Nome do Projeto
LAPSO: Laboratório de Arte e Psicologia Social
Ênfase
Extensão
Data inicial - Data final
01/10/2019 - 02/04/2026
Unidade de Origem
Coordenador Atual
Área CNPq
Ciências Humanas
Eixo Temático (Principal - Afim)
Educação / Cultura
Linha de Extensão
Temas específicos / Desenvolvimento humano
Resumo
Partindo de uma articulação entre diversas linguagens artisticas (Artes Visuais; Música; Teatro; Cinema) e a Psicologia Social o projeto busca abrir condições de possibilidade para elaboração, desenvolvimento e divulgação de novas tecnologias sociais. Trata-se de constituir oficinas, ateliers, espaços de criação onde possamos nos colocar (encharcados por uma prática) diante a relação que envolve processos de criação e processos de subjetivação. Trata-se, também, de oferecer um espaço academico para oficinas e ateliers já constituídos por pesquisadores e estudantes diante a mesma problemática. Afinal, o que seria um ato de criação? Como ele se processa? Como acontece? Em que medida ele depende de um sujeito criador? Em que medida o ato de criação subjetiva o sujeito que o executa? E o mais importante: haveria mesmo um ato de criação agenciado pela subjetividade ou todos os processo relacionados à subjetivação, bem como à criação seriam disparados, como sugere Anne Sauvagnargues, por uma passividade constituinte?

Objetivo Geral

Constituir um laboratório de criação aberto a pesquisadores e extensionistas da psicologia social e das diversas áreas das artes: cinema, teatro, artes visuais, música e literatura.

Víncular o Laboratório de Arte e Psicologia Social ao projeto de pesquisa 'Deleuze e a arte: agenciamentos com a psicologia social', de maneira a constituir uma rigorosa base conceitual aos experimentos que serão realizados dentro do laboratório;

Acolher oficinas e ateliers já elaborados por pesquisadores das artes e da psicologia social de outras universidades

Ofertar ateliers e oficinas aos alunos da UFPel, bem como a comunidade geral de pelotas

Justificativa

A psicologia constituiu, ao longo de sua história, potentes ferramentas de análise e intervenção. Em sua quase totalidade, contudo, tais ferramentas estão estruturadas a partir de certa hierarquia que o uso da palavra impõe diante outras linguagens. Mesmo quando trabalhamos com grupos, em diversos contextos da psicologia social, por exemplo, o recurso predomintante continua sendo o da palavra. Tal hierarquia se sustenta, ao menos é o que nos parece, numa relação representacional que determinado uso da palavra empresta ao mundo. Nos parece importante reconhecer que muitas pessoas vem se beneficiando deste modelo de atuação da psicologia. Ao mesmo tempo nos parece urgente reconhecer que a fórmula reprensentacional - pautada nas explicações teleológicas, nos jogos de causa e efeito onde sempre isso significa aquilo, isso explica aquilo, isso = aquilo - tende a agenciar boa parte destes beneficios à regimes de verdade. Seria nesse sentido que Michel Foucault descreve a psicologia como uma tecnologia de saber poder? Talvez. O que nos parece evidente é que o jogo representacional possibilita à psicologia um exercício extremamente violento. Um exercício de submissão, onde mulditões, quase sempre em sofrimento psicologico, tem seus processos de subjetivação capturados por regimes de dizibilidade. Tais narrativas encontram na palavra uma tecnologia que permite subordinar a alma daquele que sofre à determinadas verdades. Verdades essas tidas como universais, científicas, neutras. Contudo, trata-se, efetivamente, de um poder demoníaco: dizer ao outro aquilo quem ele é; submeter o outro à um determinado regime de dizibilidade que enuncia algo sobre ele, uma verdade sobre si que o sujeito desconhece, não tendo, portanto, como questionar. Esta psicologia que sabe algo sobre um processo de subjetivação é uma psicologia que exerce poder sobre a mesma subjetividade. O que torna este saber/poder possível? A partir de qual relação com o mundo a psicologia faz enunciar verdades sobre processos de subjetivação? De onde viria sua vontade de diagnosticar, tratar, curar? Nossa hipotese é de que esta violência tenha na relação entre palavra e representação sua garantia mais objetiva. Ou seja, para que este procedimento funcione é preciso naturalizar a relação entre aquilo que o outro é e aquilo que determinado regime de dizibilidade enuncia sobre ele. Tal naturalização é apresentada ao sujeito por meio da palavra. O psicologo recorre à palavra para estabelecer uma ligação entre determinado conjunto de dizibilidades (sua teoria) e o sofrimento psicologico daquele que está em atendimento. Contudo, como alguém se torna aquilo que é? Se isso que a psicologia diz sobre o outro é fruto de seus regimes de dizibilidade, haveria, para além de tais regimes, um modo de colaborar com tais processos de subjetivação? O que aconteceria se a psicologia ao inves de enunciar sobre o outro uma classificação, um diagnostico, um tratamento, oferecesse aqueles que atende um território de criação? Mais um campo de abertura à invenção de si e de mundos do que uma reificação identitária sobre aquilo que os saberes constituídos da psicologia enunciam a respeito do sujeito que sofre. Trata-se de colocar o sujeito que sofre diante um processo de criação e não de um diagonsitico psicopatológico. Nesse sentido, ao se deslocar conceitualmente do jogo representacional (ISSO = AQUILO) encontraríamos condições de possibilidade para, mesmo que timidamente, deslocar a psicologia de sua clássica e violênta posição de saber-poder? Trata-se, em suma, da elaboração de um dispositivo atelier; um dispositivo oficinante, um dispositivo de criação. Em que medida este dispositivo nos permitiria atender a comunidade geral de pelotas - dando especial atenção aos egressos do sistema socioeducativo, seus familiares, adolescentes em cumprimento de medidas socioeducativas, aos usúarios do caps, bem como de outros serviços já atendidos pelo curso de psicologia da UFPel? Em que medida este atendimento seria uma linha de fuga as tecnologias de saber-poder da psicologia? Em que medida tal dispositivo seria tomado por novas capturas? Em que medida populações vuneráveis seriam mais benecifiadas por tal atendimento? De modo geral, acreditamos que este afastamento do jogo representacional e por consequencia uma aproximação dos processos de criação condense uma imagem inspiradora para elaboração de novos serviço à comunidade de pelotas.

