Nome do Projeto
EXPERIÊNCIAS ADVERSAS, DESFECHOS CARDIOMETABÓLICOS NA VIDA ADULTA E OBESIDADE DOS FILHOS
Ênfase
Pesquisa
Data inicial - Data final
30/11/2023 - 28/02/2026
Unidade de Origem
Coordenador Atual
Área CNPq
Ciências da Saúde
Resumo
Devido à mudança de hábitos e do estilo de vida da população nos últimos anos, é
crescente o número de casos de Doenças Crônicas Não Transmissíveis, como
hipertensão arterial, diabetes ou obesidade. Elas contribuem para o aumento da
mortalidade, para a diminuição das capacidades funcionais e da qualidade de vida
das pessoas. Essas são doenças multifatoriais, que podem ter origem na infância.
Pesquisas têm demonstrado que diferentes sistemas do organismo (nervoso,
endócrino e imunológico) e condições de vida específicas estão relacionados a
esses desfechos de saúde, em diferentes idades. Desde a década de 1990,
estudos têm evidenciado que situações estressantes e/ou adversas podem
contribuir para a ocorrência dessas doenças, em especial, quando vivenciadas no
início da vida. Indivíduos expostos a diferentes tipos de experiências adversas
(abuso físico, sexual ou emocional, negligência física, emocional e outras), podem
apresentar maiores chances de serem obesos e/ou hipertensos, e/ou diabéticos, e
de desenvolverem comportamentos de risco à saúde na vida adulta e, ainda, de
sua prole ser afetada (apresentando problemas de saúde física e mental) em
decorrência das exposições parentais – transmissão intergeracional. Poucos são
os estudos que investigaram, longitudinalmente, essas associações em países
cujas desigualdades econômicas são maiores, o que inviabiliza conhecer o perfil
de exposição das vítimas e o desenvolvimento de políticas de saúde pública
adequadas para esses contextos, onde as exposições e as inequidades em saúde
tendem a ser maiores. Este projeto tem como objetivo propor a realização de três
artigos, buscando: 1) descrever o perfil de exposição dos participantes às
experiências adversas vivenciadas até a vida adulta; 2) investigar a associação
entre experiências adversas vivenciadas na adolescência, desfechos
cardiometabólicos (obesidade, hipertensão arterial e diabetes) na vida adulta e
seus potenciais mediadores; e 3) explorar a associação entre exposição materna a
experiências adversas e obesidade na prole. Serão utilizados dados dos
acompanhamentos realizados no perinatal, aos 11, 15, 18, 22 e 30 anos dos
pertencentes à Coorte de Nascimentos de 1993, Pelotas – RS, e do segundo
acompanhamento dos membros da segunda geração dessa coorte.
Objetivo Geral
Investigar o perfil de exposição a experiências adversas vivenciadas por
participantes da Coorte de Nascimentos de 1993, Pelotas-RS, avaliar as
associações entre essas exposições e a ocorrência de desfechos
cardiometabólicos (hipertensão arterial, diabetes, composição corporal e
obesidade) em adultos jovens pertencentes à Coorte de Nascimento de 1993,
Pelotas-RS, e explorar a associação entre experiências adversas maternas e a
ocorrência da obesidade na prole.
participantes da Coorte de Nascimentos de 1993, Pelotas-RS, avaliar as
associações entre essas exposições e a ocorrência de desfechos
cardiometabólicos (hipertensão arterial, diabetes, composição corporal e
obesidade) em adultos jovens pertencentes à Coorte de Nascimento de 1993,
Pelotas-RS, e explorar a associação entre experiências adversas maternas e a
ocorrência da obesidade na prole.
Justificativa
Conhecer e analisar, ao longo do tempo, dados e informações relacionados
à morbidade e à mortalidade, é um processo crucial para a tomada de decisões
pertinentes a ações e políticas de saúde púbica (Ferreira et al., 2018). Desde os
primeiros estudos relacionados às experiências adversas (Felitti et al., 1998) é
destacada a importância de que elas sejam consideradas causas básicas de
morbidade e mortalidade, uma vez que a passagem do tempo poderá não curar
determinados traumas vivenciados na infância e que estas exposições são fatores
que contribuem para piores condições de saúde (Felitti et al., 1998).
