Nome do Projeto
ESTADIAMENTO RENAL DE CÃES PARASITADOS POR DIOCTOPHYME RENALE
Ênfase
Pesquisa
Data inicial - Data final
02/10/2023 - 20/05/2024
Unidade de Origem
Coordenador Atual
Área CNPq
Multidisciplinar
Resumo
A Dioctofimatose é uma zoonose de distribuição mundial causada pelo nematoide Dioctophyme renale, conhecido como verme gigante do rim, o qual pode acometer diversas espécies domésticas e silvestres. Os cães são a espécie mais diagnosticada, dado ao crescimento no interesse em realização de exames de rotina em animais domésticos, porém, se destaca por acometer principalmente cães não domiciliados e em situação de vulnerabilidade social pois é predisposta a cães com hábitos hídricos e alimentares menos seletivos (CAPELLA et al., 2018). O ciclo evolutivo é bastante complexo e ainda não é completamente elucidado, sendo iniciado através da eliminação dos ovos pela urina do hospedeiro definitivo, estes são ingeridos pelos hospedeiros intermediários, que podem ser sapos, rãs e peixes de água doce. O hospedeiro final é infectado através de infecção oral pela ingestão do hospedeiro intermediário. Desta maneira, o parasito se desenvolve e se aloja preferencialmente no rim direito, por conta da proximidade do órgão ao duodeno, mas também pode se alojar em outros órgãos como rim esquerdo, testículos, ovários, bexiga, ureteres, estômago ou até mesmo permanecerem em cavidade abdominal (VALLE, 2022). Ao se alojar ao rim, o parasito se desenvolve progressivamente enquanto realiza a destruição do parênquima renal, podendo a infestação ser por um único parasita ou múltiplos. A fêmea pode chegar ao tamanho de 100 cm de comprimento e 12 mm de largura, enquanto o macho macho pode chegar a 45cm de comprimento por 4 a 6 mm de largura (BARROS, 2022). A sintomatologia pode ser inexistente ou costuma aparecer tardiamente, quando há alta destruição do parênquima renal, mas geralmente se mostra semelhante a de outras doenças do sistema renal, como hematúria, dor renal, poliúria, polidipsia, emagrecimento progressivo, vômitos e letargia. O diagnóstico costuma se dar por achados de exames, podendo ocorrer através de ultrassonografia, onde se pode observar a presença dos parasitos ou através de urinálise, onde se pode visualizar a presença de ovos de Dioctophyme renale na urina. Além disso, exames de hemograma e bioquímico podem se mostrar complementares a fim de acompanhamento de marcadores renais e de eliminar outras alterações concomitantes (MILDEMBERGER, 2021). O tratamento de eleição é a remoção cirúrgica dos vermes através de nefrotomia, ou quando há completa destruição do parênquima, a retirada do órgão através de nefrectomia.

Objetivo Geral

Estadiar a morfologia do parênquima renal de cães parasitados por D.renale através do estudos das alterações anatomopatológicos coletadas durante o processo de nefrotomia
Realizar acompanhamento de doença em renal de pacientes em pós operatório
Aprofundar estudos sobre a funcionalidade de néfrons de animais acometidos com dioctofimose
Utilizar vermífugo indicado para a classe do parasito D.renale até o momento da nefrotomia.

Justificativa

É notória a importância do aprofundamento dos estudos sobre o Dioctophyme Renale, visto que a epidemiologia ainda não é bem elucidada e há diversos indícios de alta prevalência da doença na região de Pelotas-RS. O fato de ainda muitos casos serem diagnosticados apenas na necropsia dos animais, torna evidente que a doença possa ainda estar subdiagnosticada. A falta do diagnóstico e tratamento da doença, mantém os animais parasitados como transmissores, fazendo com que o ciclo do parasito continue se realizando e colocando em risco outros cães, gatos, animais silvestres e até mesmo seres humanos, pois se trata de uma zoonose.
Encontrar um fármaco que possa matar os vermes que estão parasitando o paciente pode ser eficiente tanto para impedir que o animal excrete ovos do parasito pela urina e não dissemine a doença, tanto para interromper a destruição do parênquima renal de animais que não estão aptos para procedimentos cirúrgicos, ou até mesmo para controle em massa da doença em cães parasitados em regiões de vulnerabilidade social afetadas.
O acompanhamento e estadiamento de doença renal dos cães que passaram por tratamento se mostra importante para a melhora do prognóstico e aumento de longevidade dos pacientes.



