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Os estudos longitudinais prospectivos constituem-se em uma ferramenta de fundamental importância para o estudo das associações entre exposições precoces na vida e desfechos futuros em saúde. Nos últimos anos, uma variedade de coortes de gestantes e nascimento foi estabelecida em todo o mundo com este objetivo, contribuindo para a compreensão do papel do ambiente pré e pós-natal sobre a saúde ao longo do ciclo vital. O Centro de Pesquisas Epidemiológicas (CPE) da Universidade Federal de Pelotas vem acompanhando três coortes de nascimentos de base populacional iniciadas nos anos de 1982, 1993 e 2004 (representando cerca de 6.000, 5.300 e 4.500 nascimentos, respectivamente) [38]. Esses estudos forneceram evidências relevantes em relação a diversos desfechos relacionados à saúde ao longo do ciclo vital e seus determinantes, especialmente no que diz respeito à saúde da criança e ao seu desenvolvimento [39-43].
Todavia, nas coortes de nascimento muitas das exposições pré-natais de interesse são coletadas de maneira retrospectiva, o que pode introduzir a alguns vieses e dificuldades metodológicas nos estudos. Diante desse contexto, salienta-se que as coortes iniciadas na gestação possibilitam respeitar a natureza temporal dos acontecimentos, sendo menos suscetíveis ao viés de recordatório. A Coorte de Nascimentos de 2015 teve início em 2014 com o acompanhamento durante a gestação (pré-natal), e já realizou os levantamentos aos três, 12, 24 e 48 meses de idade nas crianças nascidas em 2015 nas maternidades de Pelotas/RS. Com o intuito de continuar o acompanhamento ao longo da vida destas crianças, este projeto apresenta a proposta de acompanhamento dos 6-7 anos de idade.

Serão convidadas a fazer parte deste estudo todos os participantes da Coorte Nascimentos de 2015. Quando as crianças completarem 6-7 anos de idade, todas as mães serão contatadas por telefone e convidadas a comparecer no Centro de Pesquisas Epidemiológicas da Universidade Federal de Pelotas. Na visita à clínica, avaliações antropométricas, de composição corporal, de indicadores de saúde, atividade física e hábitos de vida serão realizadas tanto com a mãe quanto com a criança, por uma equipe previamente treinada e padronizada para a realização de tais procedimentos.

Os dados serão coletados via questionário através da plataforma RedCap® (www.project-redcap.org) no mesmo formato que inquéritos anteriores deste projeto, sendo transformados em banco de dados anônimo para análise estatística. Por se tratar de uma pesquisa aninhada em um estudo longitudinal, será possível fazer a conexão dos dados coletados agora com informações dos acompanhamentos prévios da coorte, de forma a conseguirmos traçar as principais mudanças ocorridas com esta população desde antes da pandemia até os próximos acompanhamentos feitos após a pandemia nos anos seguintes.
Para detecção de anticorpos contra COVID-19 será utilizado teste ELISA. O exame detecta os anticorpos IgG, IgA e IgM em pacientes que foram anteriormente expostos ao vírus SARS-CoV-2, incluindo pacientes recentemente infectados e aqueles com resposta leve.
Além do questionário com diversas questões de saúde sobre mães/crianças outras medidas serão feitas neste acompanhamento, tais como: cortisol, peso, altura, coleta de saliva, frequência cardíaca e pressão arterial, atividade física através do uso de acelerômetros, medidas antropométricas via BODPOD e DXA e diversos testes psicológicos serão realizados com as crianças.
Como produtos deste projeto se pretende produzir artigos científicos, comunicações orais em congressos da área, press-release a ser incorporado nos jornais impressos locais, relatório a ser entregue na Secretaria de Saúde de Pelotas e elaboração de relatório para os órgãos de fomento. O projeto fará parte de Teses de Doutorado do Programa de Pós-Graduação em Epidemiologia da UFPel. Serão envolvidos na execução do projeto alunos de doutorado Programa de Pós-Graduação em Epidemiologia da UFPel e alunos de graduação de cursos da área da saúde. Espera-se que os resultados impactem a tomada de decisão de órgãos e gestores da saúde pública.