Nome do Projeto
INTERSECCIONALIDADE DE FATORES DEMOGRÁFICOS E SOCIOECONÔMICOS NA OCORRÊNCIA DE COMPORTAMENTOS SUICIDAS EM JOVENS ADULTOS BRASILEIROS
Ênfase
Pesquisa
Data inicial - Data final
20/12/2024 - 28/02/2027
Unidade de Origem
Coordenador Atual
Área CNPq
Ciências da Saúde
Resumo
O suicídio e os comportamentos suicidas são uma preocupação global de saúde,
especialmente nas últimas duas décadas, que registraram 700 mil mortes/ano. No
Brasil, o Rio Grande do Sul possui a maior taxa de suicídio (13,3/100 mil hab.) e
Pelotas (17,1/100 mil hab.) é a décima cidade com a maior taxa no estado. Os
comportamentos suicidas têm etiologia multifatorial, influenciada por diversas
dimensões da vida, como a demográfica e socioeconômica. Nessas dimensões,
algumas características estão associadas aos comportamentos suicidas, entre
elas: pertencer à família de baixa renda, ser de minoria racial e do sexo feminino.
Elas são, em geral, explicadas pelas desvantagens sociais, discriminações e
instabilidades sociais vivenciadas ao longo da vida. Mais estudos sobre estas
associações em países de média e baixa renda poderão fornecer novos achados,
visto as instabilidades e desigualdades sociais serem maiores, dentre outros
aspectos. Grande parte dos trabalhos sobre o tema analisou as dimensões de
desigualdade social de forma isolada, sem considerar a possibilidade de uma
relação sinérgica entre as dimensões demográfica e econômica no aumento do
risco de apresentar comportamentos suicidas. É possível que a intersecção dessas
categorias em nível individual interaja e potencialize os efeitos em diversos
desfechos em saúde, como o próprio suicídio. Este trabalho tem como objetivo
analisar a intersecção entre fatores demográficos e socioeconômicos nos
comportamentos suicidas em adultos jovens brasileiros (18-30 anos). Ele usará a
base de dados de três grandes estudos, um nacional e dois outros locais. No
primeiro artigo objetiva-se descrever as taxas anuais de tentativas de suicídio de
acordo com a intersecção de cor da pele, escolaridade e sexo na série temporal de
2014-2023, utilizando dados de registro nacional do Ministério da Saúde. No
segundo artigo visa-se descrever as prevalências de pensamentos suicidas e
tentativas de suicídio, e a incidência de tentativas de suicídio de acordo com cor da
pele, sexo, e suas intersecções, entre pertencentes ao estudo de Coorte de
Nascimentos de Pelotas de 1993 ao longo do início da idade adulta (18, 22 e 30
anos). No terceiro artigo pretende-se investigar as diferenças geracionais na
prevalência comportamentos suicidas de acordo com cor da pele, sexo, e suas
intersecções, entre pertencentes de duas Coortes de Nascimentos de Pelotas, a de
1982 e a de 1993.
Objetivo Geral
Descrever as taxas anuais de tentativa de suicídio entre a população adulta
jovem brasileira (18-30 anos), entre 2014 e 2023, de acordo com fatores
demográficos e socioeconômico, em nível nacional e regional, sob uma abordagem
interseccional, utilizando dados do sistema VIVA/SINAN sobre violência
autoprovocada e estimativas populacionais do IBGE5
jovem brasileira (18-30 anos), entre 2014 e 2023, de acordo com fatores
demográficos e socioeconômico, em nível nacional e regional, sob uma abordagem
interseccional, utilizando dados do sistema VIVA/SINAN sobre violência
autoprovocada e estimativas populacionais do IBGE5
Justificativa
Nos últimos 20 anos, houve aumento de 17% nas taxas de mortes por
suicídio nas Américas, enquanto a taxa global diminuiu em 36% (SES-RS, 2023).
