Nome do Projeto
Supressão do banco de semente de plantas daninhas resistentes, na cultura do trigo, por adoção de diferentes estratégias de manejo químico
Ênfase
Pesquisa
Data inicial - Data final
21/11/2022 - 20/11/2024
Unidade de Origem
Coordenador Atual
Área CNPq
Ciências Agrárias
Resumo
A sucessão trigo-soja é uma das principais alternativas de potencialização econômicas para os sistemas de produção de grãos no sul do País, gerando renda com o estimulo a produção e comercialização de grãos de inverno e de verão, compartilhando a estrutura de máquinas e implementos, armazenagem e canais de comercialização. A produtividade da soja e do trigo pode ser afetada por diversos fatores, tais como: condições ambientais desfavoráveis, sistemas de cultivo, práticas culturais e manejo de pragas inadequadas. Dentre as pragas, as plantas daninhas possuem destaque, visto que podem ser responsáveis por prejuízos de até 94% na produtividade da soja. Desse modo o objetivo desse trabalho é acompanhar a evolução do banco de semente em lavouras de trigo e soja após os seus respectivos manejos de controle de planta daninha. E vislumbrar uma alternativa de manejo de biótipos de azevém resistentes com base na modificação na entrada e saída de sementes no banco de semente. Para tal, serão realizados estudos a campo na estação experimental do Centro Agropecuário da Palma da UFPel. O primeiro estudo é constituído por monitoramento do banco de semente de plantas daninhas da cultura do trigo, a partir de coleta de amostras de solo, pré-definidas ao longo do ano agrícola, monitorando o comportamento do banco de semente das plantas daninhas azevém (Lollium multlflorum) e nabo (Rapanhus spp.), em relação ao manejo adotado. O segundo estudo consiste de avaliar alternativas de controle de azevém resistentes, que sobrevivem ao manejo na cultura do trigo, através da aplicação de fitohormonio durante a fase de maturação e “emborrachamento” do grão da cultura, com o objetivo de inviabilizar a produção de sementes. Os resultados permitirão obter informações de eficácias do método de controle, a partir do comportamento do bando de sementes das plantas daninhas de acordo com o manejo adotado e recomendar práticas de manejo para o controle de azevém resistente.

Objetivo Geral

Avaliar a ocorrência de plantas daninhas resistentes na cultura do trigo, após a utilização de práticas que visam exaurir o banco de semente.

