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25/01/2024 - 28/02/2025

Ciências da Saúde

O parto prematuro, definido pela Organização Mundial da Saúde (OMS) como o nascimento ocorrendo antes de completar 37 semanas gestacionais, é uma condição global de significativo interesse epidemiológico. No ano de 2020, estimou-se uma ocorrência de 13,4 milhões de nascimentos prematuros em todo mundo, com uma prevalência entre 4 e 16%, em diferentes países (OMS, 2023). No Brasil, a prevalência de prematuridade, entre os anos de 2011 a 2021, foi de 11%, mantendo-se estável (Alberton et al., 2023). Sua etiologia não é completamente esclarecida na literatura e está relacionada com fatores sociodemográficos, nutricionais, médicos e obstétricos (Vogel et al., 2018). Dentre os fatores de risco sociodemograficos associados ao aumento do risco de parto prematuro destaca-se o baixo nível socioeconômico (Goldenberg, 2008). A prematuridade pode afetar o desenvolvimento e o crescimento de todas as estruturas do corpo, inclusive do complexo orofacial (Seow, 1997). Como os dentes são formados durante o período intrauterino, também podem ser afetados. Alguns estudos sugerem que a prematuridade (Portella et al., 2023) e o baixo peso ao nascer podem interferir na cronologia de erupção dental, de forma que quanto menor a criança para a idade gestacional, menor será o número de dentes (Fernandes et al, 2023). Uma das alterações odontológicas mais comuns relacionadas ao nascimento pré-termo são defeitos no desenvolvimento do esmalte, os quais, além prejuízos estéticos e funcionais (Tsang, 2016), têm sido relacionados a uma maior chance de desenvolvimento de cárie (Vargas-Ferreira et al., 2015). A cárie dentária é definida como uma doença dinâmica, mediada pela presença de biofilme, modulada por dieta, multifatorial, não transmissível, que resulta em perda de minerais dos tecidos duros dentais. Determinada por fatores biológicos, comportamentais, psicossociais e ambientais (Machiulskiene et al., 2020). Elementos como dieta rica em sacarose, higiene bucal insuficiente e falta de acesso ao flúor estão entre os principais fatores de risco (Alazmah, 2017). Neste cenário, destaca-se a Cárie na primeira infância (CPI), que é caracterizada como a presença de uma ou mais superfícies dentárias cariadas, ausentes (devido à cárie) ou obturadas em qualquer dente decíduo em uma criança com menos de 72 meses de idade (AAPD, 2015). É considerada um problema de saúde pública e afeta cerca de 48% das crianças em idade escolar em todo mundo (Uribe, Innes e Maldupa, 2021). A CPI impacta de forma negativa a qualidade de vida das crianças, devido a dor/desconforto dental, dificuldade na alimentação, irritabilidade, problemas no sono, assim como afeta também o contexto familiar como perda de dias de trabalho por parte dos cuidadores devido à necessidade de cuidar da criança, bem como os gastos de tempo e dinheiro para acessar os cuidados dentários (Karam et al., 2023). O nível socioeconômico também está relacionado com a cárie dentária, prevalências maiores em grupos socioeconômicos mais baixos podem ser atribuída a hábitos de dieta, estilo de vida, e menor acesso à informação, decorrentes de uma menor renda familiar e menor grau de escolaridade (Rajshekar e Laxminarayan, 2011).