Nome do Projeto
Protocolos de hidratação, parâmetros nutricionais e sinais de fadiga em atletas de rugby feminino
Ênfase
Pesquisa
Data inicial - Data final
01/08/2023 - 01/09/2025
Unidade de Origem
Coordenador Atual
Área CNPq
Ciências da Saúde
Resumo
O rugby é um esporte coletivo que demanda diversas respostas fisiológicas de seus jogadores, com a combinação de repetitivas corridas de alta intensidade e frequência de contatos, envolvendo membros superiores e inferiores. A ingestão adequada de líquidos, pode melhorar o desempenho para a primeira hora de exercício aeróbio de alta intensidade. Além disso, destaca-se o papel fundamental de uma nutrição específica e balanceada, especialmente quando se trata de atletas jovens, já que nessa fase a ingestão de energia adequada é essencial para atender às necessidades de crescimento e desenvolvimento, bem como as demandas de substrato associadas à atividade física geral, treinamento e competição. Sabe-se que uma alimentação inadequada pode desencadear diversos problemas de saúde, inclusive o aumento do risco de lesões, e que a desidratação pode reduzir a força em ~2%, a potência em ~3% e o endurance de alta intensidade em ~10% levando à fadiga. Dessa forma, o presente estudo tem como objetivo avaliar as respostas de diferentes protocolos de hidratação nos sinais de fadiga e relacionar com os parâmetros nutricionais em atletas de rugby feminino. Será realizado um estudo experimental com amostra estimada de 20 atletas da categoria juvenil de uma equipe de rugby feminino da cidade de Pelotas-RS. Serão implementadas três análises em dias de jogos simulados, em meses consecutivos: uma de observação controle, e dois protocolos alternados: de reposição hídrica e de reposição hidroeletrolítica (carboidrato e sódio). Será avaliada a fadiga por meio de testes de potência de membros inferiores, variabilidade da frequência cardíaca e escalas subjetivas de esforço e fadiga, além de análise dos parâmetros nutricionais por meio de questionário alimentar e massa corporal.

Objetivo Geral

Avaliar as respostas de diferentes protocolos de hidratação e de parâmetros nutricionais nos sinais de fadiga em atletas de rugby feminino.

Justificativa

A dissipação do calor gerada pela atividade física através da sudorese destaca-se como um importante mecanismo termorregulador, resultando em uma perda de líquido corporal secretado pelas glândulas sudoríparas na pele. A taxa de sudorese ocasionada pela atividade física, principalmente quando esta é realizada em um ambiente úmido, pode levar ao estado de desidratação. A desidratação é caracterizada pelo desequilíbrio hídrico do organismo e ocorre quando a perda de líquidos é maior que a sua ingestão.
O estresse do exercício é acentuado pela desidratação, que aumenta a temperatura corporal, prejudica as respostas fisiológicas e o desempenho físico, com riscos para a saúde. Segundo a Sociedade Brasileira de Medicina do Exercício e do Esporte (2009), esses efeitos podem ocorrer mesmo que a desidratação seja leve ou moderada, com até 2% de perda do peso corporal, agravando-se à medida que ela se acentua; com 1 a 2% de desidratação inicia-se o aumento da temperatura corporal em até 0,4ºC para cada percentual subsequente de desidratação; em torno de 3%, há redução importante do desempenho; com 4 a 6% pode ocorrer fadiga térmica e a partir de 6% existe risco de choque térmico, coma e morte. Identificar a melhor forma de hidratação no esporte de rendimento é essencial para potencializar rendimento e minimizar o risco de lesão.

