Nome do Projeto
Associação entre Status Social Percebido na Adolescência e Crimes Violentos no Início da Vida Adulta em Participantes da Coorte de Nascimentos de Pelotas de 2004
Ênfase
Pesquisa
Data inicial - Data final
26/12/2023 - 28/02/2025
Unidade de Origem
Coordenador Atual
Área CNPq
Ciências da Saúde
Resumo
A violência é definida como o uso intencional de força física ou poder contra si
mesmo ou contra outro, que possa resultar em lesões ou danos. É um grave
problema de saúde pública, representando a principal causa de morte entre jovens
na América Latina. A desigualdade está fortemente correlacionada com as taxas
internacionais de violência grave e é considerada um dos principais impulsionadores
da violência no Brasil. No entanto, poucos dados estão disponíveis em estudos de
coorte na América Latina sobre a relação entre desigualdade e perpetração de
violência, e diferentes dimensões das desigualdades necessitam de mais estudos.
Em particular, há pouca evidência sobre a importância das percepções subjetivas da
desigualdade para a violência. O Status Social Subjetivo (SSS) é um conceito que
capta a posição social percebida de uma pessoa em relação aos outros, ou seja, a
sua percepção do lugar que ocupa em termos socioeconômicos em relação à sua
comunidade ou sociedade. O presente estudo tem como objetivo investigar a
influência do Status Social Subjetivo de adolescentes de 15 anos na perpetração de
violência autorreferida aos 18 anos, entre pessoas nascidas em Pelotas, RS, Brasil,
em 2004. Para tanto, uma análise observacional longitudinal será realizada usando
dados de acompanhamento do Estudo de Coorte de Nascimentos de Pelotas de
2004. O Status Social Subjetivo foi medido com a escala MacArthur. O desfecho
perpetração de violência foi definido como uma ou mais respostas positivas dentre 4
questões autorrelatadas pelo adulto jovem. Será empregada regressão logística ou
de Poisson em sucessivas etapas para mensurar as magnitudes da associação
bruta e da associação ajustada, em três níveis nos quais serão incluídos: 1)
Desfecho e exposição; 2) Desfecho, exposição e covariáveis que indicam Posição
Socioeconômica de forma objetiva 3) Desfecho, exposição, covariáveis que
representam Posição Socioeconômica de forma objetiva e demais covariáveis. Será
investigada a colinearidade entre as covariáveis por meio da medida do fator de
inflação da variância. Uma vez que em todos os modelos de regressão o único
objetivo é compreender a magnitude e o nível de evidência estatística da associação
entre a exposição de interesse (SSS) e o desfecho perpetração de violência, não
será empregado método de seleção de covariáveis para obtenção de um modelo
final com base no valor-p de cada covariável incluída.
Objetivo Geral
O presente estudo tem por objetivo investigar a influência do Status Social
Subjetivo do indivíduo aos 15 anos de idade sobre a perpetração da violência
autorrelatada aos 18 anos de idade, em indivíduos nascidos em Pelotas no ano de
2004.
Subjetivo do indivíduo aos 15 anos de idade sobre a perpetração da violência
autorrelatada aos 18 anos de idade, em indivíduos nascidos em Pelotas no ano de
2004.
Justificativa
Diminuir a violência no mundo é uma das metas da ONU, que através dos
Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) busca mitigar as maiores
dificuldades enfrentadas por pessoas no mundo até 2030 (ONU, 2015). Como visto,
a violência é causadora de grande parte das mortes evitáveis no mundo,
especialmente em América Latina que apresenta uma das maiores taxas de
homicídios em conjunto com o Caribe e África Subsaariana (WORLD HEALTH
ORGANIZATION, 2015). Portanto é de importância entender os componentes
envolvidos nos processos que resultam em atos de violência nessa região. Como já
discorrido através do modelo ecológico e de determinação social da saúde,
desfechos em saúde, inclusive no âmbito da violência são causados por
determinantes que interagem hierarquicamente, acumulando efeitos das causas
macroestruturais em âmbitos das relações, dos comportamentos e dos fatores
psicológicos. As concepções psicológicas se dão a nível da pessoa, e as
interpretações subjetivas sobre a hierarquia social devem ser exploradas.
A partir dessa perspectiva, a desigualdade é ressaltada como um fator
relevante na distribuição da violência nas populações (WILKINSON, 2004). Com
isso, o estudo da percepção do status social vem se mostrando pertinente, ao
indicar caminhos que tornem a compreensão das motivações acerca da violência
possíveis. Estudos anteriores indicaram que uma posição social subjetiva mais
elevada pode promover um melhor nível de saúde (ADLER et al., 2000). Porém,
apesar da investigação substancial sobre o SSS e a saúde, há evidências limitadas
sobre a relação da posição social subjetiva com o desfecho práticas de violência.
