Nome do Projeto
Associação longitudinal entre as características do ambiente construído e atividade física em adultos de 40 anos da Coorte de Nascimentos de Pelotas de 1982.
Ênfase
Pesquisa
Data inicial - Data final
19/12/2023 - 28/02/2025
Unidade de Origem
Coordenador Atual
Área CNPq
Ciências da Saúde
Resumo
A atividade física é um comportamento importante para a saúde em nível individual e populacional. Contudo, grande parte da população não atinge as recomendações da Organização Mundial da Saúde referente a prática de atividade física. Trata-se de um comportamento multifatorial, influenciado por determinantes políticos, econômicos, sociais e ambientais. Dentre os determinantes ambientais da atividade física, há o ambiente construído, que são espaços físicos construídos por pessoas, como as ruas, parques, espaços públicos de lazer, entre outros. A literatura atual tem evidenciado a associação entre o ambiente construído e a atividade física de acordo com o domínio de prática. Contudo, ainda há lacunas das evidências da associação do ambiente construído com a atividade física, devido a diversidade de características ambientais analisadas em diferentes estudos, população estudada e a predominância de delineamento transversal. Assim, o objetivo deste trabalho é verificar a associação das características do ambiente construído no entorno da residência de adultos pertencentes à Coorte de Nascimentos de Pelotas de 1982 aos 30 anos, com seus níveis de atividade física de lazer e deslocamento aos 40 anos. Nesse sentido, o estudo terá delineamento longitudinal com amostra dos adultos dessa coorte nos acompanhamentos dos 30 e 40 anos. A coorte acompanha todos os nascidos vivos em 1982 ao longo do ciclo vital, avaliando aspectos de saúde por meio de exames, questionários, testes físicos e psicológicos. Serão analisados dados do ambiente construído quando os participantes tinham 30 anos, levando em consideração uma área (buffer) de 500m e 1000m do entorno da residência dos participantes, avaliando características de conectividade entre as ruas, existência e qualidade dos espaços públicos de lazer, ciclovias e ciclofaixas, walkability index, densidade populacional, renda familiar média per capita e as características do entorno do domicílio, como iluminação pública e calçadas. Para a atividade física coletada aos 40 anos, será utilizado dados de autorrelato do International Physical Activity Questionnaire, em relação aos domínios de deslocamento, lazer e atividade física total, e também, medida objetiva oriunda de acelerômetro.
Objetivo Geral
Verificar a associação das características do ambiente construído no entorno da residência de adultos pertencentes à coorte de nascimentos de Pelotas de 1982 aos 30 anos, com seus níveis de AF aos 40 anos.
Justificativa
Estima-se que 60% das recomendações de AF da OMS sejam atribuídas ao ambiente urbano, o que envolve 90 minutos do período indicado de 150 minutos (SALLIS et al., 2016). Evidências especificamente do ambiente construído identificam impacto positivo de conectividade entre as ruas, densidade populacional, acesso a vias para transporte coletivo e ciclovias próximos a área da residência na AF de deslocamento (HEINEN et al., 2015; HIRSCH et al., 2014; KNUIMAN et al., 2014; MCCORMACK et al., 2022; PANTER et al., 2016). E o impacto na AF de lazer pode ocorrer majoritariamente por meio de características como o uso do solo (HIRSCH et al., 2014), acesso a parques e áreas verdes (HOGENDORF et al., 2020; SCHULTZ et al., 2017) e maior conectividade entre as ruas (MCCORMACK et al., 2021).
Embora diante das referências citadas, os estudos envolvendo o ambiente construído e AF em países de renda baixa e média ainda são escassos na literatura, principalmente os estudos longitudinais (LAMB et al., 2020; MCCORMACK et al., 2021; SALLIS et al., 2016). Nessa esteira, destaca-se também que o Brasil é um país de renda média, que possui marcantes desigualdades sociais (CRUZ et al., 2022), um contexto importante para compreender melhor como o ambiente construído pode contribuir para a AF e auxiliar nesse comportamento de saúde.
Nesse sentido, abordar cientificamente essa temática pode impactar e/ou orientar as políticas públicas devido ao ambiente físico e construído ser um meio que o poder público pode intervir, muitas vezes de forma pontual e impactar um maior número de pessoas (GILES-CORTI et al., 2015). Sendo assim, é importante que as políticas que propõem e executam intervenções no ambiente urbano, sejam direcionadas para promover um ambiente favorável para a prática de AF de forma equitativa para todos os grupos da sociedade, ampliando o acesso e propiciando qualidade das áreas públicas, assim como proporcionando qualidade no serviço de transporte público e fazendo com que a busca por justiça social seja colocada em prática, o que pode colaborar para reduzir as desigualdades sociais na saúde (SALLIS et al., 2016). A presente pesquisa irá contemplar a possibilidade do nível socioeconômico modificar o efeito da associação entre o ambiente construído e a AF e, caso haja evidência de mudança, este também é um ponto importante para direcionar o tipo de política a ser implementada com objetivo equitativo para impactar
os diferentes grupos populacionais, especificamente os menos favorecidos economicamente.
