Nome do Projeto
EFEITOS DA INSERÇÃO DE EXERCÍCIOS RESPIRATÓRIOS DIAFRAGMÁTICOS, CARDIORRESPIRATÓRIOS E DE FORÇA, E DE ATIVIDADES ESPORTIVAS COOPERATIVAS DURANTE AULAS DE EDUCAÇÃO FÍSICA NOS SINTOMAS DE ANSIEDADE EM ADOLESCENTES
Ênfase
Pesquisa
Data inicial - Data final
02/03/2023 - 31/12/2024
Unidade de Origem
Coordenador Atual
Área CNPq
Ciências da Saúde
Resumo
A ansiedade é considerada uma reação fisiológica e/ou comportamental natural do corpo humano. No entanto, quando intensa, progressiva e duradoura, pode interferir negativamente na qualidade de vida. Nesse contexto a escola, incluindo a disciplina de Educação Física, torna-se uma ferramenta importante no combate aos sintomas que estão atrelados. Atividades físicas e práticas esportivas atuam como um fator de proteção para a saúde mental. Dessa forma, o objetivo geral do estudo é verificar se a inserção de exercícios respiratórios diafragmáticos, cardiorrespiratórios e de força, e de atividades esportivas cooperativas nas aulas de Educação Física escolar, durante um período de 12 semanas, são capazes de modificar os escores de sintomas de ansiedade em estudantes adolescentes. Trata-se de um estudo experimental, do tipo intervenção, com grupos randomizados, com pré e pós tratamentos. A população alvo são estudantes adolescentes (13 a 20 anos) do Instituto Federal Sul-rio-grandense (IFSul) dos campi das cidades de Bagé/RS e Pelotas/RS. O cálculo de tamanho da amostra indicou a necessidade de 320 discentes. As turmas que possuem o componente curricular Educação Física em sua grade serão listadas e randomizadas em relação ao grupo comparador (GC) e à três diferentes protocolos de intervenção: exercícios respiratórios diafragmáticos (grupo intervenção 1 ou GI-1), exercícios físicos cardiorrespiratórios e de força (grupo intervenção 2 ou GI-2) e atividades esportivas cooperativas (grupo intervenção 3 ou GI-3). As aplicações dessas intervenções ocorrerão durante parte das aulas da disciplina e terão duração de 15 minutos (GI-1), 15 minutos (GI-2) e 20 minutos (GI-3). Antes do início da intervenção serão realizadas as medidas de linha de base, compostas pelo desfecho primário (sintomas de ansiedade) e os desfechos secundários (sintomas depressivos, autoconceito, qualidade de vida, indicadores de sono e estado de humor). Ainda, para a caracterização dos participantes serão consideradas variáveis demográficas, socioeconômicas, comportamentais, antropométricas e clínicas. Os sintomas de ansiedade serão avaliados pela Escala Beck de ansiedade (BAI) e pela Escala Hospitalar de Ansiedade e Depressão (HADS). Os grupos serão comparados quanto às características coletadas na linha de base e após a 12º semana de intervenção. Os dados serão duplamente digitados no Excel e exportados e analisados no pacote estatístico SPSS 26. Para a análise dos dados pré e pós intervenção e entre os grupos para a identificação da interação grupo*momento será utilizado as equações de estimativas generalizadas (Generalized Estimating Equations – GEE) e o teste post-hoc de Bonferroni. As análises serão realizadas por intenção de tratar e por protocolo. O nível de significância adotado será p<0,05. Como resultados, baseando-se na literatura disponível, espera-se que as intervenções possam reduzir os escores dos sintomas de ansiedade comparando os momentos pré e pós teste.
Objetivo Geral
Verificar se a inserção de exercícios respiratórios diafragmáticos, de exercícios cardiorrespiratórios e de força, e de atividades esportivas cooperativas nas aulas de Educação Física escolar, durante um período de 12 semanas, são capazes de modificar os escores de sintomas de ansiedade em estudantes adolescentes do ensino médio integrado da rede federal de ensino.