Metodologia

Trata-se de um estudo experimental. A amostra é por conveniência, e é estimada em 20 atletas da categoria juvenil (todas as atletas disponíveis na equipe) de uma equipe de rugby feminino da cidade de Pelotas-RS.
O projeto Vem ser Rugby é um projeto da Escola Superior de Educação Física da Universidade Federal de Pelotas (UFPel), que visa promover atividades inclusivas e integração dos escolares no turno inverso, a partir da prática de esporte de alto rendimento do rugby. O Vem Ser Rugby seleciona meninas a partir dos 13 anos que apresentam alto nível de aptidão física relacionada ao desempenho motor. A seleção acontece dentro das escolas públicas da cidade, com o intuito de dar chance de desenvolver o máximo potencial das selecionadas para a prática da modalidade.
A abordagem às atletas será com a autorização da direção da Escola Superior de Educação Física (ESEF), sendo que os pesquisadores já trabalham com o grupo por meio da participação do Projeto Unificado Vem Ser Rugby, da ESEF. A amostra será composta pela totalidade da equipe participante do Vem Ser Rugby, a qual já está acostumada com a rotina de treinamento.
A pesquisa será dividida em três protocolos, a serem realizados em momentos distintos, onde cada um será executado uma única vez:
1) Protocolo de observação: Essa etapa será utilizada para descrever o percentual de perda hídrica e taxa de sudorese de cada atleta, afim de verificar a recomendação de reposição hídrica de forma individualizada para as intervenções. Considera-se que 1g corresponda a 1ml, podendo assim inferir a perda de líquidos corporais por valores equivalentes a perda massa corporal (ACSM, 2007).
2) Protocolo com reposição hídrica: O volume de água ofertado levará em consideração os valores de perda hídrica de cada atleta observados no protocolo anterior. A oferta hídrica estará dentro da faixa de recomendação do American College of Sports Medicine (1996) e da Sociedade Brasileira de Medicina do Esporte (SBME), que sugerem respectivamente os intervalos de 600 a 1200mL e 500 a 2000mL a cada uma hora de atividade física realizada.
3) Protocolo com reposição hidroeletrolítica: Nesse protocolo será adicionada a reposição de carboidrato (30-60g/h) e sódio (0,5-0,7g/h) juntamente à reposição hídrica, segundo as recomendações da SBME. Como não há orientações específicas para jovens, utilizaremos o limite inferior da recomendação.
O protocolo 1 será realizado de modo observacional com toda a amostra para coleta de peso corporal pré e pós-jogo e posterior análise individual para as próximas condutas, sem nenhuma intervenção de reposição hídrica. Os protocolos 2 e 3 seguirão um padrão randomizado, de forma que as atletas serão distribuídas em dois grupos. Dessa forma, na etapa 2 do estudo o Grupo A fará o protocolo 2 enquanto o Grupo B realizará o protocolo 3. Na última etapa será o inverso, o Grupo A fará o protocolo 3 e o Grupo B realizará o protocolo 2, garantindo que as atletas realizem todos os protocolos.
Para garantir que as atletas estejam na mesma fase do ciclo menstrual em ambas intervenções, os experimentos serão feitos no mesmo período do mês, em três meses consecutivos.
Para avaliar o nível de desidratação desencadeado pelo treinamento serão coletados os valores de massa corporal antes (MCpré) e após o treino (MCpós), para posterior cálculo do percentual de perda hídrica (%PH) e da taxa de sudorese (TS) (ACSM, 2007). A massa corporal será coletada através da pesagem das atletas. Será feito o cálculo do Índice de Massa Corporal (IMC) para posterior avaliação do estado nutricional.
Para a avaliação nutricional de adolescentes (≥ 10 anos e < 20 anos de idade) o Sistema de Vigilância Alimentar e Nutricional (SISVAN) recomenda a adoção da referência proposta pela Organização Mundial de Saúde (OMS) em 2007, que indica os índices antropométricos IMC para idade e altura para idade, como apresentado na Tabela 3 (DE ONIS et al., 2007; BRASIL, 2011). O índice antropométrico IMC para a idade é recomendado internacionalmente para diagnóstico individual e coletivo dos distúrbios nutricionais na adolescência e o índice de estatura por idade para a avaliação do crescimento linear (BRASIL, 2011). Nos protocolos de reposição hídrica e hidroeletrolítica os líquidos começarão a ser ofertados nos 15 primeiros minutos de jogo. Para completar a reposição hídrica total durante o treinamento, serão respeitados os intervalos de 15-20 minutos entre as ofertas.
Os protocolos serão submetidos em dias de jogos simulados, o qual tem como característica alta carga de treino, próxima a máxima. O processo de construção do jogo simulado baseia-se em ações individuais do jogo de rugby, bem como o passe (PA), a recepção (RC), o offload (OFF), o duelo (DU) e o tackle (TA) e a seleção dos componentes de desempenho técnico-tático (CDTT), tal qual a tomada de decisão (TD), a eficiência (EFE) e a eficácia (EFA). A escolha dos mesmos se justifica pela complexidade da modalidade, bem como a importância deles para a análise do desempenho técnico-tático individual. A tabela 2, elaborada por Da Silva (2022), apresenta a definição dos termos das ações individuais do rugby e dos CDTT que serão utilizados.
Inicialmente, será aplicado um questionário de caracterização da amostra com perguntas sobre idade, escolaridade, cor da pele, data da última menstruação, data de ingresso na equipe, uso de medicamentos, e ingestão diária de água, afim de observar como é composto o grupo de atletas participantes do estudo. Com relação a ingestão diária de água, será solicitado que a entrevistada considere a água que bebe em sucos naturais de fruta e chás sem açúcar, não devendo considerar café, chá preto, chá mate, chimarrão, sucos industrializados e refrigerantes.
Nesse mesmo momento também será aplicado o Questionário de Frequência Alimentar (QFA), um método de inquérito alimentar utilizado em investigações epidemiológicas para coletar informações sobre consumo alimentar e dietético. O QFA do ISACAMP-NUTRI foi formulado por Filho e colaboradores (2014) com base nos marcadores de qualidade alimentar utilizados nas pesquisas, VIGITEL (Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico), PeNSE (Pesquisa Nacional de Saúde do Escolar) e EpiFloripa (Condições de Saúde de Adultos e Idosos de Florianópolis). Os demais indicadores incluídos foram baseados na expertise da equipe de pesquisadores do inquérito (FILHO et al., 2014). Serão utilizadas as medidas antropométricas previamente realizadas com a equipe para análise de massa corporal e circunferências.
Nos dias de coleta de dados, as atletas serão orientadas a chegar trinta minutos antes do início da sessão de treinamento para a aplicação da Subjective Fatigue Scale (SFS) e avaliação da Percepção Subjetiva de Esforço (PSE). A SFS é um questionário autoaplicável que avalia subjetivamente o bem-estar geral por meio do escore de índices de, qualidade do sono, dores musculares, níveis de estresse e humor (MCLEAN et al., 2010). Esse instrumento também será aplicado no dia seguinte, antes do próximo treinamento. A PSE também será utilizada após a sessão de treinamento e no dia seguinte, onde as atletas avaliarão subjetivamente o seu esforço, variando entre 1 (descanso) e 10 (esforço máximo), sendo esta percepção o resultado de uma interação de fatores biológicos, externos e estado psicológico (MOALLA et al., 2016; SANCHEZ-SANCHEZ et al., 2017). Nesse estudo será utilizada a escala CR-10 de Borg.
Ainda antes do treinamento, será feito o monitoramento da variabilidade da frequência cardíaca (VFC) em repouso. A coleta da VFC será feita por meio do aplicativo ELITE HRV, durará cinco minutos e ocorrerá em uma sala previamente preparada, com um ambiente que possibilite o repouso. A VFC será novamente medida no dia seguinte, antes do próximo treinamento.
Para a análise de potência de membros inferiores, será adotado o Counter Movement Jump (CMJ) por meio de tapete de contato JUMP SYSTEM®, NOVA ODESSA, BRAZIL, antes, após 1 hora do treinamento e no dia seguinte (período antes do treinamento). O CMJ será realizado com os pés descalços e com as mãos na cintura (teste de reprodutibilidade-reteste de r=0,93) (MARKOVIC et al., 2004). O CMJ em conjunto com a equação preditiva: Potência (W) = 54.2*altura de salto (cm) + 34.4*massa corporal (kg) – 1520.4, proposta por Gomez-Bruton et al. (2019), que exibe r=0,978 quando comparada a outras 12 equações preditivas previamente validadas. Serão realizadas três tentativas, sendo contabilizado o maior resultado do teste.

