Nome do Projeto
Uso do Vetor Viral TRV e Levantamento de Vírus em Plantas Daninhas
Ênfase
Pesquisa
Data inicial - Data final
30/01/2025 - 30/01/2028
Unidade de Origem
Coordenador Atual
Área CNPq
Ciências Agrárias
Resumo
O setor agrícola desempenha um papel fundamental na economia do Brasil, impactando diretamente a produção e, indiretamente, diversos outros setores. Como qualquer área produtiva, enfrenta desafios significativos, como a resistência das pragas aos pesticidas e a crescente demanda por alternativas que reduzam o uso de agrotóxicos, visando a proteção da saúde humana e ambiental. Nos últimos anos, têm surgido novas abordagens para o controle de pragas, especialmente por meio de métodos moleculares. O silenciamento de genes, utilizando a aplicação exógena de RNA(RNAi), tem se mostrado uma tecnologia promissora para superar a resistência aos pesticidas e controlar pragas. Entretanto, uma das principais limitações dessa tecnologia é a dificuldade de entregar os RNAs de maneira eficaz no alvo biológico. Especificamente em plantas daninhas, o conhecimento genômico é mais recente quando comparado ao das plantas de importância econômica, o que torna necessário o desenvolvimento de tecnologias que possibilitem a análise funcional de genes, a fim de identificar potenciais alvos para o controle dessas plantas. O objetivo deste projeto é validar e explorar o uso do vetor TRV (Tobacco rattle virus) para estudar genes alvos envolvidos na resistência e/ou diferenciação em plantas daninhas. Além disso, pretende-se realizar um levantamento de vírus presentes em plantas daninhas, com o intuito de identificar vírus que possam ser utilizados no futuro, para desenvolver ferramentas biotecnológicas que possam ser usadas na área da herbologia.

Objetivo Geral

Utilizar a tecnologia de VIGS em plantas daninhas e procurar vírus em plantas daninhas que possam servir como modelos para construir um vetor viral.

Justificativa

- O vetor viral TRV pode ser eficiente na análise funcional de genes em plantas daninhas;
- O vetor viral TRV permitirá uma melhor compreensão dos mecanismos de resistência e diferenciação nas plantas daninhas;
- Vírus presentes em plantas daninhas podem servir como vetores virais.

Metodologia

ESTUDO 1- Vetor viral TRV em plantas daninhas
Mudas de plantas: Serão utilizadas 20 mudas de cada uma das seguintes espécies: Amaranthus sp. (Caruru), Raphanus sp. (Nabiça), Conyza sp. (Buva), Eragrostis plana (Capim-Annoni) e Nicotiana benthamiana (controle positivo). As plantas serão cultivadas sob condições controladas, com fotoperíodo de 16 horas de luz e 8 horas de escuro, e temperatura variando entre 20ºC e 25ºC. Cinco dias antes da agroinfiltração, as plantas serão aclimatadas a uma temperatura constante de 22ºC.
Clones TRV: Os clones utilizados neste estudo foram fornecidos pelo Laboratório de Virologia do Departamento de Microbiologia Agrícola da Universidade Federal de Viçosa (UFV), sob a coordenação da Professora Poliane Alfenas Zerbini. O clone pTRV1 corresponde à construção que contém o fragmento referente ao RNA1 do Tobacco rattle virus (TRV), enquanto o clone pTRV2_PDSt é uma construção que contém o fragmento modificado do RNA2 do TRV, juntamente com o gene da fitoeno desaturase (PDS) de tabaco. Ambos os clones foram transformados na cepa Agrobacterium tumefaciens C58C1. Considerando que o gene PDS é constitutivo, espera-se que, mesmo com a sua utilização, as plantas agroinfiltradas apresentem características fenotípicas distintas, decorrentes do silenciamento do gene alvo.
Agroinoculação: Para a obtenção dos pré-inóculos, os clones descritos anteriormente serão cultivados em 5 mL de meio Luria-Bertani (LB) líquido, suplementado com 40 mg/L de kanamicina e 40 mg/L de rifampicina, e incubados a 28°C por 20 horas com agitação de 225rpm. Em seguida, 1 mL de cada pré-inóculo será transferido para Erlenmeyers contendo 50 mL de meio LB líquido, com a mesma composição de antibióticos, sendo incubado sob as mesmas condições de temperatura e agitação até atingir uma densidade óptica (OD600) aproximada de 0,6. Após esse período, as células bacterianas serão coletadas por centrifugação e resuspendidas em tampão de inoculação contendo 10 mM de MgCl₂, 10 mM de MES e 200 μM de acetosiringona, até atingir uma OD600 de 1,2. As suspensões bacterianas serão mantidas a temperatura ambiente por pelo menos 2 horas e, em seguida, misturadas na proporção de 1:1. Utilizando uma seringa de 5 mL, as suspensões serão inoculadas nas folhas das plantas, que serão mantidas a uma temperatura constante de 22ºC durante o período de observação fenotípica.
Análise fenotípica das plantas: As plantas serão monitoradas e fotografadas diariamente a fim de verificar uma mudança fenotípica, um aspecto de branqueamento nas folhas devido ao silenciamento do gene PDS. Esperando o aparecimento das primeiras alterações 15 dias após a agroinoculação e acompanhando as mudanças até 45 dias após a agroinoculação.
Detecção do TRV nas plantas agroinfiltradas: Será realizado um RT-PCR como um primeiro screening para detectar a presença das duas moléculas de RNA do TRV, trinta dias após a agroinoculação. A extração de RNA total será realizada a partir de 100mg de tecido foliar utilizando TRIzol Reagent (Invitrogen). O RNA total extraído será tratado com DNase (Promega) por 1 hora a 37˚C a fim de remover qualquer contaminante de DNA genômico. Após o tratamento será realizada a síntese de cDNA utilizando-se primers específicos para a detecção do TRV (Shen et al., 2021). Para a síntese de cDNA, o RNA tratado com DNase (aproximadamente 1 g) será utilizado em uma reação contendo 1 µl do primer reverse e água suficiente para um volume final de 14 µl. A reação será incubada à 70°C por 5 minutos. Decorrido o tempo serão adicionados à reação 5 µl de tampão (Tris-HCl 250 mM pH 8,3, KCl 375 mM e MgCl2 15 mM), 5 µl de mistura de deoxinucleotídeos trifosfatados (dATP, dGTP, dCTP, dTTP) 10mM e 200 unidades da transcriptase reversa Superscript III (Invitrogen). A mistura será incubada a 42oC por 1 hora. Para a amplificação via PCR serão utilizados oligonucleotídeos específicos (Shen et al., 2021)

