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30/04/2023 - 30/09/2025

Ciências da Saúde

O crescente número de movimentos sociais contemporâneos tem ajudado a moldar o cenário global de gênero e de saúde, possibilitando o enfrentamento de questões de agência, vulnerabilidade e realidades mutáveis do poder de gênero das relações (SHANNON et al., 2019). Apesar disso, as desigualdades de gênero permanecem difundidas em vários setores da sociedade, inclusive em áreas chaves como o desenvolvimento, saúde e ciências médicas. Tendo isso em vista, disparidades generalizadas de gênero também são observadas na ciência e na pesquisa odontológica (HAAG et al., 2022). Disparidades são encontradas no setor de pesquisa odontológica de forma mundial. Por exemplo, mulheres representam 33% dos pesquisadores odontológicos na União Europeia, 35% na América do Norte, 55% no Brasil e 25% no Japão(TIWARI et al., 2019). De forma similar, as mulheres permanecem sub-representação em cargos acadêmicos (HECHTMAN et al., 2018). De acordo com a Associação Americana de Saúde Bucal, as mulheres ocupam apenas 39% do corpo docente dos cursos de odontologia sendo que dentro dessa porcentagem nem todas as mulheres têm cargos que exigem pesquisa (AMERICAN DENTAL EDUCATION ASSOCIATION, 2018). Nos Estados Unidos, o Instituto Nacional de Saúde (NIH) custeia cerca de 70% das pesquisas em saúde e estima-se que apenas 2% dos pesquisadores sejam dentistas e, deste grupo, as mulheres recebem um terço das bolsas dos projetos em comparação aos pesquisadores do sexo masculino (D’SOUZA et al., 2017). O artigo de HAAG e colaboradores, publicado em 2022, avaliou as tendências na disparidade de gênero na autoria de artigos científicos odontológicos durante 20 anos e seus resultados mostraram clara disparidade de gênero mostrando que apesar de grandes avanços na entrada de mulheres nas universidades, ainda não temos equidade de gênero dentro da ciência odontológica (HAAG et al., 2022). De forma similar, um artigo publicado em 2021, teve como objetivo principal avaliar o número de mulheres que foram citadas como primeiras autoras em artigos. Como resultado, foi observado que de um total de 3365 estudos a prevalência de mulheres foi de 97,2% como primeiro autor 2,6% como último autor. Também, foi observado que ter uma mulher como última autora aumentou em 16% a presença de mulheres como primeiro autor (SARTORI et al., 2021). De forma similar, observamos que as mulheres enfrentam barreiras na construção de suas carreiras desde o recrutamento até a sua seleção, tendo consequências óbvias na sua participação dentro da ciência e baixa remuneração em comparação ao sexo masculino (KANG et. al, 2019). Apesar disso, o mecanismo que envolve essa diferença substancial entre o número de homens e de mulheres dentro da ciência ocupando funções decisivas apresenta diversos vieses, podendo estar relacionado ao preconceito implícito ao gênero feminino dentro da ciência e a qualidade do trabalho realizado. Devido a todas as essas barreiras elencadas acima, é interessante ressaltar que um número menor de mulheres é convidada para palestrar em eventos odontológicos (CASADEVALL; HANDELSMAN, 2014).