Nome do Projeto
Sul-Sur Fairtrade - Cooperativa Júnior (2024-2025)
Ênfase
Extensão
Data inicial - Data final
29/01/2024 - 19/12/2025
Unidade de Origem
Coordenador Atual
Área CNPq
Ciências Sociais Aplicadas
Eixo Temático (Principal - Afim)
Tecnologia e Produção / Meio ambiente
Linha de Extensão
Empreendedorismo
Resumo
'Fair Trade International' é um movimento que articula (i) organizações econômicas de pequenos produtores (associações e cooperativas, rurais e urbanas) da América Latina, África e Ásia, e (ii) organizações diversas de consumidores (associações, ONG's) dos países 'desenvolvidos', com o objetivo de promover formas de comércio internacional baseadas em valores éticos relacionados ao desenvolvimento humano: solidariedade internacional, desenvolvimento local, sustentabilidade, promoção da cidadania, diversidade, empoderamento feminino, direitos sociais e humanos [1]. A pauta de produtos comercializados é variada, mas a maioria deles tem origem nas áreas da agroecologia (produção orgânica) e artesanato. Suas primeiras experiências remontam à década de 1950, mas sua estruturação em organizações internacionais amplas e reconhecidas ocorreu a partir da década de 1980, com a fundação da 'World Fair Trade Organization' (WFTO) [2], em 1989, e da 'Fairtrade Labelling Organizations International' (FLO-International) [3], em 1997. Atualmente, o Fair Trade agrupa cerca de 1900 organizações produtivas, com cerca de 2,1 milhões de famílias, movimentando aproximadamente 8 bilhões de euros anualmente em exportações destinadas a 'lojas de comércio justo' (cerca de 750) e espaços convencionais de comércio, presentes em cerca de 25 países da América do Norte, Europa, Japão e Oceania [2]. No Brasil, há apenas cerca de 50 organizações produtivas certificadas, embora o potencial de participação seja muito maior, já que o último levantamento oficial (2013) identificou cerca de 19,1 mil empreendimentos econômicos solidários, comportando aproximadamente 2,2 milhões de associadas/dos [4]. Há uma numerosa e relevante literatura científica sobre o tema, especialmente na Europa e América do Norte, mas também nos países 'em desenvolvimento', além de políticas públicas. Por outro lado, a formação da CLAC ('Coordinadora Latinoamericana de Comercio Justo'), fundada em 2004, estabeleceu como uma de suas metas a ampliação do 'comércio justo sul-sul', com o objetivo de alargar as oportunidades de mercado das organizações de produtores latino-americanos e reduzir sua dependência frente à solidariedade dos consumidores do 'norte global'. Mas houve poucos avanços nesta área [5]. A constituição da 'Sul-Sur Fair Trade - Cooperativa Júnior', como 'empresa júnior' regulada nos termos da Resolução 26/2019 do CONSUN, visa oportunizar experiências acadêmicas e profissionais relacionadas ao comércio internacional, no âmbito do 'Movimento Fair Trade', a partir de parcerias com universidades de outros países do Mercosul, bem como com cooperativas de produtores solidários e com organizações de consumidores éticos do Brasil e dos países vizinhos.

Objetivo Geral

Assessorar organizações cooperativas e da sociedade civil interessadas em desenvolver intercâmbios comerciais internacionais segundo os princípios do Movimento Internacional do Comércio Justo (Fair Trade International), estimulando a aproximação entre atores e oferecendo suporte técnico nas áreas de exportação, importação, comunicação, formação, certificação e aspectos jurídicos e normativos.

