Nome do Projeto
Empresarização e modernidade: características, implicações e resistências à generalização da forma empresa
Ênfase
Pesquisa
Data inicial - Data final
01/08/2023 - 31/07/2027
Unidade de Origem
Coordenador Atual
Área CNPq
Ciências Sociais Aplicadas
Resumo
A empresa, um acontecimento moderno e insignificante em outros tempos e espaços, tornou-se, ao consolidar-se antes e acima de tudo como um símbolo de eficiência (econômica), a organização de referência (Solé, 2008) e o sistema normativo central das sociedades ocidentais e de todas as sociedades que seguem ou almejam a modernidade (Laval e Dardot, 2016). Esse avanço e predomínio da empresa, o qual denominamos de processo de empresarização (Solé, 2008) ou empresariamento como chamam os autores da área da Educação (Neves, 2001) e da Geografia/Urbanismo (Vainer, 2013), acaba, no limite, por contribuir para redefinir relações sociais, maneiras de viver e subjetividades. Apesar dessa centralidade, até o momento, há um pequeno número de trabalhos que abordam este fenômeno, assim como é quase inexistente a reflexão sobre a empresa, como ideia, forma ou modelo, no interior dos estudos organizacionais e da própria administração. Apesar de todos os aspectos negativos oriundos desse processo, talvez o cerne dessa escassez de trabalhos e desse avanço da empresa sobre tudo e todos seja, justamente, na compreensão da mesma como uma evidência característica e natural de nosso mundo. Por isto, queremos analisar as características, as implicações e as possíveis resistências à elevação da forma empresa como modelo social universalmente generalizável. Estamos cientes da amplitude do objetivo proposto. Na verdade, ele é mais do que um objetivo, ele fornece o norte para a consolidação e unificação da agenda de diversos pesquisadores que vem tratando ou começarão a tratar, em maior ou menor medida, da temática da empresarização (ou de suas variações) nos mais variados objetos e níveis de análise. Assim, é somente através do conjunto de pesquisas realizadas, cada qual com suas especificidades, que conseguiremos atender ao objetivo proposto.

Objetivo Geral

Analisar as características, as implicações e as possíveis resistências à elevação da forma empresa como modelo social universalmente generalizável

Justificativa

Alguns dos integrantes deste projeto tem se dedicado ao estudo da empresarização desde o início dos anos 2000. Nossos primeiros estudos orientaram-se à descrição e à análise da intensidade com que as organizações esportivas, religiosas e culturais incorporavam um comportamento empresarial (RODRIGUES e SILVA, 2006; HOFFMANN e DELLAGNELO, 2007; RODRIGUES, SILVA e DELLAGNELO, 2014). No entanto, ao retomar aqueles trabalhos, percebemos que se por um lado, a abordagem relacional proposta por Solè (2004) parece ganhar em potencialidade, por outro, ao não avançar teoricamente no conceito de relação, de disputa, de agência e de assimetria do poder, essa abordagem possui uma série de pontos descobertos.
Alguns anos mais tarde, assentados na proposta de Abraham (2006), adentramos em um segundo momento dos estudos sobre empresarização. Nesse período, buscamos evidenciar a empresa como uma instituição (formada por um conjunto de hábitos coletivos) e quais os desdobramentos desse fenômeno na educação, na agricultura familiar, na cultura e na organização do espaço (RODRIGUES, 2013; ARAÚJO e SILVA, 2016; TOMETICH e SILVA, 2016; COSTA, 2017). Entretanto, tal como ocorreu no primeiro momento, as reflexões sobre os trabalhos realizados tornaram claro que a abordagem de Abraham (2006), ao se fundamentar na perspectiva sociológica de Durkheim (2005), não permitia evidenciar as relações de poder que constituíam cada um daqueles hábitos coletivos.
A busca por olhares que supram as lacunas apontadas pelos estudos anteriores e o desejo de evidenciar o processo de empresarização nos mais distintos objetos (e níveis de análise), é justamente a motivação central deste projeto. Longe de desprezar os conhecimentos adquiridos até aqui, nossa intenção é justamente tentar ampliar/aprofundar teórica e empiricamente tal discussão.
Estamos cientes da amplitude do objetivo proposto. Na verdade, ele é mais do que um objetivo, ele fornece o norte para a consolidação e unificação da agenda de diversos pesquisadores que vem tratando ou começarão a tratar, em maior ou menor medida, da temática da empresarização (ou de suas variações) nos mais variados objetos e níveis de análise. Assim, é somente através do conjunto de pesquisas realizadas, cada qual com suas especificidades, que conseguiremos atender ao objetivo proposto.

