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Visto que os neonatos equinos podem ter alguns parâmetros oftalmológicos basais diferentes de adultos e entre raças, e que alguns reflexos oculares desenvolvem-se gradativamente juntamente com a maturidade neurológica do animal, torna-se necessário descrever os achados oftalmológicos em potros hígidos de um dia a 2 meses de idade. Os dados descritos na literatura são inconsistentes e não são específicos por raça e idade

Serão utilizados 15 potros da raça Crioula, provenientes da tropa de éguas do Centro de Ensino e Equideocultura da Palma (CEEP-UFPEL). A gestação e o parto serão acompanhados por outro projeto de pesquisa do mesmo grupo CLINEQ - UFPEL. As éguas são Crioulas puras, vacinadas para Raiva, Herpesvirus 1 e 4, Tétano e Garrotilho, e vermifugadas durante a gestação. Elas serão mantidas em piquete de Azevém e capim nativo durante a gestação, além de 1% do peso vivo de ração balanceada para Equinos (12% de PB), e água ad libitum. No momento estimado de parto serão conduzidas a baia individual, de tamanho 4x4, ventilada, forrada com palha de arroz, sendo esse momento previsto mediante avaliação de pH colostral.
No pós parto imediato até o segundo mês de vida, os potros serão submetidos a exame clínico diário, a fim de serem considerados hígidos. Caso ocorra alguma intercorrência no parto, ou algum diagnóstico de afecção na mãe ou no potro, os animais serão excluídos do estudo.
A avaliação ocular será realizada em baia escura, em estação, ao lado da mãe, e somente com contenção física manual. Serão 7 momentos de coleta, classificados em: T0 (pós parto imediato, 1-6h pós parto); T0.5 (48 horas pós parto); T1 (1 semana pós parto); T2 (2 semanas pós parto); T3 (3 semanas pós parto); T4 (4 semanas pós parto); e T5 (8 semanas pós parto). Em cada momento de coleta os potros serão avaliados quanto aos seguintes parâmetros na respectiva ordem citada: resposta de ameaça; reflexo de ofuscamento; reflexo palpebral; reflexo corneano com estesiômetro Cochet-Bonet; reflexo pupilar direto e consensual; formato da fenda pupilar; teste lacrimal de Shirmer; tonometria de aplanação (Tonopen®).
Após a coleta dos parâmetros supracitados, os potros serão submetidos ao restante da semiotécnica oftálmica, segundo Gilger e Stoppini (2018), com objetivo de excluir afecções oftálmicas que interfiram na higidez ocular e nos parâmetros avaliados. Tal avaliação será posterior a coleta de dados visando evitar a interferência do exame ocular nos reflexos e na produção lacrimal. A avaliação da superfície ocular e do segmento anterior ocorrerá mediante uso de biomicroscopia com lâmpada de fenda (SLP-Z, Apramed®). Também será realizado teste de fluoresceína com fitas individuais (Synn vet). Por fim será realizada fundoscopia com oftalmoscópio direto (Welch Allyn), pós uso de colírio midriático (Tropicamida 1%).
Os dados serão analisados estatisticamente mediante análise de variância entre as médias obtidas, com nível de significância de 5%.
O presente trabalho será encaminhado ao Comitê de Ética da Universidade Federal de Pelotas visando cumprir todos os aspectos éticos legais para a pesquisa.

Espera-se encontrar achados oftalmológicos fisiológicos de potros neonatos Crioulos que sirvam de referência para a neonatologia equina. Os dados quantitativos como a produção lacrimal de Shirmer e a Tonômetria poderão gerar valores basais a nível de comparação com outras raças, ou com potros doentes.
Quanto aos achados qualitativos como a presença de reflexos oculares, espera-se que apareçam de forma gradativa dentro de um amadurecimento neurológico do potro, no entanto, será importante estabelecer com mais exatidão qual a idade de aparecimento de cada reflexo. No intuito de diferenciar potros saudáveis de potros com doenças sistêmicas ou oculares que afetem tais reflexos.