Justificativa

O relativo atraso econômico dos países 'em desenvolvimento' tem sua origem histórica nos processos de expansão colonialista de países europeus entre os séculos XVI e XIX e que foi redesenhado pelas relações econômicas internacionais durante e após as 'guerras mundiais' do século XX.
O comércio internacional, tal qual se apresenta hoje, tem sido objeto de vivo debate acerca de seus efeitos sobre a capacidade de desenvolvimento econômico e humano dos países do Sul Global, como o Brasil [6]. Em que pese os mitos e os preconceitos presentes neste debate, nenhuma corrente teórica econômica relevante defende (ou defendeu, em algum momento passado) a supressão do comércio internacional. O que o debate opõe são os posicionamentos relativos às condições econômicas nas quais os intercâmbios se realizam e/ou que deveriam se realizar.
As correntes teóricas liberais defendem o princípio de que o 'livre mercado' constitui um mecanismo 'natural', 'justo' e 'autorregulado', que leva a comunidade internacional - 'no longo prazo' - à superação das graves desigualdades internacionais, fazendo convergir preços, capacidades e resultados. As correntes teóricas heterodoxas (estruturalistas, desenvolvimentistas ou marxistas) sustentam a necessidade de que o comércio internacional seja realizado sob regulações internacionais direcionadas à redução das assimetrias econômicas, tecnológicas e políticas que estão - segundo essas perspectivas - na origem das desigualdades internacionais [7].
As organizações do movimento internacional Fair Trade compartilham das concepções heterodoxas e se estruturam como uma experiência econômica que visa demonstrar as possibilidades e os resultados de um comércio internacional pautado por um esforço consciente e planejado de empoderamento econômico, social e político de organizações associativas de pequenos produtores rurais e urbanos dos países 'em
desenvolvimento', ou seja, das pessoas que são as menos beneficiadas (senão até as mais prejudicadas) pela estrutura desigual do comércio internacional convencional, identificado com os princípios liberais da globalização oligopólica representados pelo pensamento hegemônico e pela ação da Organização Mundial do Comércio [8].
Considera-se extremamente positivo o fato de que estudantes da área de Relações Internacionais demonstrem interesse em estudar e compreender as diferentes nuances do comércio internacional, mas sobretudo, que tenham manifestado interesse em experimentar ações concretas relacionadas ao tema, ainda durante seu curso de graduação.
Trata-se de oportunidade importante para que a UFPel inscreva-se no coletivo de instituições universitárias latino-americanas que contribuem ativamente para a expansão e desenvolvimento do comércio justo no continente latino-americano [9], além de configurar um laboratório especialíssimo para a formação de nossos estudantes.

Metodologia

A proposta metodológica do projeto se apoia em três áreas fundamentais:
1. A articulação com outros projetos da UFPel relacionados aos temas da economia solidária, cooperativismo e consumo responsável, em especial com o projeto 'Grupo de estudos sobre Comércio Justo Internacional (Fair Trade)' - em vias de submissão.
2. A articulação com equipes de universidades parceiras relacionadas ao tema do Comércio Justo Internacional, especialmente com a Universidad Nacional de Quilmes (Argentina), a Universidad Católica del Maule (Chile) e a Universidad de la República (Uruguay).
3. A busca ativa por organizações brasileiras que demonstrem interesse no tema-objeto do projeto, sejam elas cooperativas de pequenos produtores que desejem exportar produtos da economia solidária para países do Mercosul, sejam elas organizações de consumo responsável interessadas em importar produtos da economia solidária dos outros países do bloco.
Neste sentido, o projeto contará com reuniões gerais (RG) a cada quinzena, nas quais os grupos de trabalho (GTs) deverão apresentar informes sobre seu andamento, de forma a identificar pontos de contato entre eles e coordenar suas ações.
Os GTs, por sua vez, vão operar em condições de relativa autonomia, dentro do planejamento construído nas RGs. Os GTs, por sua vez, serão quatro (4): exportação, importação, comunicação e jurídico, obedecendo aos objetivos indicados nas ações previstas do Projeto.
Em todas as instâncias de planejamento e ação, os coletivos vão trabalhar a partir dos princípios da autogestão e da cooperação.
O fundamento teórico-metodológico geral do projeto está vinculado à proposta da Pesquisa-Ação Cooperativa (PA-C), conforme formulada por Henri Desroches e discutida e difundida posteriormente por Michel Thiollent [10]. Resumidamente, a PA-C opera sob a perspectiva da imbricação interessada de 'atores-sujeito' (pessoal universitário) e de 'atores-objeto' (organizações sociais) da pesquisa, em que diagnósticos e avaliações são construídos de forma compartilhada, enquanto as ações sociais são desenvolvidas de forma colaborativa entre os grupos sociais envolvidos.

