Nome do Projeto
Avaliação da ocorrência de Fasciola hepatica em bovinos de corte em propriedades alagadiças da região do extremo Sul do Rio Grande do Sul
Ênfase
Pesquisa
Data inicial - Data final
25/11/2025 - 07/08/2027
Unidade de Origem
Coordenador Atual
Área CNPq
Ciências Biológicas
Resumo
A fasciolose hepática, causada pelo trematódeo Fasciola hepatica, é uma zoonose de ampla distribuição mundial que afeta principalmente bovinos e ovinos, gerando impactos significativos na saúde pública e na produção animal. No extremo sul do Rio Grande do Sul, condições ambientais favoráveis, como áreas alagadiças que abrigam caramujos do gênero Lymnaea, tornam a região propícia à manutenção do ciclo do parasita. Este estudo tem como objetivo avaliar a ocorrência de F. hepatica em bovinos de corte dessas áreas, por meio da análise de amostras fecais e sanguíneas, utilizando técnicas coprológicas e sorológicas. A pesquisa será realizada em três regiões do extremo sul do estado, com amostragem de 150 animais, considerando variáveis epidemiológicas e ambientais, como idade, raça, sexo, estação do ano e índices pluviométricos. Espera-se determinar a prevalência real da infecção, correlacionar os métodos diagnósticos e identificar fatores de risco associados à doença. Os resultados fornecerão subsídios para o desenvolvimento de estratégias de controle mais eficazes, contribuindo para a melhoria da sanidade animal e a redução das perdas econômicas na pecuária regional. Este estudo é relevante para aprimorar o conhecimento epidemiológico da fasciolose na região, possibilitando intervenções sanitárias adequadas e mitigando os impactos negativos da doença.

Objetivo Geral

Avaliar a ocorrência de Fasciola hepatica em bovinos de corte, em propriedades rurais localizadas em áreas alagadiças da região Sul do extremo sul do Rio Grande do Sul.

Justificativa

A realização deste estudo se justifica pela relevância sanitária e econômica da Fasciola hepatica na pecuária de corte brasileira, especialmente em regiões com características ambientais favoráveis à manutenção do ciclo do parasita. Em 2024, o estado do Rio Grande do Sul enfrentou uma das maiores enchentes de sua história, agravando ainda mais as condições de alagamento em áreas já naturalmente úmidas, como a região do extremo sul do estado. Essas áreas alagadiças criam um ambiente propício para a sobrevivência do caramujo do gênero Lymnaea, hospedeiro intermediário essencial no ciclo da F. hepatica.
Além disso, observações clínicas realizadas em campo reforçaram a suspeita de infecções por F. hepatica em bovinos de corte nessas propriedades, indicando a necessidade de investigação sistemática e diagnóstica. A importância desse parasita vai além da sanidade animal, uma vez que a fasciolose hepática causa perdas econômicas significativas. Estima-se que, no Brasil, as perdas por redução de ganho de peso e condenação de fígado em bovinos infectados cheguem a US$ 210 milhões por ano.
Diante desse cenário, torna-se fundamental avaliar a prevalência da infecção em bovinos de corte da região, utilizando diferentes métodos diagnósticos, para fornecer subsídios técnicos que contribuam para estratégias de controle e prevenção da doença, minimizando impactos produtivos e econômicos para os pecuaristas.

Metodologia

O estudo será conduzido em três diferentes regiões do extremo Sul do estado do Rio Grande do Sul, caracterizadas por áreas alagadiças com histórico de presença de moluscos do gênero Lymnaea, hospedeiros intermediários da Fasciola hepatica. As propriedades selecionadas apresentam manejo de bovinos de corte e condições ambientais favoráveis ao ciclo do parasita.
A população alvo será composta por bovinos de corte criados em sistema extensivo, pertencentes a propriedades rurais das três regiões selecionadas. A amostragem será não probabilística por conveniência, totalizando 500 animais, de acordo com a disponibilidade e acessibilidade dos rebanhos.
Durante a coleta, serão registradas as seguintes variáveis individuais e ambientais:
Idade, Raça, Sexo, Peso corporal estimado dos animais, Estação e mês do ano Índice pluviométrico local no período da coleta, Altitude da propriedade,Temperatura média ambiente.

Para este estudo, serão selecionados aleatoriamente quinhentos bovinos (Bos taurus) (n=500), adultos, independente de sexo oriundos de cinco diferentes propriedades dos municípios de Rio Grande, Pelotas e São José do Norte- RS. Amostras de sangue (10 mL) serão obtidos por punção da veia coccígea (cauda) mediante contenção. As amostras fecais serão coletadas individualmente, diretamente da ampola retal, com o auxílio de luvas de palpação longas. Após a coleta, as amostras serão armazenadas em uma caixa térmica e transportadas para o Laboratório de Bioquímica dos Parasitos, Departamento de Microbiologia e Parasitologia da Universidade Federal de Pelotas onde serão armazenadas a 4°C até o processamento. O sangue será centrifugado a 3000 rpm para obtenção do soro. Em soro será realizado o teste de ELISA a fim de detectar anticorpos específicos contra F. hepatica (Drescher et al., 2024). Em fezes, será realizado pesquisa de ovos de F. hepatica pela técnica das quatro tamises (Girão e Ueno 1985), conforme adaptado por Godinho et al., (2025). Fígados parasitados por F. hepatica serão coletados dos mesmos animais diagnosticados na linha de inspeção de abate post mortem para a determinação da intensidade do parasita (parasitas adultos). A identificação morfológica dos parasitas será realizada conforme descrito anteriormente (Soulsby, 1987).

Indicadores, Metas e Resultados

Com a realização deste estudo, espera-se identificar a prevalência real de Fasciola hepatica na população de bovinos de corte das regiões alagadiças do extremo sul do Rio Grande do Sul, proporcionando dados atualizados e representativos da situação epidemiológica local. A análise dos resultados permitirá o mapeamento das áreas com maior ocorrência da infecção, bem como a associação entre a presença do parasita e possíveis fatores de risco, como idade, raça, sexo dos animais, condições climáticas, índice pluviométrico, altitude e estação do ano.
Além disso, espera-se estimar o grau de gravidade das infecções diagnosticadas, considerando tanto a carga parasitária observada nas fezes quanto a resposta sorológica dos animais, contribuindo para uma melhor compreensão da dinâmica da fasciolose hepática no contexto estudado. Os dados gerados poderão subsidiar a formulação de estratégias de controle parasitário mais eficazes, baseadas na realidade epidemiológica da região, e orientar medidas de manejo sanitário adequadas às condições locais. Por fim, os resultados do presente trabalho contribuirão de forma significativa para o avanço do conhecimento sobre a epidemiologia da Fasciola hepatica no Rio Grande do Sul, promovendo impactos positivos na sanidade animal e na produtividade da pecuária regional.

Equipe do Projeto

NomeCH SemanalData inicialData final
FERNANDA DORNELLES FERREIRA
NATHIELI BIANCHIN BOTTARI1

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