Metodologia

Os procedimentos metodológicos são orientados, segundo Patton (1990), pelo
propósito da pesquisa, isto é, o fim último que se pretende atingir com a investigação,
capaz de justificar o esforço dedicado ao empreendimento. Nesse sentido, o propósito
extrapola os objetivos precípuos da investigação e está vinculado a pressupostos
ontológicos, epistemológicos e metodológicos dos pesquisadores. Esses pressupostos
sustentam sua concepção a respeito da natureza do mundo, do conhecimento humano,
particularmente da relação entre sujeito e objeto pesquisado, e à forma pela qual buscará
apreender a realidade (GUBA e LINCOLN, 1994). Desse modo, em vista do caráter amplo do objetivo e da forma como pretendemos abordá-lo, em suas múltiplas facetas, adotaremos uma abordagem multimetodológica que se particularizará nos trabalhos desenvolvidos pelos participantes desta proposta.
A parte essa indicação genérica, é possível delinear alguns aspectos das pesquisas que realizaremos. De forma geral, este projeto adota uma orientação predominantemente qualitativa diante dos objetivos propostos. De acordo com Vieira e Zouain (2006), tal orientação, além de permitir maior flexibilidade ao pesquisador na adequação do referencial teórico ao fenômeno em estudo, possibilita um conhecimento detalhado sobre um fenômeno sem separá-lo de seu contexto.
Para evidenciarmos o fenômeno da empresarização em múltiplos níveis (individual, organizacional e campo) e nos mais distintos períodos de tempo, contaremos com um amplo conjunto de dados. Dentre os dados secundários que serão utilizados na pesquisa destacam-se as leis, os decretos, as atas de reuniões, regimentos, websites relacionados com os objetos investigados, reportagens da mídia e outros documentos relacionados com os propósitos da pesquisa. Também serão coletados dados primários, mediante a realização de entrevistas (individuais ou não), observações participantes ou não (dependendo dos espaços e da ocasião), registros fotográficos, sonoros ou visuais, além de diário de campo para as situações de vivência que vierem a ocorrer.
Para a organização e análise dos dados coletados, seguiremos as sugestões de Deslandes (1997) e as realizaremos em duas etapas. A primeira consiste na caracterização detalhada que emerge do conjunto de dados, descritos pormenorizadamente. A segunda se dirige para a interpretação dos dados a luz da perspectiva teórica, sempre levando em conta o contexto e os objetivos da pesquisa.

Indicadores, Metas e Resultados

Indicadores de resultados ao final do projeto:
- Aprimorar a teoria da empresarização (ainda em construção);
- Trabalhos de conclusão de curso, dissertações de mestrado (acadêmico e profissional), teses de doutorado e projetos de iniciação científica;
- Publicação de artigos em periódicos e congressos nacionais e internacionais;
- Cursos de curta duração, seminários e workshops destinados à comunidade acadêmica e à sociedade civil;
-Elaboração do relatório final.

Repercussão e/ou impactos dos resultados:
- Aprimorar a teoria da empresarização (ainda em construção);
- Estimular o pensamento crítico, a transdisciplinaridade e a apropriação de conhecimentos das mais diversas áreas (linguística, história, sociologia, ciência política, antropologia, geografia e comunicação);
- Ampliar o debate para temas/áreas ainda pouco exploradas na área da administração (especialmente na UFPel), tais como: a organização da cultura, a organização da educação, a organização da saúde, a organização do espaço, as relações entre Estado e empresa, as organizações de resistência e as discussões sobre outras formas de organizar e as novas formas de trabalho.
- Cursos de curta duração, seminários e workshops destinados à comunidade acadêmica e à sociedade civil;
- Elaboração ou organização de um livro.



Equipe do Projeto

NomeCH SemanalData inicialData final
BRUNA DA CRUZ SCHNEID
Débora da Silva Olivo
LARISSA FERREIRA TAVARES
LEANDRO REZENDE BENTO
MANOELA VIEIRA NEUTZLING
MARCIO BARCELOS5
MARCIO SILVA RODRIGUES10
ROBERTA HERMAN MESKO
Regis Fernando Freitas da Silva

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