Nome do Projeto
DESIGUALDADES DEMOGRÁFICAS E SOCIOECONÔMICAS NOS DOMÍNIOS DE ATIVIDADE FÍSICA: Coorte de Nascimentos de 1982 de Pelotas
Ênfase
Pesquisa
Data inicial - Data final
29/12/2023 - 28/02/2025
Unidade de Origem
Coordenador Atual
Área CNPq
Ciências da Saúde
Resumo
A prática de atividade física (AF) é um comportamento realizado em diversos domínios da vida cotidiana, como ocupação, doméstico, lazer e deslocamento, influenciada por uma variedade de fatores. As características demográficas e socioeconômicas desempenham um papel crucial na determinação da prática de AF em domínios específicos, apresentando potenciais desafios, uma vez que não há consenso sobre os benefícios para a saúde em certas condições dessa prática. Além disso, características como cor/raça, classe social, gênero, orientação sexual e faixa etária exercem relações de poder entre os indivíduos. A combinação dessas características, denominada de interseccionalidade, pode ter um efeito multiplicativo nas relações sociais, causando impactos mais acentuados na determinação da saúde, podendo influenciar na prática de AF nos diferentes domínios. Assim, o objetivo deste projeto será verificar desigualdades demográficas e socioeconômicas nos quatro domínios de AF aos 23 anos e no lazer e deslocamento aos 40 anos na Coorte de Nascimentos de 1982 de Pelotas utilizando uma perspectiva interseccional. Será realizado um estudo longitudinal que também contará com algumas análises transversais. A variável dependente será a prática de AF nos domínios de lazer, deslocamento, ocupacional e doméstico aos 23 anos e nos domínios de lazer e deslocamento aos 40 anos. As dimensões de desigualdade serão as seguintes características demográficas e socioeconômicas: sexo (masculino, feminino), cor/raça autodeclarada (branco, preto, pardo), escolaridade (0-4, 5-8, 9-11, ≥12 anos), nível socioeconômico (A, B, C, D/E) e interseccionalidade, usando uma combinação dessas variáveis através da utilização de um índice de vulneralibilidade (Jeopardy Index). Para investigar as desigualdades em cada domínio, será investigada a prevalência de prática de AF (sim/não) e a prevalência dos tercis de tempo por semana de AF segundo as dimensões de desigualdade aos 23 e 40 anos. Para investigar as desigualdades de AF nos domínios utilizando a abordagem interseccional, será avaliada a prevalência de AF nos domínios aos 23 e 40 anos para cada pontuação do índice de vulnerabilidade. Na análise longitudinal, será verificado se as desigualdades aumentaram ou diminuíram dos 23 aos 40 anos nos domínios de lazer e deslocamento. Para avaliação das desigualdades serão utilizadas medidas formais absolutas e relativas (diferença, razão, Slope Index of Inequality – SII e Concentration Index - CIX).

Objetivo Geral

Descrever desigualdades demográficas e socioeconômicas nos quatro domínios de AF aos 23 anos e no lazer e deslocamento aos 40 anos na Coorte de Nascimentos de 1982 de Pelotas.