Mesmo com a subnotificação, na última década houve um aumento nas mortes por
suicídio no país (35,8%) e no RS (11,6%), também, houve aumento significativo na
notificação de violência autoprovocada em nível nacional (497,5%) e estadual
(347,0%) (da Silva; Marcolan, 2021).
O RS seguiu liderando as taxas de suicídio entre os demais estados em
2023, com 14,4 casos/100 mil habitantes (SES-RS, 2024). No mesmo ano, a taxa
de violência autoprovocada no RS (98,0/100 mil hab.) e Pelotas (129,4/100 mil
hab.) foram maiores que a taxa nacional (87,5/100 mil hab.) (DATASUS, 2024;
SES-RS, 2024).
Há evidências na literatura sobre a associação entre fatores demográficos e
socioeconômicos (escolaridade, nível socioeconômico, raça/etnia, renda familiar,
sexo e situação de trabalho) com comportamentos suicidas. Ainda, evidências
demonstram que a força e a direcionalidade da associação entre fatores
socioeconômicos e comportamentos suicidas podem variar em decorrência de
como as crises sociais/econômicas afetam os indivíduos ou o seu grupo (Iemmi et
al., 2016; Leinsalu, et al., 2020; Turecki et al., 2019).
Porém, a literatura nacional sobre o tema é escassa, com poucos estudos
realizados com dados secundários e nenhum estudo longitudinal. As evidências
disponíveis são apenas representativas de países de alta renda, limitando a
extrapolação para países de média e baixa renda, uma vez que concentram a maior
carga de mortes por suicídio (77% dos casos) e em decorrência consideráveis
diferenças nos contextos sociais e culturais, sendo que tais diferenças podem
exercer influências diretas e indiretas na carga de mortes por suicídio (Franklin et
al., 2017; Iemmi et al., 2016; Nock et al., 2008; Renaud et al., 2022).
O suicídio e os comportamentos suicidas são desfechos de etiologia
complexa, resultando da interação entre fatores individuais (biológicos,
psicológicos e sociais), contribuindo para um senso de não pertencimento e
inadequação a normas sociais e ao ambiente (Turecki et al., 2019; Van Orden et
al., 2010); sendo indispensável considerar o contexto social e histórico nesta
relação, uma vez que a ocorrência destes desfechos não pode ser facilmente
compreendida dissociada de contexto em que se manifesta, embora, grande parte
da literatura científica sobre o tema foque apenas em fatores no nível individual
(Standley, 2020).
No contexto brasileiro – machista, racista e com grandes desigualdades
socioeconômicas – a população de baixa renda, as mulheres e as negras são mais
afetadas, especialmente quando essas características se somam (Barros, 2023;
Fontoura et al., 2017; Silveira; Siqueira, 2021). Torna-se necessário investigar a
relação entre as dimensões de desigualdades e que se interrelacionam na temática
dos comportamentos suicidas.
Através de uma abordagem interseccional, utilizando variáveis de sexo e cor
da pele, como indicadores de opressão estrutural (racismo e sexismo), e renda
familiar (como indicador de posição socioeconômica), considerando suas possíveis
intersecções, pode-se evidenciar se o acúmulo de marcadores de desigualdades
sociais potencializará os efeitos desses fatores no aumento do risco dos
comportamentos suicidas.
Considerando a necessidade de melhor entendimento sobre o tema, o
presente trabalho, portanto, poderá contribuir com a literatura existente ao avaliar
a distribuição das notificações de violência autoprovocada intencionalmente
(VIVA/SINAN) de acordo com fatores demográficos e econômicos na população de
jovens adultos (18-30 anos) de um país com profundas desigualdades sociais e em
diferentes períodos temporais, que podem afetar essa relação, assim como uma
possível intersecção entre estes fatores demográficos e socioeconômicos.
