Nome do Projeto
Anatomia e bloqueio anestésico do plexo braquial em aves de rapina
Ênfase
Pesquisa
Data inicial - Data final
16/12/2022 - 30/11/2025
Unidade de Origem
Coordenador Atual
Área CNPq
Ciências Agrárias
Resumo
As aves de rapina são formadas pelas famílias Accipitriformes (águias e gaviões), Falconiformes (falcões verdadeiros, falcões florestais e caracarás), Strigiformes (corujas) e Cathartiformes (urubus). Têm como características a carnivoria através da caça ativa e/ou consumo de carcaças de outros animais (Ferguson-Lees e Christie, 2005; Menq, 2022). As principais ameaças às aves de rapina no mundo todo são: destruição e fragmentação do habitat, caça predatória, retaliação, tráfico de animais silvestres, intoxicação por agrotóxicos e colisão com estruturas antrópicas (usinas eólicas, prédios, cercas, atropelamentos, eletrocussão e fios de pipa) (Soares et al., 2008). Devido a estas ameaças, o recebimento em centros de triagem e clínicas de atendimento emergencial se torna comum, fazendo com que esforços para reabilitação destes indivíduos se torne essencial para sua pronta recuperação. A causa mais comum de recebimento das aves de rapina para reabilitação é o trauma (Morishita et al. 1998, Joppert 2007, Rodríguez et al. 2010; Andery 2011, Richard and Zapata, 2011, Katzner et al. 2012; Molina-López and Darwich. 2013, Montesdeoca et al. 2017b, Hernandez 2018, Inzani and Williams 2018, Maphalala et al. 2021). Entre os traumas mais comuns encontram-se as fraturas, e entre estas, as de asa (Punch, 2001; Kim e Kwon, 2016; Vergneau-Grosset et al. 2020). Devido a conformação óssea das aves, onde a cortical é fina e a medular contem uma rede de trabéculas os ossos são considerados mais frágeis do que os de mamíferos, e propensos a fraturas (Dumont, 2010; Cooper, 2012). A estabilização das fraturas é feita através de repouso, talas ou cirurgia (Helmer e Redig, 2006). A correção cirúrgica das fraturas deve levar em conta a possível soltura destas as aves na natureza, portanto, alinhamento, minimização de anquilose e proteção de tecidos moles são pontos chave. E, dentre estas aves, algumas irão tolerar os implantes cirúrgicos e outras não (Martin e Ritchie, 1994). Para qualquer tipo de correção cirúrgica é necessária a anestesia geral. A anestesia vai proporcionar inconsciência, analgesia, relaxamento muscular, imobilidade e manutenção das funções vitais (Lawton, 1996). Uma das técnicas que podem ser associadas à anestesia geral é a anestesia locorregional. A anestesia locorregional existe desde tempos antigos, onde diversas substâncias e métodos eram utilizados para auxiliar no manejo da dor no trans cirúrgico em humanos (Raj et al, 2002). Apesar de muitos desses métodos de bloqueio locorregional ter sido testado primariamente em cães, a anestesia regional na medicina veterinária se tornou mais evidente a partir de 1900, com um aumento considerável no seu uso, nos últimos vinte anos (Schroeder, 2013).

Objetivo Geral

Descrever a sonoanatomia e realizar o bloqueio anestésico do plexo braquial em aves de rapina.

Objetivos Específicos
Comparar a abordagem dorsal e axilar do bloqueio do plexo braquial em cadáveres de aves de rapina.
Comparar volumes utilizados para o bloqueio do plexo braquial em cadáveres de aves de rapina.
Descrever a anatomia ultrassonográfica do plexo braquial de cadáveres de aves de rapina.
Descrever o estímulo muscular criado a partir da estimulação nervosa de cada região do plexo braquial de aves de rapina, através de ENP.
Avaliar o tempo de ação da lidocaína e da bupivacaína no bloqueio do plexo braquial em aves de rapina.
Avaliar as ações do bloqueio do plexo braquial sobre a CAM.

