Nome do Projeto
Projeto Carinho: promovendo um estilo de vida ativo para pessoas com deficiências
Ênfase
Extensão
Data inicial - Data final
12/06/2017 - 31/12/2019
Unidade de Origem
Coordenador Atual
Área CNPq
Ciências da Saúde
Eixo Temático (Principal - Afim)
Saúde / Educação
Linha de Extensão
Pessoas com deficiências incapacidades, e necessidades especiais
Resumo
Na atualidade, não se discute mais a importância da atividade física (AF) como indicador de estilo de vida. Todas as pessoas têm direito em praticar algum tipo de AF, e no caso das pessoas com deficiência, muitas vezes essa prática é limitada pela falta de oportunidades. Na intenção de melhorar a qualidade de vida dessas pessoas, a Universidade Federal de Pelotas (UFPel) desenvolve desde 1997 o “Projeto Carinho”, que atende crianças, jovens e adultos com diferentes tipos de deficiência. O projeto atua em dois segmentos, ou seja, propicia aos acadêmicos de Educação Física uma vivência de situações concretas de ensino- aprendizagem no desenvolvimento de atividades físicas com essa população. Por outro lado, oportuniza crianças, jovens e adultos com deficiência, a vivência de situações relacionadas com um mundo até então desconhecido por elas. O projeto oferece atividades de dança, treinamento funcional e natação duas vezes por semana, e ainda, em algumas ocasiões são realizadas atividades complementares (passeios culturais, acampamentos, rafting e outras). As aulas são planejadas de acordo com o tema específico, sendo utilizados diversos tipos materiais. As atividades ajudam na promoção de um estilo de vida ativo que produz implicações na qualidade de vida. Percebe-se que os efeitos positivos não estão relacionados apenas ao aspecto motor, mas sim, na promoção de um ambiente saudável que desenvolve os aspectos cognitivos e sociais. A quebra da rotina e o aumento das relações pessoais têm desenvolvido a autoestima e autoconfiança do grupo. A convivência no espaço acadêmico permite a comunidade conhecer esses indivíduos, e desta forma minimizar as questões de preconceito. A participação da família tem sido importante nesse processo, pois esta passa a conhecer as reais possibilidades do seu filho, permitindo uma mudança significativa no seu estilo de vida.

Objetivo Geral

Quanto aos alunos de graduação, pretende-se capacitar o futuro profissional da área da educação física, a desenvolver o ensino das atividades físicas para pessoas com necessidades especiais, através da vivência de situações concretas de ensino–aprendizagem. Desenvolver o interesse pela pesquisa, a fim de oferecer novas técnicas e metodologias para o trabalho com essa população.

Quanto às pessoas com deficiências, oportunizar a vivência de situações relacionadas com um mundo até então desconhecido por elas, através de atividades programadas, no âmbito individual e em grupos, que lhes permitirão um desenvolvimento harmônico nas atividades da vida diária.

