Nome do Projeto
Manual Ilustrado da Histologia dos Tecidos
Ênfase
ENSINO
Data inicial - Data final
05/05/2014 - 05/05/2016
Unidade de Origem
Área CNPq
Ciências Biológicas - Morfologia
Resumo
Os microscópios são ferramentas essenciais em várias áreas do conhecimento, e para cientistas o desejo de ver mais de perto e mais rapidamente é o motor da inovação no campo científico. Da mesma forma, é de vital importância o aprendizado no reconhecimento das imagens em Histologia. Ao estudar o organismo a partir da perspectiva microscópica, podemos distinguir três diferentes domínios: (1) o domínio do objeto real da Histologia – a totalidade dos componentes microscópicos do organismo - como eles realmente são –, (2) o domínio das imagens histológicas – conjunto das imagens obtidas do material de estudo da Histologia, utilizando diferentes técnicas histológicas e instrumentos – e, finalmente, (3) o domínio do conceito de órgãos e seus modelos histológicos – composto por todas as representações e reconstruções que fazemos dos componentes do primeiro domínio, ou seja, a visualização do objeto real da Histologia, através dos componentes do domínio das imagens histológicas. O objetivo dessas explicações é provar que o objeto real da Histologia não é apresentado aos olhos do aluno. As informações disponibilizadas na forma de conceito de órgãos e de modelos histológicos são obtidas, basicamente, a partir da interpretação que se faz do domínio das imagens histológicas. Esta distinção em três domínios, apesar de sua evidência, não é levada em consideração com frequência, o que implica em uma grave desvantagem do ponto de vista didático. Neste sentido, Elias (Elias, 1971) já sinalizou a tendência desse fato como uma das causas da perpetuação de erros sobre a real estrutura microscópica do organismo. Para que todas essas possibilidades possam paulatinamente se concretizar, precisamos preparar investigadores com a capacidade de questionamento aguçada e também com espírito crítico frente a leituras e observações de rotina nos laboratórios de microscopia. A noção de tecido ainda é uma ferramenta imprescindível para conhecer a estrutura microscópica do organismo e sua relação com a função e a patologia. Tradicionalmente, a aprendizagem para identificar as imagens histológicas é baseada na sua observação repetitiva. Uma análise crítica do conceito de tecido acarretou as seguintes conclusões: (1) os tecidos são construções teóricas, entidades não-observáveis macroscopicamente, (2) a ideia de tecido ainda é uma ferramenta de aprendizagem útil. De maneira didática e do ponto de vista pedagógico, existem vários motivos para realizar uma sistematização dos componentes histológicos do organismo. Em um curso prático de Histologia, os alunos devem adquirir as seguintes habilidades: (1) reconhecer as características microscópicas das principais células, tecidos e órgãos do corpo, (2) conhecer, de forma elementar, a relação entre a estrutura microscópica e sua função, e (3) familiarizar-se com o aspecto microscópico normal das células, tecidos e órgãos em diferentes condições – atividade funcional, mudanças durante o desenvolvimento, erros técnicos, e condições patológicas (Cowdry e Finerty, 1960). A questão é como adquirir essas habilidades? Em um curso de Histologia tradicional, o método para aprender a reconhecer as estruturas microscópicas, consiste em fornecer ao aluno: (1) um microscópio, (2) um conjunto de lâminas histológicas, e (3), material descritivo, como um guia de apoio ou livro texto. Este método tem se mostrado eficaz ao longo de várias décadas. O aluno, então, necessita dedicar um tempo memorizando as imagens histológicas, o que ocorre pela repetição da observação (Cowdry e Finerty, 1960; Stinson e Smith, 1968). Este também deve relacionar a forma das estruturas microscópicas com a função desempenhada pelas mesmas (Hightower, Boockfor et al., 1999). Em virtude da revolução digital que vem ocorrendo nas últimas décadas, novas ferramentas têm sido aplicadas no ensino de Histologia. O uso de softwares, que auxiliam os estudos nos microscópios de luz, é uma tecnologia emergente em educação (Heidger, Dee et al., 2002). A utilização de imagens digitais nos cursos de Histologia tem se demonstrado eficaz para o ensino, quando aplicada como ferramenta auxiliar do microscópio de luz (Krippendorf e Lough, 2005). Os atlas histológicos virtuais fornecem ao estudante imagens de alta qualidade e permitem ainda o acesso remoto dessas após o período de aula, favorecendo estudos mais dinâmicos e estimulantes (Blake, Lavoie et al., 2003). Portanto, o Departamento de Morfologia da Universidade Federal de Pelotas (UFPel) disponibiliza a todos os estudantes uma ferramenta para auxiliar a compreensão da Histologia básica. É um livro virtual gratuito - Bases para a Interpretação da Morfologia dos Tecidos (http://wp.ufpel.edu.br/angiogenese) com desenhos de secções histológicas e uma breve descrição de cada tecido ou célula, para facilitar e melhorar a interpretação das imagens vistas no microscópio de luz. Os alunos são encorajados a olhar o livro durante e após as atividades práticas; ao final das atividades práticas esses são encorajados a fazer uma comparação entre as imagens visualizadas no microscópio e a descrição teórica das estruturas. Diante disso, criação de um novo manual com imagens histológicas, o qual pode ser acessado remotamente, pode contribuir para minimizar as carências em relação a falta de disponibilidade do laboratório em horários extraclasse. Com isso, buscamos também estimular o interesse dos alunos pela microscopia. A utilização de mais esta ferramenta pretende aguçar a curiosidade científica e a vontade de ir atrás de novos conhecimentos, ou seja, estimulá-los a fazer pesquisa.

