Nome do Projeto
Estratégia para o atendimento odontológico de pacientes com Transtorno do Espectro Autista (TEA) – relato de casos
Ênfase
Pesquisa
Data inicial - Data final
29/12/2023 - 31/12/2024
Unidade de Origem
Coordenador Atual
Área CNPq
Ciências da Saúde
Resumo
Realizar um exame odontológico em pacientes com Transtorno do Espectro Autista (TEA) pode ser um desafio para o profissional, para o paciente e para a família. Dessa forma, o objetivo deste estudo será relatar casos clínicos do emprego de uma rotina sistemática semanal de treinamento para atendimento odontológico de pacientes com TEA. Neste estudo de relato de casos serão incluídas crianças com TEA, níveis 1 e 2, entre 4 e 12 anos de idade atendidos no Centro de Atendimento ao Autista da cidade de Pelotas/RS ou que procurarem a Faculdade de Odontologia (FO)/UFPel por livre demanda. Serão excluídas crianças com outras deficiências associadas. O projeto será submetido ao Comitê de Ética e Pesquisa da FO/UFPel para apreciação. Após o consentimento dos responsáveis, as crianças serão submetidas a uma rotina sistemática semanal de treinamento para atendimento odontológico de pacientes com TEA, que consiste em uma entrevista prévia à consulta com os cuidadores e envio de imagens do consultório, dos objetos odontológicos e da pesquisadora por WhatsApp para previsibilidade da criança do que será a consulta. Serão realizadas consultas rápidas empregando as mesmas imagens enviadas anteriormente, seguidas de um comando verbal, a fim de induzir as ações necessárias. Toda ação realizada da forma adequada será seguida de um reforço positivo de acordo os interesses do paciente. Será fornecida também uma sequência visual de escovação diária domiciliar e sua efetividade será avaliada posteriormente pelos responsáveis através de um breve questionário. O comportamento da criança será avaliado a cada consulta pela escala de comportamento de Frankl. O objetivo da abordagem será alcançar a colaboração da criança para o exame clínico e realização de procedimentos preventivos no menor número de consultas possíveis. Todos os pacientes que participarem deste estudo receberão o atendimento clínico necessário. Os dados serão digitados em um banco de dados do programa Excel e submetidos à análise estatística descritiva.

Objetivo Geral

Relatar casos clínicos do emprego de uma rotina sistemática semanal de treinamento para atendimento odontológico em pacientes com TEA níveis 1 e 2.

Justificativa

O tratamento odontológico de pacientes com TEA é um desafio para o cirurgião-dentista e estratégias e técnicas de manejo comportamental devem ser estudas e testadas, a fim de que facilitem a adesão dos pacientes com TEA ao atendimento odontológico.

Metodologia

3.1 Delineamento
Esta pesquisa se caracteriza por ser um estudo de casos (PEREIRA, 2006).

3.2 População alvo
Serão incluídos nesta pesquisa indivíduos com TEA nível 1 e nível 2 com até 12 anos de idade, atendidos pelo Centro de Atendimento ao Autista (CAA) Doutor Danilo Rolim de Moura da cidade de Pelotas/ RS ou encaminhados pela Serviço de Regulação para a Faculdade de Odontologia (FO) da UFPel.

3.3 Critérios de inclusão e exclusão
Serão incluídos os pacientes com idades entre 4 e 12 anos de idade e excluídos aqueles que apresentem outras deficiências associadas.

3.4 Considerações Éticas
O projeto será submetido ao Comitê de Ética em Pesquisa da Faculdade de Odontologia da Universidade Federal de Pelotas para apreciação. Os responsáveis pelas crianças com TEA assinarão um Termo de Consentimento Livre e Esclarecido no caso de aceite em participar desta pesquisa (Apêndice A).