Justificativa

O referencial de saúde hoje em dia, deve abranger fatores de ordem genética, cultural, econômica, social e ecológica além daqueles vinculados às doenças: quando associado ao conceito de qualidade de vida deve, antes de tudo, respeitar os objetivos de cada individuo.
As limitações impostas por más formações de caráter genético ou as limitações físicas adquiridas em conseqüência doenças ou acidentes não são limitantes, necessariamente, da qualidade de vida. Embora dentro do conceito clássico, possam ser limitantes da saúde.
A qualidade de vida é, antes de mais nada, uma opção pessoal, o ser humano na sua instintiva luta pela vida, se adapta e se reformula, buscando outros valores a cada limitação que se apresente. Portanto, a qualidade de vida tem dinâmica própria e deve ser um parâmetro em que todos devem respeitar a individualidade, evitando-se padrões herméticos e impositivos.
É dever da sociedade como um todo compreender suas limitações, procurar oferecer as condições mínimas de estrutura e integração para que eles possam crescer e viver na medida de suas capacidades.
Em educação física adaptada, quando se pensa no atendimento especifico dispensado a pessoas com deficiência, logo se visualizam vários elementos importantes. Assim, pensa-se de imediato no método de terapia a ser utilizado, no enfoque pedagógico, no local, onde as pessoas são atendidas nas atividades denominadas complementares.
O movimento não é restrito apenas ao ser humano em seus gestos, sejam eles brincadeiras, jogos, esporte ou qualquer outro tipo de atividade relacionada à Educação Física.
Às atividades do projeto estimulam crianças e jovens com deficiência, a vivência de situações relacionadas com um mundo até então desconhecido por elas, que é o meio líquido, através de atividades psicomotoras aquáticas, e também a participação em jogos recreativos, desportivos, atividades ginásticas, dança e acampamentos, no âmbito individual e em grupos, que lhes permitirão um desenvolvimento mais harmônico de suas capacidades físicas, cognitivas e afetivas.
A Extensão universitária é um processo educativo, cultural e científico que articula o ensino e a pesquisa de forma indissociável e viabiliza a relação transformadora entre a Universidade e a Sociedade.
Esta interação da Universidade com a Sociedade, com as comunidades externas em suas mais diferentes formas de organização, estabelece uma troca de saber acadêmico e popular, que terá como consequência a produção do conhecimento resultante do confronto com a realidade nacional, a democratização do conhecimento acadêmico e a participação efetiva da comunidade na atuação da universidade.

Metodologia

O público beneficiado pelo projeto são pessoas com deficiências e em risco social, com idades de zero a 40 anos, de ambos os sexos. São atendidos em média 180 indivíduos e as aulas são gratuitas.
As atividades são realizadas na Escola Superior de Educação Física (ESEF) da Universidade Federal de Pelotas (UFPel) , ambas localizadas na cidade de Pelotas - RS.
São propostas pelo Projeto Carinho atividades aquáticas, rítmicas, treinamento funcional e algumas complementares como: acampamentos, trilhas e atividades recreativas.
As aulas são desenvolvidas duas vezes por semana, com duração de uma hora. No geral o projeto será coordenado por dois professores e 18 acadêmicos dos cursos de Educação Física, ainda oferecendo oportunidades para estudantes da TO, Nutrição e da Residência em Saúde da Criança do HE.
Nas atividades aquáticas trabalham 13 acadêmicos, que se dividem entre os dois dias, sendo que, na quarta-feira são atendidas três turmas, onde, a primeira é composta de crianças com Síndrome de Down de 02 a 08 anos. Quando as crianças são menores e têm dificuldade de se adaptar, a mãe ou responsável é convidado a participar das aulas.
A segunda turma é composta de jovens com Síndrome de Down, entre 09 e 18 anos. Na terceira turma estão os adultos maiores de 20 anos com Síndrome de Down. Na sexta-feira a primeira turma é a dos adultos com Síndrome de Down que são atendidos nos dois dias da semana; a segunda turma é composta por alunos com idade entre 02 e 15 anos, que possuem deficiências como visual, paralisia cerebral, autismo. Como a turma é muito heterogênea, há um monitor para cada aluno. A terceira turma atendida são crianças em situação de risco social que o município de Pelotas abriga na Casa do Carinho, com idades entre zero e sete anos. Essas crianças sofrem maus tratos e abusos no seu lar, e por isso vivem institucionalizadas.
As atividades de dança tem sido um ponto forte, pois o grupo tem produzido trabalhos coreográficos maravilhosos. Os resultados observados no decorrer das atividades caminham para a melhoria da mobilidade, na coordenação, na flexibilidade e no equilíbrio. Em relação aos aspectos emocionais nota-se uma elevação da auto-estima e autoconfiança, e as relações que se estabelecem dentro do grupo facilitam o convívio social.
Nas atividades de treinamento funcional existem quatro turmas para crianças com SD (quartas e sextas – 7 a 10 anos) e quatro turmas para transtorno do espectro autista (TEA) (terças e quintas – 10 aos 14 anos). Nesta atividades são dois docentes, três doutorandas, dois mestrandos e seis alunos da graduação.
Para as realizações das aulas são elaborados planos de aulas prévios, de acordo com os conteúdos, necessidades e objetivos específicos. São utilizados diversos equipamento e materiais no decorrer das atividades.
Para que se tenha um melhor acompanhamento das atividades, são realizadas reuniões semanais com os professores e graduandos para avaliação continuada do projeto. Também são realizados encontros e palestras como com as famílias a fim de esclarecer as atividades e fomentar o conhecimento sobre temas transversais.
Também várias vezes ao ano, são realizados acampamentos, passeios, eventos e festas com o objetivo de estimular o convívio da comunidade, propiciando um contato direto com atividades lúdicas e esportes de aventura.
No decorrer das atividades são realizadas avaliações sobre as atividades desenvolvidas, nível de satisfação dos alunos e familiares.

