Nome do Projeto
Desigualdades em diferentes tipos de atividade física de lazer na adolescência e no início da vida adulta: análises prospectivas na Coorte de Nascimentos de 1993 de Pelotas.
Ênfase
Pesquisa
Data inicial - Data final
03/01/2024 - 28/02/2025
Unidade de Origem
Coordenador Atual
Área CNPq
Ciências da Saúde
Resumo
O Brasil destaca-se por apresentar uma das maiores desigualdades sociais e econômicas globalmente. Quando essas diversas dimensões de desigualdade se entrelaçam, acentuam ainda mais as disparidades entre grupos, revelando a importância da abordagem da interseccionalidade. Nesse contexto, o acesso à prática de atividade física (AF) também se mostra desigual, refletindo outras disparidades sociais e de saúde. As desigualdades sociais e econômicas podem influenciar a participação em diferentes tipos de AF de lazer na população. Apesar disso, há escassez de dados sobre os tipos de AF praticados no tempo livre, assim como sobre as características e o perfil dos praticantes. A maioria das pesquisas foca na frequência e duração total da prática, sem especificar as modalidades de AF envolvidas. Diante desse cenário, monitorar as desigualdades em diversos tipos de AF de lazer e seus determinantes torna-se essencial. Essa análise pode informar a elaboração de políticas públicas destinadas a promover o acesso e elevar os níveis de AF na população. Portanto, o objetivo principal deste projeto de dissertação é identificar as desigualdades demográficas e socioeconômicas em diferentes tipos de AF de lazer aos 15 e 22 anos entre os participantes da Coorte de Nascimentos de 1993 de Pelotas. As dimensões de desigualdade incluirão: sexo (feminino e masculino), raça/cor da pele (branca e negra), escolaridade materna (0-4, 5-8, 9-11, ≥12 anos), classe econômica (A, B, C, D/E), e a interseccionalidade entre essas dimensões, avaliada pelo Jeopardy Index. Os tipos de AF de lazer foram coletados aos 15 e 22 anos por um questionário contendo uma lista de atividades e pretende-se avaliá-los conforme as seguintes categorias: esportes coletivos, esportes individuais, atividades de academia, caminhada e futebol. O estudo adotará análises transversais e longitudinais utilizando medidas de desigualdade absolutas e relativas (diferenças, razões, Slope Index of Inequality - SII e Concentration Index - CIX).

Objetivo Geral

Identificar as desigualdades demográficas e socioeconômicas em diferentes tipos de AF de lazer aos 15 e aos 22 anos dos participantes da Coorte de Nascimentos de 1993 de Pelotas.

Justificativa

A investigação das desigualdades demográficas e socioeconômicas no Brasil assume uma relevância importante no contexto do país, caracterizado por disparidades significativas. Em um ranking global de mais de 140 países, o Brasil aparece como o 10º país com maior desigualdade econômica (Atlas, c2013). Relatórios adicionais destacam que 5% dos brasileiros mais ricos detêm uma fatia de renda equivalente aos demais 95% da população e, uma mulher trabalhadora que recebe um salário mínimo mensal levará 19 anos para alcançar a renda de um super rico em um único mês (Oxfam, 2017).
Essas desigualdades colocam determinados grupos populacionais em desvantagem no acesso à saúde e na manutenção do bem-estar (Barata, 2009). Além disso, tais disparidades refletem no acesso às práticas de AF, as quais desempenham um papel importante tanto na saúde global quanto nos aspectos socioculturais da população (PNUD, 2017)
A prática de AF não é meramente uma escolha, mas uma atividade complexa, atravessada por imposições da vida e disponível a uma pequena parcela da população privilegiada (Knuth; Antunes, 2021). No contexto brasileiro, a prática de diferentes modalidades esportivas ainda é direcionada para uma parcela privilegiada da população (Wendt et al., 2023). Contudo, poucos estudos têm buscado identificar os tipos de AF realizados pelos indivíduos nesse contexto e suas particularidades (Del Duca et al., 2014; Dumith; Domingues; Gigante, 2009; Guimarães Lima et al., 2019).
Adicionalmente, a abordagem de interseccionalidade, incorporada neste projeto, emerge como um elemento essencial, pois oferece uma compreensão da complexidade do mundo nas experiências humanas, uma vez que eventos e condições de vida social e política são formados por diversos fatores que mutuamente se influenciam (Collins, 2021). Considerando dimensões como sexo, raça/cor da pele, classe social e outros determinantes sociais, a interseccionalidade enriquece a compreensão das complexas interações que moldam as experiências individuais e coletivas em relação aos tipos de AF de lazer. Essa perspectiva ultrapassa as análises unidimensionais, permitindo a identificação não apenas de desigualdades específicas, mas também a compreensão de como esses fatores se entrelaçam, influenciando as oportunidades de diferentes grupos sociais (Mielke et al., 2022).
Além disso, a exploração de dados longitudinais da lista de AF de lazer, utilizando informações da Coorte de Nascimentos de 1993 de Pelotas durante a adolescência e o início da vida adulta, possibilita preencher uma lacuna da literatura, que é a investigação dos tipos AF praticados pela população em diferentes fases da vida, possibilitando avaliar o quanto as desigualdades se modificam ao longo do ciclo vital.
Destarte a relevância deste estudo está calcada em produzir dados para políticas públicas, pois compreender como as desigualdades afetam a prática de diferentes tipos de AF de lazer em distintos grupos populacionais permitirá a implementação de intervenções mais precisas e inclusivas, alinhadas aos princípios e diretrizes do Sistema Único de Saúde (SUS), visando a equidade e que sejam contextualizadas à vida das pessoas.

Metodologia

O delineamento adotado consistirá em um estudo longitudinal de natureza observacional. O presente projeto utilizará dados coletados durante os acompanhamentos realizados aos 15 e 22 anos de idade da Coorte de Nascimentos de 1993 de Pelotas. Este delineamento torna-se adequado, pois possibilitará a análise dos dados sobre os tipos de AF de lazer dos mesmos indivíduos em dois pontos no tempo, com a coleta de dados durante a adolescência e novamente no início da vida adulta. Dessa forma, será possível investigar se as desigualdades demográficas e socioeconômicas variaram do acompanhamento dos 15 anos para o acompanhamento dos 22 anos. Além disso, ressalta-se que algumas análises transversais serão realizadas separadamente aos 15 e 22 anos.

Indicadores, Metas e Resultados

Os resultados deste estudo serão divulgados por meio de um artigo destinado à submissão a um periódico científico indexado e uma nota enfatizando as principais descobertas para divulgação na imprensa.
Além disso, pretende-se compartilhar os resultados com formuladores de políticas públicas, visando fornecer dados que possam respaldar, incentivar e orientar a criação de novas políticas públicas para a promoção da AF e saúde, com foco na equidade da população. Isso é particularmente relevante, uma vez que "em última análise, o desafio é político, exigindo um envolvimento contínuo de toda a sociedade brasileira para assegurar o direito à saúde para todos os brasileiros" (Victora et al., 2011).
Por fim, será proposta uma reunião sobre a temática para o Programa Vida Ativa de Pelotas, com o objetivo de apresentar os resultados encontrados. Essa iniciativa permitirá que o programa analise o contexto da temática no município.

Equipe do Projeto

NomeCH SemanalData inicialData final
BRUNA GONÇALVES CORDEIRO DA SILVA2
Mylena Rocha de Farias

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