Nome do Projeto
Consumo alimentar e desenvolvimento cognitivo na infância: uma análise da Coorte de Nascimentos de Pelotas de 2015
Ênfase
Pesquisa
Data inicial - Data final
02/01/2024 - 28/02/2025
Unidade de Origem
Coordenador Atual
Área CNPq
Ciências da Saúde
Resumo
O desenvolvimento é um processo de mudança que ocorre ao longo da vida, abrangendo os domínios físico, socioemocional e cognitivo, resultado da interação entre fatores genéticos e ambientais. Os primeiros anos de vida são particularmente importantes, pois o desenvolvimento ocorre em todos os domínios, sendo um período crucial para o desenvolvimento cerebral e a formação da base das funções cognitivas (GRANTHAM-MCGREGOR et al., 2007; SANTROCK, 2011; SHONKOFF; PHILLIPS, 2000a; THOMPSON; NELSON, 2001).
Durante essa etapa de rápido crescimento cerebral e maior suscetibilidade à influência de fatores ambientais, a alimentação e nutrição adequadas desempenham um papel fundamental na formação e desenvolvimento do cérebro, modulando esse processo por meio do fornecimento de energia e nutrientes e contribuindo para o desenvolvimento geral infantil (ANJOS et al., 2013; PRIES; FILTEAU; FERGUSON, 2019).
Além da nutrição nos primeiros anos de vida, a primeira infância representa um período importante na formação de preferências e hábitos alimentares, que evoluem sob a influência de vários fatores à medida que as crianças crescem (PEREIRA et al., 2022; VENTURA; WOROBEY, 2013). Concomitantemente, a plasticidade estrutural e funcional do cérebro continua a se aprimorar ao longo deste período, o que mantém o cérebro sensível à influência da alimentação durante esse processo contínuo de crescimento e desenvolvimento (MOU et al., 2023).
Esse conjunto de fatores tem impulsionado diversas pesquisas, com inúmeros estudos focando principalmente nos benefícios da amamentação e na importância da ingestão de micronutrientes específicos para o desenvolvimento cognitivo (ANJOS et al., 2013; GOLLEY et al., 2013; HORTA; LORET DE MOLA; VICTORA, 2015). No entanto, está se tornando cada vez mais evidente a importância de avaliar a dieta de forma geral, uma abordagem que reflita melhor o panorama do consumo alimentar e englobe os efeitos antagonistas e sinérgicos entre os diversos componentes da alimentação. Entre as abordagens utilizadas estão métodos a priori e a posteriori, como índices de qualidade da dieta e padrões alimentares; abordagens que podem ser mais facilmente traduzidas em mensagens de saúde pública (ALLÈS et al., 2012; HAAPALA et al., 2015; KANT, 2004; TUCKER, 2010).
Nesse contexto, a tendência global contínua de transição da alimentação para dietas não saudáveis também afeta a qualidade da alimentação na infância, à medida que a maioria das crianças adota cada vez mais cedo dietas de baixa qualidade, o que tem suscitado preocupações recorrentes sobre seu efeito no desenvolvimento cognitivo e cerebral (MOU et al., 2023).
Objetivo Geral
Avaliar a associação entre os padrões alimentares aos dois anos e o quociente de inteligência (QI) aos 6-7 anos de idade em crianças pertencentes à Coorte de Nascimentos de Pelotas de 2015.
Justificativa
Assegurar uma dieta nutritiva durante os primeiros dois anos de vida é essencial para promover a saúde e o desenvolvimento saudável das crianças, especialmente durante esse período de crescimento e desenvolvimento acelerado, quando suas necessidades nutricionais estão em níveis particularmente elevados, tornando essencial não apenas a quantidade, mas também a qualidade dos alimentos que são oferecidos (PRIES; FILTEAU; FERGUSON, 2019).
Além disso, a infância representa um momento crucial na formação dos hábitos alimentares, à medida que as crianças desenvolvem suas preferências alimentares, estabelecendo padrões de consumo que podem perdurar por toda a vida (COSMI; SCAGLIONI; AGOSTONI, 2017; GAHAGAN, 2012; LIORET et al., 2015; PAROCHE et al., 2017). No entanto, condensar informações relacionadas ao consumo alimentar representa um desafio na avaliação da dieta ao conduzir as análises.
Diferentes estratégias têm sido utilizadas, principalmente devido à importância atribuída à avaliação da dieta como um todo, já que proporciona um panorama mais abrangente do consumo alimentar e engloba os efeitos antagonistas e sinérgicos entre os diversos componentes da alimentação (ALLÈS et al., 2012; KANT, 2004). Entre as estratégias adotadas para avaliar a exposição alimentar, resolvendo as limitações inerentes às interações entre alimentos e nutrientes, estão os índices de qualidade da dieta e os padrões alimentares. Os índices de qualidade da dieta fornecem um panorama sobre o nível de adequação do consumo alimentar às recomendações de saúde; enquanto os padrões alimentares oferecem uma imagem mais precisa do consumo alimentar habitual, representando uma interação entre todas escolhas alimentares que formam um padrão alimentar completo (GHERASIM et al., 2020; MARQUES-VIDAL et al., 2018; TUCKER, 2010).