Indicadores, Metas e Resultados

À medida que se compreende as deficiências e as especificidades de cada aluno, é possível oferecer atividades adequadas para um melhor desempenho das habilidades dos mesmos. Dessa forma é importante ressaltar que o incentivo e a estimulação são fundamentais, pois permitirão o crescimento de um indivíduo autônomo capaz de desenvolver seus talentos e potencialidades, respeitando seus limites.
Além das atividades descritas, o projeto prevê também atividades radicais que promovam a superação de suas limitações, com atividades como a prática do rafting, caminhadas noturnas e trilhas ecológicas.
Essas atividades estimulam desafios quanto às capacidades físicas e cognitivas, individuais e do grupo. Os jovens com deficiências se depararam com atividades instigadoras, de superação de limites e medos, até então não vivenciados. Somado às atividades desenvolvidas pelo projeto ao longo dos anos, essa experiência produz efeitos importantes na vida de cada um. Os relatos individuais demonstraram segurança e autoconfiança, o que possibilitará um enfrentamento de situações cotidianas com maior autonomia e independência. Evidencia-se também a participação das famílias, que percebem cada vez mais o potencial de seus filhos em situações mais exigentes.
Espera-se que esse grupo continue através das atividades desafiadoras, melhorando a capaz de superar limites e medos, comprovando assim o quão importante é oferecer oportunidades de estimulação e integração social por meio de atividades junto à natureza.
A promoção de um estilo de vida ativo tem importantes implicações para a qualidade de vida das pessoas com deficiência, principalmente por estar relacionada com a capacidade de ocupá-los no tempo ocioso. Assim sendo, eles estarão convivendo com outras pessoas, fazendo novas amizades e estabelecendo relações sociais variadas e não apenas limitados ao convívio na escola e com os familiares. Além disso, estarão mantendo um hábito de vida saudável fisicamente, que lhes garantirá maiores habilidades diminuindo as chances de ficarem obesos.
O aspecto social também é imperioso, pois normalmente meninos e meninas não fazem atividades juntos, sejam deficientes ou não-deficientes. A atividade física estimula a ocupação do mesmo espaço, promovendo a convivência, o aprender a relacionar-se com o outro, a interagir com a diferença, aprendendo a compartilhar e resolver conflitos.
Nesses 20 anos o trabalho realizado com essa população tem sido cada dia mais significativo para a comunidade acadêmica da UFPel, possibilitando aos mesmos um maior aprendizado sobre o mundo dessas pessoas que ainda hoje enfrentam diversas formas de preconceitos nos lugares que frequentam. Nossa meta é continuar estimulando o contato das pessoas com deficiência com a sociedade, melhorando cada vez mais o sentido de pertencimento desses indivíduos com o mundo em que vivem.

Equipe do Projeto

NomeCH SemanalData inicialData final
ALEXANDRE CARRICONDE MARQUES8
BIANCA PAGEL RAMSON
FRANCIÉLE DA SILVA RIBEIRO
GABRIELE RADUNZ KRÜGER
KAROLINE DA SILVA DUARTE
LAURA GARCIA JUNG
NADINE MACIEL MADRUGA
NAIÉLEN RODRIGUES SILVEIRA

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