Indicadores, Metas e Resultados

- O percentual de perda hídrica e a taxa de sudorese serão respectivamente menores nos protocolos de reposição hídrica e hidroeletrolítica, quando comparado ao protocolo 1;
- Atletas classificadas como eutróficas (≥ Percentil 3 e ≤ Percentil 85) e com percentual de gordura adequado apresentarão menor fadiga;
- Atletas com hábitos alimentares baseados em alimentos ultraprocessados apresentarão maior fadiga;
- Espera-se uma VFC alta (melhor modulação do SNA, com predomínio do sistema parassimpático) nos protocolos com reposição hídrica e hidroeletrolítica, quando comparado ao protocolo 1;
- A baixa VFC estará relacionada com maiores escores de fadiga e maior PSE;
- A PSE será menor nos protocolos com reposição hídrica e hidroeletrolítica, quando comparado ao protocolo 1;
- O desgaste no teste de PMI será menor nos protocolos com reposição hídrica e hidroeletrolítica, quando comparado ao protocolo 1;
- O bem-estar geral será maior nos protocolos com reposição hídrica e hidroeletrolítica, quando comparado ao protocolo 1.

Equipe do Projeto

NomeCH SemanalData inicialData final
ANNA LUISA FISCHER KLUG
BRUNO ESPEL CALLEARI
CAROLINA CORRÊA DE SOUZA
GUSTAVO DIAS FERREIRA2
LAVINIA VITORIA DEMARI JARDIM
LUCIELEN INSAURRIAGA DA SILVA
MURILO SCHELLIN CANEZ
RAFAEL ABREU RIBEIRO
RAFAEL GRASSI FEHLBERG

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