Nome do Projeto
Avaliação das emissões acústicas antropogênicas no entorno de dois complexos hospitalares da cidade de Rio Grande, RS, Brasil
Ênfase
Pesquisa
Data inicial - Data final
03/04/2024 - 03/04/2026
Unidade de Origem
Coordenador Atual
Área CNPq
Ciências Agrárias
Resumo
O processo de urbanização não planejado traz uma gama de prejuízos ao meio ambiente e à qualidade de vida dos cidadãos das áreas afetadas pela poluição sonora. A degradação do meio ambiente atingido pelos níveis elevados de ruído é capaz de gerar muitos malefícios aos habitantes, tais como perda da audição, aumento da pressão arterial e dos batimentos cardíacos, estresse, irritabilidade, prejuízos do sono e da aprendizagem, bem como depressão. Este estudo tem como objetivo geral avaliar os níveis de pressão sonora no entorno de dois complexos hospitalares situados na cidade de Rio Grande/RS, nos turnos da manhã, tarde e noite, por meio de avaliação quantitativa dos locais com probabilidade de impacto ambiental devido ao agente sonoro. Posteriormente, as informações obtidas nos levantamentos serão armazenadas em planilha eletrônica para possibilitar o tratamento, conforme objetivos propostos, bem como a comparação dos níveis conforme a NBR 10.151 e elaboração de mapa acústico.

Objetivo Geral

O objetivo geral é avaliar quantitativamente os níveis de pressão sonora no entorno de dois complexos hospitalares situados na cidade de Rio Grande/RS, nos turnos da manhã, tarde e noite.

Justificativa

O processo ostensivo de urbanização das cidades não trouxe apenas melhorias à sociedade, mas também uma gama de prejuízos, sendo um deles a poluição sonora que é capaz de acarretar muitos riscos à saúde pública (Almeida et al., 2022)
Florência (2018, p. 209) diz que o Brasil, ao longo dos anos, bem como os demais países em fase de desenvolvimento, vem sofrendo um processo acelerado de expansão de suas cidades, porém sem o planejamento suficiente e adequado.
Embora exista legislação federal específica para controlar as emissões de ruídos que possam causar prejuízos à qualidade de vida da população, muitos munícipios não as observam para otimizar as condições ideais durante seus planejamentos urbanos (Jardim, 2018).
Há perspectivas de que em 2050, 68% da população mundial viverá em zonas urbanas e como conseguinte, sob os fatores negativos e positivos dessas áreas (United Nations, 2022). Sendo assim, a Organização das Nações Unidas (ONU) criou a Agenda 2030 que traz Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), visando a fomentação da transformação dos espaços urbanos em locais mais saudáveis (ONU, 2022).
O meio ambiente não se resume apenas ao meio físico, ou seja, fazem parte de seu contexto as relações sociais, culturais e econômicas, aspectos que denotam a complexidade da interação das ações antropogênicas com o meio ambiente (Brasil, 2023).
Os progressos das tecnologias oriundas do homem associados aos movimentos naturais de interação entre os povos motiva debates para a conservação da qualidade de vida das comunidades, bem como a conscientização acerca do tema ambiental. Do ponto de vista físico, as ondas de frequência e intensidade específicas podem corroborar com problemas de perda de capacidade auditiva das pessoas expostas (Lacerda; Nascimento; Ramos, 2021).
A poluição sonora proporciona diversos problemas à saúde, tais como: cefaleias, irritabilidade, ansiedade, perda de apetite, insônia, redução de produtividade e fadiga (Aldeia et al., 2019).
Embora a poluição sonora seja uma problemática que não deixe amostras visíveis de seu impacto no ambiente, sabe-se que ela é um fator impactante na saúde da comunidade e, de acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), a segunda
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causadora de poluição ambiental no mundo, ficando logo atrás da poluição do ar (World Health Organization, 2021).
Os ruídos em excesso prejudicam a velocidade de cura, ou seja, impactam negativamente na recuperação dos pacientes internados nas unidades de terapia intensiva em hospitais (Sawada et al., 2020).
Percebe-se também que os impactos da poluição sonora não são restritos aos seres humanos, mas também a toda vida animal existente nas zonas urbanizadas (Oliveira, 2020).
O estudo contribuirá com informações relevantes a respeito dos níveis de ruído e o devido conhecimento da localização dos pontos com maior criticidade, bem como a construção de uma base teórica fundamentada para a elaboração do mapeamento sonoro de uma parte cidade de Rio Grande/RS.
Além disso, subsidiará informações importantes do tipo de exposição que a população tem em relação ao ruído, o que faz com que o trabalho seja de interesse ao setor público, afinal por meio destas informações, poderá intervir, ou seja, identificar medidas mitigadoras e propor alternativas para redução da poluição sonora para a obtenção de melhorias para a população da cidade de Rio Grande.
Ela se torna relevante, pois pode contribuir com a promoção de discussão ampliada de como mitigar os níveis de pressão sonora na cidade de Rio Grande, devido à escassez de informações e estudos referentes à poluição ambiental na cidade em questão, o importante e intenso crescimento urbano e os efeitos causados à população pela problemática sonora, dentre outros fatores. Além de buscar formas para subsidiar o desenvolvimento urbano municipal de forma sustentável com foco no ponto de vista ambiental.