Estima-se que aproximadamente 30% das mortes mundiais são decorrentes
de desfechos cardiovasculares, dentre eles: hipertensão arterial, diabetes e
obesidade, sendo 46% destas mortes em pessoas em plena idade produtiva de
vida (World Health Organization, 2007a). Deste modo, as Doenças Crônicas Não-
Transmissíveis (DCNT) têm representado importante ameaça à saúde da
população mundial. Os fatores de risco cardiovasculares (alterações no
metabolismo da glicose, hipertensão arterial e obesidade), que antes eram um
problema de saúde em países de média e alta renda, hoje afetam também os mais
jovens e preocupam os sistemas de saúde do mundo, em especial, dos países em
crescimento ou de baixa renda (Ferreira et al., 2009; World Health Organization,
2002).
Considerando as mudanças de hábitos e o aumento da longevidade da
população, monitorar o estado de saúde de homens e mulheres jovens, identificar
e conhecer melhor os fatores pouco avaliados que contribuem para o
desenvolvimento destas doenças de forma precoce, torna-se crucial que ações de
saúde possam ser realizadas a fim de mitigar seus impactos na saúde e na
qualidade de vida das pessoas (Ferreira et al., 2018).
Uma vez que populações de média e baixa renda também são acometidas
pelos desfechos deste projeto e que as experiências adversas contribuem de forma
significativa para o aumento do risco de desenvolvê-los (conforme apresentado na
revisão de literatura), esta é uma temática que necessita ser mais explorada.
Apesar de ser uma antiga demanda científica (Felitti, 1993), investigar a relação
entre mais de um tipo de experiências adversas e os problemas de saúde tem sido
um desafio recentemente pouco explorado (Godoy et al., 2021).
Nos últimos anos este cenário vem mudando. Estudos que avaliam a relação
entre vários tipos de experiências adversas e desfechos de saúde ao longo do
tempo, ou ainda, a influência destas exposições em relação aos genes dos
indivíduos e a transmissão intergeracional de seus danos à saúde têm sido
desenvolvidos (Dunn et al., 2019; Godoy et al., 2021; Oh et al., 2018; Shonkoff et
al., 2012). Entretanto, estas pesquisas permanecem centradas em países de média
e alta renda e, de modo geral, não avaliam mais de uma doença.
Assim, explorar este cenário em países de baixa e média renda torna-se
fundamental (Basu et al., 2017), visto que: 1) Nestes contextos as famílias tendem
a apresentar maiores prevalências de experiências adversas (Allen et al., 2019); 2)
A desigualdade social é um fator que pode contribuir para que essas populações
estejam mais suscetíveis ao desenvolvimento de DCNT e outros problemas de
saúde ao longo da vida (Chu; Chu, 2021); e 3) A percepção das pessoas sobre
diferentes tipos violências e experiências adversas tem mudado pela maior
disseminação em mídias destes problemas socioculturais/familiares – fato que
pode ter repercussão na saúde não só mental
à morbidade e à mortalidade, é um processo crucial para a tomada de decisões
pertinentes a ações e políticas de saúde púbica (Ferreira et al., 2018). Desde os
primeiros estudos relacionados às experiências adversas (Felitti et al., 1998) é
destacada a importância de que elas sejam consideradas causas básicas de
morbidade e mortalidade, uma vez que a passagem do tempo poderá não curar
determinados traumas vivenciados na infância e que estas exposições são fatores
que contribuem para piores condições de saúde (Felitti et al., 1998).
Estima-se que aproximadamente 30% das mortes mundiais são decorrentes
de desfechos cardiovasculares, dentre eles: hipertensão arterial, diabetes e
obesidade, sendo 46% destas mortes em pessoas em plena idade produtiva de
vida (World Health Organization, 2007a). Deste modo, as Doenças Crônicas Não-
Transmissíveis (DCNT) têm representado importante ameaça à saúde da
população mundial. Os fatores de risco cardiovasculares (alterações no
metabolismo da glicose, hipertensão arterial e obesidade), que antes eram um
problema de saúde em países de média e alta renda, hoje afetam também os mais
jovens e preocupam os sistemas de saúde do mundo, em especial, dos países em
crescimento ou de baixa renda (Ferreira et al., 2009; World Health Organization,
2002).