Metodologia

A pesquisa será dividida em cinco fases, sendo elas, seleção de pacientes, coleta de exames complementares, início do tratamento clínico, realização do procedimento cirúrgico e acompanhamento renal de pacientes submetidos a nefrectomia.
5.1. Fase 1: Seleção de pacientes

-5.1.1: Achados clínicos e laboratoriais.
Participarão da pesquisa todos os animais parasitados por Dioctophyma renale no HCV-UFPel.

-5.1.2: Busca ativa
Será realizada também uma pesquisa por animais com dioctofimose no ambulatório CEVAL em animais em vulnerabilidade social que possuam sintomatologia em que possa se suspeitar da doença, realizando todos os exames complementares para possíveis diagnósticos diferenciais.

5.2. Fase 2: Exames complementares
2.1 Urinálise: Será realizada urinálise nos pacientes através do método de cistocentese guiada por ultrassom a fim de encontrar e acompanhar possíveis sinais como hematúria, bacteriúria, leucocitúria e turbidez, achados que podem estar diretamente relacionados a dioctofimose (CONTE, 2020). Encontrando em apenas uma parcela dos pacientes, presença de ovos de Dioctophyme renale na urina, visto que esta alteração nem sempre encontra-se entre os achados laboratoriais.
-2.2 Ultrassonografia: É o exame de maior significância para fechar o diagnóstico de dioctofimose, sendo possível a visualização dos parasitos em parênquima renal. Além disso, o exame nos permite ter uma noção sobre o grau de parasitismo, avaliação de morfologia do órgão afetado e também do órgão contralateral, pois também pode apresentar alterações como hipertrofia por compensação do rim afetado. Além disso, podemos também, atráves do uso da dopplerfluxometria, observar em tempo real a função hemodinâmica renal, que está diretamente relacionada com a perfusão tecidual e com a funcionalidade do órgão (VEIGA, 2011).
-2.3 Biópsia: Pacientes previamente selecionados por sua condição clínica e estágio da doença, serão submetidos a procedimento minimamente invasivo de biópsia percutânea, através de utilização de agulha para biópsia de tecidos moles, objetivando melhor avaliação morfológica dos glomérulos e funcionalidade renal restante, para que desta maneira, fosse possível tomar decisões mais precisas sobre a técnica cirúrgica mais adequada para cada paciente.

5.3. Fase 3: Tratamento clínico com Ivermectina
O anti-helmíntico escolhido para administrar aos pacientes foi a ivermectina, pois além de atuar na absorção de nutrientes dos parasitas, também atua diretamente na função nervosa dos mesmos. Além disso, já houveram estudos anteriores para utilização da ivermectina no tratamento clínico na dioctofimose em quatis (SANTOS, 2010). Sendo assim, os pacientes foram divididos em dois grupos, sendo o grupo 1 utilizado como controle, onde os pacientes receberam placebo (0,5 ml de solução fisiológica VO), já os animais do grupo 2, receberam tratamento clínico com Ivermectina 0,5 mg/kg por via oral com intervalos de 15 dias, totalizando 3 doses.
Ao final de cada ciclo de administração medicamentosa de ambos os grupos, será realizada uma nova urinálise nos pacientes a fim de observar se havia presença de ovos de Dioctophyme renale na urina e realizar contagem dos mesmos, para que se pudesse realizar a comparação com os resultados anteriores.

5.4. Fase 4: Procedimento cirúrgico e biópsia de rim contralateral

O procedimento cirúrgico para a retirada dos nematóides ocorrerá em todos os pacientes. Podendo ser realizada nefrectomia, retirada total do órgão ou nefrotomia, retirada do(s) Diocotophyme renale mantendo o órgão se o mesmo possuir indícios de funcionalidade.
Durante o transoperatório, será realizada também a retirada de um pequeno fragmento do rim contralateral, para que desta maneira possa ser realizada uma avaliação precisa da funcionalidade do rim restante e estadiar a doença renal do paciente. Permitindo assim, um tratamento e acompanhamento precoce para possíveis doenças renais crônicas.

5.5 Fase 5: Acompanhamento renal de pacientes submetidos a nefrectomia

Durante o estudo, será realizada uma pesquisa com pacientes que estiveram com dioctofimose e passaram por procedimento no ano de 2022. Os pacientes passarão por nova avaliação clínica para que se entenda as consequências da doença após tratamento. Será realizada anamnese a fim de coletar dados importantes para avaliação e realizados exames de urina, bioquímico, ultrassonografia e biópsia percutânea do rim, objetivando um diagnóstico preciso da funcionalidade dos néfrons.
Para aprofundamento das técnicas, antes do início do estudo com os pacientes, será realizado treinamento semanal com cadáveres para que a técnica de biópsia percutânea não guiada por ultrassom ocorra de maneira segura e pouco invasiva para os pacientes.


