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A saúde da criança está atrelada a ocorrência de eventos em períodos particularmente sensíveis, que quando desfavoráveis podem ter importantes implicações e até mesmo culminar em morte prematura. Destaca-se que 67,2% dos óbitos infantis são por causas evitáveis, sendo imprescindível a qualificação das intervenções em saúde, de modo a identificar fatores de risco para desfechos negativos, e assim possibilitar medidas de prevenção e promoção de saúde (Ministério da Saúde, 2021).
Nessa perspectiva é fundamental que os pais tenham capacidade para compreender informações, analisar criticamente situações e tomar decisões relacionada a saúde de seus filhos. Tornar-se pai e mãe é um processo dinâmico e continuo de aprendizagens e aquisição de habilidades, que possibilitam a responsabilidade e a competência em relação a interfaces do cuidado à criança. Nesse contexto, o Letramento em Saúde destaca-se como um importante aspecto desse cuidado, tendo em vista que subsidia a gestão dos processos de saúde, propiciando o empoderamento parental e a autonomia. Segundo a Organização Mundial da Saúde, o letramento em saúde abarca o conhecimento e as competências das pessoas que permitem que as elas acessem, compreendam, avaliem e usem informações e serviços que contribuem para seu bem estar, sua saúde ou daqueles com quem convivem (World Health Organization, 2021).
Estudos realizados em diversos países, como Estados Unidos da América, Austrália, Turquia, Japão, Inglaterra, China, Noruega, apontam que ter um letramento em saúde inadequado está associado a impactos negativos para indivíduos, famílias e comunidades, como dificuldades em acessar os serviços de saúde, maior número de hospitalizações, mais erros relacionados ao uso de medicações, maior uso de serviços de emergências, má gestão de agravos agudos e de doenças crônicas, incluindo aspectos nutricionais, maior taxa de mortalidade, além de um custo mais alto para o sistema de saúde (Sudore et al., 2006; Peterson et al., 2011;Wu et al. 2013; Berkman et al, 2011,World Health Organization, 2013; Nutbeam; Mcgill; Premkumar, 2018, Tschamper, 2022; Wang; Inglehart; Yuan, 2022; Ayaz, 2023; Deery , 2023; Menekşe; Tiryaki; Çınar, 2024; Nakajima; Komoriya; Watanabe, 2024).
Além disso, um baixo nível de letramento em saúde está associado a práticas de cuidados frágeis por parte dos cuidadores de crianças em relação a prevenção de acidentes, monitoramento do crescimento e desenvolvimento, incluindo a interpretação de gráficos de vigilância, sendo preocupante o fato de que 1 em cada 4 pais tem baixo letramento em saúde, o que tem implicações na capacidade de utilização das informações para a tomada de decisão em relação a saúde dos seus filhos (Morrison, 2019).
As ações de educação em saúde devem ter como resultado o aprimoramento do letramento em saúde, de tal modo que os pais possam desenvolver conhecimentos e habilidades para atender as necessidades de saúde de seus filhos de forma segura e eficaz, por meio de tomada de decisões cotidianas que envolvem a prevenção de doenças e a promoção da saúde, o que representa um desafio para os profissionais, tendo em vista que as ações de cuidado em saúde precisam fazer sentido para os indivíduos (Nutbeam; Mcgill; Premkumar, 2018, Sorensen et al., 2019). Conhecer o perfil do letramento da população assistida é útil para profissionais, serviços e políticas de cuidado, pois contribui para futuras melhorias ao desvelar fragilidades que cercam todo o processo da assistência à saúde, e com isso direciona as ações com vistas ao aprimoramento das competências que se revelam limitadas (Kumar et al, 2010). Assim, identificar o nível do letramento em saúde dos pais é fundamental para adequar as estratégias de comunicação e o direcionamento do cuidado em saúde, com enfoque nas lacunas de conhecimento e de habilidades dos pais, possibilitando assim que as ações de cuidado cotidianas e consequentes tomadas de decisão dos pais em relação a saúde de seus filhos sejam mais assertivas e autônomas, com grande potencial de reduzir os desfechos desfavoráveis. Investir em letramento em saúde também colabora para ações coletivas de melhoria de saúde, uma vez que um maior empoderamento individual em saúde se reflete em uma maior competência na identificação de direitos de saúde e dos meios que podem garantir acesso e desfechos mais satisfatórios, o que pode gerar melhorias ampliadas as comunidades.

Tratar-se-á de uma pesquisa de métodos mistos, na qual há associação de formas qualitativa e quantitativa (Creswell; Creswell, 2021).
Na primeira etapa será realizada uma revisão integrativa sobre o que vem sendo produzido sobre o letramento em saúde dos cuidadores de crianças.
A coleta de dados quantitativa será por meio da aplicação de instrumentos de avaliação do letramento em saúde e para a coleta de dados da etapa qualitativa será realizado entrevista. Os participantes serão cuidadores de crianças.
Análise dos dados: Os dados quantitativos, serão digitados, com dupla digitação independente, logo para a análise será usado o programa estatístico Statistics Package for the Social Science (SPSS), versão 23.0, as variáveis contínuas serão expressas através de média e desvio padrão e as categóricas, através de frequências absolutas e relativas. Os dados da etapa qualitativa serão transcritos na íntegra com dupla conferência e validação dos participantes e após serão inseridos no software WEBQDA para organização dos dados e após será realizada a análise temática de Braun et.al (2019)
Aspectos éticos: serão resguardados os princípios éticos que regulamentam as pesquisas que envolvem seres humanos, conforme contido na resolução 566/2012 da Conselho Nacional de Saúde.

Conhecer a produção científica sobre o letramento em saúde dos cuidadores de crianças
Elaboração de estratégias de intervenção para melhorar o letramento em saúde dos cuidadores de crianças
Construir resumos e artigos com base nos resultados