Justificativa

O trauma é a principal causa de recebimento de aves de rapina em CETAS e clínicas que atuam com atendimento emergencial de fauna. Dentre estes traumatismos, as fraturas estão entre as principais afecções. A anestesia locorregional vem sido amplamente utilizado na medicina há anos e na medicina veterinária vem crescido nos últimos tempos. A anestesia regional permite uma melhor analgesia pré, trans e pós-operatória, diminuição da dose do anestésico geral, diminuição da necessidade de infusão de analgésicos, diminuição do resgate analgésico no pós-operatório e maior conforto ao animal. Estudos abordam o uso das técnicas de anestesia regional em galinhas e também sua utilização em casos isolados de aves silvestres. Devido à importância das aves de rapina na cadeia trófica, uma recuperação e reabilitação rápida são essenciais para diminuir as possíveis consequências do cativeiro, como: novos traumas, outras enfermidades, danos em penas, bico e membros e estresse. Para correta aplicação dos bloqueios locorregionais devemos conhecer a anatomia e fisiologia das espécies em questão, otimizando os resultados e consequentemente, uma soltura em menor tempo.

Metodologia

MATERIAIS E MÉTODOS

Amostragem

A amostragem dependerá das aves silvestres recebidas com algum tipo de traumatismo em região de síngulo braquial no NURFS-UFPEL (Pelotas-RS), Toca dos Bichos (Porto Alegre-RS) e Zoológico Municipal de Canoas (Canoas-RS). A estimativa é que sejam analisados os dados de 50 casos. Estima-se que sejam analisadas carcaças de 50 animais que vieram a óbito nestas mesmas instituições.

Cadáveres

Os cadáveres serão armazenados sob congelamento (-20oC) até sua utilização. Serão utilizados cadáveres que não apresentarem alterações na região do plexo braquial, como lacerações, fraturas, hemorragias, etc. O cadáver será descongelado dez horas antes de seu uso.
Será realizada a varredura com ultrassom para identificação das estruturas anatômicas na asa esquerda pela abordagem axilar e na asa direita pela abordagem dorsal. Após localizado o plexo braquial em cada abordagem, será instilado corante azul de metileno a 1%, com auxílio de agulha ecogênica 22Gx50mm (Pajunk®) e seringa de um ou três ml ecoguiado. O cálculo do volume será baseado no volume do anestésico local que seria utilizado (lidocaína 6 mg/kg a 2% e bupivacaína 2 mg/kg a 0,5%). O cadáver será então dissecado, observando a dispersão do corante, classificando em 0 (corante não envolveu os nervos do plexo braquial), 1 (corante envolveu parcialmente os nervos do plexo braquial) e 2 (o corante envolveu por completo os nervos do plexo braquial). Também será medido com paquímetro a dispersão do corante.
Quanto aos animais vivos, será realizado o bloqueio ecoguiado do plexo braquial por abordagem axilar ou dorsal pré-cirúrgico. Após os procedimentos cirúrgicos, a ave é acompanhada quanto ao retorno anestésico e então uma nova contenção é realizada após seis horas para avaliar a resposta motora ao pinçamento (pinça hemostática Crile adaptada com borracha), onde serão avaliados quatro pontos da asa, baseado em estudo semelhante com patos, descrito anteriormente.

Indicadores, Metas e Resultados

Demonstrar que com o uso do bloqueio locorregional as aves tem uma recuperação mais rápida.

Equipe do Projeto

NomeCH SemanalData inicialData final
AMANDA ANDERSSON PEREIRA STARK
ANA JULIA FAZENDA DE SOUZA
ANA PAULA MOREL
CRISIELE JUNGES RAMGRAB
EDUARDA ARANHA DA COSTA
FABIANE DE HOLLEBEN CAMOZZATO FADRIQUE
LUIZ FERNANDO MINELLO1
MARIA LUCIA ROSLER
RAQUELI TERESINHA FRANCA1
ÉRICA THUROW SCHULZ

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