Fase 3: Tratamento clínico com Ivermectina/ Moxidectina

Fase 4: Procedimento cirúrgico e biópsia de rim contralateral

O procedimento cirúrgico para a retirada dos nematóides ocorrerá em todos os pacientes. Podendo ser realizada nefrectomia, retirada total do órgão ou nefrotomia, retirada do(s) Diocotophyme renale mantendo o órgão se o mesmo possuir indícios de funcionalidade.
Durante o transoperatório, será realizada também a retirada de um pequeno fragmento do rim contralateral, para que desta maneira possa ser realizada uma avaliação precisa da funcionalidade do rim restante e estadiar a doença renal do paciente. Permitindo assim, um tratamento e acompanhamento precoce para possíveis doenças renais crônicas.

Fase 5: Acompanhamento renal de pacientes submetidos a nefrectomia
Durante o estudo, será realizada uma pesquisa com pacientes que estiveram com dioctofimose e passaram por procedimento no ano de 2022. Os pacientes passarão por nova avaliação clínica para que se entenda as consequências da doença após tratamento. Será realizada anamnese a fim de coletar dados importantes para avaliação e realizados exames de urina, bioquímico, ultrassonografia e biópsia percutânea do rim, objetivando um diagnóstico preciso da funcionalidade dos néfrons.
Para aprofundamento das técnicas, antes do início do estudo com os pacientes, será realizado treinamento semanal com cadáveres para que a técnica de biópsia percutânea não guiada por ultrassom ocorra de maneira segura e pouco invasiva para os pacientes.


Referências

BARROS, Rafaela Magalhães et al. Dioctofimose Autóctone em cão filhote do Distrito Federal-Brasil: Relato de Caso. Brazilian Journal of Animal and Environmental Research, v. 5, n. 1, p. 1165-1171, 2022.

CAPELLA, G. A.; PINTO, N. B.; PERERA, S. C.; et al. Environmental contamination by parasitic forms in a socially vulnerable community in southern Rio Grande do Sul state: a serious public health problem. Brazilian Journal of Veterinary Research and Animal Science, v. 55, n. 2, p. 1-8, 2018.

CONTE, C.,RAPETTI, J. C.S, França, R. T., CAYE, P., SANZO, G. L., da Rocha Brito, G. O., ... & Meinerz, A. R. M. (2020). ACHADOS DE URINÁLISES DE 39 CÃES COM Dioctophyme renale. Science And Animal Health, 8(3), 177-187.

MILDEMBERGER, Amanda. Aspectos clínicos em cão com Dioctophyma renale: relato de caso. Aspectos clínicos em cão com Dioctophyma renale: relato de caso, 2021.

VALLE, B. S; CAYE, P.,SAPIN, C.F., SILVA, L. M. C., MIRANDA, J. V., BOFF, G. A., ... & GRECCO, F. B. (2022). Alterações anatomopatológicas e parâmetros bioquímicos séricos e urinários em cães com diagnóstico de Dioctophyme renale. Research, Society and Development, 11(12), e515111234874-e515111234874.

VEIGA, C. C. P., AZEVEDO, F. D., & SCOTT, F. B. (2011). Ultrassonografia e dopplervelocimetria na avaliação renal de cães parasitados por Dioctophyma renale – relato de caso. Brazilian Journal of Veterinary Medicine, 33(3), 151–154.

Indicadores, Metas e Resultados

Espera-se auxiliar na compreensão da patogenia da parasitose e estimar através do estadiamento das alterações anatomopatológicas, a viabilidade morfológica renal no momento do tratamento cirúrgico.

Equipe do Projeto

NomeCH SemanalData inicialData final
ALINE DO AMARAL
CRISTINA GEVEHR FERNANDES1
FABIANE BORELLI GRECCO1
FABRICIO DE VARGAS ARIGONY BRAGA1
GUSTAVO ANTÔNIO BOFF
JOSAINE CRISTINA DA SILVA RAPPETI1
JÚLIA VARGAS MIRANDA
LAÍS FORMIGA SILVA
LUÍSA GRECCO CORRÊA
MARLETE BRUM CLEFF1

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