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A compreensão relativa às questões cinematográficas é importante para o Jornalismo tanto do ponto de vista das suas inter-relações técnicas, como também, pelo fato da produção cinematográfica estar presente nos atuais processos culturais e econômicos, intervindo com a sua produção nas estruturas sociais. A tradição da crítica cinematográfica precisa ser repensada hoje tendo em conta sobretudo a relevância que o cinema tem nos atuais processos culturais, estando presente hoje como um ingrediente da vida cotidiana, já tão naturalizado, que não se tem uma necessária consciência de como intervém nos processos culturais e econômicos.

Esta pesquisa busca analisar os filmes brasileiros a partir de suas características sensíveis e as possíveis recepções estéticas desta produção, abordando textos jornalísticos que foram produzidos, como os aspectos estéticos aparecem nestas redações e qual tipo de sensibilidade estética está sendo evocada através dessas abordagens. O trabalho de pesquisa consiste na realização de análises fílmicas dos títulos selecionados, para as quais serão usadas teorias estéticas e semióticas, considerações sobre abordagens estéticas feitas por textos jornalísticos e a problematização do contexto cultural de recepção, que implica em subjetividades permeadas por questões próprias do contexto brasileiro e, ao mesmo tempo, pelo gosto estético cultivado no âmbito internacional da produção cinematográfica.
Tendo uma perspectiva metodológica observacional, a pesquisa deve-se voltar para títulos de filmes brasileiros recentes e as diversas abordagens jornalísticas feitas sobre estes filmes. Serão feitas análises semióticas tanto dos filmes, como dos textos jornalísticos publicados sobre estes filmes, levando em conta veículos diversos, entre publicações mais tradicionais (a exemplo dos jornais Folha de São Paulo e O Estado de S. Paulo), hoje com versões também online, e outras que são caracterizadas como edições próprias do âmbito da internet.
Como teorias semióticas, serão levadas em conta basicamente a de autoria do pensador norte-americano Charles Sanders Peirce (1839-1914) e do semioticista russo Yuri Lotman (1922-1933), expoente da semiótica da cultura. Os filmes serão analisados tendo em conta como os aspectos estéticos, relativos à sensibilidade, aparecem como elementos constituintes. Serão observados como esses elementos são capazes de produzir relações de identidade e diferença, levando em conta o contexto cultural brasileiro e o âmbito global da produção cinematográfica. A semiótica de Peirce é um guia conceitual para o processo de observação buscando a distinção dos elementos estéticos, através das suas problematizações de como se dão as ações sígnicas. A semiótica da cultura permite problematizar as relações entre diferentes sistemas de signos, como os relativos aos diversos contextos culturais brasileiros e a indústria cinematográfica internacional. Neste sentido, uma questão é quais são os elementos estéticos que produzem efeitos retóricos de identidade e diferença. A produção cinematográfica constitui-se por um sistema de signos que, a cada filme, tem as suas fronteiras tensionadas e modificadas. Ao mesmo tempo, o jornalismo também se constitui por um sistema de signos. Ambos produzem agenciamentos contínuos voltados para os seus leitores ou espectadores, de forma sobretudo a produzir relações de identidade como um dos principais agenciamentos retóricos.
As duas questões fundamentais que guiarão a pesquisa serão estas: Como os filmes brasileiros têm produzido formas de identidade através da sua elaboração estética na sua produção recente? Como o jornalismo em nosso meio vem tratando as questões estéticas como um elemento constituinte e de consolidação da produção fílmica brasileira?

Ao longo dos quatro anos que deverão ser dedicados a esta pesquisa deverão ser produzidos e publicados artigos pela coordenação do projeto e alunos voluntários e bolsistas, além participação de eventos com a divulgação dos trabalhos realizados.