Nome do Projeto
COMPORTAMENTO SEXUAL DE ADOLESCENTES E JOVENS DURANTE E APÓS A PANDEMIA DE COVID-19
Ênfase
Pesquisa
Data inicial - Data final
15/05/2023 - 14/04/2025
Unidade de Origem
Coordenador Atual
Área CNPq
Ciências da Saúde
Resumo
A adolescência é o período dos 10 aos 19 anos (OMS, 2014), caracterizada por uma série de mudanças físicas, psicológicas e sociais do sujeito, onde tende ao início das relações sociais, experimentações sexuais e percepção da autoimagem, fundamental para a construção da identidade. Entretanto, devido ao surgimento da pandemia de COVID-19, as relações sociais e de formação dos pares sofreram transformações pelo distanciamento social. Assim, surgiu a necessidade de investigação do comportamento sexual dos jovens durante e após a pandemia. Será realizado um estudo transversal com adolescentes do ensino médio de 14 a 18 anos e jovens de 19 a 24 anos, residentes do município de Pelotas, através de um formulário online, na plataforma Google Forms. Serão investigadas as informações sobre comportamento sexual durante a pandemia de COVID-19, com as seguintes variáveis: sexo; idade; religião; comportamento sexual antes e durante a pandemia; acesso à educação sexual; uso de aplicativos de relacionamento; comportamento de risco; uso de preservativo ou métodos contraceptivos; comportamento autoerótico. Os dados serão coletados nos computadores e transferidos para o software STATA versão 12,0. Será feita uma análise descritiva, bivariada e multivariada realizada por meio de regressão de Poisson com variância robusta.

Objetivo Geral

Analisar o comportamento sexual dos jovens durante e após a pandemia de COVID-19 de escolas públicas e privadas de Pelotas.

Justificativa

A Organização Mundial da Saúde (OMS, 2004) compreende a adolescência como o período do desenvolvimento que se estende dos 10 aos 19 anos, havendo distinções entre sua fase inicial (10 a 14 anos) e final (15 a 19 anos). Para além da descrição linear da fase, o Modelo Bioecológico do Desenvolvimento Humano entende tal etapa como marcada por mudanças biopsicossociais intermediárias à fase da infância e à maioridade (Bronfenbrenner, 2011).
As transformações na adolescência se dão nos níveis biológico, psicológico e social. Isto é, inicia-se a partir da maturação biológica, intitulada como puberdade, caracterizando-se pela mudança do corpo infantil em um um corpo adulto, englobando fenômenos como o surgimento de pêlos, aumento da estatura e desenvolvimento dos órgãos sexuais. Além disso, tal fase é marcada por dinâmicas psicológicas como a formação da identidade, construção de valores de vida e escolha profissional, contextualizada com conjunturas sociais como a trajetória escolar e convívio social com pares (Papalia, 2013). Ainda, e de acordo com o Ministério da Saúde (2018), dependendo da qualidade do grupo, seu sentido de grupalidade, essa busca é altamente protetiva como pode ser vulnerabilizante.
Para Bronfenbrenner (2011), idealizador do Modelo Bioecológico, a vivência da adolescência não é compreendida a partir da instabilidade emocional como característica inerente. Ao contrário, o Modelo Bioecológico considera o sujeito como produto e, também, construtor de seu ciclo vital, viabilizando múltiplas possibilidades de desenvolvimento (Senna; Dessen, 2012).
Dentre as muitas questões dominantes no período da adolescência, evidencia-se o aumento da influência dos pares e a formação da identidade, atravessando por aspectos como desenvolvimento de autonomia, percepção da auto imagem, experimentações sexuais e outros (Cerqueira-Santos, Neto & Koller, 2014). Assim, considerando o importante papel das relações sociais e da auto percepção na adolescência, o presente artigo concentra-se na sexualidade, como componente fundamental tanto na formação da identidade, quanto na relação com o outro.
Segundo o Ministério da Saúde (2018), a sexualidade é uma das dimensões inerentes à vida e à saúde do ser humano que se manifesta desde o seu nascimento. Constitui-se como um fenômeno multifatorial, com aspectos biológicos, psicológicos, culturais, históricos e sociais, que influencia na sua maneira de ser, de compreender e de viver no mundo como homem ou mulher. A partir dessa série de mudanças corporais, de maturação e desenvolvimento sexual e emocional, infere-se a necessidade de se entender acerca dos comportamentos sexuais e comportamentos sexuais de risco que atravessam a fase da adolescência. Uma pesquisa feita com adolescentes em escolas de uma cidade do sul do Brasil constatou que a média de idade da primeira relação sexual foi 14,53 anos para as meninas e 14,13 para os meninos, dos alunos que afirmaram já ter tido relação sexual, 81,0% utilizaram preservativos na primeira relação, e na última relação sexual, o número cai para 78,8% (Dallo; Martins, 2018).
O grande aumento de mortes e contaminações provocadas pelo coronavírus (COVID-19) levou à interrupção da rotina, medo da infecção pelo vírus e distanciamento social de amigos, o que acarretou crescentes incertezas entre os adolescentes (Imran; Zeshan; Pervaiz, 2020). Em vista disso, e sabendo que a adolescência é uma fase de transformações biopsicossociais e de forte relação com os pares, entende-se que a pandemia de coronavírus foi e é um fator implicador no desenvolvimento dos jovens.
O presente projeto busca compreender a forma como as relações afetivas e sexuais na adolescência e juventude acontecem e de que modo essas relações influenciam no comportamento sexual, de risco à saúde e a si próprios na continuidade na pandemia de COVID-19.