As pesquisas em torno do tema se deram majoritariamente por meio de
delineamentos transversais. O presente estudo utilizará delineamento de coorte com
análises longitudinais, permitindo estabelecer a temporalidade entre exposição e
desfecho e inferir acerca da direcionalidade de um potencial efeito. Além disso, a
maioria dos estudos não indicou claramente o objetivo da inclusão de covariáveis
em modelos multivariáveis de ajuste, se tais covariáveis teoricamente configurariam
confundidores, mediadores, ou modificadores do efeito. Portanto, é fundamental
investigar de forma sistemática com delineamento longitudinal a influência do SSS
sobre perpetração de violência, antes e depois do ajuste multivariável para
indicadores de objetivos de posição socioeconômica (para investigar a importância
da medida de SSS de forma isolada desses indicadores objetivos) e para demais
potenciais confundidores.
Outro fator a ser destacado é que, apesar dos países de baixa e média renda
baterem recordes em números de violência e mortes causadas por homicídios e
outros tipos de violência, além de elevados níveis de desigualdade, não foi
encontrado nenhum estudo na América Latina sobre a relação entre status social
subjetivo e violência.
Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) busca mitigar as maiores
dificuldades enfrentadas por pessoas no mundo até 2030 (ONU, 2015). Como visto,
a violência é causadora de grande parte das mortes evitáveis no mundo,
especialmente em América Latina que apresenta uma das maiores taxas de
homicídios em conjunto com o Caribe e África Subsaariana (WORLD HEALTH
ORGANIZATION, 2015). Portanto é de importância entender os componentes
envolvidos nos processos que resultam em atos de violência nessa região. Como já
discorrido através do modelo ecológico e de determinação social da saúde,
desfechos em saúde, inclusive no âmbito da violência são causados por
determinantes que interagem hierarquicamente, acumulando efeitos das causas
macroestruturais em âmbitos das relações, dos comportamentos e dos fatores
psicológicos. As concepções psicológicas se dão a nível da pessoa, e as
interpretações subjetivas sobre a hierarquia social devem ser exploradas.
A partir dessa perspectiva, a desigualdade é ressaltada como um fator
relevante na distribuição da violência nas populações (WILKINSON, 2004). Com
isso, o estudo da percepção do status social vem se mostrando pertinente, ao
indicar caminhos que tornem a compreensão das motivações acerca da violência
possíveis. Estudos anteriores indicaram que uma posição social subjetiva mais
elevada pode promover um melhor nível de saúde (ADLER et al., 2000). Porém,
apesar da investigação substancial sobre o SSS e a saúde, há evidências limitadas
sobre a relação da posição social subjetiva com o desfecho práticas de violência.
As pesquisas em torno do tema se deram majoritariamente por meio de
delineamentos transversais. O presente estudo utilizará delineamento de coorte com
análises longitudinais, permitindo estabelecer a temporalidade entre exposição e
desfecho e inferir acerca da direcionalidade de um potencial efeito. Além disso, a
maioria dos estudos não indicou claramente o objetivo da inclusão de covariáveis
em modelos multivariáveis de ajuste, se tais covariáveis teoricamente configurariam
confundidores, mediadores, ou modificadores do efeito. Portanto, é fundamental
investigar de forma sistemática com delineamento longitudinal a influência do SSS
sobre perpetração de violência, antes e depois do ajuste multivariável para
indicadores de objetivos de posição socioeconômica (para investigar a importância
da medida de SSS de forma isolada desses indicadores objetivos) e para demais
potenciais confundidores.
Outro fator a ser destacado é que, apesar dos países de baixa e média renda
baterem recordes em números de violência e mortes causadas por homicídios e
outros tipos de violência, além de elevados níveis de desigualdade, não foi
encontrado nenhum estudo na América Latina sobre a relação entre status social
subjetivo e violência.
Metodologia
Com o objetivo de analisar o Status Social Subjetivo durante a adolescência e
sua associação com a prática de crimes violentos no início da vida adulta, a
pesquisa observacional e longitudinal será realizada com dados de diversos
acompanhamentos do estudo prospectivo de base populacional Coorte de
Nascimentos de Pelotas de 2004. As unidades de análise serão os indivíduos
participantes da coorte. O estudo de coorte possibilita a análise do mesmo indivíduo
em momentos diferentes do tempo, o que torna possível estabelecer relações de
temporalidade entre as exposições de interesse e o desfecho a ser estudado. Por
esse motivo, é o delineamento apropriado para investigar potenciais exposições
preditoras de crimes violentos.
A “Coorte de Nascimentos de 2004” é um estudo longitudinal no qual todos os
nascidos vivos na cidade de Pelotas nesse ano, cujas famílias residiam na área
urbana do município, foram elegíveis para participar do estudo, que teve por objetivo
avaliar aspectos da saúde dos participantes. Das 4.263 crianças identificadas, as
mães de 4.231 aceitaram participar do estudo, caracterizando o estudo perinatal e o
tamanho de amostra inicial dessa coorte (SANTOS et al., 2011).