3.4.1 Riscos e benefícios
Participar desta pesquisa implicará possíveis desconfortos, como ansiedade ou medo associados à consulta odontológica e, também, receio por existirem riscos de vazamento de dados pessoais e filmagem. No entanto, será garantido ao participante total confidencialidade e proteção dos dados, que serão armazenados em computadores seguros. A participação será voluntária, e a recusa não acarretará prejuízos. Os benefícios incluirão a melhoria na comunicação dentista-paciente e a oferta do atendimento odontológico necessário. Em caso de danos, será fornecida assistência imediata aos participantes.

3.5 Método
As crianças com TEA que aceitarem participar do estudo serão submetidas a uma rotina sistemática semanal de treinamento para atendimento odontológico que incluirá entrevista prévia com cuidadores, comunicação visual e adaptação do ambiente odontológico para exame clínico e realização de procedimentos preventivos. Os atendimentos odontológicos serão realizados na FO/UFPel.

3.5.1 Entrevista antecipada com os cuidadores
Os responsáveis pelas crianças com TEA serão contactados presencialmente ou por telefone, a fim de convidá-los a fazer parte do estudo e agendamento da entrevista, sem a presença da criança, preferencialmente. A entrevista com os responsáveis poderá ser realizada presencialmente ou mediante conversa de texto/ chamada por vídeo para coleta de dados de identificação do paciente, dados socioeconomicos, história pregressa e atual da saúde geral e odontológica do paciente e preenchimento do inventário de interesses (Apêndice C) (NELSON et al., 2017).

3.5.2 Envio de arquivos e fotos previamente à consulta odontológica
Após a entrevista será enviado um conjunto de arquivos contendo fotos ilustrativas da sequência de atendimento: sala de espera, cadeira odontológica, escova, dentifrício, seringa tríplice, fio dental, odontoscópio, sonda clínica OMS, pinça, algodão e sugador (Apêndice D). Também serão enviados vídeos para apresentar sons de objetos do consultório odontológico e das vozes da pesquisadora e sua equipe em uma breve apresentação, com e sem equipamentos de proteção individual (EPIs) (MELATI; INDRIYANTI; SETIAWAN, 2019).

3.5.3 Primeira consulta odontológica
Para a primeira sessão, o consultório odontológico será previamente adaptado com base nos dados do inventário de interesses coletados na entrevista (ex.: decoração temática, objetos de interesse, música, vídeos) (STEIN DUKER et al., 2023). As consultas serão filmadas (Canon SL3) com o intuito de avaliar o comportamento da criança e facilitar a avaliação em cada etapa.
O paciente será recebido, inicialmente, na sala de espera pela pesquisadora,
que foi apresentada previamente para contemplar o princípio de previsibilidade e fortalecer a criação do vínculo através do contato visual, almejado e estimulado. Poderão ser utilizados chapéus ou outros adereços de cabeça para estimular o contato visual desde que atendam ao inventário de interesses. Quando obtido o contato visual o paciente receberá um reforço positivo (Ex.: “que bom que você veio!”, “estou muito feliz de te ver aqui!”) (ZINK et al., 2016).
Em seguida, a pesquisadora mostrará a figura (1) da cadeira odontológica e dará um comando verbal (Ex.: “Vamos conhecer o consultório odontológico junto comigo!”) com a intenção de que o paciente realize a ação de caminhar junto com o responsável e a pesquisadora até o consultório. A seguir, no consultório odontológico, serão apresentadas outras 9 figuras: (2) escova; (3) dentifrício; (4) seringa tríplice; (5) fio dental; (6) odontoscópio; (7) sonda clínica OMS; (8) pinça; (9) algodão; (10) sugador. A cada figura apresentada, o pesquisador mostrará o objeto na sequência. Um anotador treinado fará o registro da reação da criança após cada figura:
(a) demonstrou interesse: o paciente aceitou com sucesso a apresentação das figuras e/ou fez contato visual;
(b) não demostrou interesse: o paciente não aceitou a apresentação das fotos e/ou não fez contato visual