Metodologia

Delineamento:
O estudo terá um delineamento transversal com jovens escolares de 14 a 24 anos da cidade de Pelotas/RS.

Cálculo de amostra:
Segundo o IBGE, na cidade de Pelotas em 2018, haviam 10.309 jovens matriculados no ensino médio. Considerando os seguintes parâmetros: prevalência esperada para iniciação sexual de 47,3% (prevalência de desfecho com maior amostra necessária), nível de confiança de 95%, erro aceitável de 2pp, estimou-se uma amostra de 370 jovens escolares e, acrescentando-se 10% para perdas, obteve-se um total de 407 escolares de ensino médio (VIEIRA et al., 2021).
Ademais, de acordo com o IBGE, na cidade de Pelotas em 2018, haviam 27.815 jovens de 20 a 24 anos. Considerando os seguintes parâmetros: prevalência esperada para iniciação sexual de 47,3% (prevalência de desfecho com maior amostra necessária), nível de confiança de 95%, erro aceitável de 1pp, estimou-se uma amostra de 378 jovens e, acrescentando-se 10% para perdas e 5% para suprir a idade de 19 do cálculo, obteve-se um total de 434 jovens (VIEIRA et al., 2021).

Coleta de dados:
As escolas públicas serão contactadas através da Secretaria Municipal de Educação para solicitar permissão para realizar as entrevistas com os alunos matriculados e as escolas particulares serão contactadas separadamente, uma a uma, para solicitação de contato com os pais.
Após a autorização da secretaria municipal e das escolas particulares, será enviado o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido aos pais para que deem autorização para os menores de idade participarem da pesquisa. Aos maiores de idade, o contato será direto. Se houver autorização dos pais, os alunos receberão o link através do email da escola para que possam preencher o termo de assentimento para que possam participar da pesquisa após serem esclarecidos quanto à justificativa, objetivos, procedimentos, riscos e benefícios da pesquisa.
Além disso, um questionário on-line será divulgado virtualmente para que os jovens, maiores de idade, participem da pesquisa, mediante a concordância com o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido, ao qual irá esclarecer quanto à justificativa, objetivos, procedimentos, riscos e benefícios.
E, por fim, responderão ao questionário na plataforma google forms. Todos os entrevistados terão a opção de desistir da pesquisa a qualquer momento.

