Nome do Projeto
Impactos do uso da terra e manejo do solo sobre a qualidade de um solo localizado no bioma Pampa
Ênfase
Pesquisa
Data inicial - Data final
26/08/2024 - 31/08/2026
Unidade de Origem
Coordenador Atual
Área CNPq
Ciências Agrárias
Resumo
A produção agrícola no Brasil, que se destaca globalmente, tem experimentado um aumento na produtividade devido à adoção de tecnologias. A diversificação de culturas, incluindo sistemas de semeadura direta e integração lavoura-pecuária-floresta (ILPF), é crucial para aumentar a rentabilidade e sustentabilidade dos sistemas de produção. Estas práticas podem reverter a degradação associada ao manejo convencional, melhorando a qualidade do solo, sua estrutura, e capacidade de armazenamento de carbono. A adaptação de manejos deve considerar a resiliência e multifuncionalidade do solo frente a pressões antrópicas e mudanças climáticas. O estudo visa identificar e comparar a interação entre diferentes sistemas de uso da terra na região da Campanha do Rio Grande do Sul, Brasil, especificamente pastejo, pastejo-lavoura, e pastejo-lavoura-floresta em semeadura direta, com manejo convencional de lavoura e uma área de reserva legal. O foco é entender como essas práticas afetam a qualidade física do solo. O estudo será conduzido na área experimental da Embrapa Pecuária Sul, localizada na fronteira das cidades de Bagé e Hulha Negra. Serão avaliados diferentes sistemas de manejo, incluindo pastejo com campo nativo recuperado, pastejo com tifton, e lavoura-pecuária, todos com semeadura direta, comparando-os com uma área de lavoura sob manejo convencional e uma área de Reserva Legal. As amostragens serão feitas em áreas com diferentes níveis de manejo (alto, médio e baixo), desconsiderando bordas e corpos hídricos. As análises incluirão granulometria, capacidade de água disponível (CAD), estabilidade de agregados, carbono orgânico total (COT), e carbono da biomassa microbiana (CBM). A pesquisa tem o potencial de fornecer informações práticas sobre a qualidade física do solo sob diferentes sistemas de manejo, para auxiliar agricultores, técnicos, pesquisadores e tomadores de decisão a selecionar práticas que promovam a sustentabilidade e eficiência dos agroecossistemas, reduzindo impactos ambientais e melhorando a produtividade agrícola.

Objetivo Geral

Identificar a interação entre os sistemas de uso da terra, incluindo pastejo, pastejo-lavoura e pastejo-lavoura-floresta em semeadura direta, e compará-los com a lavoura sob manejo convencional e uma área de reserva legal.