Metodologia

O trabalho avaliará o Nível de Pressão Sonora global (NPS) dos sons contínuos ou intermitentes, utilizando o método simplificado mencionado na NBR 10.151, por meio de análises quantitativas, bem como as fontes geradoras e a percepção do ruído da população rio-grandina trabalhadora, moradora e visitante, tendo como critério de análise a técnica qualitativa.
5.1 Análise Quantitativa do Nível de Pressão Sonora - NPS (Local de execução e obtenção do material)
Os locais para as medições serão estabelecidos por meio de levantamento
prévio da dinâmica urbana dos pontos com maior potencial de geração de ruído, especificamente próximos a dois complexos hospitalares na cidade de Rio Grande. A cidade escolhida é a mais antiga do estado do Rio Grande do Sul (RS), Brasil, e está localizada na margem Sul do estuário que tem como função conduzir as águas da Laguna dos Patos e seus afluentes até o oceano.
Ela possui população estimada em 191.900 pessoas (INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA, 2022), é a 11o cidade mais populosa do RS, dentro de uma lista de 497 municípios.
Apresenta área territorial de 2.682,867 km2, bem como está situada no bioma pampa, no extremo sul do estado do Rio Grande do Sul, entre a Lagoa Mirim, a Lagoa dos Patos e o Oceano Atlântico. Suas coordenadas ao sul 32o2’6” (latitude), oeste 52o5’56’’ (longitude) e 5 metros acima do nível do mar, tem como municípios limítrofes Capão do Leão e Arroio Grande a oeste, Pelotas na parte norte e, ao sul, Santa Vitória do Palmar. Rio Grande está distante da capital federal (Brasília) 2.340 km, bem como da capital estadual (Porto Alegre) 317km.
Os pontos de coleta do nível de pressão sonora correspondem à cada quadra das ruas dos complexos hospitalares, Hospital Universitário Dr. Miguel Riet Correa Jr. e Associação de Caridade Santa Casa de Rio Grande, bem como a Faculdade de Medicina da Federal de Rio Grande - FURG (figura 7).
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Figura 7 – Locais de coleta dos níveis de pressão sonora
Fonte: Elaborado pelo autor (2023).
Os levantamentos quantitativos serão realizados com medidor integrador de nível sonoro que atenda ao preconizado na norma IEC 651 - Sonômetros, ajustado para medição de nível de pressão sonora equivalente (LAeq), em decibel ponderados em “A” (dB), de acordo com a IEC 60804 (Standard for Integrating Sound Level Meters of International Electrotechnical Commission), bem como o calibrador acústico deverá atender às especificações da IEC 60942, ou seja, ser classe 2, ou melhor (Brasil, 2019).
Sendo assim, de posse de equipamento sonômetro (nível 2), para a coleta quantitativa do Nível de Pressão Sonora (NPS), pretende-se aplicar a metodologia de análise estipulada por Brito e Barbosa (2014), adaptada por (Griep, 2020) que referencia as técnicas de incremento do nível de ruído no meio urbano, bem como corresponde à disponibilização do sonômetro configurado para realizar a medição do nível de pressão sonora e integrado a cada um segundo, sendo respeitado um tempo de medição mínimo de três minutos, em cada medição nos pontos estipulados (nas
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quadras), distante (15) quinze metros de cada cruzamento para não ocorrer incertezas de qual rua o ruído é proveniente, a fim de se obter do instrumento medidor integrador o cálculo do Nível de Pressão Sonora Equivalente (Laeq) que subsidiará a elaboração do mapa acústico da região analisada, conforme figura 7.
A análise do NPS será realizada em espectro fechado, bem como as medições serão realizadas por meio de equipamento com características de 1/3 de bandas de oitava.
Para garantir a eficiência e a sensibilidade das medições, com o intuito de obter valor realístico do NPS dos pontos, serão observados três princípios de igual importância (controle local, repetição e casualização), ou seja, avaliar as condições climáticas para medição (por exemplo, chuvas, ventos e trovoadas) e demais recomendações da NBR 10151; as réplicas para suprir eventuais falhas humanas durante as medições e; a casualização para eliminar a intuição ou desejo involuntário de priorizar determinada medição pontual.
Para tanto, serão realizadas (03) três repetições em cada ponto, bem como a ordem de medições dos pontos serão definidas em sorteio (ao acaso) e distribuídas ao longo dos dias da semana (segunda-feira a sexta-feira).