Instrumento:
O estudo será realizado por meio de um questionário digital que será aplicado pela plataforma digital Google Forms. O instrumento de coleta de dados caracteriza os aspectos sociodemográficos e de comportamento sexual da população estudada.
O instrumento abrangerá as seguintes variáveis:
Sexo - Será analisado o sexo biológico dos participantes, a partir de parâmetros anatômicos de sexo masculino, feminino ou intersexo.
Gênero - O gênero se refere aos aspectos culturais, históricos e sociais de como se classificaram as pesssoas a partir das diferenças percebidas entre os sexos (SCOTT, 1990) e que categoriza as pessoas como femininas ou masculinas (cisgêneros), transgêneros (trans-homem, trans-mulher) ou não binárias e que também se relaciona com o que tem sido chamado de “expressão” ou “papel” sexual, ou seja, como as pessoas performatizam ou representam seu gênero.
Orientação sexual - a orientação sexual, refere-se à atração sexual do sujeito em termos de heterossexualidade, bissexualidade, pansexualidade e homossexualidade. A orientação sexual relaciona-se aos desejos de intimidade e sensibilidade dos sujeitos (Organização Pan-Americana da Saúde. Ministério da Saúde).
Idade - a idade dos entrevistados deverá se enquadrar na faixa etária dos quatorze anos aos dezenove anos, período definido como amostra deste projeto.
Cor de pele - segundo as categorias preconizadas pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) (BRASIL, 2013)
Série Escolar: compreende a etapa da escolarização em que os entrevistados se encontram.
Reprovações escolares - número de vezes que os escolares reprovaram na escola.
Classe Socioeconômica - a Classe Socioeconômica será baseada na estratificação socioeconômica pelo Critério de Classificação Econômica Brasil adotado pela Associação Brasileira das Empresas de Pesquisa (ABEP) (KAMAKURA; MAZZON, 2013)
Religião - A religião é um sistema de crenças que determina a relação de grupos sociais com um ser transcendente (Ribeiro; Minayo, 2014). Nesse sentido, será investigada qual religião, doutrina, crença ou não crença o entrevistado se enquadra.
Acesso à Educação Sexual - neste ponto serão analisadas as formas de acesso à educação sexual dos entrevistados e, da mesma forma, será investigada a qualidade dessa educação.
Idade da Primeira Relação - será investigada a idade da primeira relação sexual dos adolescentes entrevistados, bem como a realização do uso de preservativo nesta relação.
Frequência de Relações Sexuais- será investigado a partir da quantidade de relações sexuais durante a pandemia do COVID-19, representando uma amostra atual da frequência da prática sexual dos entrevistados.
Quantidade de parceiros sexuais - será avaliado a partir do número de parceiros sexuais na pandemia do COVID-19, apresentando uma amostra representativa do comportamento sexual atual dos entrevistados.
Presença de parceiros fixos ou esporádicos - será avaliado a partir da percepção do indivíduo sobre ter tido, ou não, parceiros fixos.
Proteção durante a relação sexual - será investigada a utilização de métodos de proteção à ISTs preconizadas pelo Ministério da Saúde (BRASIL, 2006) nas três últimas relações sexuais.
Métodos contraceptivos utilizados nas relações sexuais - irá se investigar quais métodos contraceptivos foram utilizados na última relação sexual, baseando-se nos métodos contraceptivos recomendados pelo Ministério da Saúde (BRASIL, 2009)
Exposição de risco ao contágio de COVID-19 em prol de encontros afetivos ou práticas sexuais - Mesmo diante da vulnerabilidade social que a pandemia tem gerado, um ponto chave para seu enfrentamento é a diminuição da circulação de pessoas nas ruas e nos espaços públicos coletivos (BEZERRA, A. ET AL., 2020). Será analisada a exposição dos adolescentes da amostra coletada, no que concerne à práticas sexuais e/ou afetivas durante a pandemia de COVID-19, na cidade de Pelotas.
Sexting - irá ser avaliado a correspondência de mensagens de texto, de voz de cunho sexual, além do envio de nudes, que se refere a um fenômeno da era digital que consiste no registro, e possível compartilhamento, da imagem de uma pessoa com pouca ou nenhuma roupa (PRIMO ET. AL., 2015)
Relação sexual sob influência de substâncias lícitas e ilícitas - será analisado o comportamento de risco ligado à prática sexual sob uso de drogas lícitas ou ilícitas.
Comportamento autoerótico - será investigado a adesão, ou aumento, do engajamento em comportamentos auto eróticos, como a masturbação e consumo de material pornográfico, desde o início da pandemia de COVID-19.
Uso de aplicativos de relacionamento - nesse ponto será analisada a adesão, ou aumento no uso, dos adolescentes entrevistados aos aplicativos de relacionamentos nos celulares, bem como a finalidade desse uso.
Uso de chat de redes sociais, jogos e plataformas educativas - será analisado o uso de plataformas digitais com o fim de relacionamentos íntimos.
Entrevistadores:
As alunas do Projeto "SE TOCA" do Curso de Psicologia da UFPEL farão o contato com as escolas e solicitarão a intermediação com os pais dos alunos para que exista a autorização para participar da pesquisa. Após, será enviado aos alunos o link do questionário a ser respondido.