Justificativa

O Brasil tem destaque global na produção agrícola. Nos últimos quarenta anos, registrou aumento na produtividade impulsionada pela adoção de tecnologias (EMBRAPA, 2018). Desse modo, visando o aumento da rentabilidade e sustentabilidade dos sistemas de produção, a diversificação de culturas tornou-se uma agenda importante de pesquisa, investigando o efeito de práticas como o sistema de semeadura direta, ILPF e agroflorestas para promoção da biodiversidade.
A adoção dessas práticas exige um custo e um período de adaptação, para que os efeitos positivos comecem a evidenciar recuperação da degradação causada pelo manejo convencional. O plantio direto, por exemplo, leva anos para que o solo comece a se recuperar em relação a sua qualidade física e armazenamento de carbono orgânico (SEKARAN; SAGAR; KUMAR, 2021).
A estrutura do solo é um agente importante para a sua fertilidade, pois, se as raízes não conseguem se desenvolver adequadamente, consequentemente afetará a absorção de nutrientes disponíveis e necessários. Além disto, a qualidade do solo é importante para que a produtividade agrícola não seja prejudicada frente aos eventos extremos (QIAO et al., 2022).
Outro atributo importante é a textura do solo, a qual desempenha um papel crucial nos processos físicos do solo, além da aeração, da condução da água durante os processos de infiltração, distribuição, armazenamento e percolação (SANTANA et al., 2023). Solos de textura mais arenosa terão maior macroporosidade, e, portanto, maior condutividade e aeração em relação aos solos argilosos (MELLO; SILVA; BESKOW, 2020).
O manejo deve ser adaptado considerando a resiliência do solo e sua multifuncionalidade para garantir a sua conservação, frente as pressões antrópicas e desafios ambientais (LUDWIG; WILMES; SCHRADER, 2018). No contexto atual a avaliação da morfológica do solo e sua interação com práticas de manejo tornam-se fundamentais para adaptar os sistemas agrícolas às mudanças climáticas.
Assim, a condição da superfície e o preparo do solo são determinantes para evitar sua degradação e promover as condições necessárias para a sustentabilidade desse sistema. Entender qual é a capacidade de uso da terra é crucial para selecionar práticas agrícolas adequadas, levando em consideração suas características intrínsecas e fatores ambientais.
A mudança do uso da terra para práticas agrícolas resulta em alterações no comportamento hídrico do solo e em outras variáveis, impactando a dinâmica do ciclo hidrológico (SANTANA et al., 2023). O escoamento superficial em excesso é o principal agente de degradação do solo e da água, e ocorre quando a água disponível na superfície excede a taxa e/ou capacidade de infiltração.
O comportamento desse fator muda de acordo com o tipo de solo (GARG et al., 2022). Mas implementar práticas que aumentam a absorção e retenção de água no solo, podem contribuir para o enfrentamento de eventos extremos, dos quais tendem a aumentar ao longo do tempo (FURTAK; WOLIŃSKA, 2023).
Sistemas com coberturas permanentes apresentam condições ambientais favoráveis à vida no solo, em relação aos cultivos convencionais (OMER et al., 2023). A vida no solo é indispensável para a sustentabilidade do sistema, uma vez que está vinculada a diversos atributos que influenciam a qualidade do solo (REEVES, 1997).
Nesse sentido, determinar a qualidade física do solo em usos e manejos diferentes, pode auxiliar a entender quais são as melhores práticas de manejo em determinado contexto. Disseminar as informações mais adequadas em uma localidade considerando sua capacidade uso, pode melhorar a produtividade reduzindo os impactos ambientais.
A região oeste do Rio Grande do Sul, onde é situada a área de estudo, possui uma tradição consolidada na produção pecuária, sendo um dos principais polos agropecuários do país. Além disso, o clima subtropical favorece a produção de pastagens durante o ano, proporcionando condições ideais para essas práticas.
Diante desse contexto descrito surge o presente estudo, que se propõe a elucidar os efeitos de diferentes usos e sistemas de manejos na qualidade física do solo, visando proporcionar conhecimentos práticos para agricultores, técnicos, pesquisadores e tomadores de decisão. Para tanto, serão avaliados sistemas de produção pecuária, em diferentes manejos, aliados a lavouras e produção de eucalipto.
Os atributos considerados irão elucidar a qualidade e saúde do solo, incluindo sua estrutura, fertilidade e capacidade de sustentar a vida microbiana. Portanto, ao reconhecer as práticas que otimizam a conservação do solo, pode-se estabelecer bases sólidas para agroecossistemas sustentáveis e eficientes.

Metodologia

O estudo será desenvolvido em uma área localizada na Campanha do Rio Grande do Sul, na fronteira da cidade de Bagé e Hulha Negra, na área experimental da Embrapa Pecuária Sul. A área pertence à Região Hidrográfica da Bacia do Rio Uruguai, na cabeceira (porção nordeste) da bacia hidrográfica do Rio Negro.
As amostragens serão realizada nos sistemas de pecuária com campo nativo recuperado, pecuária com tifton e lavoura-pecuária, todos com semeadura direta, com diferenças no manejo, e em uma área vizinha de lavoura com manejo convencional de preparo do solo. Considerando que as áreas com vegetação nativa podem auxiliar a identificar efeitos de degradação, a área de Reserva Legal será amostrada e considerada como testemunha.
As áreas dos tratamentos serão divididas em 3 níveis (alto, médio e baixo), onde em cada nível serão definidas áreas homogêneas considerando mesma declividade, e desconsiderando uma borda de 30 metros dos limites dos tratamentos e dos corpos hídricos.
Buscando uma padronização, as áreas testemunha serão delimitadas considerando valores de altitude semelhantes aos tratamentos.
As análises a ser realizadas incluem granulometria, capacidade de água disponível (CAD), estabilidade de agregados, carbono orgânico total (COT), carbono da biomassa microbiana (CBM).

Indicadores, Metas e Resultados

Espera-se, como resultado da pesquisa, fornecer informações práticas sobre a qualidade física do solo sob diferentes sistemas de manejo, para auxiliar agricultores, técnicos, pesquisadores e tomadores de decisão a selecionar práticas que promovam a sustentabilidade e eficiência dos agroecossistemas, reduzindo impactos ambientais e melhorando a produtividade agrícola.
Como produtos da pesquisa espera-se obter:
- Uma dissertação de mestrado;
- Dois artigos publicados em revistas com Qualis A1 ou A2;
- Um boletim informativo direcionados para profissionais da área rural.

Equipe do Projeto

NomeCH SemanalData inicialData final
JULIANA VARGAS BOZZATO
LIZETE STUMPF2
VITOR EMANUEL QUEVEDO TAVARES2

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