Nome do Projeto
Imagem, Montagem e Memória
Ênfase
Pesquisa
Data inicial - Data final
02/06/2025 - 31/05/2027
Unidade de Origem
Coordenador Atual
Área CNPq
Linguística, Letras e Artes
Resumo
Este projeto propõe investigar os modos de constituição da imagem audiovisual contemporânea a partir da relação entre montagem e memória em diferentes meios, como o cinema, a televisão e as mídias digitais. A paisagem audiovisual atual é marcada por uma multiplicidade de formatos e linguagens que se entrelaçam em suportes diversos, gerando produtos que misturam imagens fotográficas, cinematográficas, gráficas, televisivas, de câmeras de vigilância ou de redes sociais. Essas imagens, mesmo provenientes de épocas e contextos distintos, circulam e coexistem em interfaces digitais comuns, sendo reorganizadas, justapostas e reatualizadas em novas configurações estéticas.
A pesquisa parte da premissa de que a montagem — entendida aqui não apenas como técnica de edição, mas como princípio estruturante do pensamento audiovisual — opera como uma forma de lidar com a memória no presente. Por meio da montagem, imagens do passado são reativadas, reconfiguradas e ressignificadas, produzindo novos sentidos e atualizando afetos, narrativas e imaginários. Nesse sentido, a montagem é também um gesto de pensamento, que articula temporalidades distintas e opera sobre fragmentos visuais para construir experiências sensíveis e críticas do tempo.
A noção de anacronismo, tal como formulada por Giorgio Agamben, é central para esta investigação: ao serem remontadas, imagens de origens diversas tornam-se todas contemporâneas, disputando atenção e sentido no mesmo plano espacial e perceptivo. Esta convivência de temporalidades e estéticas heterogêneas configura aquilo que Omar Calabrese nomeou como idade neobarroca, marcada pela sobreposição de códigos, pela recorrência da citação e pelo excesso de sentidos possíveis.
Objetivo Geral
Este projeto de pesquisa tem como objetivo compreender de que modo a montagem se constitui como uma linguagem privilegiada da cultura audiovisual contemporânea, atuando de forma crítica e criativa sobre o campo da memória — não apenas como evocação do passado, mas como território de disputa simbólica, política e estética no presente. A pesquisa busca investigar como as práticas de montagem em diferentes mídias (cinema, televisão, redes sociais, instalações audiovisuais etc.) articulam imagens oriundas de múltiplas temporalidades, gerando configurações anacrônicas e tensionando sentidos estabelecidos.
Inspirando-se na perspectiva de Georges Didi-Huberman, o projeto também considera que as imagens não apenas são vistas, mas nos olham — elas nos interrogam, nos afetam e nos convocam a atualizar nossa própria posição diante do mundo e da história. Assim, a montagem é compreendida como operação que põe em relação olhares e memórias: nossa atualização subjetiva e histórica depende tanto do que vemos quanto do que nos olha. Nesse jogo de reciprocidade, as imagens remontadas não só representam, mas produzem pensamento, revelando camadas ocultas de sentido e abrindo espaço para novos regimes de visibilidade.
Inspirando-se na perspectiva de Georges Didi-Huberman, o projeto também considera que as imagens não apenas são vistas, mas nos olham — elas nos interrogam, nos afetam e nos convocam a atualizar nossa própria posição diante do mundo e da história. Assim, a montagem é compreendida como operação que põe em relação olhares e memórias: nossa atualização subjetiva e histórica depende tanto do que vemos quanto do que nos olha. Nesse jogo de reciprocidade, as imagens remontadas não só representam, mas produzem pensamento, revelando camadas ocultas de sentido e abrindo espaço para novos regimes de visibilidade.
Justificativa
Vivemos em uma era marcada por um excesso de imagens, em que os produtos audiovisuais circulam por diferentes meios — cinema, televisão, redes sociais, câmeras de vigilância, arquivos digitais — e são constantemente remixados, ressignificados e reorganizados. Nesse cenário, a montagem se impõe como uma linguagem fundamental da cultura audiovisual contemporânea, operando não apenas como técnica de junção de fragmentos, mas como uma forma de pensamento que age sobre o tempo e sobre a memória.