Tendo em vista a disponibilidade de dados de duas Coortes de nascimentos
sobre comportamentos suicidas em adultos, este trabalho, também, poderá
contribuir com a literatura ao avaliar: i) a distribuição de comportamentos suicidas
de acordo com fatores demográficos, socioeconômicos e suas intersecções em
diferentes períodos da idade adulta, utilizando dados longitudinais dos participantes
da Coorte de Nascimentos de Pelotas de 1993; ii) as diferenças geracionais na
associação entre comportamentos suicidas e fatores demográficos,
socioeconômicos e suas intersecções aos 30 anos, entre os participantes Coortes
de Nascimentos de Pelotas de 1982 e 1993.
suicídio nas Américas, enquanto a taxa global diminuiu em 36% (SES-RS, 2023).
Mesmo com a subnotificação, na última década houve um aumento nas mortes por
suicídio no país (35,8%) e no RS (11,6%), também, houve aumento significativo na
notificação de violência autoprovocada em nível nacional (497,5%) e estadual
(347,0%) (da Silva; Marcolan, 2021).
O RS seguiu liderando as taxas de suicídio entre os demais estados em
2023, com 14,4 casos/100 mil habitantes (SES-RS, 2024). No mesmo ano, a taxa
de violência autoprovocada no RS (98,0/100 mil hab.) e Pelotas (129,4/100 mil
hab.) foram maiores que a taxa nacional (87,5/100 mil hab.) (DATASUS, 2024;
SES-RS, 2024).
Há evidências na literatura sobre a associação entre fatores demográficos e
socioeconômicos (escolaridade, nível socioeconômico, raça/etnia, renda familiar,
sexo e situação de trabalho) com comportamentos suicidas. Ainda, evidências
demonstram que a força e a direcionalidade da associação entre fatores
socioeconômicos e comportamentos suicidas podem variar em decorrência de
como as crises sociais/econômicas afetam os indivíduos ou o seu grupo (Iemmi et
al., 2016; Leinsalu, et al., 2020; Turecki et al., 2019).
Porém, a literatura nacional sobre o tema é escassa, com poucos estudos
realizados com dados secundários e nenhum estudo longitudinal. As evidências
disponíveis são apenas representativas de países de alta renda, limitando a
extrapolação para países de média e baixa renda, uma vez que concentram a maior
carga de mortes por suicídio (77% dos casos) e em decorrência consideráveis
diferenças nos contextos sociais e culturais, sendo que tais diferenças podem
exercer influências diretas e indiretas na carga de mortes por suicídio (Franklin et
al., 2017; Iemmi et al., 2016; Nock et al., 2008; Renaud et al., 2022).
O suicídio e os comportamentos suicidas são desfechos de etiologia
complexa, resultando da interação entre fatores individuais (biológicos,
psicológicos e sociais), contribuindo para um senso de não pertencimento e
inadequação a normas sociais e ao ambiente (Turecki et al., 2019; Van Orden et
al., 2010); sendo indispensável considerar o contexto social e histórico nesta
relação, uma vez que a ocorrência destes desfechos não pode ser facilmente
compreendida dissociada de contexto em que se manifesta, embora, grande parte
da literatura científica sobre o tema foque apenas em fatores no nível individual
(Standley, 2020).
No contexto brasileiro – machista, racista e com grandes desigualdades
socioeconômicas – a população de baixa renda, as mulheres e as negras são mais
afetadas, especialmente quando essas características se somam (Barros, 2023;
Fontoura et al., 2017; Silveira; Siqueira, 2021). Torna-se necessário investigar a
relação entre as dimensões de desigualdades e que se interrelacionam na temática
dos comportamentos suicidas.
Através de uma abordagem interseccional, utilizando variáveis de sexo e cor
da pele, como indicadores de opressão estrutural (racismo e sexismo), e renda
familiar (como indicador de posição socioeconômica), considerando suas possíveis
intersecções, pode-se evidenciar se o acúmulo de marcadores de desigualdades
sociais potencializará os efeitos desses fatores no aumento do risco dos
comportamentos suicidas.
