Nome do Projeto
Intelectuais e Epistemologias Ameríndias: um saber intercultural em foco
Ênfase
ENSINO
Data inicial - Data final
06/01/2020 - 05/01/2021
Unidade de Origem
Área CNPq
Ciências Humanas - Antropologia - Etnologia Indígena
Resumo
O grupo de estudos Intelectuais e Epistemologias Ameríndias busca compreender, traduzir e conhecer as epistemologias ameríndias através da leitura de textos acadêmicos produzidos por ameríndios/as e também da realização de viagens etnográficas às aldeias ou terras indígenas. O entendimento é que as epistemologias ameríndias configuram saberes, práticas, ontologias e processos próprios de aprendizagem produzidos pelos coletivos indígenas no Brasil e na América Latina. Os/As autores/as indígenas dos textos e os chefes políticos e espirituais serão os/as grandes protagonistas de nossos debates tanto na universidade como nos “lugar-pensamento" indígena (Watt-Powless, 2017, p. 250) onde eles vivem. A partir dos textos e das falas dessas pessoas busca-se promover uma reflexão acerca da construção de um saber intercultural pautado na dialogicidade e na complementaridade entre os saberes indígenas e não-indígenas, desse modo subsidiando e contribuindo nas políticas públicas (educação, saúde, ciência, direitos sociais, ações afirmativas, etc.) pensadas na Universidade. Nesse particular, ao conhecermos as produções acadêmicas e as falas dos ameríndios, pretende-se problematizar a esfera teórico-metodológica, no que tange o projeto euro-ocidental e colonial de pensamento e ação, bem como as possibilidades de abertura à interculturalidade, a diversidade cultural e linguística. Enfim, a partir da interculturalidade essa atividade buscará desenvolver uma interrelação entre pessoas, povos, conhecimentos e práticas visando uma “nova relação equitativa entre as diversas culturas que conformam a estrutura social nacional” (Carranza, 2015, p. 22).

Objetivo Geral

O grupo de estudos Intelectuais e Epistemologias Ameríndias busca compreender, traduzir e conhecer as epistemologias ameríndias – que configuram saberes, práticas, mitologia, cosmologia, ontologias e processos de aprendizagem dos diferentes coletivos indígenas no
Brasil e na América Latina – através da leitura de textos acadêmicos produzidos por ameríndios/as e da realização de viagens etnográficas às aldeias ou terras indígenas.

Justificativa

A Constituição Federal de 1988 foi um marco na relação do Estado brasileiro com os povos originários. Dentre outros direitos, a CF assegura aos povos indígenas sua organização social, costumes, línguas, crenças, tradições, bem como o uso de suas línguas e processos próprios de aprendizagem em todos os espaços, incluindo a escola. Da mesma forma, de um lado, o Estado assumiu o compromisso da demarcação das terras indígenas em um prazo de 5 anos (não cumprido); de outro, os indígenas, através de suas organizações próprias, preocupam-se com a gestão das mesmas, além da necessidade do domínio de novas tecnologias, saúde, direito e história. A educação formal da sociedade não indígena que era vista décadas atrás como cooptação de lideranças e integracionista transforma-se em uma educação escolar diferenciada, agora ministrada por professores bilíngues, em busca de uma reflexão pautada pela cosmos-mito-ontologias destas sociedades. No entanto, para atuarem nessas instituições é exigido o título de graduação para os profissionais indígenas. Desse modo, a implementação do ensino superior para esses povos abriu uma gama de possibilidades de formação universitária. Os movimentos precursores na academia sobre a temática indígena foram acompanhados pelo ensino e pela extensão, tornando um pouco mais visíveis os povos ameríndios no meio acadêmico e empoderando esses coletivos e pessoas que passam a frequentar a universidade. Além de convidados a ensinar suas narrativas mitológicas e históricas, seus conhecimentos genealógicos e milenares por meio da oralidade e performance, agora eles efetivam sua presença como estudantes de graduação e pós-graduação, como responsáveis por atividades de extensão e enquanto docentes. Esse projeto se pauta pela produção intelectual produzida oralmente pelos velhos e, agora, escrita pelos indígenas acadêmicos/as. Desse modo, todos os textos a serem lidos e debatidos por docentes e discentes na Universidade serão exclusivamente de autoria ameríndia.

Metodologia

O Grupo de Estudos Intelectuais e Epistemologias Ameríndias realizar-se-á através da leitura e análise de textos produzidos exclusivamente por indígenas acadêmicos/as e, da mesma forma, através da realização de viagens etnográficas às aldeias indígenas para se estabelecer uma relação direta com chefias políticas, chefias espirituais e tais coletivos. Tratando-se dos textos, os mesmos serão escolhidos no início de cada semestre, sendo que a seleção de temas e leituras serão organizadas a partir das seguintes modalidades de textos: artigos, trabalhos de conclusão de curso, dissertações de mestrado, teses de doutorado, capítulos de livros e livros publicados. No conjunto, tais obras ressaltarão as epistemologias ameríndias que configuram saberes, práticas, saberes mitológicos e processos próprios de aprendizagem dos diferentes coletivos ameríndios sobre os mais diversos temas (Educação, Direito, Saúde, História, Astrologia, Matemática, Literatura, Política, etc.). Em cada encontro semanal, um/a autor/a indígena e um texto será apresentado/a por um/a participante do grupo de estudos e, a seguir, debatido/a pelos/as demais presentes no encontro.

Resultados Esperados

Potencialização da relação ensino, pesquisa e extensão tanto pelos docentes como pelos discentes participantes. Aumento do domínio dos conteúdos teóricos e metodológicos implementados em disciplinas do Bacharelado em Antropologia, Programa de Pós-Graduação em Antropologia, Ciências Humanas, Letras e Saúde. Aprimoramento da percepção da realidade indígena no Brasil e na América Latina por parte dos docentes e discentes. Fortalecimento dos vínculos intelectuais, espirituais e institucionais entre professores, discentes e ameríndios que participarão desse projeto.

Indicadores, Metas e Resultados

Lisandra Files Dias, CPF 011.005.460/14 compõe equipe do projeto Intelectuais e Epistemologias Ameríndias como 'Não UFPel', total 106 horas.

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