O acompanhamento dos 15 anos de idade foi realizado de maneira presencial
entre 20/11/2019 e 17/03/2020, no CPE Dr. Amílcar Gigante da UFPel. Ao todo,
foram entrevistados 2.029 adolescentes, correspondendo a uma taxa de
acompanhamento de 50,4%. O acompanhamento dos 18 anos foi realizado de
maneira presencial entre 21 de fevereiro de 2022 e 30 de dezembro de 2022,
dividido em duas etapas: (1) entrevistas com aplicação de questionário do jovem e
da mãe na residência do participante e (2) medidas e avaliações complementares no
Centro de Pesquisas Epidemiológicas (CPE) Dr. Amílcar Gigante da UFPel. Ao todo,
foram coletados dados referentes a 3.489 jovens, correspondendo a uma taxa de
acompanhamento de 85,0%. A Tabela 2 apresenta o número de participantes
incluídos em cada acompanhamento. (SANTOS et al., 2011).
sua associação com a prática de crimes violentos no início da vida adulta, a
pesquisa observacional e longitudinal será realizada com dados de diversos
acompanhamentos do estudo prospectivo de base populacional Coorte de
Nascimentos de Pelotas de 2004. As unidades de análise serão os indivíduos
participantes da coorte. O estudo de coorte possibilita a análise do mesmo indivíduo
em momentos diferentes do tempo, o que torna possível estabelecer relações de
temporalidade entre as exposições de interesse e o desfecho a ser estudado. Por
esse motivo, é o delineamento apropriado para investigar potenciais exposições
preditoras de crimes violentos.
A “Coorte de Nascimentos de 2004” é um estudo longitudinal no qual todos os
nascidos vivos na cidade de Pelotas nesse ano, cujas famílias residiam na área
urbana do município, foram elegíveis para participar do estudo, que teve por objetivo
avaliar aspectos da saúde dos participantes. Das 4.263 crianças identificadas, as
mães de 4.231 aceitaram participar do estudo, caracterizando o estudo perinatal e o
tamanho de amostra inicial dessa coorte (SANTOS et al., 2011).
O acompanhamento dos 15 anos de idade foi realizado de maneira presencial
entre 20/11/2019 e 17/03/2020, no CPE Dr. Amílcar Gigante da UFPel. Ao todo,
foram entrevistados 2.029 adolescentes, correspondendo a uma taxa de
acompanhamento de 50,4%. O acompanhamento dos 18 anos foi realizado de
maneira presencial entre 21 de fevereiro de 2022 e 30 de dezembro de 2022,
dividido em duas etapas: (1) entrevistas com aplicação de questionário do jovem e
da mãe na residência do participante e (2) medidas e avaliações complementares no
Centro de Pesquisas Epidemiológicas (CPE) Dr. Amílcar Gigante da UFPel. Ao todo,
foram coletados dados referentes a 3.489 jovens, correspondendo a uma taxa de
acompanhamento de 85,0%. A Tabela 2 apresenta o número de participantes
incluídos em cada acompanhamento. (SANTOS et al., 2011).
Indicadores, Metas e Resultados
HIPÓTESES
[1] Indivíduos com menor renda familiar terão em média menor escore de
Status Social Subjetivo, em comparação com indivíduos com maior renda.
[2] A prevalência de crimes violentos autorrelatados na amostra será
pequena.
[3] Indivíduos com menor escore de Status Social Subjetivo apresentarão
maior prevalência de crimes autorrelatados, em comparação com indivíduos com
maior escore de Status Social Subjetivo.
[4] A associação negativa entre Status Social Subjetivo e perpetração de
crimes autorrelatados permanecerá relevante após ajuste para indicadores de Status
Social Objetivo e para demais potenciais confundidores da associação de interesse.
[1] Indivíduos com menor renda familiar terão em média menor escore de
Status Social Subjetivo, em comparação com indivíduos com maior renda.
[2] A prevalência de crimes violentos autorrelatados na amostra será
pequena.
[3] Indivíduos com menor escore de Status Social Subjetivo apresentarão
maior prevalência de crimes autorrelatados, em comparação com indivíduos com
maior escore de Status Social Subjetivo.
[4] A associação negativa entre Status Social Subjetivo e perpetração de
crimes autorrelatados permanecerá relevante após ajuste para indicadores de Status
Social Objetivo e para demais potenciais confundidores da associação de interesse.
Equipe do Projeto
Nome | CH Semanal | Data inicial | Data final |
---|---|---|---|
Eduardo Viégas da Silva | |||
JOSEPH MURRAY | 2 | ||
Vanessa Barbosa da Conceição |