Sendo assim, para a qualificação e validação do método, em (03) três pontos estipulados, com o sonômetro, serão efetuados (03) três medições em cada ponto com duração de (3) três minutos cada, bem como nos três turnos, pois o método prevê (03) três repetições, visando a obtenção de robustez nas quantificações.
De fato, para as análises, bem como para a integralidade da pesquisa, as medições serão efetuadas ao nível do solo, bem como o microfone de captação posicionado numa altura aproximada de 1,2 metros afastado do solo, sendo distante, no mínimo, 2 metros de muros, paredes ou quaisquer superfícies que possam refletir as ondas sonoras, bem como distantes dos cruzamentos cerca de 15 metros, sendo assim, será possível a obtenção dos resultados de níveis de pressão sonora de (21) vinte e um pontos estipulados, representados na figura 7 pelas circunferências em laranja.
As medições (anexo 1) deverão ocorrer em dias úteis (notadamente o momento de maior incidência de ruído), sendo estipulados os turnos da manhã, tarde e noite, compreendidos entre 7 e 12h, das 12 às 18h e das 18 às 7h, respectivamente, o que irá totalizar (945) novecentas e quarenta e cinco medições, pois serão (21) vinte e um
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pontos, (03) três repetições, (05) cinco dias da semana (segunda a sexta), em (03) três turnos, com duração de (03) três minutos cada (Griep et al, 2021).
Os dados, ponderados pela curva de compensação (A) para ruídos contínuos ou intermitentes, serão obtidos pelo método Laeq em sua unidade decibel (dB), ou seja, pela integração no tempo T (LAeq, T), calculado pela média logarítmica ponderada no tempo.
Sendo assim, os critérios de avaliação serão estabelecidos pela NBR 10.151 (Brasil, 2019), por meio do método simplificado para medição do nível de pressão sonora global, em ambientes externos às edificações para a obtenção do nível de poluição sonora.
5.2 Análise Qualitativa da Percepção do Ruído
Para a avaliação qualitativa, referente à percepção do ruído por parte das pessoas, será aplicado questionário estruturado (escala Likert – anexo 2), com cinco parâmetros como possíveis respostas mantendo uma graduação, indo de discorda fortemente até concorda fortemente, bem como disponibilização do mesmo questionário via formulário eletrônico com o uso da ferramenta do Google Forms®.
Logo, os questionamentos serão organizados de modo a avaliar a percepção das pessoas quanto ao conforto acústico na localidade, conforme (Griep et al, 2021). Desta forma, algumas perguntas serão realizadas, tais como: Este local é barulhento (ruidoso)? Em qual turno você considera ter mais ruído? Para a identificação da fonte de ruído e o nível de incômodo, bem como algumas consequências da poluição sonora sobre a saúde das pessoas, o entrevistado deverá responder a perguntas abertas, conforme seguem: Qual é a fonte geradora do ruído (De onde vem o barulho)? Esse ruído lhe incomoda (é desconfortável)? Você sente dor de cabeça, zumbido, irritabilidade? Você sente algum tipo de cansaço mental?
Para a validação do questionário, serão convidadas (15) quinze pessoas aleatórias que participarão da entrevista, bem como a meta de entrevistados ao final da pesquisa é de, no mínimo, (209) duzentos e nove pessoas.
5.3 Tratamento dos Dados
O tratamento dos dados será baseado em (Griep et al., 2020) sendo que as informações obtidas nos levantamentos serão armazenadas em banco de dados
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utilizando-se uma planilha do programa Microsoft Excel® para possibilitar o tratamento, conforme objetivos propostos, ou seja, a comparação do NPS obtido nas medições com o sonômetro com os valores limites apresentados na NBR 10.151 e Lei Municipal da cidade de Rio Grande, no 3514, bem como a utilização do sistema operacional do próprio equipamento que permite a emissão dos relatórios oriundos das medições quantitativas realizadas.
No que se refere à percepção da população, ou seja, daqueles participantes das entrevistas, serão elaborados gráficos, também em programa Microsoft Excel®, distribuídos para analisar algumas informações, tais como: faixa etária, sexo, motivos de frequentarem a região estudada, se a zona mais barulhenta é a zona central, entre outros.
A conclusão terá amparo nos dados coletados e as técnicas para avaliação seguirão o preconizado na NBR 10.151 - Acústica - Medição e avaliação de níveis de pressão sonora em áreas habitadas - Aplicação de uso geral e Lei no 3514, de 24 de julho de 1980 que instituiu o novo Código de Posturas do Município de Rio Grande.

