Nome do Projeto
Consumo de alimentos ultraprocessados e gordura corporal na primeira infância: Coorte de Nascimentos de 2015
Ênfase
Pesquisa
Data inicial - Data final
12/12/2022 - 28/02/2025
Unidade de Origem
Coordenador Atual
Área CNPq
Ciências da Saúde
Resumo
A obesidade é uma doença crônica não transmissível (DCNT) multifatorial, caracterizada pelo acúmulo excessivo de gordura corporal (GC). O aumento do tecido adiposo corporal está associado ao risco de condições adversas, como alterações metabólicas, dificuldades respiratórias e do aparelho locomotor, além de ser fator de risco para doenças cardiovasculares, diabetes tipo 2, hipertensão, e dislipidemias As prevalências de sobrepeso e obesidade têm aumentado a nível mundial entre crianças e adolescentes, de 4% em 1975 para 18% em 2016, tanto em países desenvolvidos, como em países em desenvolvimento, apresentando um aumento proporcional menor em regiões de alta renda. (ABARCA-GOMEZ et al., 2017). No Brasil, a obesidade vem crescendo continuamente em todas as idades, destacando a população infantil, onde uma a cada 10 crianças menores de 5 anos de idade apresentam excesso de peso, 7% com sobrepeso e 3% com obesidade (UFRJ, 2022). O estilo de vida da população e seu comportamento alimentar vêm sofrendo transformações, caracterizadas pela diminuição da prevalência de atividade física e pelo aumento da prevalência de hábitos alimentares não saudáveis, onde alimentos in natura ou minimamente processados, ricos em fibras e nutrientes, são substituídos por alimentos com alto grau de processamento (MONTEIRO et al., 2011). Os alimentos ultraprocessados (AUP) são produtos que sofrem diversas etapas e técnicas de processamento e recebem aditivos como edulcorantes, corantes, aromatizantes e realçadores de sabor, utilizados com o objetivo de deixar os produtos mais atraentes e com maior durabilidade nas prateleiras. Esses produtos são nutricionalmente desequilibrados, pois possuem alta densidade energética, alta densidade de gordura, alto teor de açúcar e sódio e pouco teor de fibras e proteínas (BRASIL, 2014; MONTEIRO et al., 2019) A literatura aponta que uma a cada três crianças obesas, se tornará um adulto obeso, e quando a obesidade é grave, essa proporção aumenta para uma a cada duas crianças (SERDULA et al., 1993). A obesidade infantil é resultado de uma série de fatores genéticos, ambientais, socioeconômicos e comportamentais que atuam em vários contextos, como, por exemplo, a alimentação inadequada (GODINHO et al., 2019). Dessa forma, é essencial que a introdução alimentar seja realizada no período adequado e com alimentos nutricionalmente balanceados, evitando a exposição precoce a alimentos ultraprocessados e industrializados (NOLETO & DA SILVA, 2022). Os alimentos ultraprocessados não devem ser ofertados antes dos primeiros dois anos de vida e devem ser evitados em todas as outras fases, uma vez que seu consumo excessivo está associado ao aumento da gordura corporal, a dislipidemias, à anemia e a alergias alimentares, além de ter efeitos a longo prazo na saúde das crianças, predispondo-os ao desenvolvimento de doenças crônicas na vida adulta (HEITOR, RODRIGUES & SANTIAGO, 2011; BRASIL, 2019a; MONTEIRO et al., 2019). A obesidade infantil é um dos maiores desafios mundiais de saúde pública do século XXI e é consequência do aumento de ingestão calórica e de gordura corporal e, além de trazer prejuízos para o bem-estar social e emocional e auto-estima das crianças, está associada ao surgimento precoce de comorbidades como asma, apneia do sono, esteatose hepática e hipercolesterolemia (SAHOO et al., 2015). Nesse sentido, avaliar a composição corporal de crianças é importante tanto para avaliar o padrão de crescimento e desenvolvimento, quanto para detectar precocemente o excesso de gordura corporal, evitando, portanto, prejuízos a curto e longo prazos à saúde dessas crianças.

Objetivo Geral

Investigar a relação entre o consumo de alimentos ultraprocessados e gordura
corporal na primeira infância, na coorte de nascimentos de 2015, de Pelotas, RS.

