Nome do Projeto
Capitalismo no antropoceno: “crise ambiental”, crescimento econômico e o novo “espírito verde” do capital
Ênfase
Pesquisa
Data inicial - Data final
13/01/2025 - 12/01/2027
Unidade de Origem
Coordenador Atual
Área CNPq
Ciências Humanas
Resumo
Apesar da polêmica criada em torno a ele, o conceito de Antropoceno se disseminou rapidamente entre a comunidade de cientistas da terra, historiadores da ciência e das humanidades em geral. O conceito tem a virtude, por seu caráter amplo, de aglutinar a diversidade de estudiosos das diversas disciplinas, porém esconde muitas fragilidades. Este projeto de pesquisa tem como tema as contradições entre o crescimento econômico na sociedade capitalista e a “crise ambiental”. O crescimento econômico baseia-se na exploração intensiva dos recursos naturais e humanos. Utiliza-se este último termo apesar de que é ambíguo e geral, além de que é um termo que domina o “senso comum”, contaminando acadêmicos e os “meios de comunicação” que o reproduzem. A questão central desta pesquisa é expressa da seguinte maneira: Como o capitalismo, com sua lógica de crescimento econômico ilimitado, contribui para a aprofundamento da crise ambiental, e de que modo as “soluções” propostas, como a economia verde e sustentável ambiental, refletem, reproduzem ou desafiam as contradições estruturais do sistema capitalista? A crise ambiental que é, sem dúvida, o mais desafio do século XXI que significa, num sentido amplo e genérico, a destruição da natureza, evidenciando assim os limites da natureza. As manifestações da crise como as secas, as enchentes, o desmatamento, a degradação dos solos, a poluição do ar, os impactos sociais e econômicos, etc, têm “criado” as condições de um relativo “consenso” entre governos, agentes econômicos e sociedade em geral, mas, este aparente consenso esconde as contradições de interesses econômicos dos Estados-nações e das grandes corporações, sobretudo a contradição entre países desenvolvidos e os países da periferia subdesenvolvida. Essas manifestações, no entanto, são os indicadores ou evidencias de que estamos, segundo os que defendem essa ideia, numa nova época na terra: o antropoceno, resultado da atividade humana. Porém, como veremos, o antropoceno é um termo controverso que gera muitas dúvidas e críticas. Nesta pesquisa pretende-se avançar no diálogo, desde a sociologia, com os autores especializados que estão na “fronteira do conhecimento”, mas também se aponta algumas referências teóricas iniciais. a teoria da espacialização das escassezes e da reprodução das relações sociais de Henri Lefebvre (2020); a crítica radical de Karl Marx ao capitalismo. Apesar de sua obra inacabada e incompleta e em momentos contraditória, Marx continua sendo uma referência indispensável na crítica ao capitalismo. Sabe-se que em Marx há um “momento produtivista”, influenciado pelo “espírito do crescimento econômico”, porém, na fase final de sua vida, ele dedica-se ao estudo da ecologia e das comunidades a propósito da carta que ele recebe de Vera Zassúlitch, a populista russa sobre as possibilidades de transição ao socialismo, a partir das comunidades camponesas da Rússia, sem ter que passar pelo capitalismo. De Boltanski (2009) toma-se como inspiração suas ideias relativas à incorporação, por parte do capital da crítica social (ambiental) na superação de suas crises e também a ideia da construção de um “novo espirito do capitalismo” como um movimento de engajamento nesse novo espírito verde do capital e também de superação das crises.

Objetivo Geral

Analisar o modo como o capitalismo responde à crise ambiental por meio da construção de narrativas e práticas vinculadas à “economia verde” e à sustentabilidade, observando e analisando seus impactos sociais, econômicos e ecológicos e suas implicações para o desenvolvimento sustentável, a justiça ambiental e as desigualdades sociais.