Indicadores, Metas e Resultados

O trabalho busca reunir contribuições e análise crítica das condições ambientais, especificamente a avaliação das emissões acústicas entorno dos dois complexos hospitalares da cidade de Rio Grande, bem como obter os resultados quantitativos das doses percentuais das pressões sonoras (NPSs) para que sejam relacionados aos limites estabelecidos na NBR 10.151 (ABNT, 2019) e como conseguinte, identificar se, de acordo com o uso e a ocupação do solo dos locais avaliados, o ruído respeita a saúde humana e o conforto público.
Sendo assim, especificamente, diagnosticar as doses de ruído nas ruas definidas, nos turnos da manhã, tarde e noite para a elaboração do mapeamento acústico.
Verificar se há atenuação do ruído, probabilidade que sim, nas ruas definidas do entorno dos hospitais, levando em consideração a vegetação existente e suas características dimensionais.
Proporcionar preenchimento de lacuna existente nos estudos da área de poluição sonora, especificamente devido à carência de informações por parte do poder público na cidade de Rio Grande/RS.
Obter, por meio de mapeamento dos níveis de pressão sonora dos pontos estipulados (figura 7), subsídios para o desenvolvimento urbano municipal de forma sustentável e saudável, especificamente focado no ponto de vista ambiental no que tange à poluição sonora.
Gerar uma dissertação de mestrado e artigos científicos para a divulgação da metodologia e assim ela ser uma forma de gestão da política pública em especial em Programas como Silêncio.

Equipe do Projeto

NomeCH SemanalData inicialData final
DANILO FRANCHINI
EDUARDO DOS SANTOS NUNES
GIZELE INGRID GADOTTI1

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