Metodologia

O trabalho será realizado por equipe interdisciplinar. Contando com a formação dos
professores/orientadores/ministrantes que compreendem as áreas de Psicologia, Artes Visuais, Cinema, Teatro, Música, Educação bem como dos alunos que poderão estar cursando Psicologia, Teatro, Direito, Cinema, Letras, Ciências Sociais, Artes, Antropologia, Educação, Música, etc

Tal equipe terá como horizonte a transversalidade das áreas de conhecimento, a cooperação entre os
integrantes, a realização de ações conjuntas e integradas, a cooperação institucional da rede socioeducativa de pelotas, um diálogo permanente entre o centro de artes e o curso de psicologia da UFPel. As ações serão implantadas no Laboratório de Arte e Psicologia Social. Num primeiro momento trabalharemos apenas com os professores e alunos da UFPel, no sentido de preparar o grupo para receber a comunidade. Num segundo momento trabalharemos diretamente com a comunidade em geral.

O Projeto será realizado através das seguintes ações:

a) Seleção de bolsistas;
b) Constituição do LAPSO - Laboratório de Arte e Psicologia Social - em dependências da Universidade Federal de Pelotas - Ufpel;
c) Constituição do processo grupal - reuniões semanais, construção de ferramentas para
realização de auto avaliação do processo. Para melhor desempenho cada aluno bolsista contará
com professor orientador norteando seus projetos pessoais de pesquisa e colaborando com a
construção das oficinas;
d) Construção de um blog para o projeto;
e) Divulgação do projeto na mídia local;
f) Acolhimento da comunidade pelo projeto;
g) Realização de oficinas de pintura, desenho, cinema, teatro, música, psicologia social, fotografia, música, educação, etc. abertas a comunidade, egressos do sistema socioeducativos e familiares;
h) Visitas às unidades socioeducativas parceiras do projeto - CASE; CASEMI; LA; PSC - onde
serão realizados os convites para que os adolescentes que ali estejam cumprindo medida socioeducativa
venham a fazer parte do LAPSO; visitas à outras instituições que venham a se interessar pelo projeto (CAPS, ALBERGUES, ETC) no mesmo sentido de convidar seus usuários a participarem do LAPSO;
i) Acolhimento dos adolescentes em cumprimento de medidas socioeducativas no Laboratório de Arte e Psicologia Social.
j) Realização de Oficinas direcionadas ao grupo em emergência, composto agora por
alunos bolsistas, comunidade, egressos do sistema socioeducativo, adolescentes em cumprimento de
medida socioeducativa; bem como usuários de outros programas serviços.
k) Intervenções artisticas nas instituições parceiras, na cidade, em locais a serem definidos pelo
grupo;
l) Composição do registro audio visual do projeto;
m) Lançamento do registro audio visual;
n) Apresentações dos principais resultados do projeto em eventos específicos da extensão e em congressos ciêntíficos.
o) Enceramento do Projeto


Indicadores, Metas e Resultados

Traduzir o Livro de Anne Sauvagnargues: Deleuze et l'art.

Publicar, anualmente, em formato livro e/ou dossiê em revista ciêntifica os principais resultados do projeto.

Acolher estudantes de graduação em psicologia e arte, bem como de outras áreas, que estejam realizando seus trabalhos de conclusão de curso (TCC)

Acolher a comunidade em geral de Pelotas nos ateliers criados pelo projeto. Dando especial atenção as populações vulneárveis como egressos do sistema socioeducativos, seus familiares, adolescentes em cumprimento de medida socioeducativa, usuários do caps, etc.

Produzir um registro audio visual sobre o processo de trabalho do LAPSO.

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