Justificativa
A ansiedade é compreendida como uma desordem mental. Pode ser caracterizada por oscilações no humor, déficit cognitivo, preocupação excessiva, medos irracionais, fadiga, palpitações cardíacas, tensão, entre várias outras respostas do nosso organismo à estímulos percebidos (BARTLETT et al., 2017). Suas manifestações partem de respostas fisiológicas, comportamentais e cognitivas e acabam por atingir entre 4,8% e 31% da população adulta em diferentes países (KESSLER et al., 2007). O crescente número de casos envolvendo adolescentes acaba por ir ao encontro dessa realidade, sinalizando a importância da discussão sobre o tema (WANG et al., 2019). O recorrente aparecimento desses sintomas acaba por comprometer a funcionalidade do dia a dia refletindo assim no decréscimo de qualidade de vida nessa população. Isso também se deve à fase de transição que esses jovens se encontram como já detalhado anteriormente.
No estudo promovido por Grolli et al. (2017) com 70 adolescentes com idades entre 16 e 19 anos, concluintes do ensino médio em duas escolas públicas do Rio Grande do Sul, foi verificado uma prevalência de sintomas de ansiedade de intensidade moderada a grave em 33,3% das meninas e 10% dos meninos. Além disso, de acordo com Germain e Marcotte (2016), em seu estudo com essa mesma população, foi observado que níveis de ansiedade foram aumentados no período de transição do penúltimo para o último ano do ensino médio escolar. Jatobá e Bastos (2007) apontaram que 19,9% dos estudantes adolescentes, de escolas públicas e privadas, na cidade de Recife/PE apresentaram indicativo de ansiedade para graus moderado e severo. Os autores encontraram associação significativa ainda mais preocupante, como a ideação suicida.
Partindo disso, medidas de intervenção para o combate à essas sintomatologias são fomentadas. Uma das opções mais utilizadas para atenuação de quadros ansiosos são os fármacos. Nas últimas décadas, o uso de medicamentos psicotrópicos tem se elevado significativamente. Países como Austrália, França e Espanha estão entre os que mais prescrevem (HOLLINGWORTH et al., 2010). No entanto o seu custo significativo passa a ser um fator impeditivo na utilização, e dessa forma nem sempre se faz disponível a todos os públicos.
A literatura aponta a prática regular de atividades físicas e exercícios físicos e seu elevado conjunto de opções, como uma proposta de intervenção e atenuação de quadros ansiosos. Peluso et al. (2005), Salmon (2001) e Manger et al. (2005) citam a relação da melhora do humor mediada pelo sistema serotoninérgico em indivíduos praticantes de exercícios regulares. A prática de exercícios físicos cardiorrespiratórios pode atuar como ansiolíticos protegendo o organismo dos efeitos prejudiciais do estresse na saúde física e mental. Autores como Jerath et al. (2015), Santos (2019) e Valença et al. (2006) citam a importância do relaxamento respiratório através da redução da hiperventilação e a prática de exercícios resistidos e jogos esportivos no ajuste de liberação de neurotransmissores como a serotonina, endorfina, ocitocina e dopamina, responsáveis por garantir a sensação de felicidade e prazer. Além disso atividades lúdicas e esportes coletivos, abrangendo a cooperação, demonstraram ser eficientes sobre a ansiedade. Essas últimas atividades estão atreladas a socialização, a divisão de tarefas e a potencialização para uma convivência harmoniosa (WEBER, 2010; PLUHAR et al., 2019; ASHDOWN-FRANKS et al., 2017).