Justificativa

A crescente demanda mundial por alimentos mantém a soja como uma das
principais fontes de proteína vegetal. A oleaginosa é componente essencial na
fabricação de rações para animais e de importância cada vez maior na alimentação
humana. A soja foi à cultura agrícola que mais expandiu no Brasil nas últimas três
décadas, chegando a 56% da área semeada no país (EMBRAPA, 2019). No âmbito
mundial, o Brasil é o maior produtor, a área cultivada com a cultura abrangeu 38,50 milhões de hectares, e a produção nacional da safra superou os 135,4 milhões de toneladas. O Estado do Rio Grande do Sul representou na safra 2020/21 15,7% da área nacional semeada, e em relação à safra passada ocorreu um incremento de 1,55%, totalizando 6,07 milhões de hectares semeadas com soja no Estado, fechando com produção de 20,2 milhões de toneladas da oleaginosa (CONAB,2021; EMATER, 2021).
O trigo se destaca como o segundo cereal mais produzido no mundo, logo atrás do milho (USDA, 2020). Sua importância é dada pela utilização do grão em diversas dietas, principalmente na humana, na maioria dos países, desempenhando papel nutricional, econômico e social. A produção brasileira de trigo para a passada safra (2020), foi de 6,2 milhões de toneladas, cerca de 54% do consumo nacional, cuja média gira em torno de 11,4 milhões/ano (CONAB, 2020b). O cultivo do trigo nacional concentra-se na região Sul, área responsável por 87,3% da produção brasileira (CONAB, 2020b) ou 5,4 milhões de toneladas de um total de 6,2 milhões de toneladas produzidas em 2020. O Estado do Rio Grande do Sul é o segundo maior produtor de trigo do Brasil. A cultura do trigo ocupa as lavouras gaúchas no período de inverno, período que compreende por uma baixa produção de grãos na região, quase sempre associado com o a tecnologia de semeadura direta, com sucessão soja-trigo, além dos objetivos econômicos da cultura, ela emprega papel importante no incremento da produtividade da soja em sequência.
A sucessão de culturas no sistema de semeadura direto, visando a formação da palhada, sendo importante na ciclagem de nutrientes, que é realizada tanto pela mineralização da matéria orgânica presente no solo como dos fertilizantes que são aplicados. Essa prática permite melhoras nas propriedades físicas do solo, aumenta a infiltração de água no solo, reduz a resistência à penetração (ALVAREZ et al., 2017). A utilização da sucessão trigo-soja, em sistema de semeadura direto, favorece ambos, porém a ocorrência compartilhada de fatores como plantas daninhas, pragas e doenças, traz prejuízos se mal manejados, assim surge a necessidade de estudos e aplicações de práticas para o controle.
Dentro de um ecossistema agrícola, a interação entre plantas daninhas e
cultura é inevitável. As plantas daninhas competem por recursos limitantes do
ambiente como água, nutrientes, radiação solar e CO2. Essa competição prejudica o
desenvolvimento da cultura, reduzindo o acúmulo de
biomassa e de área foliar, causado o abortamento de flores e redução
da produtividade (LAMEGO et al., 2005).
Esses prejuízos são agravados em relação à densidade populacional das
plantas daninhas. os estádio de desenvolvimento da cultura
e as épocas de emergências das plantas daninhas. Para diminuir as perdas de
produtividades, algumas estratégias de manejo devem ser realizadas. Dentre essas
estratégias, o manejo químico é o mais utilizado para o controle de plantas daninhas.
Entretanto, o uso repetitivo e continuo da mesma molécula de herbicida gerou a
seleção de biótipos resistentes e a diminuição da sustentabilidade agrícola.
O ciclo da cultura do trigo no Sul do Brasil coincide com o de diversas plantas daninhas, e entre as principais plantas daninhas são: nabo (Raphanus spp.) resistente a herbicidas inibidores da enzima acetolactato sintase (ALS); e azevém (Lolium multiflorum) resistente aos inibidores das enzimas 5-enolpiruvilchiquimato-3-fosfato sintase (EPSPs), acetil coenzima A carboxilase (ACCase) e ALS (HEAP, 2021). No entanto, os inibidores da ALS têm sido os principais herbicidas empregados no controle de azevém e nabo, que, na maioria das vezes, ocorrem simultaneamente nas áreas de cultivo. A maior dificuldade no controle de plantas daninhas em trigo é verificada em pós emergência, pois poucos herbicidas possuem registro para esta modalidade de aplicação e, além disso, para a maior parte dos herbicidas registrados, as principais plantas daninhas apresentam resistência (MARIANI et al., 2016; HEAP, 2021; BRASIL, 2021). O escapa dessas plantas daninhas podem afetar severamente a produtividade da cultura em andamento e da cultura em sucessão. O manejo inadequado de plantas daninhas em áreas agrícolas pode ocasionar prejuízos de até 94%na produtividade da cultura da soja (ZANDONA et al., 2016).
O sucesso da sobrevivência das plantas daninhas está diretamente vinculado à existência de sementes, as quais representam a estrutura regenerativa e dispersiva no tempo e espaço das comunidades vegetais. O banco de semente de plantas daninhas do solo é preocupação constante para os agricultores, porque ele representa tanto o passado quanto o futuro da emergência de plantas daninhas (SWANTON; BOOTH, 2004). As características intrínsecas de cada espécie e o manejo afetam a persistência das sementes no solo, influenciando na distribuição vertical e horizontal dos propágulos no perfil de solo que dispõe de microambiente com diferentes condições bióticas e abióticas, favoráveis ou não para sobrevivência (CHAUHAN; GILL; PRESTON, 2006).
O uso de herbicidas para suprimir a produção de sementes viáveis que retornam ao solo, pela chuva de semente, pode apresentar benefícios definitivos a longo prazo. Vários trabalhos aparecem na literatura referindo que herbicidas aplicados durante estádios reprodutivos de plantas daninhas, reduzem a produção e a viabilidade das sementes em diversas espécies, ou então, afetam a progênie oriunda das sementes produzidas (ANDRES; FLECK, 1994; MADAFIGLIO et al., 1997). Atualmente a literatura sugere como alternativas produtos químicos como, AIB, AG3, ciamidra hidrogenada e hidrazina maleica.
A dificuldade no controle em função da resistência e a falta de novos herbicidas com mecanismos de ação diferenciados e com registro para aplicação em pós-emergência, têm obrigado triticultores a buscarem alternativas, aliado com o potencial que essas plantas daninhas podem causar prejuízos para a cultura em sucessão. A identificação e acompanhamento do banco de sementes é importante no estudo da dinâmica das plantas daninhas ao longo dos anos, gerando informações que serão utilizadas na escolha das estratégias de controle dessas plantas. (VASCONCELLOS, 2012). Entretanto, ainda são necessários estudos que comprovem o comportamento de populações de azevém e nabo resistentes a herbicidas, em relação a sua persistência no banco de semente, avaliar possibilidades de produtos aplicados em maturação fisiológicas das plantas daninhas que podem auxiliar no manejo. Este projeto pretende avaliar a possibilidade e os impactos do uso manejo químicos em períodos diferentes na mesma lavoura, visando à diminuição do banco de semente das principais plantas daninhas que ocorrem durante o ano agrícola.