Nesse contexto, é de extrema importância investigar as conexões entre os padrões alimentares e a cognição em crianças, pois esses padrões podem oferecer uma visão mais abrangente da complexidade da alimentação e dos padrões de consumo habitual, em comparação com o estudo isolado de alimentos ou nutrientes, ou ainda de adequação às recomendações de saúde, visto que os índices de qualidade da dieta são baseados no conhecimento prévio de seus benefícios para a saúde e podem não levar em consideração as preferências e hábitos alimentares específicos de diferentes populações. Além disso, padrões alimentares podem ser considerados melhores preditores da capacidade cognitiva, além de serem mais facilmente traduzidas em mensagens de saúde pública (ALLÈS et al., 2012;
GRANZIERA; GUZZARDI; IOZZO, 2021; HAAPALA et al., 2015; HU, 2002; KANT, 2004; MARQUES-VIDAL et al., 2018; TUCKER, 2010).
Neste sentido, conforme observado na revisão de literatura, apenas sete estudos, dos quais se tem conhecimento até o momento, avaliaram a relação entre padrões alimentares na infância e o desempenho cognitivo (GALE et al., 2009; LEVENTAKOU et al., 2016; MARINHO et al., 2022; MARINONI et al., 2022; MOU et al., 2023; NORTHSTONE et al., 2012; SMITHERS et al., 2012b). E embora alguns destes tenham sugerido associações positivas e negativas entre padrões alimentares considerados saudáveis e menos saudáveis, respectivamente, e o desempenho cognitivo, os resultados até o momento são limitados e apresentam inconsistências, que podem decorrer de problemas no controle de fatores de confusão importantes. Além disso, a maioria dos estudos que avaliaram essa associação foram conduzidos em países de alta renda (GALE et al., 2009; MARINHO et al., 2022; MARINONI et al., 2022; MOU et al., 2023; NORTHSTONE et al., 2012; SMITHERS et al., 2012b) e apenas um deles em país de renda média-alta (LEVENTAKOU et al., 2016). Isto pode refletir em diferenças na distribuição dos determinantes da capacidade cognitiva, quando comparados a países de baixa e média renda (CAMARGO-FIGUERA et al., 2014) e influenciar diretamente no tipo de padrão alimentar identificado, principalmente no que se refere à qualidade e à diversidade alimentar (GATICA-DOMÍNGUEZ et al., 2021; MAYÉN et al., 2014). Também é importante considerar que o padrão alimentar tende a ser específico para a população estudada, o que torna os resultados não extrapoláveis para países com diferentes níveis de renda e hábitos alimentares distintos, justificando, em parte, a realização de estudos com outras faixas etárias e em países com diferentes realidades econômicas e padrões de alimentação.
Esse conjunto de fatores destaca a necessidade de mais pesquisas para investigar se um padrão alimentar mais ou menos saudável está associado a pontuações mais altas ou mais baixas nos testes de inteligência. Dessa forma, este estudo pretende contribuir para preencher a lacuna de evidências sobre a associação entre os padrões alimentares na infância e o desempenho cognitivo, a partir de uma abordagem longitudinal, contribuindo para melhorar a compreensão do impacto de diferentes padrões alimentares em estágios importantes do neurodesenvolvimento e os seus resultados cognitivos posteriores. Este estudo utilizará dados de uma coorte prospectiva de base populacional, representativa de um país de renda média-alta, com grande tamanho amostral, altas taxas de acompanhamento e conduzida com alto rigor metodológico. Serão utilizados modelos de análises adequados, visando explorar fatores importantes destacados na literatura.
Além disso, a infância representa um momento crucial na formação dos hábitos alimentares, à medida que as crianças desenvolvem suas preferências alimentares, estabelecendo padrões de consumo que podem perdurar por toda a vida (COSMI; SCAGLIONI; AGOSTONI, 2017; GAHAGAN, 2012; LIORET et al., 2015; PAROCHE et al., 2017). No entanto, condensar informações relacionadas ao consumo alimentar representa um desafio na avaliação da dieta ao conduzir as análises.
Diferentes estratégias têm sido utilizadas, principalmente devido à importância atribuída à avaliação da dieta como um todo, já que proporciona um panorama mais abrangente do consumo alimentar e engloba os efeitos antagonistas e sinérgicos entre os diversos componentes da alimentação (ALLÈS et al., 2012; KANT, 2004). Entre as estratégias adotadas para avaliar a exposição alimentar, resolvendo as limitações inerentes às interações entre alimentos e nutrientes, estão os índices de qualidade da dieta e os padrões alimentares. Os índices de qualidade da dieta fornecem um panorama sobre o nível de adequação do consumo alimentar às recomendações de saúde; enquanto os padrões alimentares oferecem uma imagem mais precisa do consumo alimentar habitual, representando uma interação entre todas escolhas alimentares que formam um padrão alimentar completo (GHERASIM et al., 2020; MARQUES-VIDAL et al., 2018; TUCKER, 2010).