Além da perspectiva de colaboração com as políticas públicas, com relação a literatura existente, há ainda predominância de evidências oriundas de questionários. Embora isso seja uma característica relevante para identificar as especificidades dos domínios, medidas objetivas de AF também podem trazer uma abordagem relevante de forma complementar (TRISTÃO PARRA et al., 2022). Portanto, investigar a relação do ambiente construído com a AF de lazer e deslocamento em estudo com delineamento longitudinal em um país de renda média com uma amostra populacional, usando medidas objetivas e subjetivas para mensuração das variáveis estudadas, pode colaborar na compreensão de algumas lacunas presentes na literatura.
Embora diante das referências citadas, os estudos envolvendo o ambiente construído e AF em países de renda baixa e média ainda são escassos na literatura, principalmente os estudos longitudinais (LAMB et al., 2020; MCCORMACK et al., 2021; SALLIS et al., 2016). Nessa esteira, destaca-se também que o Brasil é um país de renda média, que possui marcantes desigualdades sociais (CRUZ et al., 2022), um contexto importante para compreender melhor como o ambiente construído pode contribuir para a AF e auxiliar nesse comportamento de saúde.
Nesse sentido, abordar cientificamente essa temática pode impactar e/ou orientar as políticas públicas devido ao ambiente físico e construído ser um meio que o poder público pode intervir, muitas vezes de forma pontual e impactar um maior número de pessoas (GILES-CORTI et al., 2015). Sendo assim, é importante que as políticas que propõem e executam intervenções no ambiente urbano, sejam direcionadas para promover um ambiente favorável para a prática de AF de forma equitativa para todos os grupos da sociedade, ampliando o acesso e propiciando qualidade das áreas públicas, assim como proporcionando qualidade no serviço de transporte público e fazendo com que a busca por justiça social seja colocada em prática, o que pode colaborar para reduzir as desigualdades sociais na saúde (SALLIS et al., 2016). A presente pesquisa irá contemplar a possibilidade do nível socioeconômico modificar o efeito da associação entre o ambiente construído e a AF e, caso haja evidência de mudança, este também é um ponto importante para direcionar o tipo de política a ser implementada com objetivo equitativo para impactar
os diferentes grupos populacionais, especificamente os menos favorecidos economicamente.
Além da perspectiva de colaboração com as políticas públicas, com relação a literatura existente, há ainda predominância de evidências oriundas de questionários. Embora isso seja uma característica relevante para identificar as especificidades dos domínios, medidas objetivas de AF também podem trazer uma abordagem relevante de forma complementar (TRISTÃO PARRA et al., 2022). Portanto, investigar a relação do ambiente construído com a AF de lazer e deslocamento em estudo com delineamento longitudinal em um país de renda média com uma amostra populacional, usando medidas objetivas e subjetivas para mensuração das variáveis estudadas, pode colaborar na compreensão de algumas lacunas presentes na literatura.
Metodologia
O estudo terá delineamento longitudinal, a partir da utilização de dois acompanhamentos da Coorte de Nascimentos de Pelotas de 1982. Este delineamento é capaz de responder à pergunta de pesquisa, na qual pretendemos verificar a temporalidade entre a exposição aos 30 anos e o desfecho aos 40 anos (HILL, 1965)
Indicadores, Metas e Resultados
Todos os resultados oriundos deste projeto serão divulgados à comunidade científica por meio de publicação em periódico da área da epidemiologia. Também serão divulgados os resultados para a Prefeitura Municipal de Pelotas, por meio de reunião e/ou seminário com a gestão da Secretaria Municipal de Gestão da Cidade e Mobilidade Urbana, além de entrega de um relatório com todos os achados encontrados referentes a associação do ambiente construído com a atividade física. Por fim, uma nota para a imprensa com os principais resultados do estudo será elaborada.
Equipe do Projeto
Nome | CH Semanal | Data inicial | Data final |
---|---|---|---|
INÁCIO CROCHEMORE MOHNSAM DA SILVA | 4 | ||
VIVIAN HERNANDEZ BOTELHO |