Compreender como a montagem atua na construção da memória audiovisual é compreender também como o presente se constitui em relação ao passado e ao desejo de futuro. Nessa perspectiva, o projeto se ancora na concepção de imagem dialética proposta por Walter Benjamin, segundo a qual uma imagem não é a simples representação de algo dado, mas o encontro fugaz entre passado e presente em um relâmpago de sentido. A imagem dialética não revela o passado para esclarecer o presente, nem vice-versa; ela faz emergir uma constelação de temporalidades anacrônicas, onde os resíduos do passado, latentes como fósseis, brilham brevemente no instante do agora, carregando em si tensões e promessas do porvir. Esse tipo de imagem, instável e crítica, se forma quando o pensamento se imobiliza diante de uma constelação saturada — como um gesto de interrupção que permite o surgimento de novos sentidos.
A montagem, nesse sentido, é o campo em que essas constelações se organizam: ao colocar imagens em confronto, em justaposição ou em choque, ela permite que esses relâmpagos de pensamento aconteçam. Como observa Georges Didi-Huberman, as imagens não apenas são vistas, elas também nos olham, nos interrogam, e nos exigem uma resposta — uma resposta que, no caso desta pesquisa, se dá por meio de uma leitura crítica e sensível das formas visuais em sua articulação com o tempo e a história. Assim, nossa própria atualização subjetiva depende tanto daquilo que escolhemos ver quanto daquilo que nos atravessa com seu olhar.
Além disso, como argumenta Giorgio Agamben, a convivência anacrônica entre imagens de diferentes tempos, que compartilham a mesma interface de exibição e o mesmo olhar contemporâneo, exige uma leitura crítica capaz de perceber as tensões invisíveis no fluxo das imagens. Já Omar Calabrese nomeia essa simultaneidade e sobreposição de signos como característica da idade neobarroca, marcada pelo excesso, pela citação e pela diversidade formal. A montagem, dentro desse contexto, é a ferramenta essencial para articular e interpretar esse universo saturado de signos.
Dessa forma, o projeto se justifica pela necessidade de compreender a montagem audiovisual como operação que reconfigura as imagens e os sentidos da memória em nossos tempos. Através de uma perspectiva que considera o gesto da montagem como pensamento crítico, como confronto de olhares e como construção de constelações visuais e afetivas, o estudo propõe investigar como o audiovisual participa ativamente da disputa simbólica e política pela memória e pelos sentidos do presente — e, talvez, do futuro.
Compreender como a montagem atua na construção da memória audiovisual é compreender também como o presente se constitui em relação ao passado e ao desejo de futuro. Nessa perspectiva, o projeto se ancora na concepção de imagem dialética proposta por Walter Benjamin, segundo a qual uma imagem não é a simples representação de algo dado, mas o encontro fugaz entre passado e presente em um relâmpago de sentido. A imagem dialética não revela o passado para esclarecer o presente, nem vice-versa; ela faz emergir uma constelação de temporalidades anacrônicas, onde os resíduos do passado, latentes como fósseis, brilham brevemente no instante do agora, carregando em si tensões e promessas do porvir. Esse tipo de imagem, instável e crítica, se forma quando o pensamento se imobiliza diante de uma constelação saturada — como um gesto de interrupção que permite o surgimento de novos sentidos.
A montagem, nesse sentido, é o campo em que essas constelações se organizam: ao colocar imagens em confronto, em justaposição ou em choque, ela permite que esses relâmpagos de pensamento aconteçam. Como observa Georges Didi-Huberman, as imagens não apenas são vistas, elas também nos olham, nos interrogam, e nos exigem uma resposta — uma resposta que, no caso desta pesquisa, se dá por meio de uma leitura crítica e sensível das formas visuais em sua articulação com o tempo e a história. Assim, nossa própria atualização subjetiva depende tanto daquilo que escolhemos ver quanto daquilo que nos atravessa com seu olhar.