Objetivo Geral

Criar um novo manual de ensino virtual com imagens histológicas provenientes do acervo de lâminas do Laboratório de Histologia da UFPel, associado às representações gráficas presentes no livro “Bases para a Interpretação da Morfologia dos Tecidos” atualmente disponível (http://wp.ufpel.edu.br/angiogenese), possibilitando uma melhor dinâmica no ensino da microscopia pelos acadêmicos que cursam estas disciplinas semestralmente, através de uma ferramenta digital de ensino.

Justificativa

Durante a disciplina de Histologia Geral observamos as dificuldades enfrentadas pelos alunos em relação aos estudos extraclasse. No segundo semestre do ano de 2012 o Departamento de Morfologia da UFPel adquiriu um aparelho de captura de imagens, o qual está acoplado a um microscópio de luz, oportunizando a captura de imagens dos tecidos observados durante a aula prática. Dessa forma, os alunos podem estudar as imagens histológicas proveniente da coleção de lâminas fora das dependências do Laboratório de Microscopia.
A criação de um novo manual, baseado no livro “Bases para a Interpretação da Morfologia dos Tecidos” com as imagens das lâminas histológicas surgiu da percepção de quatro aspectos considerados importantes pelos professores desta disciplina, que são:

I. Necessidade de um material didático disponível em um ambiente diferente do laboratório de Microscopia, não necessitando de um aparato inacessível a maioria dos alunos, e que permita que esses possam adequar melhor os horários de seus estudos estudo. Dessa forma a introdução de imagens reais no roteiro já existente pretende enriquecer a aprendizagem da Histologia.

II. O roteiro, ilustrado por desenhos gráficos e também com imagens histológicas, será uma forma de registrar a metodologia de ensino utilizada por essa disciplina. O conjunto de ideias (texto, desenho esquemático e finalmente imagens histológicas) é uma prática de ensino que vem sendo aplicada durante o ensino prático de pelos professores dessa disciplina, a qual poderá ser beneficiada através de um manual que reúna todas essas ferramentas.

III. Durante o tempo em que não estiver presente no laboratório de Histologia, o aluno poderá apreciar as imagens geradas pelas diferentes técnicas de coloração associadas ao microscópio de luz, aprimorando sua interpretação dos componentes teciduais juntamente com os esquemas e descrições. As representações gráficas, pareadas com as imagens histológicas, possibilitarão estabelecer uma relação entre o que é estudado na literatura indicada e sua observação no microscópio.

IV. As mudanças tecnológicas e a acessibilidade mais facilitada a estas ferramentas pela população tem afetado diretamente os materiais pedagógicos. O uso de livros digitais favorece o acesso dos conteúdos através de materiais gratuitos e disponíveis em qualquer lugar que o estudante esteja, influenciando diretamente no nível de aprendizado desse aluno. Além do mais, a aplicação dessas ferramentas modernas de ensino permite a translação de conteúdos classicamente estudados em livros impressos para o mundo digital (ex. computadores de mesa, portáteis e tablets), podendo despertar um maior interesse dos estudantes, os quais estão cada vez mais expostos a essas tecnologias.

Metodologia

O desenvolvimento desse novo manual de Histologia ocorrerá em quatro fases: (I) captura e seleção de imagens histológicas, (II) redação da descrição das imagens, (III) montagem e formatação do manual e (IV) publicação.

