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O esporte está presente de muitas maneiras na vida da sociedade. De um lado, é uma prática que, realizada de modo amador, se inscreve como atividade de lazer, de recreação ou mesmo de saúde e qualidade de vida. De outro, como prática profissional, é um trabalho para atletas e profissionais das modalidades esportivas e, para o público, é espetáculo.

O esporte é, portanto, um fenômeno sócio-cultural com diferentes formas de manifestação (MARQUES, ALMEIDA E GUTIERREZ, 2007, p. 225). Estas formas são estabelecidas de acordo com o sentido e a modalidade da prática. O sentido, dizem os autores, se define pelo objetivo e significado que os participantes dão à atividade e diferencia-se em esporte de alto rendimento (profissional) e atividade de lazer (amador e heterogêneo).

Estas duas formas do esporte são igualmente afetadas pelas contradições presentes na sociedade. Elas refletem em maior ou menor grau, em cada modalidade, as desigualdades de gênero, de raça, de condição econômica, etc. que caracterizam a vida social. Ao mesmo tempo, repercutem as formas de alienação política e cidadã, quando tomam o esporte apenas como espetáculo e ignoram as diferenças nas condições de acesso à prática esportiva, seja como lazer, profissão ou espetáculo.

Não é incomum, portanto, que se manifestem no esporte o racismo, a misogenia, a discriminação e toda sorte de desigualdades que se encontram na sociedade. Sílvio Almeida (2018, p.15), definindo o racismo como estrutural, afirma que “ele é um elemento que integra a organização econômica e política da sociedade”; atravessa, assim, toda estrutura social como uma discriminação que ocorre de maneira sistemática e que tem na raça o seu fundamento. Mas assim como o racismo, outras formas de distinção e discriminação são observadas no esporte, refletindo as condições estruturais que impedem os negros, as mulheres, os mais pobres de terem acesso pleno à cidadania.

Para o jornalismo esportivo, o valor do esporte está em seu poder de entreter as audiências. E como entretenimento, no espetáculo não tem lugar para as contradições sociais. Quando elas irrompem no cotidiano esportivo, no entanto, o jornalismo se obriga a tratar delas por dever ético e, no fim, para que o espetáculo possa continuar. Por isso, temas como gênero, raça, cultura, cidadania, etc., quando abordados pelo jornalismo esportivo, são decorrentes de acontecimentos singulares que afetam pessoas específicas em uma dada situação. Neste contexto, o jornalismo esportivo levanta questões e promove o seu debate na sociedade, mas seu alcance geralmente se limita ao fenômeno noticiado.

Assim, considerando que o esporte é um fenômeno sócio-cultural e que nele se reproduzem as mesmas estruturas sociais que caracterizam uma dada sociedade; considerando, ainda, que realizar a cobertura esportiva sem lançar luz sobre estas estruturas é colaborar para sua conservação; considerando que a ética jornalística e o interesse público também constituem pilares da atividade de jornalismo esportivo e que o jornalismo esportivo possui uma ampla e interessada audiência; este projeto busca aliar a cobertura das modalidades esportivas às pautas que evidenciem as contradições sociais presentes no esporte, especialmente no que se refere às discriminações e aos preconceitos de gênero, raça, origem, poder econômico, etc. Além disso, visa desenvolver um processo de formação e informação de seus leitores e ouvintes para promover uma cultura que supere, por meio do esporte, as contradições estruturais que se manifestam em toda sorte de preconceito.

Para isso, o projeto vai se valer do rádio e da internet como seus principais meios de atuação. A internet dispensa apresentações e se constitui como espaço singular para a publicação de notícias, artigos, opinião, estudos, fotos e imagens de alcance local e global.

O rádio, por sua vez, atravessou o século XX como um dos veículos de comunicação mais importantes para a difusão e valorização da cultura. Ainda que tenha perdido muito de seu prestígio com a popularização da TV a partir dos anos 1970, e, mais recentemente, com a chegada da Internet, a radiodifusão sonora ainda ocupa um espaço importante no dia a dia das pessoas, seja como fonte de informação, como forma de entretenimento, como prestador de serviço ou, simplesmente, como um companheiro para todas as horas. Por isso, o rádio é um instrumento poderoso para o desenvolvimento da cidadania e a promoção da cultura.

Mais do que qualquer outra emissora de rádio, comercial ou comunitária, a rádio educativa tem como seu princípio e sua finalidade a educação. Por isso, o foco da sua programação deve ser a abordagem mais ampla possível da diversidade das manifestações populares que envolvem aspectos culturais, sociais, políticos, econômicos, esportivos, etc. da localidade em que atua, promovendo a qualificação da cidadania.

A Rádio Federal FM, da Universidade Federal de Pelotas, como primeira rádio FM educativa do Rio Grande do Sul, compreende esse seu papel e tem desenvolvido vários programas nesse sentido e por isso é parceira deste projeto, tanto na veiculação de programas como na cobertura de jogos.

O Curso de Jornalismo da UFPel busca formar profissionais que assumem o Jornalismo como um serviço público à sociedade, comprometidos com a verdade dos fatos, com o seu aprofundamento e com o esclarecimento completo sobre toda matéria de interesse público.

Nesse sentido, oferece oportunidades aos estudantes de desenvolver a técnica jornalística aliada a uma formação humanista, que valoriza a diversidade das vozes e dos atores sociais e qualifica a informação para uma cidadania mais digna. Na Rádio Federal, eles têm encontrado um espaço importante de aprendizagem, convivendo com situações reais do dia a dia da profissão.