Considerando as mudanças de hábitos e o aumento da longevidade da
população, monitorar o estado de saúde de homens e mulheres jovens, identificar
e conhecer melhor os fatores pouco avaliados que contribuem para o
desenvolvimento destas doenças de forma precoce, torna-se crucial que ações de
saúde possam ser realizadas a fim de mitigar seus impactos na saúde e na
qualidade de vida das pessoas (Ferreira et al., 2018).
Uma vez que populações de média e baixa renda também são acometidas
pelos desfechos deste projeto e que as experiências adversas contribuem de forma
significativa para o aumento do risco de desenvolvê-los (conforme apresentado na
revisão de literatura), esta é uma temática que necessita ser mais explorada.
Apesar de ser uma antiga demanda científica (Felitti, 1993), investigar a relação
entre mais de um tipo de experiências adversas e os problemas de saúde tem sido
um desafio recentemente pouco explorado (Godoy et al., 2021).
Nos últimos anos este cenário vem mudando. Estudos que avaliam a relação
entre vários tipos de experiências adversas e desfechos de saúde ao longo do
tempo, ou ainda, a influência destas exposições em relação aos genes dos
indivíduos e a transmissão intergeracional de seus danos à saúde têm sido
desenvolvidos (Dunn et al., 2019; Godoy et al., 2021; Oh et al., 2018; Shonkoff et
al., 2012). Entretanto, estas pesquisas permanecem centradas em países de média
e alta renda e, de modo geral, não avaliam mais de uma doença.
Assim, explorar este cenário em países de baixa e média renda torna-se
fundamental (Basu et al., 2017), visto que: 1) Nestes contextos as famílias tendem
a apresentar maiores prevalências de experiências adversas (Allen et al., 2019); 2)
A desigualdade social é um fator que pode contribuir para que essas populações
estejam mais suscetíveis ao desenvolvimento de DCNT e outros problemas de
saúde ao longo da vida (Chu; Chu, 2021); e 3) A percepção das pessoas sobre
diferentes tipos violências e experiências adversas tem mudado pela maior
disseminação em mídias destes problemas socioculturais/familiares – fato que
pode ter repercussão na saúde não só mental
Metodologia
DELINEAMENTO
Os três artigos propostos apresentam delineamento longitudinal, utilizando
dados da primeira e segunda geração da Coorte de Nascimentos de 1993, Pelotas-
RS.
POPULAÇÃO
COORTE DE NASCIMENTOS DE 1993, PELOTAS – RS
Com base nos objetivos e hipóteses delimitados pelo grupo de
pesquisadores, nas metodologias utilizadas e nos dados obtidos a partir do primeiro
estudo longitudinal de Coorte desenvolvido em Pelotas-RS (Coorte de Nascimentos
de 1982), 11 anos depois foi criada a Coorte de Nascimentos de 1993, Pelotas-RS.
Neste contexto, e, acrescido do conhecimento das mudanças epidemiológicas e
nutricionais ocorridas nesse período, o objetivo inicial da Coorte de Nascimentos
de 1993 foi investigar e identificar longitudinalmente as janelas críticas, as
exposições e os indicadores e desfechos de saúde maternos-infantis relacionados
ao desenvolvimento de doenças e outros indicadores comportamentais e de saúde,
por meio de um comparativo entre as populações locais e outras (Victora et al.,
2008).
Os três artigos propostos apresentam delineamento longitudinal, utilizando
dados da primeira e segunda geração da Coorte de Nascimentos de 1993, Pelotas-
RS.
POPULAÇÃO
COORTE DE NASCIMENTOS DE 1993, PELOTAS – RS
Com base nos objetivos e hipóteses delimitados pelo grupo de
pesquisadores, nas metodologias utilizadas e nos dados obtidos a partir do primeiro
estudo longitudinal de Coorte desenvolvido em Pelotas-RS (Coorte de Nascimentos
de 1982), 11 anos depois foi criada a Coorte de Nascimentos de 1993, Pelotas-RS.
Neste contexto, e, acrescido do conhecimento das mudanças epidemiológicas e
nutricionais ocorridas nesse período, o objetivo inicial da Coorte de Nascimentos
de 1993 foi investigar e identificar longitudinalmente as janelas críticas, as
exposições e os indicadores e desfechos de saúde maternos-infantis relacionados
ao desenvolvimento de doenças e outros indicadores comportamentais e de saúde,
por meio de um comparativo entre as populações locais e outras (Victora et al.,
2008).
