Nome do Projeto
Viver, adoecer e morrer: discussões e investigações sobre cuidados paliativos e final de vida
Ênfase
Ensino
Data inicial - Data final
01/08/2024 - 01/08/2028
Unidade de Origem
Coordenador Atual
Área CNPq
Ciências da Saúde
Resumo
Este projeto de ensino tem como objetivo promover reflexões e investigações sobre os aspectos relacionados ao viver, ao adoecer e ao morrer. Ao falar sobre morte é inevitável pensar sobre a maneira como se vive. E, ao se deparar frente a uma doença que ameaça à vida, sentimentos e reações emergem em cada pessoa. Em quem experiencia o adoecer, em que o acompanha na condição de amigo, cuidador ou familiar, em quem cuida enquanto profissional de saúde. As experiências de adoecimento e de (final de) vida devem fazer parte dos planos de cuidados propostos por profissionais de saúde. Para além, elas dizem respeito ao existir de cada ser humano e cada grupo social. Por isso, pensar, refletir, discutir e investigar sobre os modos como a humanidade (re)significa a vida, a doença e a morte se faz necessário. No projeto de ensino em questão, nossa proposta é poder realizar ações que fomentem junto aos discentes de graduação e pós-graduação da Universidade Federal de Pelotas o pensamento sobre o viver, o adoecer e morrer. Pretendemos realizar interlocuções entre diferentes saberes e áreas do conhecimento para instigar o desenvolvimento do pensamento crítico sobre esses aspectos. A partir de então, também elaborar estudos que possam corroborar com a construção do conhecimento na área. Como metodologia, serão utilizados na ação do tipo “Grupo de estudos”, encontros dialógicos para a discussão de textos; na ação “Produção de resumos e artigos”, e em outras ações com natureza de pesquisa, será analisada a cada proposta a viabilidade do uso da abordagem qualitativa ou quantitativa para descrever, compreender, identificar ou analisar problemas de pesquisa vinculados aos temas centrais do projeto.

Objetivo Geral

Promover reflexões e investigações sobre os aspectos relacionados ao viver, ao adoecer e ao morrer.

Justificativa

A morte é um fato natural inerente a todo ser vivo. Ela é social e culturalmente significada e ritualizada nos diferentes grupos humanos (Àries, 2014). O morrer diz respeito ao tempo que transcorre entre o declínio das funções vitais em virtude de um processo de adoecimento que não responde mais às estratégias lançadas para modificá-lo e a ocorrência da morte (INCA, 2023). Ele é marcado por intervenções de campos de saber que buscam compreender e influenciar as relações de quem vivencia essa fase com o mundo, consigo e com os outros (Kellehear, 2016).
Em cada período histórico a sociedade enfrentou a morte de um jeito diferente. Ora esse fato e os rituais que o cercam foram vividos de maneira pública e compartilhada, como na Idade Média (Àries, 2014) e no Contemporâneo (Cordeiro et al., 2023), ora de maneira escondida, rechaçada, tornando-se um tabu, como ocorreu durante o século XX (Elias, 2001).
Assim, é oportuno pensar no papel das ciências da saúde na tentativa de controlar a morte e as circunstâncias sob as quais ela ocorre. Por um lado, com o advento das tecnologias biomédicas, a invenção das Unidades de Terapia Intensiva, e a invenção do hospital como espaço de cura, buscou-se afastá-la e evitá-la a qualquer custo (Àries, 2014). Ação que resultou e ainda resulta na vivência do morrer solitário, na obstinação terapêutica que vai de encontro à promoção da qualidade de vida no final da vida. Por outro lado, com a emergência dos Cuidados Paliativos (CP) enquanto abordagem de cuidado legitimada e reconhecida pelo Estado para conduzir as situações de sofrimento diante de doenças graves e que ameaçam à vida, tem-se um paradoxo entre a tentativa de resgatar o direito de cada sujeito decidir sobre como, quando e de que forma se pode morrer e uma nova forma de controle biomédico sobre o viver e a morte (Marinho; Aran, 2011).
Os CP são uma abordagem holística centrada na promoção da qualidade de vida por meio de equipe multidisciplinar que atua junto a pessoas com doenças graves, com sofrimento relacionado à saúde, especialmente em final da vida, e suas famílias e/ou cuidadores (Radbruch et al., 2020). Ao pensar na abordagem paliativista, devemos encará-la como filosofia, que é incorporada no fazer de cada um que cuida nesse contexto. Outrossim, devemos entender a vida, a biografia e os desejos de cada pessoa como o foco do cuidado. Por isso, para falarmos sobre e praticarmos CP é preciso compreender antes de tudo sobre o viver, para adentrar e abordar o adoecer e o morrer.
No Brasil, em maio de 2024 houve a aprovação da Política Nacional de Cuidados Paliativos (PNCP) (Brasil, 2024), instituindo um novo momento na história do viver, do morrer e da morte no país. Essa política prevê a implantação de equipes assistenciais e consultoras em CP destinadas a atuar desde a atenção primária à saúde até o hospital. Dentre as diretrizes para a atuação estão o controle de sinais e sintomas, a implantação de planos avançados e antecipados de cuidados, de diretivas antecipadas, do cuidado diante do luto e para os cuidadores. Tais ações vem no sentido de qualificar os 234 serviços de CP existentes no país, além de ampliar esse quantitativo de modo a favorecer o acesso da população que ainda é desigual entre as regiões brasileiras, sobressaindo-se a sudeste em relação às demais (Guirro et al., 2023).
Ademais, a PNCP estimula o desenvolvimento de estratégias de educação em cuidados paliativos e o fomento à produção do conhecimento, desenvolvimento científico e disseminação desses pela cooperação entre instituições e governo (Brasil, 2024). Por isso, frente ao exposto, justifica-se a relevância do projeto de ensino aqui proposto pela necessidade de estimular as discussões e investigações sobre o viver, o adoecer e o morrer como uma estratégia para alinhar a formação de discentes da área da saúde com políticas públicas do Sistema Único de Saúde brasileiro.
Ainda, é válido resgatar que o currículo da Faculdade de Enfermagem não contempla de maneira aprofundada em sua grade curricular os temas cuidados paliativos e cuidados em final de vida. Atualmente, tem-se somente discussões pontuais no cenário de síntese em dois semestres específicos e um seminário de duas horas no qual é apresentado de maneira geral e ampla alguns princípios dos CP, bem como tensionados os problemas éticos e de atuação que podem emergir ao se cuidar de pessoas em final de vida e sua famílias e/ou cuidadores.

