Nome do Projeto
Desenvolvimento motor e tempo de telas em crianças com transtorno de espectro autista: um estudo observacional
Ênfase
Pesquisa
Data inicial - Data final
12/06/2025 - 11/12/2026
Unidade de Origem
Coordenador Atual
Área CNPq
Ciências da Saúde
Resumo
O presente estudo investigará se há relação entre o desenvolvimento motor e tempo diário de exposição a telas em crianças de 24 a 72 meses com Transtorno do Espectro Autista (TEA). Considerando que o excesso de tempo em habilidades sedentárias pode limitar a exploração e aprendizagem a partir da experiência e que crianças com TEA têm maiores chances de permanecer em atividades de telas quando comparado a seus pares, hipotetizamos uma relação positiva entre as variáveis. O delineamento do estudo será observacional transversal de caráter analítico e descritivo. A amostra será composta por crianças participantes do Programa de Atenção Precoce na Primeira Infância (PROAPI), e os dados serão coletados através do Teste Denver II e de um questionário específico. Os resultados deste estudo podem contribuir para uma melhor compreensão dos fatores que influenciam o desenvolvimento motor em crianças com TEA e orientar intervenções precoces quanto ao excesso de tempo de telas e ambientes estimuladores.

Objetivo Geral

Verificar se há associação entre o desenvolvimento motor e tempo de exposição diária a telas em crianças de 24 a 72 meses com TEA participantes do programa de atenção precoce na primeira infância (PROAPI).

Justificativa

A interação com ambiente é fator inerente para desenvolvimento motor (DM) típico, o tempo de tela em excesso pode levar a uma restrição na exploração e aprendizado de novas habilidades motoras essenciais na primeira infância. Na literatura, têm sido abordado como isto afetou o desenvolvimento geral sendo correlacionado com déficits cognitivos, sócio emocionais e de linguagem. A avaliação do DM até o determinado momento não estava presente dentre estes estudos, alguns citam alterações motoras, mas não as caracterizam em níveis ou especificam os prejuízos gerados na qualidade de vida da criança.
O TEA por si só pode gerar prejuízos na aquisição de algumas habilidades motoras e pode estar associado a restrição de participação que leva ao sedentarismo, quando correlacionado com o excesso de tempo de telas os efeitos adversos se somam e se tornam grandes limitadores no desenvolvimento destas crianças. Não obstante, o uso de dispositivos de mídia pode exacerbar ou levar a ocorrência de sintomas de TEA.
Intervir precocemente com práticas baseadas na família e em seu contexto natural é o melhor método para obter resultados eficazes e evitar danos que se propaguem até a fase adulta, tanto para o TEA quanto para DM. A partir disso, é correto afirmar que os dados sobre o DM, TEA e tempo de tela devem estar descritos e disponibilizados para facilitar o manejo por parte das equipes de saúde e dos cuidadores. Já que, a tecnologia e o acesso a telas vem sendo cada vez mais facilitado, dentro do contexto parental e social.

Metodologia

Este estudo é caracterizado como observacional, analítico, descritivo e transversal. A amostra será composta por crianças pré-escolares matriculadas em 8 escolas municipais de educação infantil do bairro Fragata localizado na cidade de Pelotas/RS, com idade entre 24 e 72 meses e referenciadas ao ProAPI com diagnóstico de TEA. Como critério de inclusão, todas as crianças deverão estar cadastradas no Programa de atenção precoce na primeira infância (PROAPI) e possuir diagnóstico de TEA. Serão excluídos da amostra os indivíduos que possuírem outros diagnósticos clínicos que envolvam alterações neuromusculoesqueléticas que por si já alteram ou impedem o desenvolvimento motor típico.