Justificativa

Desde sua origem, o conceito de antropoceno, hoje amplamente difundido, mas de forma desigual, nas ciências das terras e nas ciências humanas chama a atenção sobre o impacto das atividades humanas no sistema-terra, definindo um novo tempo geológico, ainda que como se sabe, não há uma posição definitiva dos geólogos, mas o conceito tem mobilizado os cientistas na busca de evidências do fim do holoceno e o começo de uma nova época da terra. O aquecimento global, a crescente destruição de florestas e a poluição do ar e das águas, as pandemias, as persistentes enchentes, a destruição de recursos naturais e os impactos sobre a economia e as vidas das pessoas são algumas das evidências do que se denomina comumente de “crise ambiental”. O “conceito” de antropoceno penetrou lentamente nas ciências humanas, especialmente na sociologia e a antropologia, por isso é preciso aprofundar as análises desde a perspectivas das ciências humanas para apreender os efeitos das mudanças climáticas, contudo tendo presente duas coisas: as desigualdades sociais e as tendências do crescimento econômico. Nos perguntamos se as sociedades chegaram a um ponto de não retorno e se é possível um novo modo de produção capitalista baseado numa “economia verde”. Por agora, é possível mostrar que as mudanças climáticas (secas, inundações, ondas de calor etc.) estão afetando os diferentes setores da economia (agricultura, indústria, comércio, infraestrutura), como consequência ocorre a queda na produção de alimentos, empregos e rendas, o que implica a urgência de formulação de políticas públicas para mitigar esses impactos sobretudo nas populações mais vulneráveis.
Este projeto se justifica pela urgência de compreender as relações entre o Antropoceno e a tendência do crescimento econômico, que permeia o comportamento dos principais atores econômicos, como referência epistemológica para a construção de estratégias e programas de mitigação e de políticas sociais orientadas às populações vulneráveis afetadas pelas mudanças climáticas. A pesquisa contribuirá no avanço do conhecimento científico fornecendo análises e críticas, em diálogo com as ciências ambientais, as ciências econômicas e as ciências humanas. Vale a pena salientar que esta pesquisa é relevante porque seus resultados podem servir de subsídios para pensar políticas públicas e ações de sustentabilidade visando a promoção da justiça social e ambiental.

Metodologia

Para atingir os objetivos definidos, a metodologia qualitativa e interdisciplinar adotada, será dividida em cinco momentos:
I. Uma revisão bibliográfica que possibilite a construção de uma base teórica consistente sobre os conceitos de “economia verde”, “capitalismo”, “crescimento econômico”, “decrescimento”, “justiça ambiental” e “sustentabilidade”. Para isso se fará um levantamento do conhecimento produzido publicado em artigo, livros, dissertações e teses, assim a análise de relatórios de instituições internacionais (ONU, Banco Mundial, PCC (Intergovernmental Panel on Climate Change) e relatórios governamentais. A revisão bibliográfica permitirá avançar na crítica ao capitalismo e às interpretações hegemônicas sobre a crise ambiental.
II. Analise dos discursos existentes sobre a “economia verde” e a transição a um novo modo de produção baseado em fontes renováveis de energia.
III. Análise de estudos de casos: mercados de carbono no Brasil; projetos de energia renovável; programas sustentáveis de grandes empresas, exemplo “Natura”. Os dados serão coletados a partir de relatórios, estudos técnicos e entrevistas, de acordo com a viabilidade. com representantes das empresas escolhidas.
IV. Reunir dados do Banco Mundial, e organizações internacionais e nacionais que têm informações sobre os mercados relacionados com a economia verde, novas fontes de energia, projetos de sustentabilidade ambiental, etc.
V. Análise de práticas criativas e alternativas de um novo modo de vida, como experiências de decrescimento e associações de práticas sustentáveis de manejo de recursos naturais.

Indicadores, Metas e Resultados

- Publicação de artigos científicos e de divulgação
- Publicação de capítulos de livro
- Organização de eventos científicos sobre o tema
- Participação em eventos nacionais e internacionais sobre o tema
- Orientação de alunos da graduação e da pós-graduação sobre a problemática
- Realização de atividades de ensino na graduação e na pós-graduação sobre o tema

Equipe do Projeto

NomeCH SemanalData inicialData final
ALEXANDRE SILVEIRA VERGARA
GUILLERMO STEFANO ROSA GÓMEZ
NEWTON SOARES MOTA
SANDRO ADAMS
SANDRO ARI ANDRADE DE MIRANDA
WILLIAM HECTOR GOMEZ SOTO24

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