Nesse contexto, é de extrema importância investigar as conexões entre os padrões alimentares e a cognição em crianças, pois esses padrões podem oferecer uma visão mais abrangente da complexidade da alimentação e dos padrões de consumo habitual, em comparação com o estudo isolado de alimentos ou nutrientes, ou ainda de adequação às recomendações de saúde, visto que os índices de qualidade da dieta são baseados no conhecimento prévio de seus benefícios para a saúde e podem não levar em consideração as preferências e hábitos alimentares específicos de diferentes populações. Além disso, padrões alimentares podem ser considerados melhores preditores da capacidade cognitiva, além de serem mais facilmente traduzidas em mensagens de saúde pública (ALLÈS et al., 2012;
GRANZIERA; GUZZARDI; IOZZO, 2021; HAAPALA et al., 2015; HU, 2002; KANT, 2004; MARQUES-VIDAL et al., 2018; TUCKER, 2010).
Neste sentido, conforme observado na revisão de literatura, apenas sete estudos, dos quais se tem conhecimento até o momento, avaliaram a relação entre padrões alimentares na infância e o desempenho cognitivo (GALE et al., 2009; LEVENTAKOU et al., 2016; MARINHO et al., 2022; MARINONI et al., 2022; MOU et al., 2023; NORTHSTONE et al., 2012; SMITHERS et al., 2012b). E embora alguns destes tenham sugerido associações positivas e negativas entre padrões alimentares considerados saudáveis e menos saudáveis, respectivamente, e o desempenho cognitivo, os resultados até o momento são limitados e apresentam inconsistências, que podem decorrer de problemas no controle de fatores de confusão importantes. Além disso, a maioria dos estudos que avaliaram essa associação foram conduzidos em países de alta renda (GALE et al., 2009; MARINHO et al., 2022; MARINONI et al., 2022; MOU et al., 2023; NORTHSTONE et al., 2012; SMITHERS et al., 2012b) e apenas um deles em país de renda média-alta (LEVENTAKOU et al., 2016). Isto pode refletir em diferenças na distribuição dos determinantes da capacidade cognitiva, quando comparados a países de baixa e média renda (CAMARGO-FIGUERA et al., 2014) e influenciar diretamente no tipo de padrão alimentar identificado, principalmente no que se refere à qualidade e à diversidade alimentar (GATICA-DOMÍNGUEZ et al., 2021; MAYÉN et al., 2014). Também é importante considerar que o padrão alimentar tende a ser específico para a população estudada, o que torna os resultados não extrapoláveis para países com diferentes níveis de renda e hábitos alimentares distintos, justificando, em parte, a realização de estudos com outras faixas etárias e em países com diferentes realidades econômicas e padrões de alimentação.
Esse conjunto de fatores destaca a necessidade de mais pesquisas para investigar se um padrão alimentar mais ou menos saudável está associado a pontuações mais altas ou mais baixas nos testes de inteligência. Dessa forma, este estudo pretende contribuir para preencher a lacuna de evidências sobre a associação entre os padrões alimentares na infância e o desempenho cognitivo, a partir de uma abordagem longitudinal, contribuindo para melhorar a compreensão do impacto de diferentes padrões alimentares em estágios importantes do neurodesenvolvimento e os seus resultados cognitivos posteriores. Este estudo utilizará dados de uma coorte prospectiva de base populacional, representativa de um país de renda média-alta, com grande tamanho amostral, altas taxas de acompanhamento e conduzida com alto rigor metodológico. Serão utilizados modelos de análises adequados, visando explorar fatores importantes destacados na literatura.
Metodologia
O delineamento desta pesquisa será longitudinal, fazendo uso de dados previamente coletados da Coorte de Nascimentos de Pelotas de 2015. Esses dados foram coletados em diferentes momentos ao longo do ciclo vital, o que viabiliza a análise longitudinal.
Essa escolha de abordagem se deve às suas vantagens comparativas em relação a outros métodos, notadamente na sua capacidade de estabelecer relações temporais entre a exposição e o desfecho, um critério essencial para a determinação de causalidade (SZKLO; NIETO, 2014).
Essa escolha de abordagem se deve às suas vantagens comparativas em relação a outros métodos, notadamente na sua capacidade de estabelecer relações temporais entre a exposição e o desfecho, um critério essencial para a determinação de causalidade (SZKLO; NIETO, 2014).
Indicadores, Metas e Resultados
Os resultados serão comunicados através de um volume final de dissertação, um artigo a ser submetido a um periódico científico e um resumo destacando os principais resultados para divulgação na imprensa.
Equipe do Projeto
Nome | CH Semanal | Data inicial | Data final |
---|---|---|---|
ANDREA HOMSI DAMASO | 2 | ||
GLAUCIA TREICHEL HELLER | |||
THAYNÃ RAMOS FLORES |