Metodologia

Primeiro estudo
Inicialmente será realizado levantamento de solo para inferir sobre o banco de sementes de plantas daninhas na área. Isso será realizado em área de 1,0 hectares. Para isso, a área será fracionada em quatros partes equivalentes, sendo cada quadrante corresponde diferente de manejo químico de plantas daninhas na cultura do trigo, onde: (T1) - Roundup@ (glyphosate) 2,5l/ha; (T2) – dessecação com Roundup@ (glyphosate) 2,5l/ha mais select@ (clethodim) 0,5l/ha; (T3) – dessecação com Roundup@ (glyphosate) 2,5l/há mais heat@ (saflufenacil) 50 g/ha; (T4) – Roundup@ (glyphosate) 2,5 l/há em mistura com heat@ (saflufenacil) 50 g/há e select@ (clethodim) 0,5 l/há. Em todos os tratamentos será aplicado hussar@ (idosulfuron) 120 g/ha em pós-emergência do trigo.
As coletas das amostras de solo para a quantificação do banco de semente serão realizadas com auxílio de um trado com quinze centímetro de diâmetro e altura. As coletas serão realizadas três vezes ao ano nos meses de abril, novembro e janeiro. Após a coleta, amostras serão lavadas em água corrente em um conjunto de três peneiras de 16, 32 e 60 mesh e secadas ao ar e à sombra.
Após selecionados as sementes, estas serão contadas e posteriormente conduzidas para o teste de germinação em BOD, respeitando-se o fotoperíodo e temperatura ideal para cada espécie. As sementes de ambos espécimes que permaneceram sem sinal de início de germinação, após a última contagem, serão submetidas ao teste de tetrazólio, de acordo com as recomendações das Regras para Análise de Sementes – RAS (BRASIL, 2009).
Para o cálculo da alteração do banco de semente ao longo do tempo será utilizado a fórmula modificada de Marchezan et al. (2003):
Alteração do BS (%) = 100-((NSref x 100)/NSant)

Segundo estudo
A campo será aplicado diferentes tipos de produtos à base de fitohormonio em plantas de azevém adultas em duas fases diferentes do desenvolvimento da cultura, fase de florescimento e “emborrachamento” dos grãos. O delineamento experimental utilizado será de blocos casualizados com quatro repetições, sendo que o tratamento consiste na aplicação de quatro produtos à base de fitohormonios para inviabilizar a produção de sementes. Será avaliado duas doses, sendo 100% e 200% da dose recomendada na bula dos seguintes produtos, ácido indolbutírico (AIB), ácido giberélico (AG3), cianamida hidrogenada e hidrazina maleica. As dosagens consideradas padrão dos produtos são 0,02% (200ppm) ,500mg/l ,4l/ha e 1600mg/ha, respectivamente. Os produtores serão aplicados em duas épocas diferentes, na fase de florescimento da cultura e no “emborrachamento” dos grãos de trigo.
A coleta da semente do azevém ocorrerá quando atingir ponto de maturação fisiológico da semente. Será coletado 20 espigas por parcela, As sementes coletadas serão avaliadas quanto a sua germinação e viabilidade.
Aos tratamentos também serão analisados os efeitos na cultura do trigo, estimando número de espiga, número de grãos por espiga, peso de grão, peso hectolitro, e rendimento de grãos.
Para o teste de germinação em laboratório será usado quatro repetições de 50 sementes, cada semente será disposta equidistantes em gerbox colocados em BOD, respeitando-se a temperatura de 20-30 °C alternadas e fotoperiodo de 12 horas. A interpretação do teste será realizada aos cinco e quatorze dias após a semeadura, computando-se as percentagens de plântulas normais. Após o período 14 dias as sementes que não germinaram serão submetidas ao teste de tetrazólio, serão bisseccionadas longitudinalmente. Sementes com embrião colorido em vermelho intenso e sem consistência não serão consideradas viáveis (BRASIL, 2009).

Indicadores, Metas e Resultados

Prover conhecimento acerco de ecofisiologia de plantas daninhas resistentes e fisiologia de sementes, para alternativas viáveis de controle.

Desenvolver estratégias que permitam diminuir o banco de sementes de plantas daninha, salientando fatores agronômicos envolvidos nesse processo para inferir sobre os possíveis manejo a serem adotados.

Propor um manejo alternativo e viável para controle de plantas daninhas em agroecossistema, mantendo assim a conversação do sistema de semeadura direta, visando diminuir o uso demasiado de herbicidas a longo prazo.

Produção bibliográfica, na forma de artigo, resumo, comunicados científicos, visando difundir as informações obtidas para todo a sociedade que provem interesse.

Equipe do Projeto

NomeCH SemanalData inicialData final
ADHLEI DE SOUZA PIRES
DIRCEU AGOSTINETTO6
GIOVANA MILECH ROBE
GUSTAVO MUNIZ PEREIRA
JOÃO GABRIEL SCHWANZ GÖEBEL
KATHARINA ROJAHN WICKBOLDT
WILIAM SCAGLIONI LANGE

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