I. Captura das imagens
Inicialmente, os professores e alunos envolvidos no projeto selecionarão um conjunto de secções histológicas do acervo do laboratório de Histologia do Instituto de Biologia da UFPel, compreendendo todos os tecidos estudados nas disciplinas de Histologia.
As lâminas selecionadas serão estudadas e suas imagens capturadas pela câmera Moticam 5, 5.0mp (Motic®, Inc) acoplada ao microscópio Nikon Eclipse E200 sendo finalmente armazenadas em um computador conectado ao sistema, presente no Laboratório de Histologia do Instituto de Biologia da UFPel. Os campos selecionados serão similares àqueles presentes nas representações gráficas do livro “Bases para a Interpretação da Morfologia dos Tecidos”. Serão capturadas pelo menos 60 imagens distintas, representativas de todos os tecidos a serem descritos.

II. Redação da descrição das imagens

As imagens histológicas serão descritas realizando uma analogia com as características destacadas nas representações gráficas. Além do texto fornecido, ao final de cada capítulo serão recomendadas leituras adicionais para estudos mais detalhados do conteúdo apresentado.

III. Montagem e formatação

Após o término da redação do texto, o manual será formatado no programa de edição de livros online (ebooks) iBooks Author versão 1.1 (Apple Inc., Califórnia, EUA).
O manual constará de quatro capítulos, segmentados na seguinte ordem:
A. Tecido Epitelial:
i. Tecido Epitelial de Revestimento (tecido epitelial de revestimento simples pavimentoso, cúbico e colunar, tecido epitelial de revestimento pseudo-estratificado cilíndrico ciliado com células caliciformes, tecido epitelial de revestimento estratificado pavimentoso não-queratinizado, tecido epitelial de revestimento estratificado pavimentoso queratinizado, tecido epitelial de revestimento de transição ou polimorfo)
ii. Tecido Epitelial Glandular (glândula exócrina unicelular: célula caliciforme, tecido epitelial glandular exócrino tubular simples, tecido epitelial glandular exócrino tubular simples enovelado, tecido epitelial glandular exócrino acinar simples, tecido epitelial glandular exócrino acinar composto, tecido epitelial glandular exócrino túbulo-acinar composto, tecido epitelial glandular endócrino folicular ou vesicular, tecido epitelial glandular endócrino cordonal)
B. Tecido Conjuntivo
i. Tecido Conjuntivo Propriamente Dito (fibroblasto e fibrócito, linfócito, plasmócito, macrófago, fibras colágenas, fibras elásticas, fibras reticulares, tecido conjuntivo frouxo, tecido conjuntivo denso não-modelado, tecido conjuntivo denso modelado )
ii. Tecido Mucoso
iii. Tecido Reticular
iv. Tecido Adiposo (Tecido Adiposo Unilocular e Multilocular)
v. Tecido Cartilaginoso (Cartilagem Hialina, Elástica e Fibrosa)
vi. Tecido Ósseo (Tecido ósseo primário e secundário, ossificação endocondral e intramembranosa)
vii. Tecido Sanguíneo (hemácias, leucócitos e plaquetas)
C. Sistema Nervoso
i. Sistema Nervoso Central ( medula espinhal, astrócito, córtex cerebelar e neurônio piramidal)
ii. Sistema Nervoso Periférico (nervo, gânglio do sistema nervoso autônomo e gânglio do sistema mioentérico)
D. Tecido Muscular
i. Tecido Muscular Estriado Esquelético
ii. Tecido Muscular Estriado Cardíaco
iii. Tecido Muscular Liso

O livro será formatado em dois modelos digitais distintos, com o objetivo de facilitar o acesso ao maior número de estudantes possível. O primeiro formato será no padrão aberto PDF (Portable Document Format), o qual é compatível com a maioria dos sistemas operacionais existentes em computadores de mesa, portáteis e tablets. O segundo formato será na forma de ebook em extensão ‘.ipa’, a fim de atender os usuários de tablets iPad (Apple Inc., California, EUA) – além de possibilitar uma futura publicação na biblioteca dessa companhia.

Resultados Esperados

Publicação

Após o termino da formatação e da revisão dos conteúdos, o manual será disponibilizado de forma gratuita no mesmo website onde o livro “Bases para a Interpretação da Morfologia dos Tecidos” já está disponível. Nesse local, os estudantes poderão salvar esse documento em seus computadores para realizar sua devida leitura e estudo.
No intuito de ampliar a divulgação desse manual, esse será submetido à biblioteca digital Apple Library para uma avaliação de conteúdos e uma possível publicação nessa biblioteca virtual.
RESULTADOS E IMPACTOS ESPERADOS
Esperamos que esta publicação possa colaborar na superação das dificuldades enfrentadas pelos alunos durante o curso de Histologia Básica, principalmente no acesso ao laminário.

Equipe do Projeto

NomeCH SemanalData inicialData final
LAURA BEATRIZ BOTAFOGO DE OLIVEIRA405/05/201405/05/2016
MARIA GABRIELA TAVARES RHEINGANTZ205/05/201405/05/2016

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