Indicadores, Metas e Resultados

Os INDICADORES estão relacionados ao objeto da ações planejadas e das áreas de atuação e são os seguintes:
(I) AÇÕES
(I.1.) Exportação
- número de organizações contactadas e consultadas;
- número de organizações aderidas aos processos relativos ao projeto;
- número, volume e valor de operações realizadas pelas organizações assessoradas pelo projeto.
(I.2.) Importação
- número de organizações contactadas e consultadas;
- número de organizações aderidas aos processos relativos ao projeto;
- número, volume e valor de operações realizadas pelas organizações assessoradas pelo projeto.
(I.3.) Comunicação
- número de artefatos comunicacionais formatados e veiculados
- número de visualizações comprovadas e/ou estimadas dos artefatos veiculados
(I.4) Jurídico
- número de pareceres e orientações jurídicas realizadas
- conformação de parâmetros de certificação de produtos com o Selo Fair Trade ou de adequação do Selo Fair Trade ao comércio justo sul-sul.
II. ÁREAS DE ATUAÇÃO
(II.1.) Articulação com outros projetos da UFPel
- reuniões realizadas e ações constituídas conjuntamente
(II.2.) Articulação com universidades estrangeiras
- reuniões realizadas e ações constituídas conjuntamente
(II.3.) Busca ativa por organizações brasileiras
- mapeamento e identificação das organizações possivelmente interessadas.

As METAS projetadas são as seguintes:
- contatos e consultas a pelo menos 20 cooperativas de pequenos produtores;
- adesão de pelo menos 2 (duas) cooperativas a projetos de intercâmbio;
- contatos e consultas a pelo menos 40 organizações de consumidores;
- adesão de pelo menos 8 (oito) organizações de consumidores a projetos de intercâmbio;
- realização de ao menos 2 (duas) operações de exportação assessoradas pelo projeto;
- realização de ao menos 2 (duas) operações de importação assessoradas pelo projeto;
- gereação de pelo menos 20 artefatos comunicacionais relacionados ao projeto;
- pelo menos 10.000 visualizações comprovadas de artefatos comunicacionais gerados;
- emissão de pelo menos 10 pareceres jurídicos em resposta a consultas das organizações vinculadas;
- proposta formal apresentada em conjunto com as instituições parceiras internacionais para certificação específica de comércio justo sul-sul;
- realização de seminário internacional (de caráter presencial, híbrido ou remoto, a depender das condições de possibilidade) para discussão sobre as condições de funcionamento do comércio justo sul-sul.

RESULTADOS ESPERADOS
(i) que a equipe do projeto possa experimentar o acompanhamento / assessoramento efetivo de processos de intercâmbio comercial internacional no âmbito do Movimento do Comércio Justo;
(ii) que as experiências constituam aprendizado suficiente para os egressos que tenham participado do projeto possam desenvolver atividades profissionais nesta área específica;
(iii) que as experiência realizadas permitam constituir um campo de reflexão teórica acerca das possibilidades do Comércio Justo Sul-Sul.

Equipe do Projeto

NomeCH SemanalData inicialData final
ANGELO MIGUEL DO AMARAL LOPES
ANTONIO CARLOS MARTINS DA CRUZ5
CAIO FERNANDO DA SILVA
JOAO VITOR PADILHA BAPTISTA
LARA CORREA DA SILVA FARINA
LIARA LUIZA DURIGON POZZOBON
LUANA GOMES LASMAR
MARIANA CORLASSOLI
PAULA DE GUIMARÃES DIMER
PAULA GEORDANA HAHN
PEDRO HENRIQUE GOMES MONTEIRO
RAFAEL PENNING DAS NEVES

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