Plano de Análise dos Dados:
Os dados serão transferidos para os computadores e, posteriormente, para o software STATA versão 12.0.
O perfil dos estudantes será descrito através das medidas de tendência central e de dispersão para variáveis contínuas e da análise das proporções e intervalos de confiança das variáveis dicotômicas.
A significância das associações entre as exposições e os desfechos será analisada através dos Testes de Qui-quadrado e de Wald para Heterogeneidade de variáveis categóricas e Teste de Tendência Linear para variáveis contínuas.
A análise multivariável será realizada por meio da regressão de Poisson com variância robusta, seguindo um modelo conceitual que tem no primeiro nível as variáveis sociodemográficas e comportamentais e no segundo nível as variáveis de comportamento sexual na pandemia de COVID-19. A análise utilizará seleção para trás a fim de estimar as razões de prevalência (RP) e os intervalos de confiança (IC95%). As variáveis com p-valor menor ou igual a 0,20 serão mantidas no modelo para controle de confusão e, quando o p-valor for menor ou igual a 0,05 a associação será considerada significativa.

Questões Éticas:
A proposta de pesquisa envolve entrevistas por meio da aplicação de questionários, tornando o estudo de risco mínimo, segundo os parâmetros estabelecidos pela Organização Mundial da Saúde.
A participação dos indivíduos no estudo ocorrerá através da assinatura do termo de consentimento livre e esclarecido pelos pais, autorizando a participação na pesquisa, e após os jovens também assinarão um termo de assentimento, onde serão plenamente garantidos a confidencialidade da informação individual e o direito de recusa em participar da investigação ou desistir a qualquer momento.
O projeto de pesquisa será submetido ao Comitê de Ética em Pesquisa da Faculdade de Medicina da Universidade Federal de Pelotas, com objetivo de se adequar às Normas e Diretrizes Regulamentadoras da Pesquisa Envolvendo Seres Humanos – Resolução CNS 510/2016.



Indicadores, Metas e Resultados

Após a análise de dados teremos indicadores idade de iniciação sexual dos adolescentes e uso de preservativos ou métodos contraceptivos na primeira relação sexual. Durante a pandemia de COVID-19, obteremos indicadores de número de parceiros sexuais nos últimos 3 meses, uso de preservativo nas últimas 3 relações sexuais dos adolescentes. Também, o consumo de pornografia e masturbação no período de pandemia, além de informações sobre a iniciação e curso de relações afetivas, a aderência e o uso de aplicativos de relacionamentos no período pandêmico, o uso de chats de redes sociais, jogos e plataformas educativas, formas de proteção durante a relação sexual, métodos contraceptivos utilizados nas últimas 3 últimas relações, entre outros assunto de extrema importância para o desenvolvimento de programas de orientação aos adolescentes.

Equipe do Projeto

NomeCH SemanalData inicialData final
ALANA VICTÓRIA SILVA ROSTIROLLA
ANA LAURA SICA CRUZEIRO SZORTYKA2
ISABELLA STRELOW FONSECA
ISADORA ROVERÉ NOREMBERG
MARIANA DA COSTA CASTRO
THAÍS GARCIA SAMPAIO

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