De acordo com essa realidade, a escola surge como uma alternativa de intervenção através da utilização das aulas de Educação Física, uma vez que todas as atividades supracitadas podem ser ofertadas no seu currículo. Além disso, o componente curricular possibilita o desenvolvimento de valências físicas, um espaço para debates de assuntos envolvendo a temática saúde e suas repercussões, e uma prática de esportes como instrumento na construção da cultura do movimento corporal. Soma-se a isso o fomento ao descobrimento e desenvolvimento atitudinal, bem como a socialização e formação humanística em geral. Todos esses conteúdos são fatores protetivos aos sintomas de ansiedade desde que trabalhados de forma sistematizada e contextualizada.
Intervenções utilizando estratégias voltadas a terapias cognitivo comportamentais, psicoterapias interpessoais, ações psicoeducacionais e a atenção plena ou também chamada de mindfullness tem sido relatadas com frequência no ambiente escolar (FORTES et al., 2019, WERNER-SEIDLER et al., 2017, MASIA WARNER et al., 2005). No entanto, a literatura apresenta escassez de estudos envolvendo sintomas de ansiedade e intervenções utilizando aulas de Educação Física também com esse fim. Dessa forma demonstra-se que a realização desse tipo de pesquisa é relevante e essencial, permitindo que haja uma extrapolação futura desses achados para aplicação em outras instituições que trabalhem com o público adolescente.
No estudo promovido por Grolli et al. (2017) com 70 adolescentes com idades entre 16 e 19 anos, concluintes do ensino médio em duas escolas públicas do Rio Grande do Sul, foi verificado uma prevalência de sintomas de ansiedade de intensidade moderada a grave em 33,3% das meninas e 10% dos meninos. Além disso, de acordo com Germain e Marcotte (2016), em seu estudo com essa mesma população, foi observado que níveis de ansiedade foram aumentados no período de transição do penúltimo para o último ano do ensino médio escolar. Jatobá e Bastos (2007) apontaram que 19,9% dos estudantes adolescentes, de escolas públicas e privadas, na cidade de Recife/PE apresentaram indicativo de ansiedade para graus moderado e severo. Os autores encontraram associação significativa ainda mais preocupante, como a ideação suicida.
Partindo disso, medidas de intervenção para o combate à essas sintomatologias são fomentadas. Uma das opções mais utilizadas para atenuação de quadros ansiosos são os fármacos. Nas últimas décadas, o uso de medicamentos psicotrópicos tem se elevado significativamente. Países como Austrália, França e Espanha estão entre os que mais prescrevem (HOLLINGWORTH et al., 2010). No entanto o seu custo significativo passa a ser um fator impeditivo na utilização, e dessa forma nem sempre se faz disponível a todos os públicos.
A literatura aponta a prática regular de atividades físicas e exercícios físicos e seu elevado conjunto de opções, como uma proposta de intervenção e atenuação de quadros ansiosos. Peluso et al. (2005), Salmon (2001) e Manger et al. (2005) citam a relação da melhora do humor mediada pelo sistema serotoninérgico em indivíduos praticantes de exercícios regulares. A prática de exercícios físicos cardiorrespiratórios pode atuar como ansiolíticos protegendo o organismo dos efeitos prejudiciais do estresse na saúde física e mental. Autores como Jerath et al. (2015), Santos (2019) e Valença et al. (2006) citam a importância do relaxamento respiratório através da redução da hiperventilação e a prática de exercícios resistidos e jogos esportivos no ajuste de liberação de neurotransmissores como a serotonina, endorfina, ocitocina e dopamina, responsáveis por garantir a sensação de felicidade e prazer. Além disso atividades lúdicas e esportes coletivos, abrangendo a cooperação, demonstraram ser eficientes sobre a ansiedade. Essas últimas atividades estão atreladas a socialização, a divisão de tarefas e a potencialização para uma convivência harmoniosa (WEBER, 2010; PLUHAR et al., 2019; ASHDOWN-FRANKS et al., 2017).
