No sistema educacional brasileiro, é consenso que se faz necessária um processo de acompanhamento dos egressos dos Programas de Pós-Graduação. Porém, é possível admitir que as dificuldades deste processo têm sido significativas, por diferente justificativas. Porém, cabe evidenciar a importância de um acompanhamento permanente dos egressos da pós-graduação, especialmente se consideramos este processo como um “caminho de volta” para os programas, considerando suas virtudes, bem como, suas incompletudes. Considerando a urgência e a emergência do tema em tela, o principal objetivo deste processo de acompanhamento, ora denominado de “mapeamento e análise do destino” dos egressos se coloca na direção de arregimentar elementos para compreender melhor o processo de formação realizado, considerando, principalmente, o impacto na formação da pós-graduação. Dessa forma, mapear o destino dos egressos não se limita a uma simples “prestação de contas”, tendo como referência exclusiva, exigências administrativas. Mais do que isso, tem o alcance da legitimação do conhecimento, ratificado por órgão oficial e institucional (CAPES/MEC), sendo indispensável para um planejamento estratégico que visa a qualidade de formação na Pós-Graduação (SCHANAIDER, 2015). Partindo destes argumentos iniciais, a presente proposta de investigação, parte de uma pesquisa de longa duração produzida no âmbito do Programa de Pós-Graduação em Educação Física (PPGEF) da Escola superior de Educação Física e Fisioterapia da Universidade Federal de Pelotas (ESEF/UFPel), pretende conhecer o “destino” dos egressos, sua condição contemporânea, bem como, investigar os impactos da pós-graduação na trajetória de vida dos egressos, após a conclusão dos cursos de mestrado e/ou doutorado. Esta proposta de investigação surge da necessidade de acompanhamento dos egressos de cursos de pós-graduação, como forma de compreender de maneira mais qualificada a inserção profissional dos egressos, bem como, suas impressões sobre o processo formativo realizado. Sem dúvidas, pesquisas desta ordem permitem compreender de maneira mais profunda os “pontos fortes”, “pontos frágeis”, bem como, as “zonas cinzas” do processo formativo. Ações desta ordem permitem qualificar propostas de formação, no caso em tela, no contexto específico de um programa de pós-graduação no âmbito da Educação Física.
O PPGEF da ESEF/UFPel, atualmente nota 5 junto a Coordenadoria de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES), conta com o curso de mestrado (desde 2006) e doutorado (desde 2016). No Documento de Área 21, se torna clara a necessidade de acompanhar o “destino” dos egressos, considerado inclusive, como um item da avaliação dos programas de pós-graduação, a “atuação dos egressos” e o “impacto na sociedade” (ÁREA 21, 2019, p. 11). Aspectos desta ordem remetem a questões de inserção profissional, impactos da pós-graduação em contextos específicos, bem como, um “retorno” para o próprio programa acerca de potencialidades e limitações de sua proposta de formação. Como o próprio documento de área sinaliza, o processo de acompanhamento permite compreender melhor a importância do curso na atuação profissional dos egressos nos contextos de intervenção, considerando de maneira decisiva a avaliação do discente/egresso em relação ao programa de pós-graduação (ÁREA 21, 2019). Também o documento da Área 21 apresenta informações acerca da ficha de avaliação utilizada no quadriênio 2021-2024, composta por 3 quesitos: (1) Programa, (2) Formação; (3) Impacto na Sociedade. Nessa direção, pensar a possibilidade de compreender melhor os impactos da formação no âmbito da pós-graduação, permitiria compreender elementos importantes que poderiam qualificar a proposta de formação neste âmbito. Além destes elementos introdutórios, partimos do pressuposto de que as responsabilidades de um programa de pós-graduação para com seus estudantes não se encerram com a conclusão de um curso de mestrado ou doutorado. Há necessidade de compreender melhor os desdobramentos do processo de formação, tanto em nível de doutorado quanto em nível de mestrado, na trajetória de vida e nos impactos do trabalho e inserção profissional dos estudantes egressos.
De um modo geral, o PPGEF não possui ainda, um sistema de acompanhamento sistematizado e contínuo dos egressos titulados. Porém, com expressivo número de egressos, tanto do mestrado (entre 2008 e 2022), bem como, de doutorado (entre 2017 e 2022), esta preocupação se coloca de forma objetiva no horizonte do programa. Desta forma, se faz necessário realizar o mapeamento e a obtenção de dados acerca dos egressos do PPGEF. De nossa parte, entendemos que esta é uma responsabilidade da CAPES, das instituições que abrigam os programas, mas especialmente, dos próprios programas.
Nessa direção, propostas de investigação como esta podem servir de referência para outros programas de pós-graduação, na direção de contribuir para a realização de investigações de natureza semelhante. Somente a UFPel conta com 50 cursos de mestrado e 33 cursos de doutorado, nas mais diferentes áreas do conhecimento. Além disso, cabe destacar que, analisar a trajetória dos egressos representa uma preocupação que vem crescendo no meio acadêmico, especialmente, nos últimos 15 anos, através de trabalhos das mais diversas naturezas, como por exemplo, os de Oliveira, Costa e Gutierrez (2008), Schanaider (2015), Freitas e Souza (2016), Corrêa et al (2016), Coelho, Carraro e Silva (2021), entre outros. Pesquisas desta ordem possuem significativa relevância, pois além de permitirem leituras mais elaboradas sobre o desempenho de egressos de programas de pós-graduação, abrem possibilidade para os programas “olharem para si”, como elementos que fomentem a potência reflexiva e crítica acerca do processo formativo proposto. Desta forma, a proposta de investigação em tela se justifica como forma de produzir um necessário mapeamento dos egressos do PPGEF, na direção de evidenciar de forma mais concreta, potencialidades, desafios e limitações de um programa de pós-graduação edificado em uma universidade pública estatal, esforço que permitiria reconhecer mais e melhor os limites e possibilidades da pós-graduação em universidades deste segmento, bem como, em escala macro, ampliar a compressão de seus impactos na ampla esfera social. Da mesma forma, um esforço nesta direção permitiria, em escala micro, inferir acerca dos impactos resultantes do processo de formação a partir da análise da trajetória dos próprios egressos, nada menos que uma responsabilidade intrínseca ao próprio processo formativo.