Considerando a necessidade de melhor entendimento sobre o tema, o
presente trabalho, portanto, poderá contribuir com a literatura existente ao avaliar
a distribuição das notificações de violência autoprovocada intencionalmente
(VIVA/SINAN) de acordo com fatores demográficos e econômicos na população de
jovens adultos (18-30 anos) de um país com profundas desigualdades sociais e em
diferentes períodos temporais, que podem afetar essa relação, assim como uma
possível intersecção entre estes fatores demográficos e socioeconômicos.
Tendo em vista a disponibilidade de dados de duas Coortes de nascimentos
sobre comportamentos suicidas em adultos, este trabalho, também, poderá
contribuir com a literatura ao avaliar: i) a distribuição de comportamentos suicidas
de acordo com fatores demográficos, socioeconômicos e suas intersecções em
diferentes períodos da idade adulta, utilizando dados longitudinais dos participantes
da Coorte de Nascimentos de Pelotas de 1993; ii) as diferenças geracionais na
associação entre comportamentos suicidas e fatores demográficos,
socioeconômicos e suas intersecções aos 30 anos, entre os participantes Coortes
de Nascimentos de Pelotas de 1982 e 1993.
Metodologia
O primeiro artigo desta tese será de delineamento transversal, utilizando
dados de notificação de violência autoprovocada provenientes do Sistema de
Informação de Agravos de Notificação (VIVA/SINAN).
Os artigos 2 e 3 deste estudo serão realizados com dados das Coortes de
nascimentos de Pelotas de 1982 e 1993, sendo referidas apenas como Coorte de
1982 e Coorte de 1993 nos próximos itens. Os artigos 2 será de delineamento
misto, com análises longitudinais e transversais, enquanto o artigo 3 será de
delineamento transversal.
dados de notificação de violência autoprovocada provenientes do Sistema de
Informação de Agravos de Notificação (VIVA/SINAN).
Os artigos 2 e 3 deste estudo serão realizados com dados das Coortes de
nascimentos de Pelotas de 1982 e 1993, sendo referidas apenas como Coorte de
1982 e Coorte de 1993 nos próximos itens. Os artigos 2 será de delineamento
misto, com análises longitudinais e transversais, enquanto o artigo 3 será de
delineamento transversal.
Indicadores, Metas e Resultados
ARTIGOS PLANEJADOS
ARTIGO 1 – Intersecção de cor da pele, escolaridade e sexo nas taxas anuais de
violência autoprovocada entre jovens adultos (18-30 anos) no Brasil e nas suas
macrorregiões entre 2014 e 2023.
ARTIGO 2 – Prevalência e incidência de comportamentos suicidas de acordo com
características demográficas e socioeconômicas aos 18, 22 e 30 anos de idade, na
Coorte de Nascimentos de Pelotas de 1993: uma abordagem interseccional
ARTIGO 3 – Diferenças geracionais na prevalência de comportamentos suicidas
de acordo com a interseccionalidade demográfica e aos 30 anos de idade nas
Coortes de Nascimentos de Pelotas de 1982 e 1993.
ARTIGO 1 – Intersecção de cor da pele, escolaridade e sexo nas taxas anuais de
violência autoprovocada entre jovens adultos (18-30 anos) no Brasil e nas suas
macrorregiões entre 2014 e 2023.
ARTIGO 2 – Prevalência e incidência de comportamentos suicidas de acordo com
características demográficas e socioeconômicas aos 18, 22 e 30 anos de idade, na
Coorte de Nascimentos de Pelotas de 1993: uma abordagem interseccional
ARTIGO 3 – Diferenças geracionais na prevalência de comportamentos suicidas
de acordo com a interseccionalidade demográfica e aos 30 anos de idade nas
Coortes de Nascimentos de Pelotas de 1982 e 1993.
Equipe do Projeto
Nome | CH Semanal | Data inicial | Data final |
---|---|---|---|
BRUNA GONÇALVES CORDEIRO DA SILVA | 1 | ||
GABRIEL CALEGARO | |||
HELEN DENISE GONCALVES DA SILVA | 1 |