De acordo com essa realidade, a escola surge como uma alternativa de intervenção através da utilização das aulas de Educação Física, uma vez que todas as atividades supracitadas podem ser ofertadas no seu currículo. Além disso, o componente curricular possibilita o desenvolvimento de valências físicas, um espaço para debates de assuntos envolvendo a temática saúde e suas repercussões, e uma prática de esportes como instrumento na construção da cultura do movimento corporal. Soma-se a isso o fomento ao descobrimento e desenvolvimento atitudinal, bem como a socialização e formação humanística em geral. Todos esses conteúdos são fatores protetivos aos sintomas de ansiedade desde que trabalhados de forma sistematizada e contextualizada.
Intervenções utilizando estratégias voltadas a terapias cognitivo comportamentais, psicoterapias interpessoais, ações psicoeducacionais e a atenção plena ou também chamada de mindfullness tem sido relatadas com frequência no ambiente escolar (FORTES et al., 2019, WERNER-SEIDLER et al., 2017, MASIA WARNER et al., 2005). No entanto, a literatura apresenta escassez de estudos envolvendo sintomas de ansiedade e intervenções utilizando aulas de Educação Física também com esse fim. Dessa forma demonstra-se que a realização desse tipo de pesquisa é relevante e essencial, permitindo que haja uma extrapolação futura desses achados para aplicação em outras instituições que trabalhem com o público adolescente.
Metodologia
Trata-se de um estudo experimental, do tipo intervenção, com grupos randomizados, com pré e pós tratamentos. A população alvo são estudantes adolescentes (13 a 20 anos) do Instituto Federal Sul-rio-grandense (IFSul) dos campi das cidades de Bagé/RS e Pelotas/RS. O cálculo de tamanho da amostra indicou a necessidade de 320 discentes. As turmas que possuem o componente curricular Educação Física em sua grade serão listadas e randomizadas em relação ao grupo comparador (GC) e à três diferentes protocolos de intervenção: exercícios respiratórios diafragmáticos (grupo intervenção 1 ou GI-1), exercícios físicos cardiorrespiratórios e de força (grupo intervenção 2 ou GI-2) e atividades esportivas cooperativas (grupo intervenção 3 ou GI-3). As aplicações dessas intervenções ocorrerão durante parte das aulas da disciplina e terão duração de 15 minutos (GI-1), 15 minutos (GI-2) e 20 minutos (GI-3). Antes do início da intervenção serão realizadas as medidas de linha de base, compostas pelo desfecho primário (sintomas de ansiedade) e os desfechos secundários (sintomas depressivos, autoconceito, qualidade de vida, indicadores de sono e estado de humor). Ainda, para a caracterização dos participantes serão consideradas variáveis demográficas, socioeconômicas, comportamentais, antropométricas e clínicas. Os sintomas de ansiedade serão avaliados pela Escala Beck de ansiedade (BAI) e pela Escala Hospitalar de Ansiedade e Depressão (HADS). Os grupos serão comparados quanto às características coletadas na linha de base e após a 12º semana de intervenção. Os dados serão duplamente digitados no Excel e exportados e analisados no pacote estatístico SPSS 26. Para a análise dos dados pré e pós intervenção e entre os grupos para a identificação da interação grupo*momento será utilizado as equações de estimativas generalizadas (Generalized Estimating Equations – GEE) e o teste post-hoc de Bonferroni. As análises serão realizadas por intenção de tratar e por protocolo. O nível de significância adotado será p<0,05.
Indicadores, Metas e Resultados
Como resultados, baseando-se na literatura disponível, espera-se que as intervenções possam reduzir os escores dos sintomas de ansiedade comparando os momentos pré e pós teste.
Equipe do Projeto
Nome | CH Semanal | Data inicial | Data final |
---|---|---|---|
GABRIEL GUSTAVO BERGMANN | 6 | ||
GICELE DE OLIVEIRA KARINI DA CUNHA | |||
Marcelo de Jesus Pereira | |||
TIAGO WALLY HARTWIG |