Inicialmente, destaca-se que o estudo proposto pode ser caracterizado como uma pesquisa do tipo exploratória, desenvolvida com base tanto na pesquisa qualitativa quanto na quantitativa, que trabalha com o universo de significados, aspirações, crenças, valores, que dizem respeito a um espaço mais profundo das relações, dos fenômenos e processos, e que não são perceptíveis em números, equações, médias e estatísticas (MINAYO, 1994). Gil (1995, p. 44), por sua vez, explica que as pesquisas exploratórias visam desenvolver, esclarecer e modificar conceitos e ideias a partir da formulação de problemas mais precisos ou hipóteses pesquisáveis para futuros estudos sobre a temática. “De todos os tipos de pesquisa, estas são as que apresentam menor rigidez no planejamento. Habitualmente envolvem levantamento bibliográfico e documental, entrevistas não padronizadas e estudos de caso”.
Assim, serão utilizadas as pesquisas bibliográficas e documental como técnica. A pesquisa bibliográfica, conforme Gil (1995), que é desenvolvida a partir de materiais já elaborados, principalmente livros e artigos científicos. Já a documental, conforme o mesmo autor, também inclui materiais que ainda não receberam um tratamento analítico ou que ainda podem ser reelaborados segundo os objetivos a que a pesquisa se propõe. Sá Martino (2018), por sua vez, considera imagens, textos, livros cartas, fotografias, sites, filmes, músicas e qualquer outro material consultado como documento. A partir disso, ele problematiza o acesso ao material, que não se limita à leitura ou observação do documento. “A ideia do ‘acesso’ tem outro sentido, e se refere à capacidade da pesquisa ou do pesquisador de lidar com o material encontrado” (SÁ MARTINO, 2018, p.142). Dentre as bibliotecas já visitadas até o momento, pode-se destacar a Biblioteca da Universidade Federal de Pelotas (UFPEL) e da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS). Outras bibliotecas, como a da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, também podem ser visitadas durante a elaboração do trabalho final. Além disso, anais de eventos, artigos online, e-books e outros documentos disponibilizados digitalmente também já foram e serão consultados ao longo da pesquisa.
Vale ressaltar que, mesmo a pesquisa bibliográfica e documental, deve ser planejada, afinal Gil (1995, p. 72) indica cinco passos para a realização desse tipo de estudo. Inicialmente, deve ser feita a exploração das fontes bibliográficas, ou seja, o levantamento de livros, revistas, científicas, teses, boletins e outros textos sobre o tema. Posteriormente, é feita a leitura do material, que “deverá ter um caráter seletivo que possibilite reter o essencial para o desenvolvimento da pesquisa”. O terceiro passo é a elaboração das fichas, apontando os aspectos mais importantes das fontes bibliográficas levantadas anteriormente. De acordo com Gil (1995, p. 72): “Estas, poderão conter o resumo de parágrafos, capítulos ou de toda a obra”. O passo sequente é a ordenação e análise das fichas, que devem seguir uma ordenação conforme o seu conteúdo. Por fim, são feitas as conclusões.
Dentre outros procedimentos a serem adotados ao longo da pesquisa, destaca-se a análise de conteúdo. Herscovitz (2008, p. 123) explica as possibilidades de utilização desse método no campo da Comunicação. “Os pesquisadores que utilizam a análise de conteúdo são como detetives em busca de pistas que desvendem os significados aparentes e/ou implícitos dos signos, e das narrativas jornalísticas, expondo tendências, conflitos, interesses, ambiguidades ou ideologias presentes nos materiais examinados”. Bardin (2011, p.15), por sua vez, apresenta a análise de conteúdo como “um conjunto de instrumentos cada vez mais sutis em constante aperfeiçoamento, que se aplicam a ‘discursos’ (conteúdos e continentes) extremamente diversificados”. Assim, a análise de conteúdo é apresentada como um método aberto, que está sempre se aperfeiçoando, conforme os objetivos do pesquisador. “Não se trata de um instrumento, mas de um leque de apetrechos”, podendo ser diversificados os procedimentos de análises.
Dentro da análise, um método a ser utilizado frequentemente é o das categorias. Isso quer dizer que durante algumas etapas da pesquisa são estabelecidas categorias que definem as principais características do material. Outra etapa importante da análise de conteúdo que nos interessa é a inferência. Bardin (2011) explica que o interesse da análise de conteúdo não está simplesmente na descrição dos conteúdos. Ou seja, não basta elencar categorias. Para Bardin (2011, p. 44), o interesse está, sim, “no que estes nos poderão ensinar após serem tratados (por classificação, por exemplo) relativamente a ‘outras coisas’”. Ainda segundo a autora,:
A intenção da análise do conteúdo é a inferência de conhecimentos relativos às condições de produção (ou, eventualmente, de recepção), inferências esta que recorre a indicadores (quantitativos ou não. A partir dos dados levantados, a inferência aparece como um elemento intermediário que conduz os dados levantados à interpretação. A inferência consiste no processamento de derivação feita a partir dados levantados e tidos como verdadeiros (BARDIN, 2011, p.44).
Feitas essas considerações, Bardin (2011) apresenta as três etapas da análise de conteúdo, utilizadas nessa pesquisa: A primeira fase é a pré-análise, que remete a uma fase de organização. É o período em que o pesquisador se vale de intuições com o objetivo de sistematizar essas ideias iniciais no sentido de conduzir a um esquema preciso do desenvolvimento das operações sucessivas, num plano de análise. Nessa etapa, o pesquisador escolhe o material a ser submetido à análise, a formulação das hipóteses e dos objetivos, além da elaboração dos indicadores para a interpretação final.
A segunda fase é a de exploração do material. Bardin (2011, p. 131) define essa fase como: “Se as diferentes operações da pré-análise forem convenientemente concluídas, a fase de análise propriamente dita não é mais do que a aplicação sistemática das decisões tomadas”.
Por fim, a terceira fase é a do tratamento dos resultados obtidos e interpretação. Nessa fase os resultados brutos são tratados para serem significados e validados. Nessa etapa, onde já observamos a presença ou ausência das categorias no objeto, é
A categorização tem como objetivo inicial, segundo Bardin (2011), fornecer uma representação simplificada dos resultados brutos. A partir dessa representação é feita a interpretação e análise dos dados.
Já sobre a delimitação do material, vale ressaltar que o foco está em quatro situações diaspóricas, sendo que as duas primeiras se referem à vinda de imigrantes libaneses e venezuelanos ao Brasil, e a segunda se dá no movimento de deslocamento de brasileiros que buscam residência no Canadá e em Portugal. Para isso, serão selecionados livros, reportagens, biografias, narrativas de memória, romances e outros documentos que contenham relatos de diáspora, que serão analisados a partir das perspectivas do imaginário enquanto elemento fundamental na formação identitária de tais comunidades.