Nome do Projeto
Monitoramento de toxoplasmose em animais silvestres do Pampa Gaúcho
Ênfase
Pesquisa
Data inicial - Data final
19/11/2025 - 07/08/2027
Unidade de Origem
Coordenador Atual
Área CNPq
Ciências Biológicas
Resumo
Diversos patógenos de importância em saúde pública tiveram origem em animais silvestres. Entretanto, estudos sobre eco-epidemiologia ainda são escassos, uma vez que a utilização desses animais em pesquisas é cada vez mais restrita, fato que dificulta a realização de estudos quanto à distribuição desses patógenos na natureza. Aproximadamente 75% das doenças infecciosas emergentes em humanos são zoonoses. O aumento da interdependência humana com os animais e seus produtos pode ser o fator de risco mais crítico para a saúde humana e bem-estar em relação a doenças infecciosas (American Veterinary Medical Association, 2008). As zoonoses com origem em animais silvestres representam a mais significante e crescente ameaça para a saúde global e todas as doenças infecciosas emergentes. Das doenças infecciosas emergentes, 60,3% são zoonoses, ou seja, com origem nos animais, sendo 71,8% oriundas de animais silvestres e 52% destas terem surgido na década de 90 (Jones et al., 2008). Na pesquisa realizada por Grace et al. (2012), estimou-se que cerca de 2,5 bilhões casos em humanos e 2,7 milhões de mortes humanas sejam ocasionados por zoonoses por ano. Há dificuldade de estimativa da quantidade de espécies de animais afetadas anualmente, contudo, de acordo com a OIE (Organização Mundial de Saúde Animal, 2019) existem mais de 200 zoonoses que atingem animais domésticos e selvagens. Nas últimas décadas, a ocorrência de doenças de caráter zoonótico ocasionaram em perdas econômicas de mais de 100 bilhões de dólares, desconsiderando a Covid-19 na estimativa dos dados (United Nations Environment Programme and International Livestock Research Institute, 2020). Além disso, as zoonoses podem acarretar no aumento da pobreza, desnutrição, quedas comerciais e diminuição da resistência a doenças, por exemplo (Seimenis, 2008). A toxoplasmose é uma doença ocasionada pelo protozoário Toxoplasma gondii, com grande importância na medicina veterinária e humana por ser uma zoonose capaz de infectar desde animais silvestres até seres humanos (Silva et al., 2014). T. gondii é caracterizado por pertencer ao Filo Apicomplexa (Levine, 1970), Classe Coccidia (Leuckart, 1879) e Ordem Eucoccidiorida (Léger & Duboscq, 1910) e infectar células nucleadas de animais de sangue quente (Kato, 2018). A utilização em pesquisas científicas de animais silvestres atropelados em beiras de estradas possui grande potencial para estudos de patógenos. Mesmo caracterizado como um problema de preservação de espécies, podem servir na detecção molecular de agentes etiológicos (Sássi et al., 2013; Marson, 2016), métodos altamente sensíveis e específicos que vêm sendo cada vez mais empregados. A pesquisa com esses seres possui grandes vantagens para a ciência, como, por exemplo, o estudo sobre as relações interespécies, características de espécies e seus respectivos ecossistemas e compreensão de seu papel como reservatórios de doenças e suas transmissões (MÜLLER, 2006). Este estudo tem como objetivo analisar a ocorrência e diversidade gênica de Toxoplasma gondii em animais silvestres provenientes do Pampa Gaúcho.

Objetivo Geral

Avaliar a ocorrência e a diversidade gênica de T. gondii em animais silvestres provenientes do Pampa Gaúcho.

Justificativa

Embora a toxoplasmose seja amplamente estudada em animais domésticos e humanos, sua prevalência, distribuição e impacto em espécies silvestres ainda são pouco compreendidos, especialmente em regiões com alta biodiversidade. O presente estudo busca preencher essa lacuna, investigando a ocorrência de T. gondii em animais silvestres, destacando sua importância ecológica, epidemiológica e sanitária. Ademais, a realização do projeto é necessária visto que animais silvestres podem atuar como reservatórios e contribuindo para a manutenção do ciclo de transmissão (Dubey, 2002).
Portanto, a análise da ocorrência de toxoplasmose em animais silvestres não apenas amplia o conhecimento sobre a epidemiologia da doença, mas também fornece subsídios para ações integradas de saúde única, unindo esforços na proteção da biodiversidade, saúde animal e humana. A realização deste estudo é um passo fundamental para mitigar os impactos negativos do T. gondii em ecossistemas naturais e populações vulneráveis.