Metodologia

Na ação do tipo “Grupo de estudos”, serão realizados encontros dialógicos para a discussão de textos. Nesses encontros, discentes ou docentes farão a condução das discussões a partir de literatura indicada para leitura prévia. A literatura contemplará tanto artigos científicos quanto livros clássicos na área do adoecer e do morrer. Os encontros serão mensais e terão duração de 1h e 30 minutos. Na ação “Produção de resumos e artigos”, e em outras ações com natureza de pesquisa, será analisada a cada proposta a viabilidade do uso da abordagem qualitativa ou quantitativa para descrever, compreender, identificar ou analisar problemas de pesquisa vinculados aos temas centrais do projeto.

Indicadores, Metas e Resultados

Como indicador para a ação “Grupo de estudos” será utilizado o número de participantes por encontro, refletindo a adesão, principalmente de discentes, ao grupo. A meta será favorecer o desenvolvimento do pensamento crítico de discentes de graduação e pós-graduação acerca das questões que envolvem o viver, o adoecer e o morrer. Espera-se como resultado a sensibilização para diferentes formas de agir diante do cuidado nesses contextos, sobretudo tendo como balizador o disposto na Política Nacional de Cuidados Paliativos.
Como indicador para a ação “Produção de resumos e artigos”, e em outras ações com natureza de pesquisa, será utilizado o número de resumos e artigos, além da qualidade dos eventos ou periódicos em que forem publicados. A meta será estimular a produção e publicação de textos acadêmicos pelos discentes de graduação e pós-graduação em colaboração com docentes. Espera-se como resultado aproximar discentes do contexto científico, bem como aumentar as produções em conjunto com docentes, tal como é preconizado pelas agências de fomento e pela Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES), que avalia os Programas de Pós-Graduação no Brasil.

Equipe do Projeto

NomeCH SemanalData inicialData final
Ana Cristina Rodrigues dos Santos
BIANCA DE OLIVEIRA CAVENAGHI
ERNANI AUGUSTO FRAGA DA FONSECA
FRANCIELE ROBERTA CORDEIRO7
GABRIELA BRAUN PETRY
GABRIELI ASSIS DA SILVA COVA
ISMAEL FARIAS MAILAN
IZABELLE CARVALHO QUITETE
JADE MAUSS DA GAMA
JULIA MARLOW HALL
JULIANA GRACIELA VESTENA ZILLMER2
JÚLIA BROMBILA BLUMENTRITT
LOUISANNA SAINT FORT
LOURIENY PINHEIRO DA SILVA
MANUELA STIFFT PRZYBYLSKI
TANIELY DA COSTA BÓRIO
YASMIN BASTOS CARGNIN

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