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A contribuição deste estudo está justamente na possibilidade de fornecer aos gestores públicos um melhor entendimento sobre impactos das atividades econômicas ligadas à agropecuária nos ecossistemas e nas sociedades humanas (e suas cidades), em um cenário de rápida urbanização, perda de biodiversidade, uma crescente e dinâmica população humana, desigualdade significativa e demandas por justiça social, rápida mudança tecnológica, pobreza contínua, degradação da terra e insegurança alimentar, e riscos de choques como pandemias e eventos extremos cada vez mais intensos devido às mudanças climáticas em curso na região.
Apesar dos desafios que existem para estimar a vulnerabilidade dos sistemas humanos e ambientais, por não ser um fenômeno observável, as avaliações de vulnerabilidade têm o potencial de identificar regiões ou grupos populacionais vulneráveis, fornecer informações para estratégias de monitoramento e ter um papel importante na orientação da formulação de planos de adaptação às alterações climáticas e ambientais (Nguyen et al., 2016).

A construção metodológica deste estudo tem como ponto de partida a identificação das interações que se estabelecem entre os ecossistemas e a sociedade humana como sistemas interligados, segundo proposição do IPCC (Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas, 2022) sobre os Impactos, Adaptação e Vulnerabilidade, contida no Sexto Relatório de Avaliação do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (Contribuição do Grupo de Trabalho II).
Este estudo utiliza o referencial teórico de vulnerabilidade do Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas - IPCC (Intergovernmental Panel on Climate Change), porém, considerando um conjunto distinto de indicadores para representar cada uma das dimensões de análise (Exposição, Sensibilidade e Capacidade de Adaptação), com foco especificamente nas ameaças decorrentes do avanço das atividades agropecuárias na região

Os resultados deste estudo podem contribuir para uma melhor compreensão sobre impactos das atividades econômicas ligadas à agropecuária nos ecossistemas e nos povos tradicionais da floresta, incluindo não somente os povos indígenas, mas também seringueiros, castanheiros, quilombolas, ribeirinhos, pescadores e agricultores familiares, os quais precisam da mata e dos rios para sobreviver, e sabem como utilizar os recursos naturais sem destruí-los.
Destacamos a importância deste estudo para o desenvolvimento científico do país, pois seus resultados poderão contribuir para a identificação de municípios e regiões vulneráveis do ponto de vista social e ambiental, fornecendo informações estratégicas e reflexões sobre políticas públicas, tendo como referência a concepção de que o território Amazônico precisa ser gerido como um sistema integrado e com decisões ponderadas e graduais, levando em consideração o respeito aos povos indígenas e as populações tradicionais, em especial, pois são diretamente atingidos pelas pressões e ameaças por terem seus territórios invadidos, suas florestas desmatadas e seus rios desviados e contaminados.
A relevância deste estudo para a pesquisa científica do Brasil se dá na medida que o enfrentamento desses desafios que a Amazônia enfrenta exige soluções inovadoras capazes de chegar à raiz do problema. Neste estudo consideramos indicadores capazes de identificar a capacidade de adaptação dos sistemas e, portanto, seu potencial de minimizar os impactos negativos das atividades agropecuárias sobre os grupos sociais e biodiversidade. Reconhecemos que a gestão sustentável dos recursos da natureza, bem como a promoção da saúde e do desenvolvimento social para a sua população são fundamentais para a qualidade de vida dos povos amazônicos e para a promoção de um modelo de desenvolvimento sustentável.