Justificativa

Em termos epidemiológicos, a prática de AF nos domínios vem ganhando importantes discussões relacionando seus potenciais benefícios e malefícios à saúde (Gupta et al., 2020; Holtermann et al., 2018). Pesquisadores apontam o efeito positivo em indicadores de saúde para AF de lazer (Brasil, 2021), principalmente quando analisados desfechos de saúde relacionados à saúde cardiovascular (Tebar et al., 2020), saúde óssea (Moayyeri et al., 2010) e depressão (Loch et al., 2023). Enquanto para os demais domínios, dadas as características dessas atividades, pesquisadores sugerem cuidado ao afirmar essa relação (Holtermann et al., 2018). A AF de lazer é a mais recomendada para benefícios à saúde. Isso se dá pela relação com práticas planejadas e variadas, que normalmente estão associadas a promoção de capacidades físicas (condição cardiovascular, respiratória, força, flexibilidade), por serem realizadas em espaços adequados, podendo ser orientada por profissionais, na qual podem ser promovidos também aspectos relacionados a saúde mental, como socialização, diminuição da ansiedade e depressão (Crochemore-Silva et al., 2020; Knuth; Antunes, 2021).
Além disso, quando pensamos “quem” está mais presente dentro de cada domínio de AF, a heterogeneidade nas características dos indivíduos é evidente (Crochemore-Silva et al., 2020; Cruz et al., 2022; Mielke et al., 2022; Oliveira; Evedove; Loch, 2023; Strain et al., 2020). Essa diversidade sugere que os benefícios da AF de lazer não são uniformes para todos, destacando a necessidade de uma visão mais abrangente para investigar quem pratica essa atividade (Crochemore-Silva et al., 2020; Knuth; Antunes, 2021; Mielke et al., 2022).
Nos países com elevada desigualdade social, como o Brasil, grupos específicos enfrentam desvantagens que transcendem a saúde, abrangendo oportunidades educacionais, acesso a recursos e bem-estar geral, inclusive na prática da AF nos diferentes domínios (Knuth; Antunes, 2021; Ribeiro, 2011). Vale ressaltar que o impacto negativo dessas desvantagens pode ser ainda mais significativo dependendo do “saldo acumulado” de estruturas de poder e “subordinação”, sendo possível ter uma dimensão destes potenciais investigados através das lentes da interseccionalidade, normalmente considerando a combinação de características demográficas como sexo, gênero e cor/raça e socioeconômicas como renda, escolaridade e nível socioeconômico (Crenshaw, 1989; Mielke et al., 2022).
Há uma escassez de estudos que abordam a interseccionalidade na AF e, geralmente, quando investigam, possuem carater qualitativo, sendo uma demanda emergente que essa temática seja abordada através do olhar quantitativo e dos domínios de AF (Lee et al., 2023; Lim et al., 2021; Mielke et al., 2022). Essas necessidades serão abarcadas nesse projeto e os potenciais do mesmo se amplificam ao considerar que contará com dados de uma das maiores e mais longevas coorte de nascimentos do país. Devido a característica dos dados, com informações dos mesmos indivíduos em pelo menos dois domínios de AF em dois períodos distintos do ciclo vital (2004-05 e 2022-23), possibilita, além da abordagem interseccional, uma análise longitudinal que indicará se as possíveis desigualdades diminuíram ou não, contribuindo com o monitoramento dessas. Dentre os dois períodos indicados, muitas mudanças ocorreram no mundo e muito se avançou na discussão da AF e também nas tecnologias disponíveis para inserção, monitoramento e avaliação das mesmas (mais frequentes no lazer). A aposta na análise longitudinal pode dar uma dimensão importante dessas informações, uma vez que ainda não se observou nenhum estudo no Brasil que considerasse os domínios dessa forma. Ademais, a avaliação de dois momentos distintos na vida dos indivíduos, aos 23 e 40 anos, poderá elucidar como diferentes as desigualdades na AF atingem diferentes períodos do ciclo vital, que estão relacionados a situações distintas de estudo, trabalho, constituição de família, etc.
Este projeto poderá ser importante no levantamento de informações sobre as desigualdades entre os domínios, onde a divulgação e a realização do mesmo será consideravelmente necessária para a promoção de uma AF mais equitativa.

Metodologia

Estudo de delineamento longitudinal utilizando dados de dois acompanhamentos da Coorte de Nascimentos de 1982 de Pelotas. Optou-se por caracterizar como estudo longitudinal, pois os mesmos indivíduos serão analisados aos 23 e 40 anos quanto às desigualdades de AF nos domínios do lazer e deslocamento, tendo a possibilidade de verificar mudanças ao longo do período. Contudo, ressalta-se que o estudo contará com outras análises que terão carater transversal.

Indicadores, Metas e Resultados

Os resultados do presente estudo serão divulgados por meio do volume final da dissertação e por um artigo científico original que será submetido a revista na área de saúde coletiva e epidemiologia. Além disso, será enviada nota à Imprensa para divulgação dos principais resultados encontrados e pretende-se apresentar os resultados do estudo em eventos científicos (seminários, congressos etc.).

Equipe do Projeto

NomeCH SemanalData inicialData final
Andrei Gabriel Chiconato
BRUNA GONÇALVES CORDEIRO DA SILVA2

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