Justificativa

Considerando que as prevalências de sobrepeso e obesidade infantil vêm crescendo
nos últimos anos e que o excesso de GC está associado ao risco de condições adversas,
como alterações metabólicas, a obesidade infantil representa um importante problema de
saúde pública (SAHOO et al., 2015; IBGE, 2020). Ainda, a pandemia de Coronavírus
(COVID-19), vivenciada no mundo entre os anos de 2020 e 2022, acelerou o quadro de
obesidade infantil (WOOLFORD et al., 2021; STAVRIDOU et al., 2021; VOGEL et al., 2022).
Esse crescimento ocorreu, principalmente, devido ao aumento do consumo de junk foods,
(alimentos ultraprocessados, com baixo valor nutritivo altamente palatáveis e de fácil
acesso), bem como pelo aumento do tempo de tela, proveniente do uso de jogos eletrônicos,
smartphones, computadores e televisão, como consequência das medidas de
distanciamento social, como, por exemplo, o fechamento das escolas e o maior tempo dentro
de casa (SINGH et al., 2021; MAFFONI et al., 2021; NESHTERUK et al., 2021; VOGEL et
al., 2022).
Uma vez que, nas últimas décadas, o estilo de vida da população e seu
comportamento alimentar sofreram transformações, onde alimentos in natura ou
minimamente processados vem sendo substituídos por alimentos com alto grau de
processamento, foi proposta a classificação Nova, que não considera somente os nutrientes
de um alimento, mas também sua extensão e o seu grau de processamento. Os alimentos
ultraprocessados, segundo a classificação Nova, são aqueles produtos convenientes, de
maior praticidade, necessitando de nenhuma ou quase nenhuma preparação, que podem
ser consumidos há qualquer hora, em qualquer lugar e que recebem aditivos cosméticos,
deixando os produtos mais palatáveis e atraentes para consumo e visando a fabricação de
produtos altamente lucrativos, a partir de ingredientes de baixo custo e de longa
durabilidade, que possam substituir alimentos de outros grupos da Nova (MONTEIRO et al.,
2010; BRASIL, 2014; MONTEIRO et al., 2016)O consumo excessivo de alimentos
ultraprocessados está associado ao desenvolvimento de DCNT e a uma deterioração geral
da qualidade nutricional das dietas, além de promover o consumo excessivo de energia,
visto que esses alimentos possuem alta densidade energética, grande quantidade de
gordura, sódio, açúcar e aditivos e um baixo teor de fibras e proteínas (BRASIL, 2014;
MONTEIRO et al., 2016; MONTEIRO et al., 2019).
Considerando o que já foi investigado até o momento sobre o consumo de alimentos
ultraprocessados, ainda há uma escassez de estudos da sua relação com a gordura
corporal, principalmente no que diz respeito à estudos realizados com crianças na primeira
infância, período que compreende de zero aos seis anos de idade. Além disso, não há, na
literatura, evidencias de estudos que investiguem a trajetória do consumo de alimentos
ultraprocessados e sua relação com a GC, em crianças nessa faixa etária.
A avaliação da composição corporal em crianças e adolescentes assume grande
relevância, pois além de permitir detectar precocemente o excesso de GC, expressa as
condições de vida e de saúde da população e a sua influência sobre os riscos de
morbimortalidade, (GOMES DE CARVALHO et al., 2011).
Nesse sentido, este estudo busca preencher a lacuna da literatura sobre a associação
entre consumo de alimentos ultraprocessados e GC na primeira infância e apresentar um
novo rastreador para consumo de alimentos ultraprocessados em crianças, realizando,
ainda, a avaliação do escore Nova de consumo de alimentos ultraprocessados na população
infantil, visto que não existem, até o momento, instrumentos curtos para a avaliação do
consumo de AUP nessa população.

Metodologia

Trata-se de um estudo observacional, de delineamento longitudinal e está baseado
nas informações da Coorte de Nascimentos de Pelotas, de 2015. A seguir, serão
apresentados aspectos metodológicos da Coorte de Nascimentos de 2015. Após, serão
apresentados os métodos e os planos de análises específicos de cada artigo.

Indicadores, Metas e Resultados

Artigos planejados

- Artigo de revisão: Consumo de alimentos ultraprocessados e gordura corporal em
crianças: Revisão sistemática e metanálise
Será realizada uma revisão sistemática da literatura com objetivo de avaliar a associação
entre o consumo de alimentos ultraprocessados e a gordura corporal em crianças.

- Artigo original 1: Avaliação do escore Nova de consumo de alimentos
ultraprocessados para crianças em idade escolar - Coorte de Nascimentos de
Pelotas de 2015
O objetivo deste estudo será apresentar um novo rastreador para consumo de alimentos
ultraprocessados em crianças e avaliar a capacidade do escore Nova de consumo de
alimentos ultraprocessados de refletir, no contexto da Coorte de Nascimentos de 2015, a
participação de alimentos ultraprocessados na alimentação.

- Artigo original 2: Trajetória de consumo de alimentos ultraprocessados e gordura
corporal em crianças da Coorte de Nascimentos de 2015
Este estudo irá avaliar a associação entre a trajetória de consumo de alimentos
ultraprocessados entre os dois, quatro e seis anos de idade e a gordura corporal aos seis
anos, de crianças pertencentes à Coorte de Nascimentos de Pelotas de 2015.

Equipe do Projeto

NomeCH SemanalData inicialData final
ANNA MÜLLER PEREIRA
JANAINA VIEIRA DOS SANTOS MOTTA2
ROMINA BUFFARINI

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