Este projeto possibilita a estudantes de jornalismo praticarem vários aspectos da atividade profissional no jornalismo esportivo, como a produção, a pauta, o roteiro, a apuração e a edição, entre outros, disponibilizando esse material numa linguagem acessível a toda a comunidade, seja por meio de áudio ou de texto na internet.

Percebendo aí uma forma de praticar os conceitos que aprenderam nas disciplinas do curso, os estudantes buscam nesse projeto qualificar a sua formação, expondo-se, eles próprios, à crítica. Assim, se de um lado o projeto serve como estímulo e aprendizado para estudantes, de outro traz para a rádio e para o Curso de Jornalismo um leque de opções de programação e atividades que contribuem para que a Federal FM realize as suas finalidades como emissora pública e educativa e o curso cumpra com seus objetivos na formação dos profissionais jornalistas.

Não por último, as comunidades, enquanto fontes de informação, têm aí a possibilidade de fornecer conteúdos sobre seu cotidiano. Como ouvintes alcançados pelos programas, veem-se diante de oportunidades de ampliar os seus conhecimentos, de aprender e de desenvolver uma cidadania mais consciente e participativa.

Esse projeto, portanto, busca contribuir para o aprimoramento e para a qualidade da formação dos estudantes do curso de jornalismo, bem como impulsionar o desenvolvimento de atividades de pesquisa e de ensino. Além disso, visa estimular práticas que ampliem o universo do Projeto Pedagógico do Curso, promovendo a cooperação e proporcionando novas oportunidades acadêmicas curriculares. Neste sentido, o Projeto Federal em Campo – Jornalismo Esportivo se associa às disciplinas de Jornalismo Esportivo, Radiojornalismo, Webjornalismo e Práticas Laboratoriais.

A metodologia aplicada no projeto envolve:
a) a seleção, a capacitação e a formação de equipes de estudantes, segundo o tipo de ação, para a realização das atividades de planejamento, produção, redação, edição e veiculação de conteúdos jornalísticos informativos e/ou opinativos sobre esporte, especialmente, o praticado na região Sul do RS;
b) a revisão e avaliação permanente das produções dos estudantes e dos impactos do projeto sobre as audiências;
c) a sistematização das experiências e a produção e publicação de artigos científicos relacionados à teoria e prática de Jornalismo Esportivo;
d) a inclusão de conteúdos relacionados à cidadania, direitos humanos, direitos civis, democracia, equidade de gênero e de raça, etc., que são transversais ao esporte.

Meta 1: Produzir e veicular conteúdo jornalístico sobre o esporte amador e profissional praticado em Pelotas e região.
Indicador 1: Produtos jornalísticos sobre esporte são veiculados na internet e/ou na rádio Federal FM.
Resultado Esperado: Pelo menos uma vez por semana o blog do projeto e/ou a rádio Federal FM veiculam os conteúdos jornalísticos sobre esporte.

Meta 2: Realizar a transmissão de eventos esportivos profissionais ou amadores realizados na cidade de Pelotas por meio da web e/ou Rádio Federal FM sempre que as condições técnicas e estruturais o permitirem.
Indicador 1: A transmissão de eventos esportivos de agremiações esportivas locais são realizadas por meio do blog do Projeto e/ou Rádio Federal FM.
Resultado Esperado: Os principais eventos esportivos locais são transmitidos com regularidade.

Meta 3: Criar e manter programas jornalísticos radiofônicos informativos e/ou opinativos sobre o esporte local.
Indicador 1: Os programas radiofônicos são criados e veiculados no Blog do Projeto e/ou na Rádio Federal FM.
Resultado Esperado: Ao menos um programa semanal é produzido e veiculado no Blog do Projeto e/ou na Rádio Federal FM.

Meta 4: Incluir na produção dos conteúdos jornalísticos sobre esporte temas transversais relacionados a direitos humanos, direitos civis, cidadania, equidade de gênero, combate ao racismo, entre outros.
Indicador 1: Os temas transversais ao esporte são incluídos na produção e veiculação de conteúdos jornalísticos esportivos.
Resultado Esperado: Ao menos um tema transversal é abordado em cada produção jornalística sobre o esporte de Pelotas e região.

Meta 5: Promover a qualificação da cidadania plena através da produção de conteúdo jornalístico esportivo.
Indicador 1: Programas radiofônicos como podcasts e spots são produzidos para veicular durante a programação esportiva do Blog e/ou da Rádio Federal FM.
Resultado Esperado: Podcasts, spots e outros programetes sobre temas transversais ao jornalismo esportivo e cidadania são regularmente produzidos e veiculados no Blog do Projeto e/ou na Rádio Federal FM.

Meta 6: Formar estudantes para a prática do jornalismo esportivo comprometidos com a qualificação da cidadania tendo no esporte um modo de alcançar este objetivo
Indicador 1: Os estudantes incorporam em sua formação profissional os aspectos que tornam a cobertura esportiva um espaço de qualificação da cidadania e combate ao preconceito e à discriminação.
Resultado Esperado: Os estudantes internalizam na prática do jornalismo esportivo os aspectos que promovem a cidadania plena.

Meta 7: Sistematizar as experiências do Projeto para refletir sobre e qualificar a prática do Jornalismo Esportivo.
Indicador 1: As experiências do Projeto são registradas e refletidas com base nas teorias do Jornalismo e do Esporte.
Resultado Esperado: Os processos de sistematização das experiências do Projeto resultam em produções científicas dos participantes.