Association between head circumference at birth and human capital in young adults from the 1993 Pelotas Birth Cohort: a focus on socioeconomic inequalities
3) Role of responsive caregiving and learning at preschool age on the association between head growth and human capital in adulthood: the 1993 Pelotas Birth Cohort
1) Association between head circumference and intelligence, educational attainment, employment, and income: A systematic review
2) Association between head circumference at birth and human capital in young adults from the 1993 Pelotas Birth Cohort: a focus on socioeconomic inequalities
3) Role of responsive caregiving and learning at preschool age on the association between head growth and human capital in adulthood: the 1993 Pelotas Birth Cohort
Equipe do Projeto
Nome | CH Semanal | Data inicial | Data final |
---|---|---|---|
ANA MARIA BAPTISTA MENEZES | 2 | ||
BRUNA GONÇALVES CORDEIRO DA SILVA | 1 | ||
MARINA DE BORBA OLIVEIRA FREIRE |