Serão realizadas três tentativas por figura. Caso o paciente não apresente interesse após a terceira tentativa a sequência será reiniciada na próxima sessão. As sessões serão rápidas (em torno de 20 minutos). Sempre que uma ação for concluída o paciente receberá reforço positivo por meio de palavras motivacionais (Ex: “muito bem”, “fantástico”, “isso mesmo”), gestos (palmas, sorrisos), atividades (jogos, vídeos) ou objetos (brinquedos, livros) e o tempo.
O objetivo final durante as consultas será com que a criança sente na cadeira odontológica e aceite a realização de exame clínico e procedimentos preventivos (Quadro 1). O número de sessões necessárias até a realização do exame clínico e procedimentos preventivos será determinado pela evolução individual do paciente, porém no mínimo de 3 consultas. Se o paciente não colaborar para a realização do exame clínico no decorrer de até 5 consultas, o responsável será esclarecido quanto à necessidade de estabilização protetora para realizá-lo.



Quadro 1: Critérios de avaliação das ações esperadas durante as consultas odontológicas da criança com TEA. Pelotas, 2023

Nome da criança:
Data de nascimento: Data: Nº da consulta:
AÇÕES ESPERADAS Concluiu a ação Técnica de manejo empregada Uso de estabilização protetora
Entrou no consultório
Sentou-se na cadeira
Permitiu o exame clínico
Permitiu procedimentos preventivos

3.5.4 Sequência de escovação diária em casa
Ao final da primeira consulta, a família receberá figuras com uma sequência de escovação para serem fixadas em casa no local onde o paciente faz sua higiene pessoal diária (Apêndice E) e receberá as instruções de como deve proceder com a criança. A sequência de figuras incluirá (1) escova de dentes; (2) pasta de dente; (3) pasta na escova (4) escovando a face vestibular dos dentes do lago esquerdo; (5) escovando a face vestibular dos dentes do lado direito; (6) escovando a face lingual dos dentes superiores; (7) escovando a face lingual dos dentes inferiores; (8) escovando a oclusal de todos os dentes; (9) cuspindo e (10) criança sorrindo (NAMEEDA et al., 2020).

3.5.5 Avaliação do comportamento da criança
O comportamento da criança em cada consulta odontológica será avaliado por meio da Escala de Frankl (CARLI et al., 2022):
Escore I (Comportamento extremamente positivo): Boa relação e harmonia com o dentista. Interessado nos procedimentos odontológicos. Risonho (alegre). Aproveita a situação.
Escore II (Comportamento positivo): Aceita o tratamento. Às vezes pode ser cauteloso. Boa vontade para consentir o tratamento. Em alguns momentos pode apresentar certa reserva, mas segue as orientações do profissional de forma cooperativa
Classe III (Comportamento negativo): Relutante para aceitar o tratamento. Não coopera.
Alguma prova de atitude negativa, mas não pronunciada; como mau humor e estar arredio.
Classe IV (Comportamento extremamente negativo): Recusa do tratamento. Chora com força. Está temeroso, assustado ou qualquer outra prova evidente de extremo negativismo.

3.6 Avaliação da percepção dos pais
Ao final da última sessão os responsáveis responderão a um questionário para avaliação das técnicas empregas no consultório e para avaliar a efetividade do material visual (recurso visual para escovação) que será disponibilizado para uso domiciliar (Apêndice F).

3.7 Análise dos dados
Os dados serão digitados em um banco de dados do programa excel, submetidos à análise estatística descritiva.

Indicadores, Metas e Resultados

Espera-se que a pesquisa possa adequar as consultas odontológicas a fim de propiciar um melhor atendimento odontológico aos pacientes com TEA.

Equipe do Projeto

NomeCH SemanalData inicialData final
FERNANDA FONTES DE FREITAS
LISANDREA ROCHA SCHARDOSIM1
MARINA SOUSA AZEVEDO0

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