Indicadores, Metas e Resultados
HIPÓTESES
Artigo 1: Exposição a experiências adversas vivenciadas por participantes da
Coorte de Nascimentos de 1993, Pelotas, RS até a vida adulta: um estudo
descritivo.
- As maiores prevalências de exposições a experiências adversas até a
adolescência serão observadas em: meninas, pessoas não brancas e em
pertencentes a níveis socioeconômicos mais baixos (independente do sexo);
- Aos 30 anos, as experiências adversas serão mais relatadas por pessoas
(principalmente mulheres) pertencentes a níveis socioeconômicos mais
altos.
Artigo 2: Experiências adversas na adolescência e hipertensão arterial, diabetes,
composição corporal e obesidade aos 30 anos em participantes da Coorte de
Nascimentos de 1993, Pelotas-RS.
- Não haverá associação entre exposição a qualquer experiência adversa e
os desfechos cardiometabólicos para ambos os sexos;
- Haverá associação positiva somente entre abusos físico e sexual,
negligência emocional e discriminação com a obesidade para ambos os
sexos, sendo mais forte no sexo feminino;
- Haverá associação positiva apenas entre abusos físico e sexual e
negligência emocional com a diabetes e a hipertensão arterial no sexo
feminino;
- Haverá associação positiva entre o número de experiências adversas e a
obesidade e diabetes no sexo feminino e hipertensão arterial em ambos os
sexos.
Artigo 3: Associação entre experiências adversas maternas na adolescência e
obesidade na prole dos pertencentes à Coorte de Nascimentos de 1993, Pelotas,
RS.
- Haverá associação positiva entre abusos físico e sexual, dificuldade
financeira, violência doméstica e separação dos pais vivenciadas pela mãe
e a obesidade de seu primeiro filho;
- Haverá associação positiva entre o número de experiências adversas
vivenciadas pela mãe e a obesidade de seu primeiro filho;
- A magnitude das associações entre experiências adversas e obesidade do
primeiro filho será similar entre mães obesas e não obesas.
Artigo 1: Exposição a experiências adversas vivenciadas por participantes da
Coorte de Nascimentos de 1993, Pelotas, RS até a vida adulta: um estudo
descritivo.
- As maiores prevalências de exposições a experiências adversas até a
adolescência serão observadas em: meninas, pessoas não brancas e em
pertencentes a níveis socioeconômicos mais baixos (independente do sexo);
- Aos 30 anos, as experiências adversas serão mais relatadas por pessoas
(principalmente mulheres) pertencentes a níveis socioeconômicos mais
altos.
Artigo 2: Experiências adversas na adolescência e hipertensão arterial, diabetes,
composição corporal e obesidade aos 30 anos em participantes da Coorte de
Nascimentos de 1993, Pelotas-RS.
- Não haverá associação entre exposição a qualquer experiência adversa e
os desfechos cardiometabólicos para ambos os sexos;
- Haverá associação positiva somente entre abusos físico e sexual,
negligência emocional e discriminação com a obesidade para ambos os
sexos, sendo mais forte no sexo feminino;
- Haverá associação positiva apenas entre abusos físico e sexual e
negligência emocional com a diabetes e a hipertensão arterial no sexo
feminino;
- Haverá associação positiva entre o número de experiências adversas e a
obesidade e diabetes no sexo feminino e hipertensão arterial em ambos os
sexos.
Artigo 3: Associação entre experiências adversas maternas na adolescência e
obesidade na prole dos pertencentes à Coorte de Nascimentos de 1993, Pelotas,
RS.
- Haverá associação positiva entre abusos físico e sexual, dificuldade
financeira, violência doméstica e separação dos pais vivenciadas pela mãe
e a obesidade de seu primeiro filho;
- Haverá associação positiva entre o número de experiências adversas
vivenciadas pela mãe e a obesidade de seu primeiro filho;
- A magnitude das associações entre experiências adversas e obesidade do
primeiro filho será similar entre mães obesas e não obesas.
Equipe do Projeto
Nome | CH Semanal | Data inicial | Data final |
---|---|---|---|
BRUNA GONÇALVES CORDEIRO DA SILVA | 1 | ||
HELEN DENISE GONCALVES DA SILVA | 4 | ||
Ingrid Medeiros Lessa |