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No Brasil, dados de 2015 da FIESP estimam um número de 12 milhões de trabalhadores terceirizados, sendo responsáveis por quase 25% dos postos de trabalho formais no país. Após as mudanças na legislação da terceirização ano de 2017, estes dados tem potencial para se tornarem ainda mais representativos. Neste universo de trabalhadores, artigos acadêmicos como o de Pelatieri, Camargos, Ibarra e Marcolino (2018) e Brahm (2021) deflagram a superexploração destes trabalhadores, em função da jornada de trabalho mais extensa, menor remuneração e maior propensão a acidentes de trabalho, quando comparados a trabalhadores não terceirizados. Ciente da desigualdade que atravessa a realidade destes trabalhadores, é necessário ainda maior atenção as trabalhadoras do sexo feminino.
As trabalhadoras de serviços terceirizados estão em uma posição ainda mais vulnerável, como aponta Antunes (2020). O trabalho de Brahm (2021), focado nas trabalhadoras terceirizadas da limpeza em instituições federais de ensino do RS, apresenta dados que expõem situações de assédio, adoecimento e discriminação na realização do trabalho.
Portanto, a justificativa do Projeto Parceira é ser um espaço de aproximação e de interlocução entre a realidade das trabalhadoras terceirizadas da UFPEL e os alunos da instituição. Busca, além disso, discutir o mundo do trabalho, expor desigualdades e promover desenvolvimento pessoal.

O projeto terá duas frentes principais, a formação dos alunos extensionistas, com ações de ensino, e a articulação com as trabalhadoras terceirizadas, com ações de extensão. O projeto se dividirá, inicialmente, em três etapas com as ações descritas a seguir:

Etapa 1 : Ação de Ensino (Formação dos Extensionistas): Antes do início
das ações de extensão, o grupo de extensionistas passará por atividades de
ensino junto com a coordenação e professores colaboradores do projeto. Essa
etapa visa preparar os alunos para a atividade de extensão, apresentando a
proposta da Pró-Reitoria de Extensão e Cultura (PREC), a leitura e análise de
textos sobre precarização do trabalho, trabalho terceirizado e trabalho feminino
e conversa com o setor da NUGEST (Núcleo de Gestão de Serviços
Terceirizados) e a SUINFRA/UFPel, visando aprofundar os conhecimentos dos
alunos sobre terceirização. O prazo desta etapa é de até 3 meses com
reuniões quinzenais.

Etapa 2: Ação de Extensão (Oficinas e Rodas de Conversa): Ao final da
primeira etapa, de forma conjunta com os extensionistas, serão organizadas as
atividades de extensão no campus Anglo da UFPEL. Elas envolverão o convite
às trabalhadoras terceirizadas para participarem das Oficinas/Rodas de
Conversa sobre os temas elencados. A ideia é que haja uma integração com
as trabalhadoras, e mais do que “ensiná-las” algo, a ideia é que sejam ouvidas
as demandas, dúvidas e perspectivas delas sobre os temas das rodas de
conversa/oficinas. O objetivo é tornar visível o trabalho, os dilemas, as dúvidas
e aproximar os discentes e docentes destas trabalhadoras.
Alguns temas possíveis são: legislação trabalhista, legislação
previdenciária, etarismo, trabalho doméstico, direito dos trabalhadores, trabalho
precário e trabalho terceirizado.
Após cada ação de extensão, os extensionistas e as trabalhadoras
terceirizadas, deverão pensar/elaborar um material para ser socializado através das redes sociais (Instagram, Facebook, Whatsapp) para as trabalhadoras que
não conseguiram participar da atividade presencial. Esses materiais podem
ser: cards, vídeos ou áudios. O prazo desta etapa é de até 12 meses com
reuniões mensais para as oficinas/rodas de conversa e quinzenais com os
extensionistas.

Etapa 3: Ação de Pesquisa (Feedback das Trabalhadoras): No final do
prazo de 12 meses será feita a primeira avaliação do “Projeto Parceira”. Serão
conduzidas entrevistas/envio de questionário as trabalhadoras terceirizadas
participantes do projeto, visando compreender o impacto do mesmo na
realidade de vida e trabalho delas, bem como suas percepções sobre a
condução das atividades e possíveis sugestões. Após a coleta, o material será
analisado e compartilhado com todos os envolvidos. Essa etapa será realizada
pelos extensionistas e coordenação do Projeto, com duração máxima de 3
meses. Essa etapa será estruturada de forma mais clara após o inicio das atividades de extensão e o amadurecimento do público-alvo e da equipe extensionista.

Após 18 meses, prazo deste Plano de Trabalho, haverá a conclusão do
primeiro ciclo do “Projeto Parceira”. Baseado nos feedbacks de todos os
envolvidos, o projeto poderá ser renovado para um segundo ciclo de 18 meses
com adequações nas ações de ensino, pesquisa e extensão.

O “Projeto Parceira” nasce baseado no tripé que estrutura a UFPEL,
ações de ensino, pesquisa e extensão. Diante da demanda por ações de
extensão mais expressivas, foca seu desenvolvimento no atendimento a uma
parcela da comunidade universitária invisibilizada e vulnerável. A proposta
ainda prevê um protagonismo dos alunos e alunas extensionistas no diálogo
com as trabalhadoras terceirizadas, pensando atividades que atendam as
necessidades destas mulheres e sejam transformadoras a realidade de vida de
todos os envolvidos.

Na etapa 1 (Ensino) - Formação dos Extensionistas, os indicadores serão:

• Número de extensionistas formados
• Número de encontros realizados
• Avaliação qualitativa da primeira etapa com questionário qualitativo anônimo online.

Na etapa 2 (Extensão) - Oficinas e Rodas de Conversa com as Trabalhadoras Terceirizadas, os indicadores serão:
• Número de trabalhadoras participantes nas atividades do projeto
• Número de materiais desenvolvidos para divulgação nas redes sociais
• Número de pessoas atingidas indiretamente pelo material divulgado pelo projeto (número de visualizações)
• Número de ações de extensão

Na etapa 3 (Pesquisa) - Pesquisa de Impacto e Avaliação do Projeto, os indicadores serão:

• Número de respondentes ao questionário online
• Número de respondentes a entrevista qualitativa
• Relatório Final com apreciação quantitativa e qualitativa das atividades realizadas pelos extensionistas e comunidade impactada pelo projeto
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