ESTUDO 2- Levantamento de vírus em plantas daninhas
Plantas alvo: Serão realizadas coletas de amostras foliares das seguintes espécies de plantas daninhas: Conyza spp. (buva), Amaranthus viridis (caruru), Cyperus haspan (tiririca), Ipomoea acuminata (corda de viola), Sida glaziovii (guanxuma), Digitaria insularis (capim amargoso) e Eragrostis plana (capim-annoni).
Coleta das amostras: Amostras foliares, tanto sintomáticas quanto assintomáticas, serão coletadas e acondicionadas em caixas térmicas contendo gelo. Posteriormente, as amostras serão transferidas para um ultrafreezer a -80ºC, onde serão armazenadas para posterior processamento. Adicionalmente, será realizado o georreferenciamento dos pontos de coleta, a fim de registrar com precisão a localização exata das amostras.
Diagnose de virus: Para a diagnose serão feitos testes moleculares para as especies virais pertencentes aos gêneros: begomovirus, potyvirus, rabdhovirus, ipomovirus e tospovirus.

a. Extração de ácidos nucleicos: A extração de RNA total será realizada a partir de 100mg de tecido foliar utilizando TRIzol Reagent (Invitrogen). A extração de DNA total será a partir de discos foliares de acordo com o método desenvolvido por Doyle e Doyle (1983).

b. Testes diagnósticos:

b.1.Vírus com Genoma de DNA: A detecção de begomovirus será realizada por PCR utilizando primers degenerados (Rojas et al. 1993). A reação será conduzida com 30 ciclos, cada um consistindo de uma desnaturação a 94ºC por 1 minuto, anelamento a 54ºC por 1 minuto, e extensão a 72ºC por 1 minuto e 30 segundos, seguido de uma extensão final a 72ºC por 10 minutos. O produto amplificado será analisado por eletroforese em gel de agarose (0,8% p/v). Posteriormente, o produto será enviado para sequenciamento.
b.2. Vírus com Genoma de RNA: Para os vírus com genoma de RNA, o RNA extraído será utilizado para a síntese de cDNA utilizando o kit SuperScript III Reverse Transcriptase (Invitrogen), conforme as instruções do fabricante. A transcrição reversa será realizada com primers específicos para os gêneros mencionados acima. O cDNA obtido será então utilizado como molde em reações de PCR, empregando oligonucleotídeos forward e reverse específicos. Posteriormente, o produto será enviado para sequenciamento.

Indicadores, Metas e Resultados

Metas:
- Validar o uso do vetor viral TRV para o silenciamento de genes em plantas daninhas;
- Contribuir para o avanço da gênomica das plantas daninhas;
- Iniciar um levantamento de virus em plantas daninhas.

Resultados esperados:
- O uso do TRV como vetor viral para o silenciamento de genes possibilitará a identificação e validação de genes essenciais nas plantas daninhas, que estão envolvidos na resistência a herbicidas e/ ou no processo de diferenciação celular que contribuem para sua adaptação e sobrevivência;
- Esse levantamento e posterior identificação e caracterização de vírus associados a plantas daninhas, podem ser utilizados para a construção de vetores virais eficientes e específicos para o controle dessas plantas;
- Apresentar uma ferramenta alternativa de ánalise de genes mais rápida que não necessita de transformação de plantas e nem de melhoramento convencional para obter resultados;
- Treinamento de recursos humanos em nível de graduação, mestrado e doutorado em trabalhos com vírus e vetores virais;
- Publicação de artigos científicos em revistas de elevado impacto.

Equipe do Projeto

NomeCH SemanalData inicialData final
ALEXANDRE DE LIMA CAETANO
DANIELLE RIBEIRO DE BARROS4
EMANUELI BIZARRO FURTADO

Página gerada em 30/03/2025 21:52:25 (consulta levou 0.089890s)