Instrumentos de medida:
O teste Denver II é um instrumento que avalia o desenvolvimento de crianças entre 0 e 72 meses, tem 125 itens divididos em quatro áreas: motor fino-adaptativo (29), motor grosso (32), linguagem (39) e pessoal-social (25). Os itens estão 15 organizados em forma crescente de dificuldade e são aplicados à criança, e por
vezes, ao cuidador quando autorizado na descrição da tarefa. Cada item é acompanhado de uma barra que indica as idades em que 25%, 50%, 75% e 90% das crianças de uma amostra padronizada conseguiram realizar aquela tarefa específica (SANTOS, 2022).
Para realizar a avaliação, deve-se desenhar uma linha vertical no formulário de aplicação, na idade correspondente à da criança e aplicar os itens que forem atravessados por esta linha (ANEXO II). A pontuação será classificada em passou (se a criança realizar a tarefa ou cuidador relatar que a criança faz), falhou (a criança não realiza tarefa e cuidador relata que não faz), recusa (criança se recusa a executar) e não houve oportunidade (criança não teve oportunidade de realizar a tarefa devido a restrições dos cuidadores ou outras razões). O resultado será classificado como avançado (se a criança passar em um item à direita da sua idade), normal (passando ou falhando em um item que esteja entre 25-75%), cautela (falha em um item entre as faixas 25-75%) ou atraso (falha em um item à esquerda da linha). É considerado instrumento de fácil aplicação, sendo realizado em pequeno tempo, em média 20 minutos (FRANKENBERG, 1996; HALPERN, 2000). Apresenta boa validade quando utilizado para identificar crianças com risco de atraso no desenvolvimento e evitar falsos positivos. É uma ferramenta confiável e válida para acompanhamento do desenvolvimento infantil em contextos brasileiros (SANTOS, 2022).
Questionário de avaliação:
O questionário próprio (ANEXO I) construído para este estudo teve como base a literatura disponível e o Nurturing Care Framework (NCF) roteiro de ações na primeira infância da Organização Mundial de saúde (OMS). Foram inseridas questões descritivas e categóricas sobre tempo de tela diário e características biopsicossociais da amostra família-criança.
Procedimentos de coleta:
O presente estudo teve como ponto de partida o Programa de Atenção Precoce na Primeira Infância (PROAPI) da UFPel, que é conveniado à secretaria de educação (SEDUC) e acompanhado pelo MEC. O programa concentrou-se na região do Fragata, onde foi realizada uma análise etnográfica para mapear as escolas municipais de educação infantil, os serviços de assistência social e saúde e profissionais de educação especializada. A partir desse mapeamento, foi possível identificar as crianças elegíveis para participar do PROAPI, que foram aquelas em situação de risco de desenvolvimento e que já eram acompanhadas pela educação especial.
Até a presente data, 78 crianças com TEA foram referenciadas para o PROAPI, e suas famílias concordaram com a participação no projeto. Estas crianças serão convidadas a integrar o estudo, por meio de seus cuidadores. Aquelas que concordarem em participar e preencherem os critérios de inclusão e exclusão
comporão a amostra final.
Em um primeiro momento, os participantes da pesquisa serão acolhidos pelos mediadores do PROAPI para a coleta de informações gerais sobre o núcleo familiar, serviços de saúde e contexto escolar. Após, o(s) responsável(is) e a criança serão convidados a participar do estudo, mediante o aceite e a assinatura do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido e, assim, será iniciado o processo de avaliação.
A coleta de dados será realizada no domicílio da criança ou no ambulatório de neurodesenvolvimento da UFPel, conforme a conveniência da família. As avaliações serão conduzidas por alunos do curso de Fisioterapia da UFPel, devidamente treinados e, assim, o questionário será aplicado a partir de perguntas realizadas pelos pesquisadores diretamente respondidas pelo cuidador da criança que estará presente na avaliação. Enquanto o teste de Denver II será realizado com a criança em atividades com o brincar, direcionadas pelos pesquisadores.
Para cada criança será construído um documento constando suas avaliações, sendo armazenados em banco de dados confiável onde somente os desenvolvedores e avaliadores do estudo terão acesso. Posteriormente, o resultado das análises dos dados coletados irá compor a formação de um Plano de Atenção à
Primeira Infância (PAPI) construído por uma equipe transdisciplinar, com foco centrado na família e baseado nos contextos naturais do indivíduo.

Indicadores, Metas e Resultados

Indicadores que serão obtidos:
A variável de desfecho será o atraso no desenvolvimento motor: será considerado quando houver falha em um item à esquerda da linha na ficha de registro do teste de triagem Denver II.
A variáveis de exposição será o tempo de telas diário da criança e de seu cuidador principal:
● Criança: horas diárias de exposição, tipos de dispositivo (TV, Tablet, celular) idade do primeiro contato com telas, tempo de tela na escola, conteúdo acessado e controle parental;
● Cuidador: horas diárias de exposição e uso de dispositivos durante o tempo que está com a criança;

Espera-se dessa forma conhecer os desfechos relacionados ao uso de telas e a sua associação com o desenvolvimento da criança, que por sua vez impacta tanto neste ciclo de vida, quanto nos próximos.

Equipe do Projeto

NomeCH SemanalData inicialData final
EDUARDA AVILA PINTO
GABRIELA RODRIGUES COSTA
JANAÍNA MIELKE ROLOFF
MANOELA ARAUJO DA COSTA
NUBIA BROETTO CUNHA2

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