Metodologia

Para este estudo serão coletadas amostras de sangue, fezes ou órgãos de pelo menos 2
50 animais silvestres provenientes de instituições mantenedoras e/ou mortos por atropelamento de diversas espécies, pertencendo a classe dos mamíferos, aves ou répteis. Ademais, será realizada coleta de dados sobre a dieta, habitat e outras variáveis ambientais dos indivíduos estudados.
Os animais atropelados serão necropsiados e fragmentos dos tecidos de cérebro, rins, intestino, fígado, coração, pulmão, baço e, em aves, moela serão conservados em glicerina 10% e destinados ao Departamento de Microbiologia e Parasitologia da Universidade Federal de Pelotas (UFPel) mantidas armazenadas em tubos Falcon 50 mL e tubos de 2 mL tipo Eppendorf em freezer a -20 ºC ou -80 ºC até a realização da pesquisa. Amostras de sangue serão conservadas em tubos de coleta de 0,5 mL ou 4 mL com EDTA, mantidas em freezer juntamente com os demais materiais biológicos e fragmentos de fezes serão armazenados em formol 10%.
Esse estudo será submetido ao Comitê de Ética em Experimentação Animal desta Instituição e ao Sistema Nacional de Gestão do Patrimônio Genético e do Conhecimento Tradicional Associado (SisGen), além da solicitação para coleta de amostras ao Sistema de Autorização e Informação em Biodiversidade (SisBio).
A extração do DNA das amostras de sangue e/ou tecidos dos animais será realizada utilizando-se o protocolo in house (utilização de 2 uL de proteinase K e 800 uL de fenol-clorofórmio). O DNA será estocado em freezer a -20 ºC ou -80 ºC até ser utilizado nos experimentos. As amostras serão descongeladas com a utilização de Banho Maria e a quantificação da concentração e pureza do DNA será avaliada em espectrofotômetro (Nanodrop) e obtidos valores em nanogramas por microlitros (ng/uL). A amplificação de DNA será feita por meio de termocicladores convencionais Bio-Rad, T100 (termocicladores convencionais Eppendorf) ou termocicladores Applied Biosystems.
A amplificação do DNA será realizada pela técnica de PCR nested com os primers já descritos na literatura para T. gondii: Toxo 1 (5’ AGC GTC TCT CTT CAA GCA GCG TA 3’) e Toxo 2 (5’ TCC GCA GCG ACT TCT ATC TCT GT 3’) para primeira reação e Toxo 3 (5’ TGG GAA TGA AAG AGA CGC TAA TGT G 3’) e Toxo 4 (5’ TTA AAG CGT TCG TGG TCA ACT ATC
O mix para primeira PCR conterá 25 uL como volume final, consistindo em uma mistura de KCl, Tris-HCl, MgCl2, dATP, dTTP, dCTP, dGTP, primers TOXO 1 e TOXO 2 e Taq DNA polymerase. Será realizada uma desnaturação inicial por três minutos a 94 ºC, seguida de um ciclo de 45 segundos de desnaturação a 94 ºC, anelamento a 55 ºC por um minuto e extensão a 72 ºC por 30 segundos, totalizando 25 ciclos, e será realizada uma extensão de 10 minutos para finalizar a primeira reação.
Para reação nested será utilizado um mix de mesmo volume adicionado ao mix anterior, contendo água mili-Q, KCl, Tris-HCl, MgCl2, deoxynucleotídeos, primers TOXO 3 e TOXO 4 e Taq DNA polimerase. Serão 35 ciclos para segunda reação, da mesma forma que a primeira foi realizada. Ao fim do PCR, 10 uL do mix de reação, juntamente com 3 uL de brometo de etídeo (0,5 ug/mL), serão depositados em poços de gel de agarose 2% e analisados por eletroforese em cuba de eletroforese. Como controle negativo será depositado em um dos poços H20 free
e para controle positivo serão utilizadas amostras já disponíveis no LaBMol-Vet. Os produtos amplificados serão visualizados em luz ultravioleta e fotografados em aparelho transiluminador. Serão utilizados padrões de peso molecular de 100 pb. As amostras serão consideradas positivas a partir da visualização de fragmentos com bandas específicas referentes ao par de primers.
Além disso, será realizada imunofluorescência indireta de amostras coletadas do cérebro e sangue da ordem de animais de maior ocorrência nesse estudo, conforme literatura disponível (Kang et al., 2023).
Os dados serão inseridos na plataforma Microsoft Excel e estatisticamente analisados utilizando o software Graphpad Prism versão 10.0 através de análises de correlações. Os resultados serão considerados estatisticamente significativos quando p<0,05.

Indicadores, Metas e Resultados

Identificar a presença de Toxoplasma gondii em diferentes espécies de animais silvestres dos Pampas Gaúchos.
Caracterizar as cepas circulantes e relacionar os achados com focos de contaminação por Toxoplasma gondii na biodiversidade e na saúde dos ecossistemas.

Equipe do Projeto

NomeCH SemanalData inicialData final
GUSTAVO CARDOSO FERREIRA KLANN
NATHIELI BIANCHIN BOTTARI1
RODRIGO CASQUERO CUNHA1

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