Além disso, como argumenta Giorgio Agamben, a convivência anacrônica entre imagens de diferentes tempos, que compartilham a mesma interface de exibição e o mesmo olhar contemporâneo, exige uma leitura crítica capaz de perceber as tensões invisíveis no fluxo das imagens. Já Omar Calabrese nomeia essa simultaneidade e sobreposição de signos como característica da idade neobarroca, marcada pelo excesso, pela citação e pela diversidade formal. A montagem, dentro desse contexto, é a ferramenta essencial para articular e interpretar esse universo saturado de signos.
Dessa forma, o projeto se justifica pela necessidade de compreender a montagem audiovisual como operação que reconfigura as imagens e os sentidos da memória em nossos tempos. Através de uma perspectiva que considera o gesto da montagem como pensamento crítico, como confronto de olhares e como construção de constelações visuais e afetivas, o estudo propõe investigar como o audiovisual participa ativamente da disputa simbólica e política pela memória e pelos sentidos do presente — e, talvez, do futuro.
Metodologia
A metodologia deste projeto se estrutura a partir de um percurso aberto, afetado pelas transformações do pesquisador em sua relação com os materiais e os problemas que emergem. O método central adotado é a intuição, conforme proposta por Henri Bergson e interpretada por Gilles Deleuze, entendida como um ato que conecta a duração interior do pesquisador com a duração do objeto, permitindo o surgimento de uma multiplicidade qualitativa de pontos de vista e a formulação de problemas que se inventam no próprio processo.
A essa abordagem se articula a noção de imagem dialética em Walter Benjamin, onde o conhecimento surge em lampejos, como relâmpagos que iluminam constelações de sentido entre passado e presente. A imagem crítica, portanto, é aquela que interrompe o fluxo habitual da percepção, abrindo espaço para a invenção.
O método também se ancora na cartografia, inspirada nas propostas de Benjamin e nas abordagens rizomáticas. As imagens são tratadas como memória, e os materiais audiovisuais são pensados como atualizações de virtualidades afetivas e históricas que retornam de forma transformada.
Por fim, emprega-se a metodologia das molduras, conforme desenvolvida por Suzana Kilpp, para reconhecer e desconstruir os territórios de significação que operam sobre as imagens. As molduras, moldurações e emolduramentos revelam a complexidade dos sentidos em jogo e permitem observar a opacidade como produtora de sentidos.
A pesquisa, assim, se constitui como uma constelação de procedimentos — intuitivos, críticos, cartográficos e desconstrutivos — voltados à elaboração de uma memória audiovisual pensada como campo de disputa simbólica e estética no presente.
A essa abordagem se articula a noção de imagem dialética em Walter Benjamin, onde o conhecimento surge em lampejos, como relâmpagos que iluminam constelações de sentido entre passado e presente. A imagem crítica, portanto, é aquela que interrompe o fluxo habitual da percepção, abrindo espaço para a invenção.
O método também se ancora na cartografia, inspirada nas propostas de Benjamin e nas abordagens rizomáticas. As imagens são tratadas como memória, e os materiais audiovisuais são pensados como atualizações de virtualidades afetivas e históricas que retornam de forma transformada.
Por fim, emprega-se a metodologia das molduras, conforme desenvolvida por Suzana Kilpp, para reconhecer e desconstruir os territórios de significação que operam sobre as imagens. As molduras, moldurações e emolduramentos revelam a complexidade dos sentidos em jogo e permitem observar a opacidade como produtora de sentidos.
A pesquisa, assim, se constitui como uma constelação de procedimentos — intuitivos, críticos, cartográficos e desconstrutivos — voltados à elaboração de uma memória audiovisual pensada como campo de disputa simbólica e estética no presente.
Indicadores, Metas e Resultados
Ao longo dos dois anos de desenvolvimento, o projeto de pesquisa buscará consolidar reflexões teóricas e analíticas sobre a montagem audiovisual como linguagem crítica da memória na cultura contemporânea, explorando sua potência simbólica, estética e política. As metas e resultados esperados estão organizados em torno de três eixos principais: produção teórica, análise empírica e difusão acadêmica.
1. Produção Teórica e Metodológica
Indicador: Sistematização e aprofundamento dos referenciais teóricos e metodológicos relacionados à montagem, memória e imagem.
Meta: Produção de um ensaio teórico por semestre (total de 4), abordando temas como montagem e memória, imagem dialética.
Resultado Esperado: Construção de um corpo conceitual próprio, ancorado em autores como Walter Benjamin, Georges Didi-Huberman, Henri Bergson, Deleuze, Derrida e Kilpp, que sustente a tese de que a montagem é linguagem privilegiada na contemporaneidade.
2. Análise Empírica e Desenvolvimento do Corpus
Indicador: Mapeamento e análise de objetos audiovisuais contemporâneos em diferentes mídias (cinema, televisão, vídeo-ensaio, mídias digitais), com ênfase em materiais que operam a montagem como operação crítica.
Meta: Seleção e análise de pelo menos 4 objetos audiovisuais ao longo do período, articulando-os às imagens dialéticas propostas.
Resultado Esperado: Elaboração de constelações de sentido que permitam compreender como a memória é ativada, tensionada ou reconfigurada nesses materiais, resultando em 2 artigos.
3. Difusão dos Resultados e Intercâmbio Acadêmico
Indicador: Participação em eventos científicos e publicação de produções parciais.
Meta: Apresentação de comunicações em pelo menos 3 congressos nacionais ou internacionais na área de comunicação, artes, cinema ou filosofia.
Resultado Esperado: Publicação de, no mínimo, 2 artigos em periódicos qualificados, contemplando os principais achados teóricos e empíricos da pesquisa.
Resultados Qualitativos Esperados
Contribuição para o debate sobre memória, montagem e imagem na cultura audiovisual contemporânea.
Proposição de uma abordagem metodológica híbrida e inventiva que articule intuição, cartografia e molduras.
1. Produção Teórica e Metodológica
Indicador: Sistematização e aprofundamento dos referenciais teóricos e metodológicos relacionados à montagem, memória e imagem.
Meta: Produção de um ensaio teórico por semestre (total de 4), abordando temas como montagem e memória, imagem dialética.
Resultado Esperado: Construção de um corpo conceitual próprio, ancorado em autores como Walter Benjamin, Georges Didi-Huberman, Henri Bergson, Deleuze, Derrida e Kilpp, que sustente a tese de que a montagem é linguagem privilegiada na contemporaneidade.
2. Análise Empírica e Desenvolvimento do Corpus
Indicador: Mapeamento e análise de objetos audiovisuais contemporâneos em diferentes mídias (cinema, televisão, vídeo-ensaio, mídias digitais), com ênfase em materiais que operam a montagem como operação crítica.
Meta: Seleção e análise de pelo menos 4 objetos audiovisuais ao longo do período, articulando-os às imagens dialéticas propostas.
Resultado Esperado: Elaboração de constelações de sentido que permitam compreender como a memória é ativada, tensionada ou reconfigurada nesses materiais, resultando em 2 artigos.
3. Difusão dos Resultados e Intercâmbio Acadêmico
Indicador: Participação em eventos científicos e publicação de produções parciais.
Meta: Apresentação de comunicações em pelo menos 3 congressos nacionais ou internacionais na área de comunicação, artes, cinema ou filosofia.
Resultado Esperado: Publicação de, no mínimo, 2 artigos em periódicos qualificados, contemplando os principais achados teóricos e empíricos da pesquisa.
Resultados Qualitativos Esperados
Contribuição para o debate sobre memória, montagem e imagem na cultura audiovisual contemporânea.
Proposição de uma abordagem metodológica híbrida e inventiva que articule intuição, cartografia e molduras.
Equipe do Projeto
Nome | CH Semanal | Data inicial | Data final |
---|---|---|---|
ALEXANDRE SEVERO MASOTTI | 1 | ||
ANA NATIELE DUTRA FALCAO | |||
ANDRE LUIS BARCELLOS | |||
CAMILA AVILA DA SILVA | |||
GABRIEL MOMESSO GRILLO | |||
JADE GABRIELA TAVARES DE OLIVEIRA | |||
JENNIFER CARDOSO DE OLIVEIRA | |||
JOSE LUIZ VOTTO | |||
LIGIA PEREIRA DOS SANTOS | |||
LUAN ALVES | |||
MICHAEL ABRANTES KERR | 3 | ||
RITA HEES GARRE |